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Dificuldades na Experimentação, Linguagem e Desenvolvimento

Após a minha entrada na empresa Porto Canal, exerci funções que antes nunca tinha exercido, sendo que já tinha realizado peças jornalísticas na minha licenciatura em Comunicação Social, nomeadamente nas cadeiras de Jornalismo Televisivo I e II do 3ºano.

Em conversa com a minha Diretora de Redação, Vanda Balieiro, e com o meu orientador responsável Tiago Girão, fiquei a saber que o meu estágio na empresa Porto Canal seria feito na área desportiva Flash FC Porto. Iniciei então a minha atividade no dia 23 de Outubro através da edição de uma primeira peça sobre o jogo entre FC Porto vs. Dínamo de Kiev para a Champions League. Depois de a editar, com a orientação do jornalista Tiago Girão, foram identificados vários problemas na peça.

Em primeiro lugar, o meu orientador transmitiu-me a ideia de que a minha forma de escrever seria inadequada. Numa peça de carácter desportivo, a escrita teria que ser muito mais sintetizada do que numa peça de carácter informativo. Segundo o jornalista Tiago Girão, as frases em peças deste carácter teriam de ser mais curtas, com um puder de síntese muito maior. As ideias teriam que ser claras, sem rodeios e a seleção dos dados teriam que ter uma lógica de acordo com a importância do assunto exposto na peça. Percebi também que numa peça desportiva, o vocabulário teria que ser um vocabulário específico, existindo assim na minha primeira peça uma deficiência muito grande no nível da escrita, e por consequência na linguagem aplicada nessa mesma peça. Com este alerta do meu orientador, fui aconselhado também a enriquecer o meu vocabulário, lendo textos, notícias, artigos, reportagens sobre temas desportivos. Fui também aconselhado a fazer pesquisas no site http://www.zerozero.pt/, pois é considerado o melhor site de informação desportiva.

Em segundo lugar, a edição de imagem estaria com alguns erros. As imagens ao serem editadas têm que ficar com uma sequência lógica, ou seja, respeitando alguns pontos básicos. Numa peça desportiva, segundo o meu orientador, devemos começar por imagens com planos abertos. Isto pode variar muito consoante a situação ou o assunto, mas regra geral deve ser assim. Deve então iniciar-se a peça com um plano aberto, isto no que diz respeito, pelo menos, a peças desportivas. Ainda dentro do tema da imagem, isto nas peças desportivas, as imagens com pouco movimento devem vir antes das imagens que têm mais movimento. Por exemplo, numa peça jornalística desportiva sobre o treino de uma equipa.

Deve-se começar por um plano aberto da equipa, que geralmente, antes de realizarem o treino, estão reunidos em conversa com o treinador e a equipa técnica. Podem surgir planos mais fechados depois disso, focando a atenção em algum jogador, treinador, ou mesmo em algum objeto, como por exemplo uma bola parada. Após este começo, e geralmente depois de uma primeira declaração do jogador ou treinador, pode então passar-se a um plano com movimento. Um plano com movimento pode então ser o início do treino, ou seja, com os jogadores a fazer exercícios de aquecimento, dar uns simples toques numa bola ou mesmo a correrem.

Dentro deste assunto, em certas situações os planos devem estar em conformidade uns com os outros. Um dos casos na qual fui corrigido sobre este problema foi na peça

do embarque do FC Porto para o jogo da Champions League, frente ao Dínamo de Kiev. Quando o Plantel chegou ao aeroporto Sá Carneiro para depois apanhar o avião, na saída do autocarro o repórter de imagem fez um Close-up sobre os jogadores que iam saindo e entrando nas instalações do aeroporto. Este plano caracterizado por ter um enquadramento fechado, é um tipo de plano que mostra apenas uma parte do objeto ou da pessoa, em geral o rosto de um indivíduo. O repórter de imagem fez isto a todos os jogadores que foram possíveis capturar, mas de uma forma contínua pois não parava de gravar.

