Cardioversão e Marca-Passo Transcutâneo
D) Diagnóstico diferencial das taquicardias de QRS estreito
A MSC e a adenosina podem produzir quatro resultados em pacientes com taquicardia de QRS estreito (Figura 5.12): • Diminuição da atividade do nó sinusal, causando redução
transitória da atividade atrial (pacientes com taquicardia Quadro 5.9 – Orientação para o tratamento farmacológico das
bradicardias
Recomendação RecomendaçãoClasse de EvidênciaNível de
Atropina IIa B
Marca-passo transcutâneo IIa B
Adrenalina e dopamina IIb B
Atualização
Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663
sinusal). Nestes casos, a onda P fica evidente no traçado eletrocardiográfico, e o retorno da FC aos níveis basais sugere ser esta decorrente de resposta fisiológica. • O atraso da condução pelo nó atrioventricular pode levar a
um bloqueio atrioventricular, podendo revelar a atividade atrial (TA e flutter) não sinusal.
• Término da taquicardia por interrupção do circuito de reentrada, nas taquicardias dependentes do nó atrioventricular (TRN e TRAV).
• Ausência de resposta.
O diagnóstico diferencial das taquiarritmias de QRS estreito deve ser de forma mandatória e feito com registro de ECG de 12 derivações e tira de ritmo longa. Algoritmos que levam em consideração os dados eletrocardiográficos de regularidade do intervalo RR, presença ou ausência de onda P, frequência atrial, morfologia de atividade atrial, intervalo RP e relação atrioventrículo auxiliam no diagnóstico da taquiarritmia. Para o clínico emergencista, a conduta clínica independe do diagnóstico preciso, mas o registro eletrocardiográfico de 12 derivações obtido previamente Quadro 5.10 – Indicações, doses e efeitos colaterais (EC) dos fármacos com ação nas arritmias
Medicação Quando Como EC
Adenosina TSV estável (efeito diagnósitco)
6 mg, IV, em bólus rápido Caso não haja resposta, repetir 12 mg Cada dose deve ser seguida de 20 mL de solução salina
EV rápido e elevado o membro por 10-20 segundos
Rubor facial, tosse, dispneia, broncoespasmo Evitar em pacientes com asma Não é eficaz nos pacientes em uso de
metilxantinas
Se acesso central, realizar metade da dose Bloqueadores de
canal de cálcio
TSV estável com função ventricular preservada, para
controle de frequência
Verapamil – 2,5-5 mg IV lento. Podem-se repetir 5-10mg após 15 a 30 minutos da primeira dose até total de 20 mg Diltiazem – 0,25 mg/kg IV em 2 minutos. Pode-se repetir
0,35 mg/kg após 15 minutos da primeira dose
Bradicardia
Contraindicações: graus avançados de BAV, IC, choque cardiogênico, hipotensão arterial Betabloqueadores
TSV estável com função ventricular preservada e DPOC compensada, para controle de frequência
Metoprolol 5 mg IV lento até 15 mg Propranolol 1mg IV a cada 5 min até 5 mg
Bradicardia
Contraindicações: graus avançados de BAV, IC, choque cardiogênico, hipotensão arterial Pode precipitar/agravar broncoespasmo
Amiodarona
TSV, FA/ flutter para controle de frequência em
disfunção ventricular/IC descompensada TV monomórfica estável
FV/TVSP
Dose de ataque (exceto PCR) 150 mg em 100 mL em 10-20 minutos, podendo ser
repetido a cada 10-20 minutos
Manutenção 1 mg/minuto nas primeiras 6 horas e 0,5 mg/ minuto nas 18 horas consecutivas
Dose máxima diária: 2,2 g
Dose na PCR: primeira dose 300 mg em bólus, segunda dose 150 mg em bólus
Hipotensão arterial Bradicardia
Diminui metabolismo da digoxina e da varfarina Efeito aditivo com outras medicações que
prolongam QT
Digital TSV, FA/flutter para controle de frequência Lanatosídeo C 0,8 a 1,6 mg em até 4 doses fracionadas
Toxicidade: graus variados de BAV e bradicardia Interações medicamentosas: quinidina,
antagonista do cálcio, amiodarona, espironolactona, eritromicina, tetraciclina
Monitorar intervalo QT Procainamida Reversão de FA e flutterTSV estável
Controle de FC no WPW
Ataque 20 mg/minuto até resolução da arritmia, hipotensão, alargamento do QRS > 50% do basal ou
dose máxima de 17 mg/kg Manutenção 1 a 4 mg/minuto
Contraindicações: lúpus eritematoso sistêmico, QT longo e reação de hipersensibilidade a
procaínas Proprafenona Reversão de FA flutter atrialControlar FC e reversão de
FA no WPW
450 a 600 mg VO Primeiro uso sempre intra-hospitalar
Contraindicações: IC, doença do nó sinusal, bradicardia grave, BAV, DPOC, hipotensão,
choque cardiogênico Sotalol Controlar FC e reversão de TSV estável
FA no WPW 1 a 1,5 mg/kg EV lento a no máximo 10 mg/minuto
Contraindicações: asma, bradicardia, BAV de grau avançado, síndrome do QT longo, choque
cardiogênico, ICC
Pacientes com hipocalemia ou hipomagnesemia –predisposição à TV polimórfica Lidocaína TV monomórfica estávelFV/TVSP
1 a 1,5 mg/kg em bólus. Manutenção de 1-4 mg/minuto Primeira dose 1-1,5 mg/kg em bólus Segunda dose – 0,5-0,75 mg/kg em bólus. Dose máxima
de 3 mg/kg
Efeito pró-arrítmico descrito TSV: taquicardia supraventricular; IV: via intravenosa; EV: via endovenosa; BAV: bloqueio atrioventricular; IC: insufuciência cardíaca; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; TSV: taquicardia supraventricular; FA: fibrilação atrial; TV: taquivardia ventricular; TVSP: taquicardia ventricular sem pulso; PCR: parada cardiorrespiratória; WPW: síndrome de Wolff-Parkinson-White; VO: via oral; ICC: insuficiência cardíaca congestiva.
Atualização
Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663 pode auxiliar o cardiologista a programar as investigações e
tratamento posterior.
A taquicardia de QRS estreito e regular mais frequente é a TRN, respondendo por mais de 50% dos casos. Após, temos a TRAV347 e a TA.348
A FA e o flutter atrial situam-se em um grupo de maior risco para eventos cardioembólicos, tendo suas abordagens baseadas em horas do início da arritmia, tratamento antitrombótico prévio e decisão entre reversão do ritmo e controle de frequência.349
Figura 5.11 – Algoritmo para a abordagem das taquiarritmias supraventriculares regulares. ECG: eletrocardiograma; SatO2: saturaçãoo de oxigênio; HA: hipertensão arterial; BCC: bloqueador dos canias de cálcio; IC: insuficiência cardíaca; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica.
Atualização
Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019
Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663