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Determinação da potência crítica (PC) e/ou velocidade crítica (VC) em diferentes

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.4 Determinação da potência crítica (PC) e/ou velocidade crítica (VC)

2.4.1 Determinação da potência crítica (PC) e/ou velocidade crítica (VC) em diferentes

Em corredores a PC foi inicialmente determinada por Jenkins e Quigley (1992) utilizando o modelo que considera a relação linear entre o trabalho e o tempo de exaustão entre as distâncias fixas e seus respectivos tempos. Os autores concluíram que a PC é um método simples e barato e que pode ser aplicado para se estimar a intensidade de esforço, corroborando com os

conceitos propostos pelo estudo original. Kranenburg e Smith (1996) estudaram a VC em nove corredores treinados (média de 26 anos), utilizando dois modelos (relação linear entre a potência e o inverso do tempo e relação linear entre trabalho-tempo de exaustão) ambos em teste de esteira e pista, comparandos aos valores de VO2max, vVO2max, LV e desempenho de corrida de 10 km.

Foi possível observar que tanto a VC predita em corrida na esteira como predita na corrida em pista apresentam boa correlação com a velocidade de desempenho nos 10 km, sendo a VC predita em esteira apresentando valores superiores aos valores de pista. Quando correlacionada com os métodos de pista e esteira considerando a relação linear entre a potência e o inverso do tempo, observou-se uma alta correlação entre os métodos de determinação da VC (r=0,90) com o VO2max

(r=0,88), vVO2max (r=0,89) e LV (r=0,96), concluindo que a VC está associada a parâmetros

cardiorrespiratórios e a potência aeróbia, sendo um ótimo preditor do LAn para o controle da evolução do treinamento.

Em corrida contínua e intermitente (KACHOURI et al., 1996) em pista de 400 metros, para a determinação dos modelos de tlime dlimverificou-se que a VC determinada tanto de

forma contínua como intervalada não apresentaram diferenças significativas entre ambas (p=0,007) mas foram altamente correlacionadas entre si (r=0,892) tanto para a intensidade 95% como para a 105% da velocidade máxima (Vmax) determinada em teste especifico (Montreal

Track Test - vMTT). Em crianças com idade entre oito e 11 anos a corrida intermitente (15 segundos (s) / 15 segundos de repouso passivo) foi utilizada para a determinação da VC até a exaustão voluntária em intensidades pré-estabelecidas através de testes continuo (BERTHOIN et al., 2006) e foi observada forte associação entre a VCcontinuoe a VCintemitente(r2= 0,86, p<0,001) e

destas variáveis com o VO2picoe velocidade máxima aeróbia (MAS).

Em modalidade coletiva como o futebol onde o bom desempenho dos atletas não depende única e exclusivamente da habilidade técnica do jogador mas também de uma boa condição física para suportar estímulos anaeróbios em alta intensidade, que varia de acordo com a posição de cada jogador, como também uma ótima capacidade de recuperação ativa para novo estímulo durante a partida, Denadai, Gomide e Grecco (2005) utilizaram a VC em jogadores desta modalidade e compararam este método com a determinação do OBLA e da MSSL. Os autores observaram que a VC tende a superestimar os valores de OBLA e MSSL (14,42 ± 1,13 Km.h-1– 13,12 ± 1,29 Km.h-1 respectivamente), mesmo apresentando valores superestimados o coeficiente de correlação apresentado em relação a MSSL – VC (r= 0,90), OBLA – VC (r= 0,80)

e MSSL – OBLA (r= 0,80) foram representativos, determinando que a VC apresenta valores superestimados em relação a MSSL e deve ser utilizada com cautela, sendo um bom preditor de capacidade de aeróbia em jogadores de futebol, independente das situações especificas durante a partida ocorrerem em atividades metabólicas da via anaeróbia.

