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Detalhamento das Ações para transferência de conhecimento para o Setor

 

Nas últimas décadas a economia global mudou profundamente as suas características. Previamente baseada principalmente na terra, no trabalho e no capital, a economia global atual está profundamente baseada no conhecimento. Os sistemas produtivos e de inovação modernos apresentam como seu principal componente a informação e o conhecimento, refletindo uma sociedade que se transformou profundamente sob o impacto de novas tecnologias e que tem sido denominada apropriadamente de Sociedade do Conhecimento. Nesta nova Sociedade do Conhecimento, os limites entre público e privado, entre ciência e tecnologia e entre Universidade e Indústria estão se atenuando progressivamente, originando um sistema sobreposto que não existia anteriormente. Neste cenário, tem aparecido um novo contexto organizacional no qual a indústria, o governo e a academia tendem a integrar seus interesses e objetivos. Este novo ambiente integrado Universidade-Indústria-Governo foi considerado por alguns, à semelhança da dupla-hélice de DNA, uma tripla-hélice em desenvolvimento (Etzkowitz, 1996; 2000; Gebhardt, Pohlmann et al., 2004)

A proposta de transferência tecnológica e de inovação do CTC situa-se neste novo contexto. Pretendemos catalisar o desenvolvimento de uma tripla-hélice onde os interesses acadêmicos e de pesquisa estejam plenamente integrados aos objetivos do governo e da indústria em consonância com os tempos modernos.

A transferência de tecnologia para o setor governamental ou empresarial é uma da prioridades do INCTC. Os grupos envolvidos nesta proposta possuem experiência comprovada nesta área e a perspectiva é que estas atividades possam ser ampliadas.

O CTC-FAPESP apoiou o desenvolvimento de vários projetos tecnológicos que resultaram em efetiva incorporação de tecnologia pelo setor público. Dois exemplos ilustram este ponto:

a) o desenvolvimento de um sistema de irradiação de sangue e componentes sanguíneos com base em unidades de teleterapia instaladas na rede hospitalar (Chen, Covas et al., 2001; Goes, Covas et al., 2004; Goes, Borges et al., 2006;

Goes, Ottoboni et al., 2008). O conhecimento gerado foi disponibilizado para toda a rede de serviços e hemocentro ligados ao sistema único de saúde (SUS).

b) o desenvolvimento de um susceptômetro supercondutor (SQUID) para quantificação não invasiva do ferro hepático (Carneiro, 2003; Carneiro, Vilela et al., 2004; Carneiro, Fernandes et al., 2005). Foi construído um protótipo do equipamento que se encontra em funcionamento no Laboratório de Física Médica da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP e, em breve, um novo equipamento será instalado nas novas dependências do ambulatório do Hemocentro de Ribeirão Preto.

Outro processo importante e que será ampliado no INCTC, foi o desenvolvimento de sistemas de expressão de proteínas heterólogas em células humanas. A prática dominante na indústria de biotecnologia é a produção de proteínas recombinantes em sistemas procariotos ou em células de mamíferos não humanos (CHO, BHK, etc.). Entretanto, as proteínas produzidas nestes sistemas geralmente diferem das proteínas nativas em termos de glicosilação e mesmo de folding, embora possam apresentar a mesma sequência primaria. De forma original e bem sucedida, desenvolvemos um sistema para produção eficiente dos fatores VIII e IX da coagulação em linhagens celulares humanas. No sistema desenvolvido, a produção do fator VIII, por exemplo, foi de 15 a 20 vezes mais eficiente do que a produção no sistema CHO convencional o que permitirá um grande ganho em termos de rendimento e de economia. O sistema desenvolvido esta sendo patenteado por meio da Agência USP de Inovação. O processo de escalonamento para o nível industrial esta sendo feito com financiamento da FINEP (Processo 0927/07) e em parceria com o IPT (Instituto Paulista de Tecnologia) e com a Plantarium que é uma empresa privada. Mais recentemente, dada a diversidade do grupo, foi dado início a um estudo em Pirassununga visando modificar o vetor de expressão e aplica-lo em células epiteliais da qualndula mámária bovina adicionado de um promotor específico deste órgão (b- lacto globulina). As células expressando a proteína de interesse servirá como doadora de núcleo para a produção de animais portadores desta modificação.

