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A primeira etapa da Metodologia de Projeto é o diagnóstico da situação, que visa a “elaboração de um mapa cognitivo sobre a situação-problema identificada, ou seja, elaborar um modelo descritivo da realidade sobre a qual se pretende actuar e mudar” (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010, p.10).

Quando se pensa em realizar um projeto em saúde há que ter em atenção o facto de este ter de ser sustentável e que acarrete benefícios num determinado período de tempo (preferencialmente um período de tempo longo), com o intuito de produzir benefícios que possam perdurar e que mesmo durante um período de ausência o projeto possa perpetuar os seus efeitos. Desta forma, o diagnóstico da situação é dinâmico (com atualizações permanentes e constantes), contínuo (não se parte do mesmo ponto inicial, mas de um ponto aperfeiçoado, com o intuito de ter enfoque as alterações na realidade), e deverá ser realizado num tempo rápido (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010).

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Este, por sua vez, assenta em dois conceitos básicos: o Problema, caracterizado por “ (…) identificar, descrever, estabelecer relações entre as variáveis, apreciar a pertinência e precisar o objetivo” e Necessidade definida como “ (…) a diferença entre o estado atual e aquele que se pretende atingir” (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010, p.11).

“Em suma, na etapa do diagnóstico de situação definem-se os problemas quer quantitativa quer qualitativamente, estabelecendo-se as prioridades e indicando-se as causas prováveis, selecionando- se posteriormente os recursos e os grupos intervenientes. É assim uma etapa que envolve a recolha de informações de natureza objectiva e qualitativa, não descurando o aprofundamento que se pressupõe” (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010, p.11).

No presente projeto, foi definida a situação-problema através de uma reunião realizada com os Enfermeiros Chefes e Enfermeiros Orientadores dos diversos locais de estágio, com o intuito de verificar a pertinência da área a ser trabalhada. Desta forma, para além disso, recorreu-se ao método dedutivo, pois “ (…) o ponto de partida da investigação são as teorias, sendo que se parte do geral e abstrato para dados ou fenómenos específicos e singulares” (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010, p.12). Para a realização do enquadramento teórico e contextualização da temática, foi realizada uma revisão da literatura, mencionada detalhadamente no capítulo anterior, através de evidências científicas (pesquisas bibliográficas, bases de dados científicas, livros e documentos oficiais), recolhidas durante todo o percurso académico.

Deste modo, através da análise do enquadramento teórico, foi-nos possível aferir que: - O número de indivíduos a adotar um regime alimentar vegetariano tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos;

- A faixa etária de maior predomínio na adoção do vegetarianismo situa-se entre os 25 e 34 anos e é mais prevalente em mulheres e jovens;

- Maioritariamente pais que adotam um regime alimentar vegetariano irão ter filhos vegetarianos;

- A alimentação vegetariana possui riscos associados a carências nutricionais, contudo acarreta benefícios para a saúde, nomeadamente ao nível da redução da obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e neoplasias, especificamente do tubo digestivo.

- Desta forma, o Enfermeiro, particularmente o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, possui um papel ativo na promoção da saúde e prevenção da doença tanto da criança vegetariana como da sua família.

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Assim, e de acordo com o enquadramento teórico emergiu o seguinte problema: ’O crescente interesse dos cidadãos pelas dietas vegetarianas, faz com que os profissionais de saúde se encontrem preparados para dar uma resposta de qualidade e serem capazes de aconselhar as famílias na adoção de um padrão alimentar vegetariano saudável, uma vez que se acredita existir uma parca abordagem da temática por parte dos enfermeiros’.

Segundo Ferrito, Nunes & Ruivo (2010, p.12) “a definição do problema constitui o início da concretização de uma investigação ou elaboração de um projeto, e nesta etapa inserem- se igualmente a definição das hipóteses e a operacionalização das variáveis a considerar (…) “.

Neste sentido, surgem ainda as seguintes questões, que são perguntas explícitas que dizem respeito “ (…) a um tema de estudo que se deseja examinar, tendo em vista desenvolver o conhecimento existente. É um enunciado claro e não equívoco que precisa os conceitos examinados, especifica a população alvo e sugere uma investigação empírica” (Fortin, 2009, p.72-73).

- No que se baseia o regime alimentar vegetariano?

- Quais os conhecimentos que os Enfermeiros possuem sobre o regime alimentar vegetariano?

Isto é um acontecimento real, que está cada vez mais a ganhar proporções mundiais, que merecem especial atenção por parte dos profissionais de saúde, principalmente o EEESIP pois o período da infância é do seu domínio de natureza, pelo que existe a necessidade de realizar promoção e educação para a saúde, bem como desenvolver atividades de domínio multidisciplinar, com o intuito de prevenir a incidência dos riscos de um regime alimentar vegetariano e promover o crescimento e desenvolvimento saudável, melhorando posteriormente a qualidade de vida da população (Campos, Cheavegatti, Martins & Seixas, 2011). Desta forma, os Enfermeiros encontram-se numa situação privilegiada pois podem atuar nas mais diversas situações de forma a incrementarem a promoção e adoção de estilos de vida saudáveis tanto a crianças como às suas famílias que pretendem ou já seguem um plano alimentar vegetariano.

jul-20 | Página 54 2.1.1.1. Instrumento de Diagnóstico

Após ter sido realizado o diagnóstico de situação, com recurso à evidência científica pesquisada, é extremamente relevante realizar a “ (…) validação dos problemas, aos quais pretendemos dar resposta (…) ” (Ferrito, Nunes & Ruivo, 2010, p.13). Apesar de existirem diversos métodos a utilizar no sentido de dar seguimento ao projeto, foi escolhido o questionário (Apêndice 1), definido como a técnica de investigação composta por questões, que tem como principal objetivo conhecer opiniões, crenças, sentimentos, expetativas, etc. (…) (Gil, 1999), da população alvo.

A precisão da população a ser estudada é considerada a primeira etapa do processo de amostragem (Fortin, 2009). Por sua vez, a amostragem é definida como “um processo pelo qual um grupo de pessoas ou uma porção da população (amostra) é escolhido de maneira a representar uma população inteira” (Fortin, 2009, p.310). Relativamente ao presente projeto, o tipo de amostra utilizado foi a amostra acidental ou de conveniência, pertencentes ao grupo dos métodos de amostragem não probabilística, e que é constituída por um conjunto de indivíduos facilmente acessíveis e que se encontram no local certo e no momento certo (Fortin, 2009).

A população poderá ser definida como “ (…) um grupo de pessoas ou elementos que têm características comuns” (Fortin, 2009, p.69) e que “ (…) satisfazem os critérios de seleção definidos previamente e que permitem fazer generalizações” (Fortin, 2009, p.311). No caso específico deste projeto, a população alvo escolhida foram as equipas de Enfermagem dos quatro contextos de estágio, com o intuito de aferir a perceção dos Enfermeiros acerca da alimentação vegetariana em idade pediátrica.

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