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1. Justificativa

1.1 Determinando a intensidade do exercicio para o programa de

A redução da mortalidade relacionada à DCV pode ser atribuída a um aumento da capacidade aeróbica resultante do treinamento físico aeróbico(30-32). Consequentemente, diretrizes clínicas salientam a importância do exercício físico como parte de PRC(39).

Durante a prescrição de exercício aeróbico em pacientes portadores de DCV, componentes como tipo de atividade, freqüência, duração e principalmente intensidade devem ser levados em consideração para que os benefícios dessa prática sejam maximizados e os riscos minimizados(40). A seleção de exercício inicial deve basear-se no nível individual de condicionamento físico, bem como condições clínicas além de distúrbios músculo- esqueléticos(41). Resultados de vários estudos têm demonstrado que a intensidade do exercício é mais importante do que a duração para a prevenção de DCV e sua mortalidade(42-44). Devido a essa importância, diferentes métodos e protocolos são utilizados para prescrever intensidade do exercício aeróbio(45).

Métodos embasados em fórmulas e escalas são utilizados para monitorar e prescrever o treinamento em pacientes portadores de DCV: baseados em variáveis fisiológicas como a freqüência cardíaca (FC) (% FC pico dado pelo teste de esforço, ou por fórmula da FCmax: 220-idade; ou Cálculo de Karvonen(46)); e baseados em avaliação subjetiva de esforço percebido através da escala de Borg(45).

Protocolos máximos e submáximos são utilizados para a identificação da intensidade do treinamento aeróbico, pois permitem a identificação da zona de transição metabólica em humanos(47-49). Kindermann et al.(50) e Skinner e McLelan(51) sugerem que esta intensidade é nomeado como Lan, porque marca o limite superior de um metabolismo aeróbio, quase

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considerada adequada para melhorar a aptidão cardiorrespiratória(52-53), pois indica o trabalho máximo que pode ser mantido durante o exercício submáximo(54).

O TEC é um método considerado padrão ouro, amplamente utilizado para prescrever o treinamento aeróbio, pois fornece a quantificação não-invasiva mais precisa da capacidade aeróbica máxima além do limiar anaeróbio (Lan)(39). A determinação da intensidade do

treinamento através do Lan pode ser definida por meio de parâmetros ventilatórios, já que cada

variável ventilatória, segundo a literatura, tem íntima relação com predominâncias metabólicas. Meyer et al.(55) afirmam que testes que avaliam tais variáveis ventilatórias oferecem informações de qualidade para diferenciar as intensidades do exercício. No entanto, o TEC não está disponível para os centros de reabilitação em geral, principalmente por restrições financeiras(33,

56)

.

O Lan foi originalmente proposto para verificar a capacidade aeróbia de pacientes

portadores de DCV(47) e tem sido empregado para prescrição de treinamento físico nesta população. O Lan é interpretado como um indicador submáximo da capacidade de resistência(57- 60) e é considerado como um método apropriado para determinação da intensidade de

treinamento(61).

Diferentes métodos permitem a identificação dessa zona de transição metabólica em humanos(47-49,62-63). Métodos utilizando a resposta da frequência cardíaca durante o exercício dinâmico(64); espectroscopia por infravermelho por inspeção visual de curva da oxi-hemoglobina e deoxihemoglobina(65), variabilidade da frequência cardíaca, lactato sanguíneo(66) entre outros métodos têm sido utilizados para inspeção da transição metabólica.

Outro método interessante para estimativa da capacidade aeróbia por meio da identificação da zona de transição em humanos é o modelo de potência crítica (Pcrit) proposto por Monod e Scherer(48) e posteriormente validado por Moritani et al.(67). O modelo de Pcrit

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propõe uma máxima intensidade de exercício que pode ser mantida pelo indivíduo por um longo período de tempo sem que ocorra exaustão e fadiga, representando sua capacidade aeróbia. Acima dessa potência, há a utilização de um estoque limitado de energia anaeróbia para atender as necessidades adicionais do esforço. Assim, o modelo de Pcrit é capaz de fornecer, o indicador da capacidade aeróbia e anaeróbia do indivíduo.

Desse modo, é plausível admitir que a PCrit demarca a intensidade na qual a estabilização do lactato sangüíneo, consumo de oxigênio (VO2) e FC pode ocorrer(49,68). Os

testes envolvidos nos cálculos de PCrit são máximos, pois há necessidade de estabelecer o tempo de exercício até a exaustão. Nessas condições, a FC, o VO2 e a concentração de lactato

sangüíneo aumentam progressivamente até atingirem seus valores máximos. Apesar do modelo de Pcrit ser simples e não invasivo há a necessidade de exaustão do esforço para identificação do tempo limite de exercício, reduzindo sua aplicabilidade para pacientes portadores de DCV.

A utilização de parâmetros submáximos para identificar a zona de transição do metabolismo aeróbio para anaeróbio para prescrição de exercício é um método importante e alternativo a ser considerada na prescrição de atividade física para pacientes com DCV(59, 61,69).

Neste contexto, o Protocolo de Duplos Esforços (PDE) proposto por Chassain(49), baseado no modelo de Pcrit, porém não exaustivo, parece ser um método adequado para a determinação da intensidade de exercício para prescrição de treinamento físico a essa população.

Tendo como base a existência de uma Pcrit, Chassain(49), propõe a existência de uma intensidade elevada de exercício, na qual ocorre a estabilização de variáveis fisiológicas como FC, VO2 e lactacidemia, mesmo com execução de esforços distintos (como por exemplo, duplos

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variáveis fisiológicas é plotada uma interpolação linear individual equivalente à velocidade crítica no qual teoricamente, ocorre a máxima fase estável dessas variáveis definida como a mais alta intensidade na qual o metabolismo aeróbio ainda prepondera sobre o anaeróbio.

A aplicação do PDE permite avaliar somente o parâmetro aeróbio, o que pode ser considerado como uma desvantagem em relação ao modelo de Pcrit por cargas exaustivas, que possibilita a identificação de ambos os parâmetros aeróbios e anaeróbios. Por outro lado, o PDE, além de sua praticidade, não requer procedimento exaustivo para obtenção da Pcrit, o que o coloca como um método mais prático para uso no contexto das cardiopatias. A grande aplicabilidade do PDE consiste no fato de não requerer necessariamente a análise metabólica, pois o protocolo permite encontrar a intensidade de treinamento apenas pela análise da FC ou lactato nos casos em que a utilização de outras variáveis torna-se inviável. O gráfico 1 compara os modelos propostos por Monod e Scherer(48) e Chassain(49).

Figura 1: Comparação dos modelos propostos por Monod e Scherer (1965) e Chassain (1986)

para estimativa da Pcrit.

Estabilização das variáveis fisiológicas (Pcrit) Exaustão Modelo proposto por Chassin Metabolismo predominante aeróbio Metabolismo predominante anaeróbio

Modelo proposto por Monod & Scherrer

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Apesar do PDE já ter sido utilizado na avaliação aeróbia de modelo animal(70-72), não há estudos descritos sobre sua utilização junto a pacientes portadores de DCV, constituindo um dos objetivos do presente estudo, avaliar os efeitos de um programa de treinamento físico cuja intensidade do exercício foi prescrito pelo PDE em pacientes de baixo risco ao treinamento em PRC.

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