Na sequência pretendemos desenvolver o processo de expressão de outras proteínas de interesse médico e biológico, como por exemplo o fator VIII da coagulação, fatores de crescimento celular como o VEGF e o IGF, proteínas virais

recombinantes para a geração de testes diagnósticos ou como antígenos. A competência nesta área pode ser comprovada por publicações relacionadas ao tema (Fontes, Davis et al., 2006; Penteado, Medeiros et al., 2006; Picanco, Heinz et al., 2007; Russo-Carbolante, Penteado et al., 2007; Picanco-Castro, Fontes et al., 2008; Picanco-Castro, Russo-Carbolante et al., 2008)

O desenvolvimento de células humanas modificadas, além de permitir a produção em escala de proteínas recombinantes, também possibilitará o desenvolvimento de terapia celular. Como descrito no subprojeto 22, por exemplo, pretendemos testar o tratamento de camundongos hemofílicos B por meio do transplante de células estreladas hepáticas modificadas com o gene do fator IX da coagulação.

O desenvolvimento destas tecnologias atualmente é feito nos laboratórios de pesquisa do CTC-Hemocentro. Está previsto, entretanto, a construção de um novo prédio de 5.000 m2 (Laboratório de Biotecnologia) especificamente para esse fim e com recursos já alocados pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Outro subprojeto relacionado ao desenvolvimento de processos biotecnológicos é a produção em larga escala de células-tronco ou progenitoras em biorreatores. O objetivo é a amplificação do número de células, sem que ocorra a diferenciação celular, com a finalidade de disponibilizar células em número suficiente para os estudos pré-clínicos e clínicos. Os subprojetos 2 e 23 têm por objetivo desenvolver esta tecnologia para o cultivo de MSC e de CTE, respectivamente. Estes sistemas de cultivo precisarão ser desenvolvidos em condições GMP (good manufacturing practices). Neste particular, a instituições sede do CTC (Hemocentro de Ribeirão Preto) ocupa posição de destaque nacional. Foi o primeiro serviço no Brasil a desenvolver um sistema de qualidade para serviços de hemoterapia com base na norma ISO. Obteve a primeira certificação nacional nesta área em 1999 e o modelo desenvolvido é considerado, hoje, padrão internacional. Todos os serviços de terapia celular mantidos pelo Hemocentro são certificados pela norma NBR ISO 9001:2000 o que garante um padrão de excelência semelhante ou até mesmo superior à de muitos serviços europeus ou norte- americanos. Não bastasse esse desenvolvimento, os serviços do Hemocentro são também acreditados pela American Association of Blood Banks (AABB) desde 2003.

Toda esta experiência na gestão da qualidade de produtos e serviços foi usada na implementação das estruturas destinadas ao cultivo e à disponibilização de células-tronco para terapia celular a saber: o banco de sangue de cordão umbilical e de células-tronco humanas, o setor de criobiologia e os laboratórios de cultivo de células humanas para uso terapêutico que compreendem quatro salas de cultura limpas equipadas com filtros HEPA e operando em condições GMP desde 2006. Esta estrutura já permitiu a realização de importantes trabalhos clínicos como o realizado por Voltarelli e col. cujos resultados foram publicados no JAMA (Voltarelli, Couri et al., 2007) . Outros estudos clínicos de fase I estão em andamento, incluindo o tratamento da DECHA pós-transplante de medula óssea com células-tronco mesenquimais que até o momento já incluiu 13 pacientes e o tratamento de pacientes com diabetes tipo I com este mesmo tipo de células e que até o momento já incluiu um paciente. O próximo passo neste setor é a obtenção da acreditação pela AABB especificamente para a terapia celular com células- tronco o que deve ocorrer no próximo ano.

Toda esta tecnologia desenvolvida (métodos de cultura em condições GMP, controle de qualidade de processos e produtos, procedimentos operacionais padrão, sistemas de qualificação de produtos e fornecedores, normas específicas para a terapia celular que ainda não existem no país) está disponível para ser transferida, tanto para o setor público como para o setor privado.

