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ÍNDICES DE QUALIDADE DO SOLO, RENTABILIDADE E PRODUTIVIDADE PARA DEFINIÇÃO DE SISTEMAS

THE SERGIPE COASTAL TRAILS

4.2.6 Determinação da Sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo

A Sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo do MV, foi determinada de forma análoga a metodologia utilizada para cálculo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) proposto por Mahbud U-Haq e Amartya Sem, no Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD) (UNDP, 2018).

Desta forma calculou-se o Indicador de Sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo (ISSC) para cada um dos 12 tratamentos, a fim de poder compará-los.

Inicialmente determinou-se as dimensões para compor o ISSC:

1- Dimensão Ambiental: Avaliada por meio do Índice de Qualidade do Solo. 2- Dimensão Econômica: Avaliada por meio do Índice de Rentabilidade. 3- Dimensão Técnica: Avaliada por meio da Produtividade da Lavoura.

Após a delimitação das dimensões, foi determinado o Índices de Dimensão -Equação (3), para cada dimensão. Para tanto, utilizou-se a seguinte equação:

Índice de Dimensão = (Valor observado − Valor Mínimo) (Valor Máximo − Valor Mínimo)

Onde há valor observado, refere-se ao valor em análise; Valor mínimo, refere-se ao menor valor possível para dimensão, admitindo-se zero (0) para o IQS , produtividade e

Rentabilidade; e Valor Máximo, refere-se ao maior valor observado entre 2016 a 2018 alcançado pelos Sistemas de Cultivo, para produtividade, e 1 (um) para IQS e Rentabilidade.

Posteriormente, esses Índices de Dimensão foram agrupados em um único índice, o ISSC. Ele foi determinado pela média geométrica dos três Índices de Dimensão mencionados, sendo calculado da seguinte maneira Equação (4).

ISSC = √Índice Ambiental x Índice Economico x Índice Técnico3

Para a avaliação do limiar da sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo, considerou-se que valores de ISSC superiores a 0,40 (Quarenta décimos), indicam sistemas sustentáveis. Este valor foi determinado considerando-se:

IQS = 0,50, que indica sistemas com IQS ruim, conforme SOUZA (2005).

IR = 6,96 %, rendimento da caderneta de poupança no ano de 2017, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) (IBGE, 2019).

PRODUTIVIDADE = 25.117 espigas, equivalendo ao maior ponto de nivelamento de produção observado entre os sistemas de cultivo entre 2016 a 2018.

4.2.7 Análise estatística

Além da construção do ISSC os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F, ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk (W) e transformados quando necessário, utilizando-se a transformação Box-Cox. Posteriormente, foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo as médias dos tratamentos desdobradas e comparadas pelo teste Tukey a 5 % de probabilidade com o auxílio do software STATA® (STATACORP, 2017).

4.3 RESULTADO E DISCUSSÃO

Os diferentes valores de IQS, IR e produtividade do MV, apresentados pelos sistemas de cultivo, auferiu diferenças ao Indicador de Sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo (ISSC), cujos valores encontram-se expresso na Tabela 4.1 (O resultado das análises de variância - ANOVA - da produtividade, IR, IQS e ISSC encontram-se disponíveis no Apêndice C).

Tabela 4.1 - Indicador de Sustentabilidade de doze Sistemas de Cultivo de Milho Verde desenvolvidos nos Tabuleiros Costeiros de Sergipe, associando quatro Plantas Antecedentes e três Sistemas de Manejo do Solo, no 17º ano de cultivo.

