• Nenhum resultado encontrado

Dessa forma, os homens habituam-se a serem os donos das situ~oes sempre Eles monopolizam os momentos em que a intera9ao ocorre,

revelando ou exigindo a aten9ao de todos, utilizando-se de recursos que inibem e,

algumas vezes, desagradam as mulheres, garantindo-Ihes a posi9ao de superiori-

dade perante

a

conform~ao feminina. Caso a mulher deseje resignar-se ao papel que colabora com 0status quo masculino, nao ha conflitos que perturbem a in-

ten9ao entre os gropes. Ocorre que, se as mulheres, enquanto representantes do grope subordinado e desprestigiado socialmente, insistirem em atitudes tipicamen- te masculinas, serao punidas e discriminadas, atraves de titulos pejorativos, pendo- se em duvida a competencia profissional e ate mesmo sendo "atacadas" pessoal- mente com estigmas ligados a seus papeis sexuais.

Caracteristicas GrupoA % GrupoB %

A H M N A H M N

Gesticula mms 30,0 42,5 27,5 0 52,5 30,0 17,5 0

Fala mms devagar 25,0 22,5 50,0 2,5 32,5 12,5 55,0 0

Fala mais rapido 22,5 50,0 25,0 2,5 40,0 42,5 15,0 2,5

Fala mais explicado 32,5 12,5 35,0 ,£ 40,0 5,0 55,0 0

Fala pacientemente 27,5 12,5 57,5 2,5 25,0 5,0 67,5 2,5

Fala suave 10,0 ,£ 87,5 2,5 7,5 0 92,5 0

Fala agressiva 10,0 80,0 10,0 ,£ 25,0 75,0 0 0

Tom persuasivo 27,5 35,0 12,5 25,0 27,5 45,0 12,5 15,0

Fala detalhadamente 35,0 17,5 45,0 2,5 35,0 7,5 57,5 0

Fala pelos cotovelos 25,0 2,5 60,0 12,5 47,5 0 47,5 5,0

Fala educadamente 55,0 2,5 40,0 2,5 50,0 2,5 47,5 0

Fala com convic'iliio 55,0 22,5 10,0 12,5 60,0 20,0 15,0 5,0

Discute mms 42,5 30,0 27,5 0 47,5 30,0 22,5 0

Opina mms 35,0 22,5 42,5 0 45,0 7,5 42,5 5,0

Os itens que os informantes caracterizaram como tipico tanto para "homens" como para "ambos", tais como "gesticula mais" (Grupe A, Am-bos = 30% eH=42,5% e Grupe B, Ambos = 52,5% eH=30%), "tom persuasivo" (Grupe A, ambos = 27,5% e H=35% e Grupe B, Ambos = 27,5% e H=45%) e "fala com convic9ao" (Grupo A, Ambos = 55% e H=22,5% e Grupe B, Ambos = 60 % e H=20%) s6 refor9am os comentarios colocados ate entao.

Os informantes em questao caracterizaram tipicamente femi- ninos os itens: "fala mais devagar" (A=87,5% e B=55%), "fala suave" (A=87,5% e B =92,5%), " fala detalhadamente" (A=45% e B=57,5%) e " opina mais" (A=42,5% e B=42,5%). Esses estere6tipes confiam

as

mulheres, 0 titulo de cumpridoras de seus papeis sendo femininas e submissas, colaborando com as intera90es mistas, sem perturbar 0universo masculino, detentor do poder, e sem nunca participarem dele, efetivamente.

Ja os itens apontados tanto para "mulher" como para "ambos" pelos adolescentes foram "fala mais explicado" (Grupo A, Ambos =32,5% e M=35% e Grupo B, Ambos =40% e M=55%), "fala pacientemente" (Grupo A, Ambos = 27,5% e M=57,5% e Grupo B, Ambos=25% eM =67,5%), "fala pelos cotovelos" (Grupo A, Ambos = 25% e M=60% e Grupo B, Ambos = 47,5% e M= 47,5%) e "fala educadamente"(Grupo A, Ambos = 55% e M=40% e Grupo B, Ambos = 50% e M=47 ,5%). Apesar da incidencia de "ambos" estar bem presente, e a ocorrencia para "mulher" que evidencia 0estigma. Tanto parece serverdade que

essas caracteristicas poderao ser asscx:iadas como urn tr~o relevante, representativo da profissao indicada para 0gropo feminino.

Na opiniao de Coulthard (1991: 56- 57), "a necessidade de ser polido (a) depende em parte darel~ao entre os/asfalantes e do grau de imposi~ao" e e refon;:ado quando diz ser "0poder e0 status que determinam a diferen~a na polidez e nao necessariamente no sexo". De fato, fala-se mais educadamente quando se pretende impor sua

verdade.

