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DIAGNÓSTICO INICIAL PELO IDEIA E VIVÊNCIAS INICIAIS DAS CRIANÇAS COM OS MATERIAIS ALFABETIZADORES

as crianças ficaram bastante animadas, com os olhos faiscando de curiosidade quando mostramos o material, e imediatamente

DIAGNÓSTICO INICIAL PELO IDEIA E VIVÊNCIAS INICIAIS DAS CRIANÇAS COM OS MATERIAIS ALFABETIZADORES

Em nossas escolas, é comum que realizemos, em todas as turmas, o famoso Diagnóstico Inicial, para sabermos em que ponto do caminho nossas crianças e jovens estão, quais são as suas maiores dificuldades, o que deixaram de aprender e o que gostariam de aprender, atentando sempre para seus níveis de leitura e escrita. A proposição do Instrumento Diagnóstico das Etapas Iniciais de Alfabetização (IDEIA) é bem parecida com a que utilizamos, só que mais elaborada, pois lida com os aspectos grafofonológicos, morfossintáticos e semânticos relativos à leitura e à escrita.

Segundo Naschold (2016b), o IDEIA pode trazer-nos mais elementos/informações sobre o estágio de alfabetização em que criança se encontra. O processo analítico do IDEIA é capaz de identificar não só as

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dificuldades, como acontece no diagnóstico inicial comum, como também as potencialidades da criança que necessitam ser trabalhadas durante o processo escolarizado da alfabetização.

O IDEIA foi aplicado com a turma do Pré I pelas professoras Roberta Carla (eu) e Tia Neta (professora titular da turma), com a contribuição da coordenadora pedagógica de nossa instituição, Odailma Siqueira. Nos testes, as crianças identificam visualmente algumas vogais, associando a objetos, e usam a memória fotográfica. Observamos que, quando as vogais não seguem a ordem comum (a-e-i-o-u), as crianças se atrapalham e confundem as vogais entre si. Algumas crianças conseguem identificar a primeira letra do seu nome, mas a grande maioria não. Nenhuma criança conseguiu realizar as atividades de leitura e escrita. Quanto às figuras geométricas, uma pequena parcela soube dizer o que cada uma representava. O IDEIA, mesmo sendo aplicado no segundo semestre do ano letivo de 2016, apresenta os mesmos resultados do diagnóstico inicial realizado pela professora titular da turma, o que é bastante preocupante, pois nossas crianças continuam no mesmo estágio e prestes a seguir para o nível II da Educação Infantil sem estar, pelo menos, familiarizadas com as letras do alfabeto em sua complexidade de elementos.

APLICAÇÃO DOS KITS L + N NO COTIDIANO ESCOLAR

Como o trabalho tem características interdisciplinares e traz metodologias inovadoras, apostar no planejamento e em atividades lúdicas que envolvam todas as crianças, para mim, como educadora, é a forma mais eficaz de obtermos resultados concretos e, acima de tudo, consiste no nosso trabalho em sala de aula. Por isso, aqui destaco, mais uma vez, a disponibilidade e as contribuições de nossa coordenadora pedagógica ao buscar formas de ajudar as professoras para aplicar o material dos kits em sala de aula. Para as dúvidas que foram surgindo no decorrer da aplicação dos kits em sala de aula, a escola realizou planejamentos direcionados ao projeto L + N, para que fossem discutidas, adaptadas e melhoradas as propostas didático-metodológicas dos portfólios e dos materiais metafóricos. Em um desses encontros, construímos nosso projeto de leitura intitulado: Como se lê, como se escreve? Linguagem, leitura e escrita na

sala de aula. No projeto, incluímos as obras literárias presentes nos kits e apostamos no gênero, pois sua

estrutura breve e condensada nos ajuda a trabalhar os conhecimentos acerca da leitura e interpretação com mais facilidade. Outro registro que deve ser feito é que, durante a reformulação do Projeto Político Pedagógico da escola, acrescentamos nos objetivos da instituição a articulação dos conhecimentos das linguagens do corpo, da fala, da escrita, das artes, da matemática, das ciências humanas e da natureza que envolvam a criação de multimeios didáticos e materiais por parte dos professores, para que a aprendizagem seja algo prazeroso e ao mesmo tempo consistente.

