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A Psicologia Social é um campo científico que investiga comportamentos e fenômenos sociais, a exemplo da afiliação grupal, a percepção da pessoa, as inclinações afetivas, a agressão, o comportamento do grupo, o conformismo e a formação e mudança de atitudes.

Dentre tais fenômenos, Freedman, Carlsmith e Sears (1970) esclarecem que a formação e mudança de atitudes têm se constituído como núcleo central de

estudos da Psicologia Social nos Estados Unidos há muitos anos, com estudos publicados no início do século XX, especificamente a partir da segunda década.

De acordo com Farr (2004), um estudo elaborado e publicado, na década de 1920, por William Isaac Thomas (1863-1947), em co–autoria com Znaniecki, intitulado O camponês polonês na Europa e na América, já utilizava o conceito de atitude social para estabelecer diferenças entre os grupos, no caso, os imigrantes e a comunidade nativa, possibilitando o estabelecimento de uma ligação entre o psicológico e o cultural.

Desta forma, não se pode considerar a temática como algo ainda incipiente, uma vez que desde aquela época a publicação de estudos concernentes às atitudes sociais tem sido significativa, abarcando pesquisas dos mais variados fins, que vão desde as pesquisas de opinião, de cunho eleitoral, até questões ligadas às atitudes de ordem racial, religiosa e de orientação sexual.

A elaboração de uma linha temporal conceitual sobre as atitudes sociais pode colaborar para facilitar a compreensão deste fenômeno, bem como dos aspectos inerentes à formação e mudança de atitudes, pois tem a finalidade de situar o leitor em relação à temática de atitudes sociais e à evolução conceitual estabelecida. Bueno (1968, p. 35), no Grande Dicionário Etimológico e Prosódico da Língua Portuguesa, define atitude como: “Postura do Corpo, disposição de alguém em face

de uma decisão. Fr. attitude que procede do lat. Aptitudinem”. Essa definição etimológica que a apresenta como uma “disposição de alguém em face de uma decisão” aproxima-se, em parte, das definições atualmente mais aceitas pelos psicólogos sociais.

Freedman, Carlsmith e Sears (1970) esclarecem que as atitudes têm sido definidas de muitas maneiras, cada concepção apresentando ligeiras diferenças ou destacando aspectos diferentes.

Rodrigues (1972) lembra que são muitas as definições de atitude, tendo Allport, em 1935, desenvolvido um estudo compilando mais de cem dessas definições. Freedman, Carlsmith e Sears (1970) salientam que Allport teria definido atitude em 1935 como um estado mental e neural de prontidão, organizado pela própria experiência, exercendo uma influência direta ou dinâmica sobre a reação do indivíduo a todos os objetos e situações com que se relaciona.

Freedman, Carlsmith e Sears (1970) referem ainda que Doob6 definiu, em

1947, uma atitude como “uma resposta implícita e geradora de impulsos, considerada socialmente significativa na sociedade do indivíduo”. Esclarecem esses autores que se estabeleceu uma terceira definição, incorporando, em parte, essas outras duas, considerando atitude como um sistema duradouro que contempla um componente cognitivo, um componente sentimental e uma tendência para a ação.

De acordo com Fishbein (1968), atitudes são predisposições aprendidas para responder a um objeto ou a uma classe de objetos de forma favorável ou desfavorável.

Segundo Krech, Crutchfield e Ballachey (1969), ao desenvolverem-se as cognições, sentimentos e tendências de ação dos indivíduos diante dos objetos que compõem o seu universo, passam a constituir um sistema duradouro denominado atitude.

Essa gama de definições de atitude, na concepção de Rodrigues (1972), poderia ser enxugada, uma vez que muitas das definições compiladas são inadequadas. Na busca de uma síntese para as definições apresentadas por Allport, o autor propôs que o conceito de atitude deveria conter os seguintes componentes: uma organização duradoura de crenças e cognições; uma carga afetiva pró ou contra; uma pré-disposição à ação; uma direção a um objeto social. Considerando esses componentes mencionados, Rodrigues (1972) define atitude como uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva positiva ou contrária a um objeto social definido, predispondo a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a tal objeto.

Segundo Triandis apud Rodrigues (1972), as atitudes referem-se ao que as pessoas pensam, sentem ou gostariam de fazer com relação a um objeto atitudinal.

De acordo com as reflexões de Bem (1973), atitudes são os nossos gostos e as nossas antipatias, ou seja, afinidades e aversões a situações, objetos, grupos de pessoas, ou outros aspectos possíveis de serem identificados em nosso meio. Para o autor, as atitudes dos sujeitos estão arraigadas em suas emoções, seus comportamentos e nas influências sociais as quais estão submetidos, repousando- se em bases cognitivas.

6 L. W. Doob foi um investigador behaviorista preocupado com a formação da atitude, sendo considerado um dos pioneiros na aplicação da teoria da aprendizagem para o processo de formação de atitude. Doob, L. W. The behavior of attitudes. Psychological Review, 1947.

Na concepção de Jean Meynard (1978)7, atitude representa uma disposição

ou ainda uma preparação para agir de uma maneira preferencialmente à outra. As atitudes de um sujeito dependem da experiência que tem da situação à qual deve fazer face. Atitude é ainda a predisposição do sujeito a reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa.

Para Anastasi (1990), uma atitude é também definida como uma tendência para reagir relativamente a uma designada classe de estímulos, tais como, um grupo étnico ou nacional, um hábito ou uma instituição. Na prática atual, o termo atitude é frequentemente associado ao estímulo social e às respostas matizadas emocionalmente, envolvendo frequentemente juízos de valor.

Menin (2011) considera as atitudes como disposições relativamente duráveis em relação a um objeto, determinadas por um conjunto de elementos cognitivos e emocionais a ele ligados, suscetíveis à mudança conforme o conhecimento e o envolvimento emocional dos sujeitos.

As atitudes se constituem em fenômenos comportamentais vivenciados pela humanidade desde tempos remotos. A adoção de atitudes, quer seja individual ou coletiva, vem orientando as ações dos homens e suas relações com outros homens e objetos sociais.

Apresentado brevemente o histórico conceitual de atitude, passa-se a discutir como as atitudes se formam.