Adicionalmente, a incubadora de empresas ligada do CTC-Hemocentro de Ribeirão Preto pretende desenvolver o seguinte conjunto de projetos que passarão a integrar o programa de transferência do INCTC:

Programas e Projetos da Incubadora de Empresas

A forma pela qual a SUPERA irá executar suas ações e eventos mediante a realização dos programas estruturados que estão em execução e os que serão implantados. Todo o conteúdo programático e as etapas de realização já foram definidas para todos os programas. Abaixo segue um breve resumo dos projetos. a) Programa de Assessoria, Consultoria e Capacitação: Capacitará os empresários vinculados a SUPERA, permitindo a estes adquirir conhecimento na área empresarial. Apoiar a realização de parcerias e orientar na elaboração de propostas para captação de recursos financeiros em órgãos de fomento. As praticas desta

frente envolvem: orientação para a elaboração de Planos de Negócios; análise e Sabatina de Planos de Negócios; seleção de empreendimentos e/ou empresas e assinatura dos contratos; acompanhamento das empresas e dos empreendedores que se encontram na pré-incubação e hotel de projetos; por meio de um relatório mensal e auditoria anual; disponibilização de consultorias específicas para os incubados abrangendo as áreas de gestão e desenvolvimento tecnológico, gestão financeira, gestão do marketing, assessoria jurídica e normatizações; atualização periódica dos Planos de Negócios das empresas e elaboração de Planos de Negócios dos empreendedores atendidos na modalidade hotel de projetos; capacitação dos integrantes das empresas e dos empreendedores por meio de treinamentos para desenvolvimento das competências empresariais fundamentadas nos conhecimentos administrativos e tecnológicos; subsidiar a participação dos incubados em feiras de negócios com recursos obtidos do SEBRAE e da FINEP; suporte para saída bem sucedida das empresas residentes para o mercado, a partir de avaliação criteriosa do Relatório de Desenvolvimento e do acompanhamento do Planos de Negócios; capacitação permanente dos gestores da incubadora; participação da incubadora no Projeto do Parque Tecnológico de Ribeirão Preto também com o objetivo de apoiar a criação de um ambiente propício para a permanência no município das empresas de base tecnológica que se graduam na SUPERA.

b) Programa INCPAR - Incubadoras de Base Tecnológica em Parceria para o Desenvolvimento de Novos Negócios: é um projeto que visa prospecção de novos projetos e a capacitação de empresas incubadas. Este projeto, que é financiado pela FINEP, é uma parceria entre 5 incubadoras de base tecnológica do Estado de São Paulo: a SUPERA de Ribeirão Preto (coordenadora do projeto), o CIE de São José do Rio Preto, a INAGRO Jaboticabal, a IEJ de Jaboticabal e a Incubadora Tecnológica de Botucatu. O projeto atua em duas grandes frentes:

• Na prospecção de projetos de pesquisa ou de tecnologias com potencial de mercado junto a universidades. Neste ponto deve-se destacar a presença da USP em Ribeirão Preto e da UNESP em Botucatu, Jaboticabal e São José do Rio Preto, além de várias universidades do setor privado. Sendo que estas universidades públicas possuem em comum a pesquisa ligada a biotecnologia e saúde. O foco dessa prospecção serão as áreas de concentração das pesquisas desenvolvidas por estas universidades, que em linhas gerais são: Agronomia, Ciências Biológicas,

Informação. Embora essas áreas sejam priorizadas, projetos de outras áreas também podem participar do IncPAR.

• Em ações que visem o crescimento e fortalecimento das empresas incubadas como: o oferecimento de cursos de capacitação e serviços especializados direcionados ao aumento da competitividade destas empresas e da expansão de seus mercados e o apoio financeiro para a participação em feiras de negócios. (Site www.incpar.com.br)

c) Programa Nacional de apoio a capacitação e prospecção de novos projetos em Biotecnologia (Concurso de Plano de Negócios BioBusiness): O BioBusiness Brasil é um concurso de plano de negócios voltado à criação de empresas em Biotecnologia e Saúde. A SUPERA apóia os participantes na elaboração dos Planos de Negócios e premia os melhores. O 1º BioBusiness SUPERA captou 40 projetos, o 2° BioBusiness Brasil teveapoio de nove incubadoras de base tecnológica, captou 50 projetos (de 8 Estados diferentes) e foi premiado pela ANPROTEC como Melhor Projeto de Promoção da Cultura do Empreendedorismo Inovador de 2007. As duas edições somaram 94 projetos inscritos e para a SUPERA, resultaram em duas empresas incubadas. A 3ª edição será lançada em outubro de 2008, durante a Biolatina em 2008, e terá como meta a prospecção de 100 projetos (site: www.concursobiotecnologia.com.br)

