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DIFICULDADES DE EXPRESSÃO E REALIZAÇÃO MOTORA O corpo é a nossa forma de expressão e interacção com o mundo. Segundo Martins

No documento A CRIANÇA, O MEIO E O PERFIL PSICOMOTOR (páginas 47-51)

DESENVOLVIMENTO MOTOR

2.4. DIFICULDADES DE EXPRESSÃO E REALIZAÇÃO MOTORA O corpo é a nossa forma de expressão e interacção com o mundo. Segundo Martins

(2001) as pessoas têm cada vez menos consciência do seu corpo e do seu funcionamento.

Para Suzyku, (1960):

o corpo físico é o material, que corresponde à tela do pintor, à madeira, à pedra ou ao barro do escultor, ao violino ou à flauta do músico, às cordas vocais do cantor. E tudo o que está ligado ao corpo, como mãos, pés, tronco, cabeça, vísceras, nervos, sentidos – tudo, o que participa, com efeito da composição da personalidade – é, ao mesmo tempo, o material e os instrumentos com que a pessoa modela o seu génio criativo e o transforma em conduta, em comportamento, em todas as formas de acção, na própria vida ( citado por Rodrigues, 2004, p. 49). Imediatamente, após o nascimento, a criança inicia os seus movimentos de esbracejar e de pedalar, inicialmente como mera acção funcional, depois como acção hedonística, mais tarde para experimentação, ou por vezes em simultâneo, para se expressar e comunicar.

Enquadramento teórico – Desenvolvimento motor

Segundo Sousa (1977) “mais do que uma relação, para a criança, a expressão torna-se na sua própria maneira de ser, na sua própria vida.” (p. 116). Ainda segundo o mesmo autor (p.116) a expressão realiza-se em três planos diferentes, tónico, gestual e verbal:

- pode ter aspectos autónomos ou socializados;

- pode ter formas diversas: corporal, gráfica, verbal, etc...; - requer que a criança, disponha para se poder expressar; - do desejo para o fazer; que tenha algo para exprimir; - dos meios para o fazer (pessoais e materiais);

- de alguém a quem se exprima; de alguém que a escute.

As dificuldades motoras são muitas vezes descritas como algo relativo a muitas desordens psicológicas ou neurológicas. No entanto, existem condições em que essas dificuldades motoras se manifestam de forma isolada, isto é, sem estar acompanhada por nenhum diagnóstico claro, com base em evidências de ordem psicológica ou neurológica. Para essas crianças, a utilização de habilidades fundamentais, bem como de habilidades funcionais são vivenciadas como um sério transtorno. A propósito Santos et al. (2004, p. 37) referem que

uma criança que apresente essa condição pode ser vista como alguém, que, até um certo grau, aprendeu as habilidades motoras básicas (locomotoras, equilíbrio – ajuste postural, manipulativas). Entretanto, o necessário desenvolvimento dessas habilidades, ou seja, a sua reconstrução na forma de habilidades funcionais, que permitem a criança interagir plenamente com o seu ambiente natural e social, não ocorreu.

Maeland (1992) refere que o conceito de perturbações no desenvolvimento motor é usado para descrever o comportamento de crianças cujo nível de competência, na realização das habilidades motoras básicas, se apresenta abaixo do habitual para o seu grupo etário, mas que não revelam lesões do sistema nervoso.

Durante muitos anos, várias denominações têm sido utilizadas para caracterizar essa condição, entre elas: dispraxia; desajeitada; criança com dificuldade motora; déficit de atenção, disfunção perceptivo-motora, etc.. No final dos anos 80, a ASSOCIAÇÃO DE PSIQUIATRIA AMERICANA e a ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, reconheceram essa condição e a sua denominação técnica passou a ser Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1993), o TDC é caracterizado de transtorno específico do desenvolvimento da função motora. A sua principal característica é o comprometimento da coordenação motora, não tendo, no entanto, uma causa directa que a ligue a um atraso intelectual global ou a qualquer transtorno neurológico congénito ou adquirido.

Enquadramento teórico – Desenvolvimento motor

Este transtorno tem como consequência o desempenho académico, bem como problemas sociais e emocionais.

Estudos realizados, por Geuze e Börger (1993), com o objectivo de descrever a persistência dos problemas motores, mostraram que as dificuldades motoras não são algo transitórias na vida das crianças. Os autores verificaram que ao fim de cinco anos depois dos primeiros testes, mais de 50% das crianças, ainda apresentavam problemas.

Recentemente, Cousins e Smyth (2003) encontraram a persistência de dificuldades motoras já na idade adulta. Esta constatação permite-nos acreditar que algumas dificuldades motoras acompanham o indivíduo, ao longo de todo o processo de desenvolvimento.

Dado que algumas crianças, conseguem recuperar as suas dificuldades motoras e outras não, torna-se necessário sermos capazes de fazer prognósticos sobre o futuro dessas crianças, uma vez que as experiências durante a infância são necessárias para alcançar a precisão da maturação cerebral e função neural. A capacidade de modificação do sistema nervoso em função das suas experiências foi reconhecida apenas nas últimas décadas, pelo que se pode induzir que o sistema nervoso é passível de alterações, induzidas por estímulos naturais.

Aceitamos as sugestões de Sugden e Wright (1998, p. 49) que julgamos continuarem actuais:

é necessário examinar não somente o desempenho da criança em vários testes, mas também a ecologia do desenvolvimento da criança. Como essa dificuldade motora foi reconhecida e trabalhada pela família? Quais os mecanismos ou suporte que foram disponibilizados na escola? Que tipo de temperamento a criança tem? Que outras habilidades compensatórias a criança possui? Essas e outras questões precisam ser respondidas antes que possamos fazer previsões mais precisas.

Torna-se, por conseguinte, importante que as pesquisas transcorram durante as etapas iniciais da vida, uma vez que os momentos críticos do processo de desenvolvimento são mais facilmente detectáveis durante a infância.

CAPÍTULO 3

PSICOMOTRICIDADE

3.1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da civilização humana, a conceptualização e a prática da psicomotricidade sofreram alterações, resultantes de mudanças filosóficas na abordagem à noção de corpo.

No capítulo que se segue faremos uma breve introdução à origem e evolução da psicomotricidade, da psicomotricidade no desenvolvimento humano, da educação e psicomotricidade e concluiremos fazendo referência à avaliação em psicomotricidade.

No documento A CRIANÇA, O MEIO E O PERFIL PSICOMOTOR (páginas 47-51)