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A principal dificuldade encontrada ao longo da intervenção pedagógica prendeu-se com a especificidade da turma. Era uma turma com bastantes problemas de comportamento, com poucos hábitos de trabalho e um certo alheamento de regras em sala de aula. Estes problemas eram mais acentuados no turno 1 em alguns elementos. Estes fatores repercutiram-se na avaliação do projeto final. Uma outra dificuldade encontrada, que nada tem a ver com os alunos, prendeu-se com o tempo limitado do módulo. Para um projeto como este deveria ter tido continuidade no tempo.

Para terminar, e não menos importante, considerei que os conteúdos curriculares não se adequavam aos temas contidos na designação do módulo.

Apesar de todas estas dificuldades considero que o meu projeto de intervenção irá marcar- me enquanto profissional e, por outro lado, não deixará de ficar na memória dos alunos por terem tido um papel com tanto destaque na sala de aula.

Conclusões

Este trabalho teve como objetivo apostar em metodologias e estratégias que permitissem aos alunos de um curso profissional adquirir competências e mais-valias para o seu futuro profissional. Foi meu objetivo, e indo ao encontro do que os alunos me tinham transmitido, de os orientar na aquisição do seu conhecimento, sem, no entanto, usar apenas o velho método expositivo. Não poderei afirmar com toda a convicção que estas estratégias tenham resultado na totalidade, mas acredito que na maioria das situações foram positivas.

Os conteúdos curriculares foram propícios à abordagem da Aprendizagem Baseada em Projetos. Esta linha de ação, parte de pressupostos construtivistas e, segundo esses princípios, permitiu uma maior destreza e envolvimento por parte dos alunos, dotando-os de competências úteis a longo prazo. Estas competências são tão ou mais importantes que ensinar os conteúdos curriculares. Devemos preparar os alunos não para o que temos na atualidade, mas dotá-los de ferramentas para o que ainda poderão vir a encontrar no futuro, sobretudo na área da informática em que a evolução ocorre a uma velocidade impressionante.

Um outro ponto importante, na minha opinião, que diferencia as abordagens do ensino tradicional em relação às abordagens baseadas em pressupostos construtivistas, prende-se com o facto de o aluno ao longo do processo de ensino-aprendizagem se dar conta do que realmente está a aprender, pois manteve uma atitude ativa sendo o principal construtor do seu conhecimento. Por outro lado, no ensino tradicional, o aluno ouve, vê e repete o que lhe foi ensinado não sabendo o professor, muitas vezes, se a aprendizagem se deu efetivamente ou não. Neste caso, e como o aluno teve de transmitir o que aprendeu aos seus colegas, professores e pais, poderemos dizer que aprendizagem se deu o que também se revelou nas avaliações finais obtidas nos projetos.

Um outro ponto que diferencia estas duas abordagens prende-se com o ritmo de aprendizagem dos alunos. Enquanto no método tradicional, o professor ensina ao mesmo ritmo para todos, independentemente dos níveis de destreza de cada um, na abordagem construtivista, cada aluno aprende ao seu ritmo, aqueles com maior destreza aprendem mais depressa, os com menor destreza aprendem mais devagar. O que permite que os alunos não desmotivem. O que acontece no método tradicional é que é o professor que impõe o ritmo e muitas vezes, ou é muito rápido e pode desmotivar os alunos com mais dificuldades de aprendizagem, ou assume um ritmo mais lento, e desmotiva os alunos com maiores capacidades de aprendizagem.

Como se descreveu ao longo deste relatório, sempre que sentia que os alunos estavam com dificuldades generalizadas, criei ferramentas que os ajudasse a colmatar tais dificuldades. Exemplo disso foi quando foram criadas as fichas de trabalho sobre cada tema dos projetos, para que os

alunos ficassem com uma ideia do que era desejado eles fazerem nos seus projetos. Dessa forma contribui para que eles não só percebessem os conteúdos como os ajudou a preparar os exercícios- exemplo para quando eles estiveram a desempenhar o papel de professor.