Na minha edição teria então que corrigir e fazer cortes para que, quando um close-up de um jogador termina-se, o próximo que seria capturado teria de preencher o mesmo espaço, apanhando este segundo na mesma posição que o primeiro apresentado foi capturado. Desta forma, se o close-up não for acertado é visível uma disfunção entre os planos, aparecendo uns diferentes dos outros. Quando iniciamos um close-up de um jogador, por exemplo à saída de um autocarro, quando essa primeira captura termina deve-se apanhar o segundo da mesma forma, tentando com que este preenche o mesmo espaço que o primeiro estava a preencher, para que seja uma peça com uma sequência de imagens contínua.

Também dentro deste tema, uma imagem com um plano mais aberto, plano geral por exemplo, ou então num plano geral médio numa peça devesse dentro desta imagem fazer um plano mais fechado em seguida. Não existe uma regra geral para isso, mas geralmente, depois de um plano mais aberto, isto em muitas das peças do Flash FC Porto, o plano aberto dava lugar a um plano mais fechado. Por exemplo, um plano geral de todo o plantel do FC Porto no campo de treino, e onde era visível ao lado m saco com bolas de futebol. Após este plano geral surgir, o repórter pode capturar um plano com mais pormenor. Por exemplo, depois desse plano geral, capturar um pormenor de um jogador ao pé do saco com as bolas visível, de forma menos percetível, no primeiro plano geral capturado. Depois das imagens capturadas é o jornalista, ao editar, que tem de perceber as sequências possíveis que podemos fazer. Toda esta explicação consiste na ideia de que, quanto mais planos melhor, pois permite-nos criar uma peça dinâmica, agradável, diferente e variada. No entanto, um dos pontos mais importantes é a lógica que tem de existir entre a sequência de planos.

Em terceiro e último lugar, um dos meus grandes problemas durante o estágio e ainda hoje, continua a ser a pronúncia, afetando a dicção das minhas peças. Inicialmente, segundo o meu orientador Tiago Girão, nomeadamente na primeira peça do treino e antevisão do jogo entre o FC Porto vs. Dínamo de Kiev para a Champions League.

Neste ponto, o problema da má dicção, principalmente nesta peça, era consequência e resultado de 4 erros fulcrais que, rapidamente foram identificados e descritos pelo jornalista Tiago Girão.

O primeiro erro situava-se num erro claro da minha parte, isto por influência do lugar onde vivo. A pronúncia que nesta peça era uma evidência clara, pois afetava muito, e por vezes nas peças construídas ao longo do estágio, ainda continuava a afetar. Uma das soluções apresentadas, pelo meu orientador, foi a de um pedido de ajuda aos jornalistas que, por vezes, tivessem um pouco de tempo livre para acompanharem a leitura de alguns off’s meus, podendo assim indicar alguns dos meus erros na dicção. A principal dificuldade situava-se na junção de algumas letras como por exemplo: (an, em, ao). Estes são algumas das palavras em que na sua leitura a pronúncia se evidencia mais. Também juntando a este lote de palavras, existe o erro característico da troca do “V” pelo “B”. Este erro, característico do Norte, e ainda mais do Porto, foi identificado de imediato. Por vezes, esta troca acontecia com muita frequência por descuido na forma de falar, pois este erro em concreto não foi o mais difícil de mudar. A dificuldade estaria na dicção correta, na leitura das palavras “an” e “em”. Foram estas palavras um “quebra-cabeças” do meu estágio, derivado da pronúncia característica do Vale do Sousa. Apesar disto, é possível melhorar bastante com o treino e dedicação diário, repetindo, treinando e com o auxílio de um profissional para percebermos onde erramos. Um segundo erro evidente era também a dicção incorreta devido à não leitura de todas as palavras com calma. Ao fazer a leitura do off, algumas das palavras eram lidas de forma incorreta. Isto de certa forma causava confusão e ruído ao agente que estaria a ouvir a peça jornalística. Portanto, o conselho que me foi dado e transmitido é que deveria certificar-me que na leitura moderava a entoação para que todas as palavras fossem lidas com o mesmo nível de entoação. Aqui surgia a dificuldade, pois anteriormente e por erro próprio, a entoação de algumas palavras eram feitas de uma forma incorreta e no quotidiano sem me aperceber disso. Nesta fase a maior dificuldade

não foi na identificação dos problemas, mas sim na mudança e reeducação do hábito de leitura, entoação, sendo que a pronúncia teria que ser eliminada.