Manejo do Solo Planta Antecedente IQS ID IQS IR (%) ID IR Produtividade (espigas de MV/ha) ID Pro ISSC CC Caupí 66,59 ABC 0,67 -57,59 B -0,58 11.459 EF 0,20 -0,42 D Guandu 56,50 D 0,57 -390,05 C -3,90 3.906 F 0,07 -0,53 D Crotalária 59,66 BCD 0,59 -392,85 C -3,93 3.906 F 0,07 -0,52 D Milheto 61,69 ABCD 0,62 -339,88 C -3,40 4.167 F 0,07 -0,52 D Média 61,03 b 0,61 -295,09 b -2,95 5.860 c 0,10 -0,50 b CM Caupí 58,87 CD 0,59 32,94 A 0,33 26.563 C 0,46 0,44 AB Guandu 70,65 AB 0,71 34,66 A 0,35 29.167 BC 0,50 0,50 AB Crotalária 69,31 ABC 0,69 -4,58 B -0,05 17.014 DE 0,29 0,02 C Milheto 61,49 ABCD 0,61 10,58 A 0,11 19.792 D 0,34 0,16 BC Média 65,08 ab 0,65 18,40 a 0,18 23.134 b 0,40 0,28 c PD Caupí 61,14 ABCD 0,61 42,66 A 0,43 29.862 BC 0,51 0,51 AB Guandu 63,52 ABCD 0,64 50,99 A 0,51 37.500 A 0,64 0,59 A Crotalária 65,52 ABCD 0,66 50,24 A 0,50 34.028 AB 0,58 0,58 A Milheto 71,80 A 0,72 38,26 A 0,38 26.910 C 0,46 0,50 AB Média 65,50 a 0,65 45,54 a 0,46 32.075 a 0,55 0,55 a

CC- Cultivo Convencional; CM- Cultivo Mínimo; PD- Plantio Direto; IQS- Índice de Qualidade do Solo; ID: Índice de Dimensão; IR: Índice de Rentabilidade; Pro: Produtividade; ISSC: Indicador de Sustentabilidade dos Sistemas de Cultivo; MV: Milho Verde.

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na vertical, não apresentam diferença estatística significativa a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey. Médias seguidas pela mesma letra minúscula na vertical, não apresentam diferença estatística significativa a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey.

Fonte: ASSUNÇÃO, S. J. R. Elaborada com dados da autora, 2019. 4.3.1 Dimensão Ambiental

A dimensão ambiental do ISSC foi mensurada por meio do IQS, já que a Qualidade do Solo tem sido proposta como uma forma integrada de avaliação da qualidade ambiental e da Sustentabilidade das Explorações Agrícolas (CHAER; TÓTOLA, 2007), sendo por tanto, considerada um elemento-chave para a manutenção da produtividade das culturas de interesse agronômico (SPOSITO, 2003). Os maiores IQS estão distribuídos nos sistemas conservacionistas de manejo do solo (CM e PD), enquanto os mais baixos estão no sistema CC (Tabela 4.1). Estes resultados corroboram com Santiago; Montenegro e Pinheiro (2018), ao afirmarem que a adoção de práticas agrícolas que elevem a reposição de resíduos orgânicos e diminuam o revolvimento do solo é fundamental quando se visa o desenvolvimento da Agricultura Sustentável, onde a qualidade do solo é mantida ou melhorada.

O sistema de cultivo de maior IQS foi Milheto/PD (71,8) e o de menor IQS Guandu/CC (56,5) (Tabela 4.1). O Milheto é uma planta antecedente de baixa demanda hídrica e nutricional, com boa capacidade de ciclagem de nutrientes, crescimento vigoroso e produção de biomassa, que em regiões tropicais com limitações nutricionais, como as dos Tabuleiros Costeiros,

apresenta-se como uma alternativa viável à produção de fitomassa e consequentemente de MOS (CAMPOS; ALMEIDA; FERREIRA, 2012), além de possibilitar a melhoria das condições físicas do solo, devido ao seu abundante sistema radicular. Salienta-se que a MOS em solos tropicais como o do presente estudo, representa a maior parte da CTC e disponibilidade de nutriente para a atividade da microbiota e desenvolvimento das plantas.

Refletindo o comportamento do IQS, observou-se semelhança no desempenho do Índice da dimensão Ambiental (ID IQS) (Tabela 4.1). Assim maiores valores de ID-IQS foram observados nos sistemas conservacionistas de manejo do solo (CM e PD), enquanto os mais baixos estão no sistema CC (Tabela 4.1). Para os sistemas de cultivo o Milheto/PD apresentou maior ID IQS (0,72) e o IQS Guandu/CC menor valor (0,57) (Tabela 4.1). A Qualidade do Solo tem sido indicada como a forma mais adequada para se medir ou monitorar os processos de degradação em curso no solo (MORRIS, 2007), indicando os efeitos do sistema de manejo adotado.