As dificuldades/obstáculos enfrentados (foram) são os mesmos alertados por mim anteriormente. Como assumo cargo de gestora, devido às constantes reuniões na Secretaria de Educação e ao gerenciamento administrativo, não pude estar presente em todos os momentos de aplicação dos kits. Entretanto, sempre que pude estar presente contribui com sugestões para que o trabalho se tornasse mais interativo.

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AJUSTES NECESSÁRIOS AO TRABALHO

Como já foi relatado nas primeiras palavras deste escrito, aceitei o desafio de participar da capacitação, pois a busca pelo conhecimento é minha companheira. Por essa razão, não serei capaz de traí-la; relatarei as atividades, os ajustes que, acredito eu, deveriam ser feitos e, sobretudo, como foi difícil conciliar os afazeres e demandas da gestão com a aplicação das atividades dos kits em sala de aula com a professora da turma.

Em função de minhas atividades como coordenadora pedagógica da escola dialoguei com a professora titular ocasião em que apresentei sugestões para a ampliação da aplicação dos kits. A docente acolheu aquelas que julgou pertinentes, utilizando os Kits em sua totalidade. Pude perceber um significativo avanço da turma do Pré I. Algumas das atividades foram aplicadas com o meu apoio, como foi orientado aos gestores escolares e coordenadores pedagógicos das escolas. Dentre as atividades realizadas com os portfólios, destaco o

Portfólio das Formas das Letras e Palavras e um momento, organizado pela coordenação pedagógica, que foi

a contação da história de Chapeuzinho Amarelo com o uso dos materiais metafóricos para a Educação Infantil e os Anos Iniciais da escola.

Na aplicação do Portfólio das Formas das Letras, fiquei particularmente muito feliz com o resultado, pois notei o avanço das crianças nas atividades. Pudemos (a professora titular da turma e eu) observar que, em relação ao diagnosticado no IDEIA, nossas crianças já conseguiam formar/ construir as letras e identificá-las. Nessa mesma atividade, percebi que a professora, no início, teve muita dificuldade na aplicação, pois queria fazê-la individualmente com as crianças. No entanto, as crianças pediram à Tia Neta para fazer a atividade. O momento de contação da história de Chapeuzinho Amarelo, que inicialmente foi

pensado pela coordenação e depois organizado em conjunto com as professoras da Educação Infantil e Anos Iniciais, deixou as crianças muito felizes e, sobretudo, engajadas na contação. As crianças da Educação Infantil e dos Anos Iniciais foram reunidas no pátio da escola, que estava apenas com um mural (simbolizando um bosque), caixa de som e microfone. Quando a professora Odailma chegou com o livro e caracterizada de Chapeuzinho Amarelo, as crianças sorriram, e os olhos brilharam de tanta curiosidade. A contação de história foi um sucesso, e as professoras puderam aplicar o Portfólio de Atividades Didáticas da História

Chapeuzinho Amarelo com muito mais elementos e facilidade. Por isso que,

durante o trabalho com os kits, pude perceber que a atividade que mais chamou

a atenção de nossas crianças – a contação de histórias com os materiais metafóricos – ganhou destaque. Figura 1 - Professora orientando aluno no Portfólio.

Figura 2 - Coordenadora orientando alunos no Portfólio.

Figura 3 - Leitura da atividade realizada no Portfólio.

