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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.3. Métodos

3.3.3. Diagnóstico da qualidade ambiental

O diagnóstico do saneamento ambiental, aqui chamado de diagnóstico da qualidade ambiental, teve como objetivo levantar informações a respeito dos principais fatores de poluição direta e uso indevido dos recursos naturais nas microbacias estudadas (ROCHA, 1997).

Esse diagnóstico também foi baseado em questionários padronizados, conforme proposta de Hidalgo (1987) citado por Rocha (1997).

A tabulação dos dados também consistiu em agrupamentos dos códigos e identificação da média. A soma dos resultados resultou na Unidade Crítica de Deterioração da Qualidade Ambiental, dada pela seguinte equação:

y = ax + b

Onde: y = unidade crítica de deterioração da qualidade ambiental. Varia de 0 a 100, o que equivale a 0% e 100%, respectivamente; e,

x = valor significativo encontrado com a tabulação dos códigos.

O grupo amostral foi definido da mesma forma como apresentado no diagnóstico sócio-econômico.

A unidade crítica de deterioração da qualidade ambiental da bacia experimental do Rio Claro foi definida pela média aritmética das porcentagens de deterioração das microbacias hidrográficas selecionadas.

Como no diagnóstico sócio-econômico, o diagnóstico da qualidade ambiental partiu do princípio que toda propriedade deve ser a estrutura básica de vida do produtor rural, devendo apresentar condições mínimas de moradia e atividades produtivas que o levem à sustentabilidade. Desta forma, foram desconsideradas as unidades rurais destinadas exclusivamente à conservação da natureza.

A categorização “responsável pela propriedade”, “funcionários fixos”, “residentes”, “propriedade em desuso” e “propriedade sem moradias em uso” foram idênticos

aos adotados no diagnóstico anterior, e, da mesma forma, foram tratadas as propriedades administradas sob regime de condomínio.

Este questionário foi composto por 12 questões de múltipla escolha, utilizadas para o cálculo da deterioração da qualidade ambiental de cada microbacia, além de uma questão aberta relacionada à fauna silvestre, que foi utilizada para análise qualitativa da deterioração nas microbacias.

Como no diagnóstico sócio-econômico, as alternativas do questionário receberam códigos que determinaram o grau de deterioração ambiental de cada microbacia. Assim, quanto maior o valor do código, maior o grau de deterioração.

Para facilidades logísticas e de custos, o questionário da qualidade ambiental foi aplicado em conjunto com o da deterioração sócio-econômica.

a) Questionário:

A primeira questão tratou da questão do lixo como forma de contaminação direta do meio ambiente. Assim, os produtores que enterravam, queimavam ou eliminavam livremente seus resíduos sólidos estavam igualmente comprometendo a qualidade do lugar onde vivem, recebendo, assim, um valor máximo de deterioração. Um mínimo de deterioração foi dado àquelas unidades que dispunham de coleta municipal ou cujos responsáveis encaminhavam o lixo aos coletores pré-estabelecidos pela prefeitura.

Em relação aos esgotos, também outro fator de contaminação direta, na questão 2 foi atribuído o valor máximo àquele produtor que lançasse livremente seus efluentes. Nesta questão não se separou fossa séptica da não-séptica pela dificuldade da caracterização, em campo, junto às entrevistas com os produtores rurais.

Continuando a abordar o tema contaminação ambiental, na questão 3 tratou-se do despejo direto dos resíduos de pocilgas e aviários no solo e águas. Àqueles que os lançavam livremente receberam um valor de deterioração máxima e, em contrapartida, aqueles que utilizam tais resíduos como fonte de insumo receberam um valor mínimo.

Na questão 4, relacionada à contaminação ambiental através do uso de biocidas, atribuiu-se um valor máximo àquelas propriedades onde usava-se freqüentemente, um valor intermediário para usos ocasionais e um mínimo de deterioração para aquelas onde não

usa-se biocidas ou para aqueles produtores que controlam as pragas agropecuárias através de vias alternativas, como controle biológico.

Os produtos químicos, biocidas de forma geral, considerados fontes de contaminação gravíssima e direta ao meio ambiente, foram mais uma vez abordados nas questões 5 e 6. Se, na unidade rural, houvesse registro de algum acidente ou se a destinação das embalagens não fossem feitas de acordo com a lei federal 7.802/89 (tríplice lavagem e correto armazenamento das embalagens), o índice de deterioração recebido seria o máximo possível. Em contrapartida, bem avaliados foram aqueles produtores que evitassem biocidas.

Na questão 7, de caráter subjetivo, foram abordadas as condições das estradas rurais, obtendo um máximo de deterioração àquelas cujas condições de conservação e manutenção fossem ruins.

Erosões visíveis nas propriedades foi o tema da questão 8. Também de caráter subjetivo, aquele produtor que respondesse haver erosões em suas terras recebeu um máximo de deterioração.

Tendo como princípio o impacto negativo do fogo nas atividades agropecuárias atribuiu-se, na questão 9, um valor máximo de deterioração às terras onde fossem utilizadas tal prática. Uso de fogo na queima do lixo não foi computado neste tópico já que resíduos sólidos foi a temática da questão 1.

Objetivando uma análise do uso direto dos recursos hídricos na bacia estudada foi perguntado, na questão 10, se havia o recalque d’água através de bomba. Assim, àqueles produtores que usavam bombas para recalque foi atribuído um valor máximo de deterioração da qualidade ambiental.

Nota-se, nesta questão, que um produtor que usa o recurso água em demasia pode prejudicar não somente o meio ambiente, como também seus vizinhos.

Na questão 11 foi avaliado o alto impacto causado pelo manejo incorreto de animais, principalmente quando são responsáveis pelo pisoteio e pastoreio em áreas florestais nativas. As unidades que permitissem o pastoreio em áreas florestais nativas ou nas margens de rios receberam um máximo de deterioração. Não foram considerados os pastoreios em torno de lagos e açudes construídos para fins pecuários.

Já para avaliar o conhecimento do produtor em relação à legislação nacional e seu engajamento com a questão ambiental, foi perguntado, na 12, se existia na propriedade uma área destinada às Reservas Legais. Se não existisse ou se o produtor não conhecia o termo, foi dado um valor máximo de deterioração da qualidade ambiental. Se, por outro lado, as unidades rurais apresentassem uma área destinada à Reserva Legal, mas sem averbamento em cartório, era atribuído um valor intermediário de deterioração. Propriedades com Reservas Legais averbadas receberam um mínimo de deterioração da qualidade ambiental.

A caça à fauna silvestre foi o tema abordado na questão 13, recebendo um máximo de deterioração ambiental aquelas unidades que apresentassem algum registro de caça.

A questão aberta, colocada no final do questionário, também foi relacionada à fauna silvestre e teve a função de caracterizar os animais presentes em cada micro-região. A fauna, outrora, poderá ser usada como indicadora da qualidade ambiental nas microbacias estudadas.

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