d) Programa de apoio a difusão da Cultura Empreendedora no Campus da USP de Ribeirão Preto: O objetivo destas ações é incentivar a criação de novos negócios pela transformação do conhecimento científico gerado na universidade em novos produtos, gerando ao mesmo tempo uma alternativa de trabalho para os pós- graduandos das áreas tecnológicas e ampliar sustentavelmente o número de novos projetos nos processos de seleção da SUPERA. Estas ações têm efeito no médio prazo e visam a possibilidade de ampliação futura das vagas da incubadora pela transferência das empresas para o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto. As principais ações são:

• Trabalhar em conjunto com pós-graduação da FMRP para oferecer semestralmente a disciplina “Inovação e Propriedade Intelectual” desenvolvida em parceria com FEA-RP, SUPERA e Agencia de Inovação da USP;

• Replicar a disciplina criada pela SUPERA em parceria com a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, mais especificamente com o departamento de Química, intitulada “Empreendedorismo Tecnológico”. Essa disciplina foi ministrada no primeiro semestre de 2008, para os cursos de Bacharelado em Química, Bacharelado em Química Forense e Bacharelado com Habilitação em Química Tecnológica, Biotecnologia e Agroindústria. O objetivo da disciplina é de apresentar aos alunos o ambiente de empreendedorismo e inovação do Campus da USP de Ribeirão Preto, incentivar a transferência das tecnologias produzidas na universidade, bem como capacitar o aluno em ferramentas básicas para planejar e colocar em prática uma empresa de base tecnológica, com a finalidade de ampliar o número de novos projetos nos processos de seleção da SUPERA.

e) Programa Nacional de geração de novos negócios (BRBiotec – Rede Brasileira de Empresas de Biotecnologia): A BrBiotec – Rede Brasileira de Empresas de Biotecnologia tem como objetivo geral ser uma rede de relacionamentos e de negócios, a ser operada de forma digital e presencial, por meio de um portal de negócios e pontos ou nós da rede localizados em locais estratégicos do país, respectivamente, visando a integração entre empresas brasileiras de biotecnologia, investidores, instituições de ensino e pesquisa, pesquisadores e governos federal, estadual e municipal. Esta rede já recebeu aporte financeiro de R$ 400 mil do Ministério da Saúde e está sendo executada em sua Fase Piloto de Estruturação pelas Incubadoras, SUPERA, CIETEC e BIORIO, que estão articulando uma parceria com o NISP - PROGRAMA NACIONAL DE SIMBIOSE INDUSTRIAL DO REINO UNIDO, objetivando a troca de experiência e o desenvolvimento sustentável das empresas, pela transformação de recursos de baixo valor na medida em que servem como matérias-primas para outras empresas em insumos com valor agregado, produzindo na maioria das vezes produtos inovadores.

f) Programa Primeira Empresa Empreendedora (PRIME): A SUPERA foi uma das 18 incubadoras escolhidas pela FINEP para atuar como uma operadora descentralizada dessa instituição no Programa PRIME – Primeira Empresa Inovadora. O programa pretende investir R$ 12 milhões em empresas nascentes de base tecnológica. A empresa beneficiada pelo Prime terá o seu projeto apoiado por duas modalidades de aporte operadas pela Finep. O valor total do financiamento será da ordem de R$

primeira parcela, de R$ 120 mil, virá do Programa de Subvenção Econômica à Inovação. Nessa modalidade o recurso é não-reembolsável. Já a segunda e última parcela utilizará dinheiro do Programa Juro Zero, que prevê a devolução do empréstimo em cem vezes sem juros. Os primeiros R$ 120 mil serão repassados em forma de subvenção econômica não-reembolsáveis e, por isso, são livres de taxação. Esses recursos podem ser empregados para contratação de técnicos, administradores e consultores. A SUPERA deverá lançar o edital para seleção das empresas interessadas em receber o recurso da subvenção em novembro de 2008.