Denadai et al. (2003) verificaram a validade da VC para estimar o LAn, pré e pós dois diferentes programas de treinamento em atletas de corrida (média de 33 anos), treinados em provas de fundo do atletismo. A determinação da VC se deu através da relação D-T, onde para efeito de cálculo foram utilizadas as distâncias de 1500 e 5000 metros. Foram também utilizados protocolos para determinar o VO2max, vVO2max e EC em condições laboratoriais. Os

resultados do estudo apresentaram que durante o período de pré-teste não foram observadas diferenças significantes entre o LAn e a VC para os dois grupos. Após o programa de treinamento, houve melhora significante do LAn nos dois grupos (G1LAn pré-teste: 17,31 ± 1,1

mMol/ pós-teste: 17,98 ± 1,0 mMol e G2LAnpré-teste: 17,35 ± 0,8 mMol / pós-teste: 18,11 ± 0,6

mMol) e da VC no G1 (pré-teste: 16,97 ± 1,1 mMol / pós-teste: 17,25 ± 1,0 mMol), observando

que ocorreram forte correlação entre o LAn e VC para os dois grupos nos períodos pré-teste e pós-teste (G1 r= 0,90 / 0,91 e G2 r=0,84 / 0,80 respectivamente). Antes do programa de

treinamento a VC apresentou boa validade para a determinação do LAn e após este período entretanto a VC nos dois grupos estudados não apresentou a mesma sensibilidade para identificar as adaptações determinadas pelo treinamento no LAn, concluindo que, apesar de uma boa correlação há necessidade de adequação de estudos e modelos que possam verificar a relação VC x LAn em concentração fixa de 4mMol em atletas de diferentes modalidades e fases de treinamento já a VC não é capaz de identificar sensivelmente o LAn pós treinamento. Este estudo corrobora com os achados de Clingeleffer, McNaughton, Daroven (1994) o qual a PC superestima o OBLA e o limiar anaeróbio individual (IAT), ambos que representam indicadores da MSSL, não estando relacionados ao tempo de sustentação da PC por mais de 30 minutos (McLELLAN e CHEUNG, 1992).

O mesmo resultado foi apresentado por Pepper et al. (1992) em corrida em esteira, sendo possível observar que a VC superestima a velocidade possível de ser sustentada por cerca de 60 minutos, onde os 10 sujeitos utilizados na amostra somente oito conseguiram sustentar a mesma atividade em intensidade inferior a máxima (85% da intensidade máxima) pelo mesmo período de tempo, concluindo que a VC pode ser utilizada para estimar velocidades

máximas por aproximadamente 10 minutos enquanto que para o momento de transição do metabolismo aeróbio-anaeróbio, neste caso 60 minutos, a mesma superestima os valores reais. Resultados de VC equivocados em sua utilização na prescrição da MSSL e desempenho em corrida e ciclismo e demais modalidades (DEKERLE et al., 2004).

Em atletas de marcha atlética, modalidade de predomínio do metabolismo aeróbio, carente de estudos com relação ao desempenho e treinamento, Colombo et al. (2008) compararam o desempenho aeróbio obtido através de tempo de provas de 5.000 e 10.000 na marcha atlética com tempo predito através da VC e a verificação da correlação da VC com o VO2maxem atletas com idade de 16 a 38 anos. A VC foi determinada através da relação linear D-

T no qual foram utilizados as distâncias de 1.000 e 2.000 metros. Os resultados descreveram que a VCpredita não apresenta diferença significante com relação ao desempenho de prova nas duas

distâncias, apresentando bons valores de correlação entre a VC x 5.000m e VC x 10.000m (r= 0,846 e r= 0,839 respectivamente), sugerindo que a VC é um ótimo preditor de desempenho de prova, como para o VO2max que também apresentou bons valores de correlação com o

desempenho de prova (r = -0,868 e r = -0,919 respectivamente). Os mesmos fenômenos foram observados por McDermoth et al. (1993) que demonstraram uma alta correlação entre a VC determinada através dos tempos obtidos nas distâncias de 400, 800 e 1600 metros em pista (r= 0,92) e esteira rolante (r= 0,97) com o desempenho dos 10.000 metros. Com isso, os autores concluíram que a VC demonstrou ser um ótimo preditor do desempenho de prova (5.000 e 10000 metros) na marcha atlética indicando que este método de avaliação pode ser utilizado como ferramenta no controle do treinamento e na predição do desempenho em competições, independente da faixa etária.

