• Nenhum resultado encontrado

A TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA E O DEBATE METODOLÓGICO JURÍDICO ATUAL

2.1 Para uma Nova Dogmática da Ciência Jurídica

2.1.5 Diferenças entre princípios e regras

As regras e os princípios são caracterizados no conceito de norma jurídica, com a distinção entre um e outro se operando entre dois tipos de normas. Ambos dizem o que deve ser, ainda que tenham por base razões muito diferentes.

A principal diferença entre regras e princípios é que aqueles impõem a realização de algo dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Para usar uma expressão de Alexy72, os princípios são mandados de otimização, que se particularizam pelo fato de se cumprirem em diferentes graus, de acordo com as probabilidades reais e jurídicas. Na verdade, os princípios e regras opostos é que irão determinar o âmbito dessas possibilidades jurídicas. Já as regras somente podem ou não ser cumpridas, pois contêm determinações no âmbito do fático e juridicamente possível: se uma regra é válida deve-se fazer exatamente o que ela exige.

Outro ponto muito claro para a distinção entre regras e princípios é a ocorrência de uma colisão de princípios ou de um conflito de regras. Quando se dá um conflito de regras, este só será ser solucionado introduzindo-se em uma das regras uma cláusula de exceção eliminadora do conflito ou declarando inválida, pelo menos, uma das regras. Não devem existir, portanto, duas regras jurídicas que impõem dois juízos concretos de dever contraditórios e ao mesmo tempo válidas.

72

ALEXY, Robert. Teoria de la Argumentación Jurídica. Tradução de Manuel Atienza e Isabel Espejo. Espanha, Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 223.

Para Dworkin73, as normas ou regras são aplicadas diretamente. Há, é claro,casos em que a regra admite exceções, devendo-se, nessas situações, listá-las uma a uma – é teoricamente possível enumerá-las em enunciado normativo –, de modo que quanto mais listarmos mais completa ficará a proposição.

Os princípios não contêm mandados definitivos, mas atuam

somente no caso concreto. por isso é que um determinado princípio pode valer para um caso concreto, em determinadas circunstâncias, e para outro, não. Quando um princípio não prevalece para um certo caso, não significa que não pertença ao sistema jurídico, porque, num outro, se inexistirem tais considerações contrárias, ou se estas não tiverem o mesmo peso, a princípio poderá ser decisivo.

Totalmente distinto, é a operacionalidade das regras, que contêm uma determinação no âmbito das possibilidades jurídicas e fáticas, a qual não será aplicada se se verificarem impossibilidades jurídicas ou fáticas que conduzam à sua invalidez. Se tal não ocorrer, aplica-se exatamente o que diz a regra.

Neste sentido, nos esclarece Alexy74

Los principios ordenan que algo debe ser realizado en la mayor medida posible, teniendo en cuenta las posibilidades jurídicas y fácticas. Por lo tanto, no contienen mandatos definitivos sino sólo prima facie. Del hecho de que un principio valga para un caso no se infiere que lo que el principio exige para este caso valga como resultado definitivo. Los principios presentam razones que pueden ser desplazadas por otras razones opuestas. El principio no determina cómo há de resolverse la relación entre una razón y su opuesta. Por ello, los principios carecen de contenido de determinación com respecto a los principios contrapuestos y las posibilidades fácticas. Totalmente distinto es el caso de las reglas. Como las reglas exigem que se haga exactamente lo que en ellas se ordena, contienen una determinación en el ámbito de las possibilidades jurídicas y fácticas. Esa

73

DWORKIN, Ronald. O império do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 45.

74

ALEXY, Robert. Teoria de la Argumentación Jurídica. Tradução de Manuel Atienza e Isabel Espejo. Espanha, Madrid: Centro de Estddios Constitucionales, 1997. p. 223.

determinación puede fracasar por imposibilidades jurídicas y fácticas, lo que puede conducir a su invalidez; pero, si tal no es el caso, vale entonces definitivamente lo que la regla dice.

Para se aplicar os princípios jurídicos a um caso concreto de decisão administrativa, torna-se necessária uma ponderação dos interesses dos contratados com a Administração Pública contratante, a qual deve se adequar ao ditame da proteção do interesse público.

Devem-se analisar os valores que cada princípio constitucional e administrativo protege e contém, as condicionantes de fato que lhe permeiam e buscar a pela ponderação realizada pelo intérprete. Como os princípios não fornecem respostas prontas, a responsabilidade dos juristas em face de concretização da justiça vê-se ampliada, pois se valoriza o seu potencial argumentativo.