Um terceiro erro identificado também logo no início, mas que rapidamente foi corrigido, foi a escrita. Inicialmente, a minha escrita tinha algumas deficiências nomeadamente na pontuação das frases. As frases para além de ser extensas demais, teriam também uma pontuação imprópria, causando confusão nas ideias e nos assuntos expostos nas peças jornalísticas. Esta primeira peça mostrou-me os erros que frequentemente cometia. A pontuação, por vezes incorreta, causava confusão na exposição das ideias.

Apesar deste erro situado na pontuação, também existia o erro da repetição de palavras. Neste ponto, segundo o jornalista Tiago Girão, eu deveria fazer um uso mais frequente de sinónimos, apoiando-me também nas ideias que queria transmitir e no vocabulário que ai fosse possível usar. Sobre este problema, foi me sugerida a leitura de notícias sobre desporto assim como um enriquecimento do vocabulário desportivo. Com esta indicação poderia criar um leque maior de possibilidades de vocabulário, para que a minha escrita fosse mais dinâmica e agradável, nas peças que futuramente eu realizasse. Desta forma, comecei a ler mais artigos desportivos, estando de certa maneira atento à forma como as notícias de desporto eram redigidas. Ao estar atento a estes factos, para além de melhorar muito a escrita, como é visível mais à frente nas minhas peças jornalísticas, também comecei a melhorar muito a forma característica de escrita desportiva, pois os meus textos começaram a ser mais sintéticos. O poder de síntese e de uma escrita mais clara e direta começou a ser visível nas peças que construía.

O quarto problema para o qual fui também alertado estava no ritmo de leitura, pois até aqui a minha velocidade de leitura não se apresentava adequada para uma peça jornalística. Ao fazer a leitura do meu off para depois colocar na edição da peça, era notória uma diferença no ritmo de leitura.

Segundo o meu orientador Tiago Girão, eu teria que dar ênfase diferente ao longo da minha leitura para que esta, não fosse monótona e cria-se no telespectador um sentimento de desinteresse. A leitura, a velocidade, e a entoação desta teriam que estar diretamente interligadas. Pois em texto que é apresentado numa peça com uma leitura correta, com uma entoação certa e uma velocidade uniforme, variando o ritmo para criar algum dinamismo, torna-se muito mais agradável para o telespectador. Sendo isto feito

desta maneira, em que leitura, entoação, velocidade e ritmo estão interligados, não criamos no telespectador a sensação que o assunto se torna chato e monótono. Para além da imagem que é apresentada, a voz é também um fator importante para que o interesse do telespectador não se perca.

A partir daqui, depois do desenvolvimento da segunda peça, começou então uma longa caminhada de esforço, trabalho e empenho. Existiam vários erros a corrigir e isso seria a tarefa principal ao longo do estágio. Melhorar a minha forma de realizar as peças jornalísticas, aprendendo e adquirindo uma capacidade maior de trabalho e aumentando a minha qualidade e o meu profissionalismo para que, quando terminasse o meu estágio fosse possível dizer, que tudo isto foi positivo e que melhorei bastante. No fundo, foi isso que aconteceu, pois sempre acreditei que o insistir todos dias, mais cedo ou mais tarde me levaria a algum lado. Com muitas correções, com muitas ajudas dos jornalistas do Porto Canal, posso dizer que apesar de não ter sido fácil ao início, no final destes 3 meses saí um pouco diferente e com a certeza que muitos aspetos melhoraram.

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