Em corredores de maratona (FLORENCE e WEIR, 1997), apesar de não reproduzir a determinação da VC em corrida de pista, limitando-se ao laboratório, foi observado forte correlação (r= -0,76) entre a VC com desempenho total em corredores, considerando que a VC pode ser determinada em teste de esteira e extrapolando resultados para o desempenho.

BILLAT et al. (1995) conduziram experimento com corredores de longa distância verificando a relação entre a vVO2max(maximal aerobic speed – MAS) em intensidade

de 90, 100 e 105% desta variável em relação, com a VC demonstrando corresponder a MAS-90% (r= 0,647 - p<0,01), corroborando com dados obtidos em estudo com indivíduos de meia idade (BILLAT et al., 2001) onde observou que a VC correspondeu a 85,7 ± 1,4% da vVO2max (13,6

± 1,5 Km.h-1) concluindo que a VC é um método sensível na determinação da intensidade na qual é atingido o VO2max.

Vasconcelos et al. (2007) verificam mediante aplicação de testes não-invasivos a relação entre a VCpredita (prescrição do tempo estimado de prova) e VO2maxcom a performance

de prova na distância de 1.600 metros em crianças de nove e 11 anos (25 meninos e 39 meninas) em estágio maturacional pré-determinado (TANNER et al., 1962 apud VASCONCELOS et al., 2007) e a VC foi determinada através do modelo D-T atribuído às distâncias de 200 e 800 metros em pista. Os resultados apresentados demonstraram diferença em ambos os sexos (p<0,01) com relação a VCpredita e o desempenho em 1.600 metros, o que representa um valor superestimado da

VCpreditae o tempo total de prova, demonstrando neste caso não ser o melhor meio da prescrição

do desempenho para crianças do sexo masculino e feminino (r= -0,52 e r= -0,70 respectivamente). Apesar desta conclusão, existem alguns pontos controversos sobre a utilização da VC na prescrição da capacidade aeróbia e prescrição do desempenho em crianças já que as mesmas apresentam atividades reduzidas de enzimas do metabolismo aeróbio-anaeróbio como a fosfofrutoquinase (PFK) e fosforilase que regulam a atividade na via glicolítica e alta presença de enzimas que controlam a via oxidativa, levando a uma maior utilização do Ciclo de Krebs e produção de ATP por esta via (COLANTONIO, 2003; COLANTONIO, 1999; DENADAI, 1997a), diferentes do comportamento enzimático nos adultos. Portanto deve-se ter um pouco mais

de cautela na extrapolação deste método para crianças nesta faixa etária, como concluíram os autores descrevendo sobre a importância da utilização deste método na prescrição e controle dos efeitos do treinamento.

Parte dos estudos envolvendo a VC foram desenvolvidos em atletas de alto nível ou mesmo de participantes de treinamento sistemático, sendo pouco apresentado as discussões do uso da PC/VC em indivíduos ativos, praticantes de atividades físicas. Pacheco et al. (2006) utilizaram a VC com indivíduos fisicamente ativos, em teste de esteira e pista, aplicado a VC e CTA com a determinação do VO2max, tempo no VO2maxe tempo para atingi-lo, Vmax, LL e

o LV, onde é observado que a VC apresenta correlação alta com relação ao LL (r= 0,96), Vm3Km

(r= 0,98), Vm500(r= 0,90) e Vmax.(r= 0,84) onde a VC corresponde a 92,3% do LL. Considerando

que a VC junto a outros parâmetros de aptidão física podem contribuir de maneira não-invasiva na mensuração do desempenho de indivíduos fisicamente ativos para prescrever a condição aeróbia sendo de grande valia na prescrição e sensibilidade da atividade.

Todos os argumentos estudados nos leva a considerar que a VC determinada em diferentes protocolos e ergômetros é um indicador de desempenho aeróbio, representando a intensidade na qual pode ser verificado comportamento e intensidade do VO2maxe LAn.

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