Nesse sentido, as mulheres parecem bem mais preocupadas em negociar sua ideias como parte desprovida de

vez

e

voz,

dai o item "opina mais" e "fala pelos cortovelos" traduzirem-se nos resultados como pertinentes

a

sua condi~ao de subalterna.

o

agrupamento dos t6picos discursivos na Tabela 3, norteara as evidencias estereotipadas dos adolescentes pesquisados com rel~ao ao mundo dos adultos. Dnia analise posterior ensaiara a forma com que os adolescentes atuarao na sociedade, exercendo ou nao 0papel que lhes

e

imposto.

Coates (apud Coulthard, 1991:53) observa que "os homens falam de esportes, politica, carros e mulheres, enquanto as mulheres falam de roupas, comida, casa, crian~as e homens. Nos dados levantados, verificou-se a incidencia dos itens "fala sobre politica"(Grupo A: H=70% e Grupo B: H=62,5%) e "fala sobre futebol" (Grupo A: H=95% e Grupo B: H=1 00%), constatando-se que, de fato, as mulheres pouco se interessam por esses assuntos.

TABELA 3 - Caracteriza.;ao da fala sob0ponto de vista dos topicos discursivos:

Caracteristicas GrupoA % GrupoB%

A H M N A H M N

Fofoca mais 7,5 2,5 90,0 0 10,0 0 90,0 0 Mente mais 45,0 30,0 22,5 2,5 57,5 37,5 2,5 2,5 Fala bobagens 55,0 27,5 17,5 0 72,5 25,0 2,5 0 Fala sobre coisas 50,0 7,5 25,0 17,5 52,5 15,0 57,5 17,5 corriqueiras

Fala sobre seus proble- 20,0 30,0 47,5 2,5 22,5 15,0 57,5 5,0 mas em pullico

Fala sobre os problemas 50,0 5,0 40,0 5,0 45,0 7,5 45,0 2,5 do trabalho em casa

Faia sobre os problemas 27,5 27,5 40,0 5,0 27,5 17,5 52,5 2,5 de casa no trabalho

Ja 0 estere6tipo de

faladeira

e apontado como urn tr~o comportamental das mulheres, por ambos os gropos, e refor~ado na incidencia de t6picos presentes na tabela 3 (Caracteriz~ao dafala sob0ponto de vista dos t6picos discursivos) identi:ficados como ''fofoca mais" (Grupos A e B: M= 90%), ''fala sobre seus problemas em publico "(gropo A, M=47,5% e Grupo B, M=57,5%) e ''fala sobre os problemas de casa no trabalho" (gropo A, M=4O% e Grupo B, M=52,5%). Tais dados parecem descabidos quando, de acordo com Coulthard (1991:47-48), "ha duas possiveis explic~oes para a impressao de que as mulheres sac faladeiras. Primeiro, talvez as mulheres aproveitem mais seu tempo falando, e isto e notado pelos homens. Em segundo lugar, as mulheres talvez realmente falem menos que os homens, mas mesmo assim sac vistas como falando mais do que deveriamfalar".

A conseqiiencia desse estere6tipo cristalizado em nossa soci- edade revel a que, quanto

a

confiabilidade de urn segredo, mulheres e homens confiam mais em seus pares, deixando mais urn indicio de como parecem conviver cada urn em seu pr6prio universo. Veja-se a tabela 4 - Preferencia por sexo, quanto

a

confiabilidade de urn segredo:

Grupos A B % Ambos 5,0 17,5 0/0 Romem 52,5 12,5 % Mulher 30,0 65,0 % Nenhum 12,5 5,0

As mais variadas formas de estigma sac reveladas atraves da fala dos individuos em situa~oes interacionais mistas ou homogeneas. Veri:ficou- se que, ao se identi:ficar certos tra~os lingiiisticos como pr6prios ou nao de urn falante do sexo masculino ou feminino, nada mais se esta fazendo do que se propagando os valores de uma cultura que denomina 0sexo masculino como 0

maior detentor de prestigio e de poder no exercicio de seu papel social.

Diante das respostas dadas quanta

as

questoes sobre a auto e a hetero-de:fini~ao da fala, pOde-se ver que, em sua maioria, os informantes dos dois gropos revelaram que os tr~os comportamentais sac mais marcantes que os tr~os lingiiisticos, nas suas de:fini~oes ou distin~oes entre falamasculina efalafemi- nina.

Aceitar determinados estere6tipos, que ja estao cristalizados como

verdade absoluta,

e que coloca a mulher numa situa~ao de inferioridade, parece comodo para uma sociedade machista. as adolescentes, ao se mostrarem coniventes com tal ideia, serao, muito em breve, os responsaveis pela reprodu9ao

de papeis que, longe de unir homens e mulheres para uma convivencia melhor,