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3 PROPOSTA DIDÁCTICA: OCORRÊNCIA DE DOBRAS E FALHAS

3.4 Descrição Sumária das Aulas Leccionadas

3.4.2 Diário da aula II (50’ + 50’)

Sumário: Execução de uma actividade prática sobre a formação de dobras e falhas inversas.

Descrição da aula

Nesta aula a turma estava dividida em dois turnos, o primeiro turno é composto por 12 alunos e o segundo turno por 13 alunos. Os alunos entraram na sala bastante efusivos pois era o dia de entrega de um trabalho que os tinha entusiasmado, sobre os modelos da estrutura interna da Terra. Por isso, o início da aula nos dois turnos foi um tanto ou quanto agitado. Habitualmente, os alunos sentam-se em grupos de três elementos, à excepção de um grupo do segundo turno que tem quatro elementos. Nesta aula, e nos dois turnos, fiz um rearranjo dos grupos de modo a que ficassem apenas três grupos, uma vez que apenas havia 3 modelos de plasticina. Enquanto se sentaram escrevi o sumário e esperei um pouco que o copiassem do quadro.

Retomei o ponto onde tínhamos ficado na aula anterior, questionando os alunos acerca dos tipos de limite e das forças que se originam em cada um deles. E tentei que os alunos chegassem à questão problema, através de questões e de pistas que lhes fui dando. Acabei por ser eu a formulá-la e escrevi-a no quadro para que todos a pudessem copiar para os cadernos: “Quais as consequências das forças resultantes dos movimentos das placas litosféricas?”. Expliquei que este problema é complexo e que iria sendo respondido ao longo das aulas seguintes, mediante a resolução de sub-problemas. Nesta aula, e em discussão com os alunos, foi formulado o primeiro sub-problema: “Quais as consequências das forças compressivas geradas nos limites convergentes?”. Para ajudar a responder a este sub-problema entreguei uma ficha de trabalho (ver Apêndice B) que pedi que

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resolvessem até à questão 1.3. Enquanto o faziam, fui circulando pelos grupos auxiliando a clarificar as questões e a redigir as respostas. Assim que todos os grupos responderam à questão 1.3 (formulação de hipótese) pedi que se levantassem dos lugares para procedermos à simulação com a finalidade de validar as suas hipóteses. Os alunos levantaram-se e continuaram o procedimento explicado na ficha. Os resultados foram registados numa folha de acetato e os alunos voltaram para os seus lugares. Nesta altura distribui os blocos de plasticina e pedi para continuarem a ficha no ponto 1.3.2. Os alunos executaram a tarefa, ao longo da qual decorreu uma breve discussão que se estendeu por uns breves minutos até a aula terminar.

Reflexão

Nesta aula foi formulado o problema geral da unidade didática. No entanto, julguei que seria possível serem os alunos a formulá-lo, mas perante as dificuldades que demonstraram, tive de ser eu a fazê-lo. Depois de formulado este problema, já foi mais fácil chegar ao sub-problema, que foi formulado por um aluno em cada um dos turnos, tendo eu dado uma ajuda na construção frásica. Os alunos mostraram-se empenhados e bastante motivados durante a execução da ficha, mas não tanto na discussão inicial quando formularam o problema e o sub-problema. Durante a discussão, julgo que estavam um pouco intimidados, provavelmente por estar presente um elemento “estranho” à aula e à escola (a minha supervisora da Universidade). Os alunos trabalharam em grupo, tendo havido mais momentos de partilha e cooperação do que até agora. Os alunos tiveram dificuldade em “pôr por palavras” o que observaram, mas fui ajudando a que conseguissem verbalizar aquando da discussão em pequeno grupo, deixando o grupo com as ideias e com a tarefa de formular uma frase de resposta. Sempre que sentiam dificuldade chamavam-me, pelo que fui várias vezes a cada grupo. O que me permitiu perceber o modo como estavam a pensar.

No primeiro turno, a determinada altura reparei que apenas faltavam dez minutos para a aula terminar. Fiquei bastante apreensiva, com receio de não ter tempo de executar as simulações com a caixa de deformação e com o modelo em plasticina, e proceder ao registo dos resultados, por isso, decidi avançar o mais rapidamente possível para a simulação da caixa de deformação. Com esta decisão saltei uma parte importante para a construção do conhecimento dos alunos – a

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discussão das hipóteses em grande grupo. Foi uma má decisão que tomei no primeiro turno, e que repeti no segundo turno, para que seguisse os mesmos trâmites, permitindo que a aula de síntese pudesse fazer sentido para todos os alunos. Por conseguinte, também no segundo turno os alunos apenas formularam as hipóteses em pequeno grupo.

As aulas práticas leccionadas apenas em 50 minutos são bastante ingratas para um professor que pretende que os alunos se envolvam de uma forma activa. Os 50 minutos que à primeira vista parecem muito tempo, rapidamente se transformam em 30 ou mesmo apenas 20 minutos de qualidade, uma vez que os alunos demoram muito tempo a sentar-se, a abrir os cadernos e a escrever o sumário, e também porque estes alunos não têm ainda prática de toda a dinâmica que uma aula no laboratório acarreta. Por outro lado, o facto de apresentarem tantas dificuldades no domínio da língua, torna árduo todo o processo de escrita e, na maioria dos casos, também a formulação de hipóteses.

Estas actividades de cariz investigativo requerem que os alunos tenham autonomia e domínio da língua suficientes de modo a conseguirem elaborar respostas sem que o professor tenha que as corrigir uma a uma. Enquanto os alunos desta turma não o conseguirem fazer, será sempre muito difícil cumprir, em pleno e em tempo útil, actividades deste tipo.

Dos objectivos estipulados para esta aula, apenas um não foi cumprido, uma vez que os grupos não conseguiram desenvolver um verdadeiro trabalho cooperativo. Sinto que os restantes objectivos estabelecidos para esta aula, relacionados com os domínios do conhecimento e do raciocínio, foram alcançados.