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40 Figura 6: Hospital da região oeste Catarin ense

DESVELANDO O LABIRINTO

Por elas...

Que continuem sempre a nos ensinar a amar

Este mundo e todos que nele estão... Das formas que mais importam para a Alma.

(PÍNKOLA 2007, p. 97) Na investigação para assegurar um referencial teórico compatível com a composição da tese e para apresentar-me como autora, considerei as narrativas e as análises conceituais de Michel Maffesoli e Michel Foucault, como já assinalado anteriormente. Desta forma, com o primeiro me alinhei às noções da pós-modernidade, compreendendo o sentido das metáforas, o uso das imagens e o imaginal. Com o segundo, as relações do saber-poder, noções de cuidado, as normas e o cenário do hospital. Entre outros autores aliados como Alfredo Veiga-Neto, Tomaz Tadeu da Silva, Rosa Maria Bueno Ficher, Rosa Maria Hessel Silveira, Jorge Larrosa e Carlos Skliar, Sandra Mara Corazza, Guacira Louro, Marisa Vorraber Costa e Suely Rolnik.

Descrevo os modos de enfrentamento e a transfiguração no percurso da pesquisa, a partir do meu olhar sobre textos e imagens representativas, selecionados de maneira intencional porquanto dialogam com meu texto, apoiado nos territórios teóricos com os quais compus algumas categorias. A opção por este percurso teórico me remete a Corazza (2007), para observar que foi uma construção assentada na disposição esteticamente enredada, tortuosa e intricada, que nunca repete sua própria forma, num admirável emaranhado. Partilho com Veiga Neto (2007, p. 78), que fazer aproximações e tentar conectar autores e campos de conhecimentos numa mesma matriz de pensamento, ou mesmo em paradigmas, pode ser produtivo na busca do entendimento para dar um novo sentido ao mundo.

No emaranhado da pesquisa de campo constato que as perguntas são mais profícuas do que as prováveis respostas que se espera numa tese. Enredar pela complexidade do labirinto para compor a colcha de retalhos não é simples, demanda compreensões que transitam entre equívocos e reflexões assertivas para anunciar o percurso da formação das enfermeiras. Realidades complexas compõem um mosaico combinado por processos e compreensões,

entrelaçados aos indicadores do campo para fomentar conversas em torno desta temática. São fotografias de uma profissão que emerge no processo formativo e se afirma no labirinto hospitalar, mediada pelas rotinas instituídas e pelas possíveis saídas para alterar o que está posto com suas normatividades.

TECENDO RETALHOS E ARREMATANDO FIOS

Para sistematizar os retalhos do campo optei por uma “etnografia nômade”, que pudesse flanar pelos esconderijos do labirinto, perambular pelos cantos, enxergar as frestas onde pequenos raios de luz poderiam anunciar possíveis saídas. Uma etnografia que ansiava por uma escuta sensível dos sujeitos pesquisados, o que me permitiu um movimento de diálogo com o campo, a partir de observações e acompanhamentos. Precisei me distanciar das antecipações acerca do tema de pesquisa e imergir nas realidades observadas para organizar e rever minhas percepções. As questões de pesquisa foram assumindo outros contornos, à medida que adentrei o campo-labirinto e teci o contato com os sujeitos pesquisados para gerar outras interlocuções.

Geertz (2014) destaca que no século XX, os estudos etnográficos privilegiavam as relações de convivência no processo de construção da pesquisa e, com efeito, a autoridade etnográfica era construída ao longo do tempo, a partir do argumento da experiência do “estar lá” e de “práticas de convivência intensiva”. Embora nos apresente a etnografia como um método inerente à Antropologia, propõe como relevante atividade de pesquisa a imersão duradoura e contínua em campo, a interpretação densa das culturas dos povos e a valorização de suas narrativas. Com esse autor aprendi a importância de realizar esse estudo por vivência direta na realidade onde a pesquisa está inserida para compreender, como ele ressalta, as relações socioculturais, comportamentais, os ritos e técnicas, saberes e práticas de grupo, por vezes desconhecidos. Isso exigiu uma convivência sucessiva em cenários diferenciados. Ao realizar a pesquisa construí a aproximação com o campo para poder me mover pelos entre lugares, sem me fixar em nenhum deles. De acordo com Moraes (2014, p. 06), para compor um percurso como este é necessário que o pesquisador possa

viajar em uma etnografia nômade, sem um rosto antropológico previamente definido, [para]

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sentir as vibrações e ressonâncias do Diário de Campo, expressão cuidadosa que valorizou as narrativas do grupo pesquisado, a imersão em campo, a seleção das fontes documentais, os registros tecidos nos momentos de construção do currículo.

