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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.6 Diferenças nos resultados

A grande diferença entre o EROI calculado neste estudo e as referências mais citadas na literatura reside nos resultados da Fase Agrícola, embora cada Fase contribua para um EROI menor que as relatadas pela literatura. O Quadro 5-3 resume as principais influências, sendo cada Fator detalhado nos parágrafos seguinte.

156 Quadro 5-3 Resumo dos fatores que diferencia o valor do EROI

Fase Fator Observações

Agrícola Nitrogenados Estudo cuidadoso da energia para produção de

nitrogenados, incluindo energia do gás natural como fonte de hidrogêncio, quase dobra energia

Fator F Necessidade de nitrogênio relatado não inclui fator F, que varia conforme o nitrogenado usado

Movimentação insumos

Movimentação de insumos agrícolas (cal, gesso, adubos) por longa distância acrescenta muita energia direta e indireta ao insumo.

Produtividade real

Produtividade agrícola usando valores médios para todo o Brasil, e não somente a alta produtividade das melhores fazendas de SP

Recálculo dados secundários

Muitos dados secundários, ao serem recalculados, usando os mesmos dados primários e a mesma metodologia do autor, revelaram resultados bem diferentes dos relatados.

Crédito sem

ônus

Crédito de energia de resíduos agrícolas sem ônus energético de processamento, como a energia do palhiço sem uso de energia para enfardamento e transporte até a usina

Industrial Usina

autônoma

Eliminado volume de E1G derivado de melaço de açúcar, e que era incluído nas estatísticas de produção da usina anexa. É eliminado uma média de 15 litros originados de melaço de açúcar. A produção de E1G no futuro será ordens de grandeza acima da produção futura de açúcar

Recálculo excedente real energia

Excedente de energia agora é relatada exclusivamente em kWh de eletricidade gerada, não em energia térmica teórica disponível. Reduz a energia disponível para cêrca de 1/3 (um terço) do valor de muitos autores Distribuição Fator novo A literatura não inclui esta fase. A contribuição é

significativa, sendo semelhante aos Grupos Colheira e Entrega da Fase Agrícola. Devido à pulverização geográfica das usinas e fazendas, não é um fator que pode ser desprezado

Fonte: Elaboração do Autor

A energia necessária para a produção dos nitrogenados foi um fator predominante na energia agrícola. A maior parte das referências bibliográficas foca na produção do nitrogenado, mas não amplia a fronteira para incluir produção de amônia, e muito menos na energia do gás natural usado como fonte de hidrogênio. Seção 2-13 tem detalhes de processos, equações químicas, e balanços de energia, além de referências bibliográficas, justificando o valor a maior da energia indireta nos nitrogenados,

157 principalmente na uréia, o mais usado no Brasil devido ao baixo custo. Além disso é necessário lembrar que muitos autores não especializados em agronomia, usam as referências da área agronômica que relatam as necessidades de nitrogênio atômico, não de compostos padronizados como K2O e P2O5. Assim, se um autor da área agronômica

indica a necessidade de 80kg de nitrogênio por hectare por safra, é necessário notar que precisa de muito mais massa de composto de nitrogênio (como uréia, sulfatos, fosfatos). Isso influi na energia indireta do nitrogenado, no Fator F (uréia é extremamente volátil quando aplicado no solo), e na energia indireta de transporte e aplicação do insumo agrícola. O menor fator F para nitrogênio é de 2,0 embora fator F para K2O e P2O5

sejam menores. Apêndices tem mais detalhes sobre Fator F de cada insumo importante. Movimentação de insumos agrícolas normalmente é ignorada na literatura, mas tem uma contribuição importante por movimentar toneladas por hectare por safra por distâncias de centenas de quilômetros. Sem contar com a distância de importação de adubos. Portanto tem bastante energia direta e muita energia indireta dos veículos.

Produtividade agrícola usada pela maioria dos autores é a de SP, bem mais alta que a média brasileira. No cenário sem energia fóssil, tem que usar a média brasileira de produtividade agrícola, e não o melhor caso. A diferença é da ordem de 20%, bastante significativo como contribuição individual para EROI.

Produtividade industrial relatada em muitos casos está acima da produtividade teórica estequiométrica usando os dados de ATR relatados por CONAB e entidades de classe. Esta correção afetou muito a produtividade agrícola em litros de E1G por hectare. Mais detalhes em Revisão Bibliográfica.

Ao considerar usinas autônomas apenas, é necessário retirar aproximadamente 15 litros de E1G por tonelada de cana processada. As estatísticas informadas pelas usinas geralmente incluem cêrca de 15 litros vindo do melaço de açúcar da usina anexa que produz açúcar. Esta inclusão gera uma produtividade industrial acima da máxima produção estequiométrica de E1G baseado no ATR médio da cana entregue na usina. São mais uns 15% de influência na produtividade total em litros/hectare e portanto no EROI final.

Recálculo de dados secundários revelou que em muitos casos é impossível chegar aos mesmos resultados intermediários. Existem desde erros conceituais, omissões de valores e itens nos cálculos, e cópia de dados intermediários de outros autores sem a devida verificação de consistência. Na Revisão Bibliográfica tem mais

158 detalhes, assim como nos Apêndices. Muitas vezes o valor recalculado chegava a dobro ou triplo do valor relatado pelo autor.

Crédito sem ônus é usado por alguns autores, que usam 40% a 50% da energia teórica do palhiço como crédito de energia, sem contabilizar a energia necessária para processar e transportar o palhiço para a usina. Alguns autores procuram incluir etanol segunda geração usando resíduos agrícolas, sem contabilizar a energia necessária para o processamento da biomassa e seu transporte até uma usina especializada. Desta maneira, melhora muito EROI sem o ônus de consumo de energia.

Distribuição inclui parcela significativa de energia, pois contribui com valores semelhantes aos Grupos Colheita e Entrega da Fase Agrícola. Este fator é novo.

Os valores de EROI relatados na Tabela 2-3 seção 2-12 variam de 3,15 até 9,4. A literatura referencia quase de maneira predominante os valores de 8,3 a 9,4 do MACEDO (2004 e 2009). Os fatores resumidos nesta seção explicam fácilmente a diferença entre valores de EROI na faixa de 3,15 a 3,70 da Tabela 2-3 para 1,67. A simples mudança de produtividade total de etanol em litros/hectare já explica boa parte da diferença. A maior parte das diferenças está no recálculo dos dados intermediários. Nesta dissertação, a maioria absoluta dos dados primários vem da fonte mais citada, MACEDO (2004) e todos os dados intermediários ou secundários são recalculados com detalhes da metodologia, nos Apêndices.

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