O facto de terem apresentado oralmente os resultado dos trabalhos aos seus colegas, obrigou-os a terem cuidados acrescidos, nomeadamente a nível de: postura, linguagem, e até mesmo de dição. Cuidados estes que lhes servirão no seu futuro próximo quando tiverem que apresentar a PAP. Considero estas apresentações orais muito importantes para estes alunos, porque são alunos que, por vezes, têm problemas de oralidade, de timidez, entre outros, e assim, num ambiente mais amigável vão-se acostumando a esses métodos de trabalho.

Um ponto que considero importante na minha intervenção foi de ter acompanhado os alunos de perto em todas as aulas. Isto leva a que o professor esteja sempre a par do que está a ocorrer e se necessário for, incentivar o aluno com os reforços positivos que pode transmitir. Alguns exemplos de reforços positivos foram dados aos alunos e são os que se seguem: “muito bem, não tinha pensado nessa solução, mas parece-me mais fácil” ou até mesmo, “estou sempre a aprender com vocês novas maneiras de fazer”. Os alunos não só se sentem mais motivados como até se sentem diferentes porque conseguiram apresentar uma solução diferente da do professor. Neste ponto, aumenta a autoestima do aluno. A tarefa do professor também é ajudar o aluno a saber valorizar-se.

Ao usar estas estratégias ao longo da intervenção corri alguns “riscos” na medida em que era imprevisível como os alunos se iriam comportar ao longo das aulas, como seria na apresentação oral dos projetos, como seria no workshop com os pais. No entanto, penso ter ganho esta aposta com a maioria dos alunos, prova disso são os resultados obtidos, a esse propósito, na avaliação dada aos projetos, mas outros e menos visíveis são aqueles que irão ser usados num futuro próximo. Como exemplo disso, é o cuidado na linguagem que usam quando estão a apresentar um trabalho. São conhecimentos extrínsecos aos conteúdos curriculares.

O presente estudo foi realizado num contexto específico a esta turma em particular, o que não quer dizer que não possa ser adequado a outros contextos e a outras turmas, com os devidos ajustes.

Em termos de estudos futuros deixo uma sugestão que passa por aplicar estas metodologias e estratégias, a outro tipo de alunos, por exemplo: alunos do 12.º ano dos cursos cientifico-humanísticos, para que desta forma, se possa fazer uma avaliação em termos de maturidade para assumirem tarefas normalmente reservadas ao professor. Visto ser este o ponto

Em termos pessoais, este projeto contribuiu muito para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das minhas práticas profissionais recorrendo às várias investigações já realizadas nestes domínios, mobilizando a análise pessoal e a reflexão crítica. Sinto que estas mais-valias adquiridas na investigação podem ajudar no meu futuro profissional, preparando-me para ajustar comportamentos, estratégias e até mesmo na atualização constante de novos métodos de ensino- aprendizagem.

Este projeto serviu-me também para melhorar a minha confiança, a minha aprendizagem, melhorando o modo como encaro uma turma e as suas especificidades. Dotou-me também de outras ferramentas para desenvolver e proporcionar momentos onde os alunos serão os protagonistas do seu autoconhecimento, e onde será possível dialogar, colaborar, participar e partilhar recursos e aprendizagens.

O estágio não se resumiu apenas a um exercício prático em contexto escolar. Na verdade, procurei e julgo ter conseguido, que ele fosse um momento de mobilização integral e de articulação operativa dos diversos conhecimentos adquiridos ao longo deste curso de mestrado. Conhecimentos esses, aprendidos nas várias disciplinas de uma forma teórica e que, agora, puderam ser postos em prática nesta experiência em contexto real de trabalho. Sem esses conhecimentos, e fazendo uma retrospetiva do meu desempenho profissional anterior, seria mais um professor a utilizar apenas o método tradicional de dar uma aula.

Futuramente pretendo apostar no aperfeiçoamento destas metodologias e estratégias, para que me seja possível aferir de que forma poderá ser melhor aplicada em diferentes faixas etárias e/ou disciplinas e cursos.

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