Nessa viagem, também fui viajante e me consenti compreender outros mundos, apoiada nos referenciais que me ajudaram a compor a minha própria autoria. Para Sousa (2002), o território do olhar etnográfico vislumbra alguns pressupostos, no qual uma fala do lugar social onde se encontra, o que vem sempre implicado na cultura, na história, em conhecimentos e saberes atrelados aos nossos sentidos e subjetividades.

Arriscar-se numa pesquisa etnográfica exigiu cuidados metodológicos, o que me inspirou a buscar o que Maffesoli (1996) aponta como o fundo das aparências, uma proposta de entender-ver- sentir o que está no detalhe. Retomo Sousa (2002), para ressaltar uma pergunta: seria possível perceber o real além do espelho? E o que é real na pesquisa etnográfica? Como ela se configura? Quem e quais são os sujeitos do nosso olhar? Ao escolher o cenário do campo pesquisado, é possível olhar o outro a partir de nós mesmos? E o que subjetiva nosso-esse olhar? No Elogio da Razão Sensível, Maffesoli (1997, p. 167) sugere a procura por um saber que não violenta, que se situa num mundo social e natural, que não conceitua, que age sem precauções para conhecer aquilo que é observado. Um saber que se contenta em levar em conta, de um modo acariciante, o dado mundano como tal.

Ao estar com o grupo pesquisado, alguns princípios foram adotados, como a disposição afetiva para estar-junto no labirinto, ser capaz de descrever e não prescrever, interessada em relatar como se constituem os processos e não como deveriam ocorrer; criatividade no registro das observações, bem como disciplina na transcrição (SOUSA, 2002).

Ao assumir o campo fez-se necessário o entrelaçamento dos retalhos com o arremate dos fios simbolizados nas questões gerais e específicas, o interesse do observador que também é observado, a sensibilidade de encontrar o não visível. Para Sousa (2002) é preciso considerar uma etnografia que não se constitui por intenções a priori e especialmente, ter a “delicadeza para integrar as peças coletadas, sem

deformar a paisagem, sem escolher a espetacularização do campo e dos dados”.

Nessa intencionalidade há um trânsito com e sobre a corporeidade e o cuidado no processo formativo das alunas do Curso de Enfermagem. E para tanto alinho as falas das alunas e docentes- supervisoras no campo hospitalar e o currículo em curso, este, como fonte documental da Universidade Pública Federal da Fronteira Sul - UFFS3.

A abordagem etnográfica nômade permite outros deslocamentos junto-com os sujeitos pesquisados e em seu território, perpassando diferentes processos que deflagram suas experiências, modos de ser e viver, a partir dos aspectos culturais e o cotidiano presente. Retomo Sousa (2010) em diálogo com Maffesoli (1996- 1997), para entender que nesse labirinto não é possível operar na lógica do ser preciso, a qual aponta para uma ação impositiva, prescritiva e normativa. Para Klein e Damico (2012), Geertz (2014), na esteira das estratégias etnográficas é admissível afirmar que o modo de ver a pesquisa conecta-se com o modo de narrar, para capturar indivíduos e a multiplicidade humana.

O cenário da pesquisa estava localizado nos espaços de um Hospital situado no meio Oeste de Santa Catarina, com 400 leitos de internação, sendo 80% do atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma instituição que atende 92 municípios da Região Oeste, 26 municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, num total de

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A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) é multicampi, com campus nas cidades Gaúchas: Cerro Largo e Erechim e nas cidades Paranaenses: Realeza e Laranjeiras do Sul. Envolve 396 municípios, que compõem a Mesorregião da Fronteira Sul. Nasce dos movimentos sociais e com uma proposta de ser pautada pelo aspecto público, democrático e popular, voltado às necessidades que emergem da Mesorregião da Fronteira Sul. Tem em seu projeto, a busca por uma qualidade comprometida com a formação de cidadãos conscientes com o desenvolvimento sustentável e solidário da Região Sul do País, democrática, autônoma, que respeite a pluralidade de pensamento e a diversidade cultural, com a garantias de espaços de participação dos diferentes sujeitos sociais. Que estabeleça dispositivos de combate às desigualdades sociais e regionais, incluindo condições de acesso e permanência no ensino superior, especialmente da população excluída, que tenha na agricultura familiar um setor estruturador e dinamizador do processo de desenvolvimento e que tenha como premissa a valorização e a superação da matriz produtiva existente.