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DESCRIÇÃO DO TRABALHO: INTEGRAÇÃO AOS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DO PROFESSOR

Acredito que o projeto Leitura + Neurociências foi um presente para todos os profissionais da rede básica de educação que com ele foram contemplados. Além dos discursos da formação continuada e do título de especialista, foram- nos apresentadas novas formas do fazer docente, didático e pedagógico. Por isso, escolhi com cuidado as imagens antes apresentadas e que foram as que mais me chamaram a atenção na aplicação dos kits e no processo de ensino-aprendizagem de nossas crianças. Elas mostram que é possível aprender brincando. Sim! Pois foi isso que ouvi, vi e presenciei com nossas crianças – que aprender pode ser divertido. Falta-nos compreender que ensinar a aprender pode ser tão divertido quanto. Não basta apenas reclamar, pois os problemas todos nós já conhecemos. Há, porém, que se criar caminhos. E pudemos, uns mais, outros menos, integrar os conhecimentos das aulas teóricas da formação em atividades práticas, com produtos que comprovam nossos resultados.

DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES

Em conversas informais, durante a aplicação dos kits em sala de aula e também nas reuniões pedagógicas da instituição escolar, foi possível colher alguns depoimentos – falas – dos participantes do projeto Leitura + Neurociências.

“Eu gostei das atividades porque são de brincar”.

Pré I (aluno 4)

“A gente monta a letra e depois pinta. Eu gostei de fazer a atividade”.

Pré I (aluno 7)

“Minha tia agora conta as historinhas com os bonecos. É muito engraçado, mas eu gosto mais assim”.

Pré I (aluno 4)

“O material é riquíssimo! Não tinha trabalhado com nada do tipo. Os materiais metafóricos e atividades das histórias contadas facilitaram muito o trabalho com o texto, e a interpretação dos meninos melhorou bastante”.

P1 (Educação Infantil)

“Tenho dificuldade de aplicar os portfólios em sala, pois as atividades são extensas, e às vezes não dá tempo de responder tudo, depois a gente tem que retomar tudo na outra aula. Mesmo assim, gosto muito do material. Vem tudo prontinho e com as orientações”.

P4 (Anos Iniciais)

CONCLUSÕES E REFLEXÕES

Sabe-se que, não raro, a vida e a escrita de um trabalho acadêmico é dolorosa e cansativa. Primeiro, porque devemos dedicar tempo aos estudos, e tempo é algo muito difícil de administrar na correria dos tempos

Figura 4 - Jogando o Dado das Formas das Letras.

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modernos. Segundo, porque o estudo, a pesquisa e a escrita requerem de nós concentração e força de vontade para não cairmos na tentação de desistir e/ou deixar para depois o que devemos fazer.

Quando a Secretaria de Educação nos propôs o desafio de participar de uma proposta inovadora, como foi e é o projeto Leitura + Neurociências em nossas escolas, fiquei surpresa, feliz, mas confesso que um pouco amedrontada, pois não sabia se estaria à altura das discussões acadêmico-científicas e como desenvolveria o trabalho em sala de aula. Todavia, compreendi que, indo além dos discursos, nós que fazemos a educação deste país devemos estar dispostos à mudança, ao novo e, acima de tudo, ao conhecimento, pois esse não é nosso companheiro, como descrevi nos escritos deste trabalho, mas nosso instrumento de trabalho. Pelas razões explicitadas acima, reitero o que foi dito e escrito por mim sobre o projeto Leitura + Neurociências – que a proposta trouxe um novo momento para a educação do município de Ipanguaçu (RN). Isso não apenas pela sua metodologia inovadora ou pelos materiais didáticos ofertados durante o curso, mas pela forma como professores e a coordenação do projeto nos incentivaram. Apostou-se em novas metodologias, mas ouvindo nossas experiências e mostrando-nos que, embora longe da esfera da produção científica, somos tão aptos a criar e desenvolver experiências formativas exitosas de leitura e escrita com nossos alunos quanto os doutores da academia, pois fazemos isso todos os dias em nossas salas de aula. Por isso, termino o curso feliz com tudo que aprendi, realizada com o trabalho que pude desenvolver em sala de aula e grata pela oportunidade de aprender.

NOS CAMINHOS DA ESCRITA,