Cabe acentuar que, a partir da preponderância dos princípios jurídicos, os operadores do direito devem agir atendendo à razoabilidade, que significa, falando sinteticamente, prudência e sopesamento de valores e de conteúdo de normas quando da aplicabilidade das mesmas.

No entanto, é necessária e importante uma distinção entre regras e princípios, que encontrou uma expressa fundamentação na teoria de MacCormick, em tratamento crítico abordado por Atienza75.

En opinión de MacCormick, los principios se caracterizan, en primes lugar, por ser normas generales, lo que hace que cumplan una función explicativa (aclaran el sentido de una norma o de un conjunto de normas) y, en segundo lugar, porque tienen un valor positivo, lo que hace que cumplan una función de justificación (si una norma puede subsumirse bajo un principio, ello significa que es valiosa). En consecuencia, la diferencia entre las regias y los principios es ésta: las regias (por ejemplo, las regias del tráfico que ordenan conducir por la derecha, deternerse ante un semáforo en rojo, etc.) tienden a asegurar un fin valioso o algún modelo general de conducta deseable; mientras que los principios (por ejemplo, el de seguridad en el tráfico) expresan el fin a alcanzar o la deseabilidad del modelo

75

ATIENZA, Manuel. Las razones del Derecho. Teoria de la Argumentación Jurídica. Espanha, Madrid: Fareso, 1997 p. 146.

general de conducta. Los principios son necesarios para justificar una decisión en un caso difícil, pero un argumento basado en algún principio no tiene carácter concluyente, como lo tendría si se basara en algún norma obligatoria. Los principios dependen de valoraciones y suministran una justificación en ausencia de otras consideraciones que jueguem en sentido contrario.

Mais adiante, diz Atienza, em sua abordagem à teoria de

MacCormick76, que

Aquí MacCormick se separa de Dworkin quien, como se sabe, caracteriza a los principios porque: 1) a diferencia de las normas, no se aplican en la forma todo o nada: si se aplica una norma, entonces ella determina el resultado, pero si no se aplica (si es inválida), no contribuye en nada a la decisión; los principios, sin embargo, tienen una dimensión de “peso”, de manera que, en un caso de conflicto, el principio al que se atribuye un menor peso en relación con un determinado caso, no resulta por ello inválido, sino que sigue integrando el ordenamiento; 2) los principios no pueden identificarse mediana el criterio de su origen o pedigree, que es el contenido en la regla de reconocimiento hartiana (que, por canto, sólo permite reconocer las normas). Hay otras dos tesis importantes en las que MacCormick discrepa de Dworkin. La primera es que no considera aceptable la distinción dworkiniana entre principios (encuanto proposciones que describen derechos) y directrices (policies) (en cuanto proposiciones que describen fines); crf. al respecto MacCormick, 1978, pág. 259 y ss. La segunda es que – como más adelante se verá con más detalle MacCormick no acepta tampoco la tesis dworkiniana de la única respuesta correcta.

Não aceitando a tese da única resposta correta, mas, propugnando a pluralidade de respostas aos desafios enfrentados pelo ordenamento jurídico, emerge o confronto entre Dworkin e Hart, cujos pensamentos se inserem no pós-positivismo, mas que, nesse ponto, divergiam, assevera Atienza77

76

ATIENZA, Manuel. Idem Ibidem. p. 146.

77

La crítica de Dworkin a Hart, tal y como la entiende MacCormick (cfr. MacCormick, 1978, cap. IX, cap. X y Apéndice; y MacCormick, 1981, págs. 126 y ss.) se condensa en estos cuatro puntos: 1) Hart no da cuenta del papel de los principios en el proceso de aplicación del papel de los principios en el proceso de aplicación del Derecho. 2) Los principios no podrían identificarse a través de la regla de reconocimiento que, como se sabe, en la caracterización del Derecho de Hart cumple precisamente el papel de indicar cuáles son las normas – en el sentido más amplio del término – que pertenecen al sistema. 3) La teoría de las normas sociales en que se basa la noción de regla de reconocimiento – y de norma, en general – es insostenible. 4) Hart caracteriza mal la discreción judicial al suponer que, en los casos difíciles, los jueces acrúan como cuasi- legisladores y ejercen una discreción fuerte.

Assim, a divergência entre Hart-MacCormick e Dworkin

parece expressar a própria firmação da função dos princípios e regras se os mesmos podem, segundo Dworkin, ou não, consoante Hart e MacCormick, ser instrumentos de operacionalização de respostas únicas ao ordenamento jurídico, o que passa pela concepção argumentativa dos autores referidos e se põem como função da teoria do discurso que cada um segue.