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aproximadamente 1.000.000 habitantes. Nele são desenvolvidas as práticas hospitalares durante o período de formação das alunas do curso de enfermagem da UFFS.

O prédio tem um espaço físico que lembra um labirinto, com suas janelas e portas esquadrinhadas, organizado em unidades de internação, leitos e clínicas, permeados por corredores, frestas, entradas e saídas. O acompanhamento se deu nos leitos de internação, banheiros, camas, salas de atendimentos e espera, não com o intuito de registrar o andamento das atividades, mas de capturar o percurso e o movimento dos pesquisados no labirinto, o qual foi possível no período de observação.

Figura 7: Construção do Hospital (1982)4.

Fonte da Imagem: www.hro.com.br Figura 8: O hospital (2016)

Fonte da Imagem: www.hro.com.br

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No ano de 1982 inicia-se a construção do Hospital Regional de Chapecó, sendo que a cidade crescia bastante e tornava-se a maior cidade do oeste catarinense. A obra foi concluída em 1986, e considerada tardia pela configuração da cidade. Atualmente, caracteriza-se como importante referência à nível regional e sua arquitetura deve ser preservada.

Na vivência por entre os espaços, os adereços impunham uma dinâmica singular em cada dia, desdobrando-se em diferentes estéticas a configurar o labirinto. Ir ao encontro dos imprevistos e das transitoriedades emergentes neste lugar solicitava da pesquisadora abrir-se a outros olhares e práticas sobre o que é convencional na atenção clínica para com os sujeitos, um desafio constante em meus aprendizados (LIMA 2011, p. 40). Como assinala Maffesoli (2007), são estéticas harmonizadas por uma ambiência transversal que contamina as situações, os fatos e os sentimentos do cotidiano. Figuras 9, 10 e 11: Corredores internos do hospital

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Ao penetrar os corredores do hospital pouco se vislumbrava e assim, como no labirinto, o fio de Ariadne não estava disponível. O que se vive nesse lugar são as experiências, por vezes inesquecíveis. A espera por uma notícia, a alegria da chegada de um filho, mas também a dor da perda, do sofrimento, manifestados num silêncio envolvente. A higiene destaca-se nos pisos claros, nas paredes brancas e nas janelas amplas, informando uma assepsia segura e a incerteza dos momentos que seguem.

Figuras 12: Quarto/Enfermaria de uma unidade do Hospital

Fonte: Foto da autora (2015).

Os quartos de internação se diferenciam de acordo com a especialidade atendida, algumas mais organizadas que outras, na qual a assepsia impera ao visualizar o espaço. O arranjo ritualizado do mobiliário, cadeiras, criados mudo, escadinhas, armários, mostram um labirinto que diz de si e subjetivamente traz as marcas da religiosidade implícitas no crucifixo na parede, numa perspectiva angelical, de silêncio e resiliência. As janelas amplas remetem a integração dos ambientes e denota a possibilidade de outros mundos do lado de fora, do qual não fazemos parte nesse momento. A segurança fica demarcada na ambientação, assim como os aspectos técnicos, apontando para um cuidado sistematizado.

Para compor as narrativas busquei as alunas do curso de enfermagem da UFFS, de diferentes fases, docentes-supervisoras dos campos de prática e alunas egressas (enfermeiras) da primeira turma do curso, sendo oito alunas em formação; duas alunas egressas (enfermeiras) e três docentes-supervisoras, totalizando 13 participantes. Esta escolha se fez a partir de alguns critérios,

considerando o período de formação das alunas, o qual se constitui em 10 períodos semestrais (5 anos) para sua integralização, organizados em componentes teóricos e práticos e estágios supervisionados. As atividades teórico práticas (ATPs) do curso iniciam na quarta fase do curso (2º ano), com componentes da área hospitalar e da saúde coletiva (Hospital e Unidade Básica de Saúde). Nesse momento as alunas iniciam a colcha da formação, associando os conhecimentos teóricos, à prática. Na 9ª e 10ª fase, as alunas vivenciam e integralizam o Estágio Curricular Supervisionado (ECS).

Alunas da fase inicial das ATPs (4ª fase), na tentativa de capturar as primeiras impressões e experiências no labirinto;

Alunas da fase intermediária das ATPs (6ª fase), as quais já vivenciaram a inserção na instituição hospitalar e a relação com a profissão;

Alunas da fase final do ECS (10ª fase), estas, com um olhar mais direcionado ao exercício da profissão e, ao mesmo tempo, experenciando a proximidade do final da graduação.

Alunas egressas (enfermeiras) da primeira turma (2014), por já vivenciarem todas as etapas da formação e agora desempenham a profissão.

Docentes-Supervisoras, as quais participaram do processo de formação e da reorganização do currículo do curso.

Adotei ainda o projeto pedagógico do curso e seu currículo em fase de reconstrução, como fonte documental.

Com o intuito de não caracterizar os sujeitos da pesquisa, indaguei o grupo e optamos por codinomes, no sentido de manter a confidencialidade dos sujeitos. Além disso, foi apresentado ao grupo, este selecionado intencionalmente, conforme já descrito nos critérios, os objetivos, finalidades e tipo de pesquisa, assegurando os aspectos éticos e assinatura do TCLE. Consideramos codinomes que remetem a Deusas da Mitologia e metaforicamente ao labirinto do Minotauro. Estas destacam e homenageiam a figura feminina, sua força, determinação e vitalidade, tal qual a aluna, mulher, enfermeira. Cabe destacar, que as participantes da pesquisa se auto descreveram, pois entenderam que seria o momento de registrar a percepção de si mesma. Assim, seguem as identificações, as quais assegurei a fidelidade do relato.

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Figura 13: Rodas de conversa

Fonte: Foto da autora (2015)

Isis - significa "nasci de mim mesma, "dona do trono". Isis tem 19 anos, de família de classe média, solteira e mãe. Vaidosa, com cabelos longos e castanhos. Sempre preocupada em falar corretamente, com um estilo que demonstrava a vontade de fazer o curso e de ser uma profissional de excelência. Falava de maneira tranquila nos encontros. A escolha do codinome se deu pela postura e a certeza de que estava fazendo exatamente o que queria.

Diana - significa “divina”, “celestial”. Tem 26 anos, técnica de enfermagem e trabalha num hospital da cidade; tem experiência. Sempre soube que faria o curso e por já atuar na área tem seu sustento garantido. Filha de agricultores do interior da região Oeste de SC. Durante os encontros fez colocações importantes e sempre fez questão de dar sua opinião. A escolha do codinome foi devido ao seu aspecto angelical e dócil.

Afrodite: significa "Deusa do amor". A participante que leva esse codinome tem muita ternura em sua fala e, durante os encontros, sempre esteve preocupada em destacar que o cuidado com o outro precisa ter amor e respeito. Solteira, negra, depende da ajuda dos pais para manter-se na Universidade.

Maya - significa "água", "mãe", "grande”. Tem 22 anos, também já atua na área da saúde, bem determinada. Sempre fez boas colocações e se mantinha atenta nos encontros. A cada encontro apresentava-se com unhas feitas. A certeza de que suas contribuições poderiam ajudar na profissão. Seu codinome foi escolhido devido a sua postura doce e maternal.

Diane - significa "divina" ou "brilhante". Essa participante trouxe alegria e vitalidade aos encontros, com 23 anos, solteira, origem alemã e com muitas expectativas com relação à profissão. Estava envolvida com projetos da área e se mostrava prestativa com todos e com muitos sonhos. Pretende fazer residência ao formar-se e ir para um grande centro de estudos. Filha de mãe e pai que juntos sempre apoiaram os seus estudos. Disposta nos encontros, seu codinome foi escolhido pelo seu brilho.

Aurora - significa "o nascer do sol", "o raiar do dia", “a que nasce do oriente” “aquela que brilha como o ouro”. A participante Aurora se apresentou nos encontros com muita disposição, postura imponente. Uma grande autoestima e com a certeza da sua escolha. Com 28 anos, cabelos longos e pretos, iniciou os estudos mais tarde devido às dificuldades da família e pessoais. Com uma filha, está na busca de um lugar ao sol, por isso seu codinome. Sempre altiva e feliz nos encontros, destacou o gosto pelo batom vermelho, do qual não abria mão.

Cibele - significa “espírito criador do calor e da vida”, “a grande mãe dos deuses”. Essa participante tem 26 anos, é casada, classe média, parda, independente e já atuante na área da saúde, mais contida e serena, de pouca fala e muito dedicada nos encontros. Vaidosa, apresentava-se tranquila. Na busca da profissão ideal e com sonhos a serem realizados. Seu codinome veio da sua serenidade.

Flora - significa “florida”. A querida Flora, tímida, mais recolhida em suas colocações; nos encontros buscava os lugares mais escondidos. Com seus 20 anos, era de pequena estatura, negra. Sentia- se privilegiada em cursar seus estudos em uma Universidade Federal. Irene - significa "a pacificadora". A partir da palavra eiréne "paz". Sempre esteve presente com uma postura mediadora das conversas, docente-supervisora, com 34 anos, casada, 2 filhos, ciente do seu papel na profissão na área da saúde. Trazia muitas contribuições durante os encontros e comparecia munida de muitas observações.

Ariadne – significa a “Deusa da Guerra, da sabedoria e da espiritualidade. A participante, como seu codinome diz, tem uma espiritualidade aguçada e com conhecimentos sobre a temática. Docente-supervisora, casada, 1 filho, fez questão de colocar nos encontros sua visão de mundo e a compreensão da profissão, porém, muitas vezes, com um certo tom de tristeza e decepção, devido aos caminhos que a enfermagem tem seguido. Dedicada e atuante.

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Anfitrite – significa Deusa do mar. Docente há alguns anos, sempre ativa e com uma visão positiva e otimista da profissão. Com significativas contribuições durante os encontros e se apresentava muito disposta as discussões.

Ártemis - Tida como virgem e defensora da pureza, era também protetora das parturientes e estava ligada a ritos de fecundidade. Nossa participante participou em alguns encontros, devido suas atividades docentes, mas sempre demostrou interesse na temática e a necessidade de mais discussões no campo do corpo e da corporeidade.

Atena - Era o símbolo da inteligência, da guerra justa, da casta mocidade e das artes domésticas e uma das divindades mais veneradas. Participante extremamente questionadora, atua na docência e na supervisão de enfermagem há 05 anos, se apresentava ansiosa.

A convivência e a observação com grupo se deu nos espaços do hospital, no período de março a junho de 2015, a partir de rodas de conversa, permeadas pelas entrevistas, considerando as questões norteadoras, as quais se delinearam nas seguintes perguntas: Como se constituem, no processo formativo, a corporeidade e a disposição afetiva das alunas? O cuidado sofre um processo de esfriamento no decorrer da formação das alunas? Quais dispositivos forjam o esfriamento no cuidar do outro, em uma profissão poeticamente cuidadora? Os processos de esvaziamento no labirinto hospitalar são da ordem do cotidiano? Como as alunas transitam no labirinto hospitalar?

A observação participante e as anotações no diário de campo também fizeram parte da coleta de dados. Os encontros totalizaram dezesseis momentos, sempre com conversas coletivas, uma vez por semana, no período da manhã e/ou da tarde, de acordo com os respectivos horários disponibilizados pelos participantes. Os encontros foram gravados e posteriormente transcritos, permitindo o registro e a análise minuciosa das discussões. O acompanhamento e a imersão no processo de coleta, produziu a vivência na vida cotidiana do grupo, a qual permitiu à pesquisadora construir suas observações.

Figuras 14: Rodas de conversas/encontros e desencontros

Figura 15: Diário de campo/ o registro silencioso

DATA PARTICIPANTE

OBSERVAÇÕES

REGISTRO

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Figura 17: Currículo do curso/ potências e ausências na formação

Fontes: foto da autora (2015)

O currículo do curso de enfermagem foi a fonte documental da pesquisa, 5 o qual se encontrava cadenciado pelo processo de reconstrução. A primeira matriz se organizou em 2009, quando teve início as atividades da Universidade Federal da Fronteira Sul. As fotos registradas demarcam alguns encontros que realizamos para a

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