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Esquema 1: Organização da fundamentação teórica

2.3 Dimensões do capital social

2.3.1 Dimensão estrutural

Existem diversas maneiras das pessoas manterem contato dentro de sua network. A diversidade de maneiras como essas pessoas se relacionam diz respeito aos laços que mantém, mais especificamente com relação à proximidade da relação entre seus membros (RÉGIS 2005).

Força dos laços

Régis (2005) também descreve graficamente a configuração das redes (Figura 3), onde mostra uma rede de seis pessoas, identificando os laços fortes (linhas grossas) e laços fracos (linhas finas). Da mesma forma, verifica-se a presença de pessoas que são mais procuradas do que outras, concentrando um maior nível de conhecimento e de contatos (setas direcionadas para uma pessoa), que são consideradas as pessoas centrais da rede.

Figura 3: Configuração da network

Fonte: Adaptado de Régis (2005)

2.3.1.1 Configuração da network

Segundo Régis (2005), na análise da dimensão estrutural, quando se considera configuração da network se faz pela determinação do padrão de ligações entre os seus membros. Tais elementos de configuração, como centralidade, densidade, conectividade e hierarquia, afetam a flexibilidade e a facilidade das trocas nas redes pela acessibilidade e extensão dos contatos dos seus membros.

As teorias dos interesses individuais e da ação coletiva examinam os fatores que levam as pessoas a agirem em prol delas mesmas ou a agirem de forma que beneficie a coletividade. Duas dessas teorias são importantes para a compreensão das configurações das redes: a própria teoria do capital social referendado e a teoria de Burt (1992) dos papéis, ou furos estruturais. Essas teorias também exploram as oportunidades de investimento e lucro que existem nas regiões não conectadas da network, chamadas de furos estruturais.

A seguir será descrito a essência da força dos laços.

2.3.1.2 Forças dos laços da network

Segundo Kuipers (1999), a freqüência e a duração dos contatos entre os membros da rede contribuem para a medição da força dos laços. Granovetter (1973), em sua revisão de uma década de pesquisa sobre a hipótese da força dos laços, ressaltou a importância dos laços fortes. Ele percebeu que os laços fracos dão às pessoas acesso a informações e recursos além dos disponíveis em seus círculos sociais, mas os laços fortes têm maior motivação para ajudar e são mais disponíveis. O autor define os laços com base na freqüência dos contatos, na reciprocidade e na amizade existente nos relacionamentos. Seu argumento se apóia na suposição de que os laços fortes tendem a vincular pessoas parecidas e essa semelhança tende a formar um cluster, conectando as pessoas mutuamente. As informações obtidas através dos laços fortes de uma network são mais redundantes, portanto esses laços não podem ser considerados um canal de inovação.

Em contraste, laços fracos muitas vezes constituem uma ponte local para partes do sistema social que, de outras maneiras, são desconectados. Sendo assim, laços fracos proporcionam informações novas de partes do sistema.

Para Krackhardt (1992), laços fracos são aqueles que interagem mais que uma vez por ano e menos que duas vezes por semanas, e laços fortes, aqueles que interagem ao menos duas vezes por semana.

O conceito de laços fortes tem sido confundido com ambigüidade e inconsistência. Krackhardt (1992) usa a palavra grega philos para designar um tipo particular de laço por causa da sua especial característica, com implicações que o fazem diferente de outros tipos de laços. Ele usou a palavra philos como um construto e utilizou regras que regem seu uso. A palavra philos, ao significar ‘amigo’, pode representar que “A é philos de B” ou, num caso

simétrico, “A e B são philos”. Uma relação de philos pode ser definida quando essa preenche três condições necessárias e suficientes:

1. Interação - para que A e B sejam Philos, A e B devem interagir entre si. 2. Afeição - Para A ser Philos de B, A deve sentir afeição por B.

3. Tempo - A e B, para serem philos, devem ter um histórico de interações por um período longo de tempo.

A partir dessa teoria, nota-se que em dada tríade de atores, A, B e C, se A é fortemente ligado a B e a C, então é provável que a Tríade seja equilibrada. Isto é, B e C estarão também fortemente ligados entre si. Os três comportamentos são essenciais para o philos, pois, faltando um deles, a base para a confiança é deixada de lado. Sem interação há pouca oportunidade de compartilharem informações críticas ou confidenciais. Sem o histórico não existe experiência para saber como o outro irá usar a informação confidencial ou quem compartilha com quem. Sem o afeto positivo há menos motivação para manter o equilíbrio da tríade (HEIDER, 1958).

Heider (1958) usa palavras como estresse, tensão e desarmonia para descrever o que acontece a uma pessoa que se depara com uma situação de desequilíbrio dentro da tríade. Esse estado de intranqüilidade presumivelmente motiva o indivíduo a resolver o desequilíbrio. Além do mais, a tendência a resolver o desequilíbrio do trio é mais forte quando a força de afeição é mais marcante. Segundo o autor, as relações entre philos serão as relações de importância crítica na geração de confiança e no desencorajamento à desonestidade.

Higgins e Kram (2001) reconhecem que a diversidade das relações de desenvolvimento e a intensidade das relações são dimensões, em suas essências, mais contínuas do que dicotômicas. Juntas, estas duas dimensões produzem quatro categorias de redes de relações de desenvolvimento: rede de relacionamentos com alta diversidade e alta intensidade, denominada rede empreendedora de relações; rede de relacionamentos com alta

Alta

D2 D1 D1 D1 D1 D2 I Receptiva Tradicional Oportunista Empreendedora

Laços fracos

Laços fortes

Baixa D2 D2 D3 D4 D3 D4 I I I D I V E R S I D A D E D A S R E L A Ç Õ E S

diversidade e baixa intensidade, denominada rede “oportunista” de relações; rede de relacionamentos com baixa diversidade e alta intensidade, denominada rede “tradicional” de relações; e rede de relacionamentos com baixa diversidade e baixa intensidade; denominada rede “receptiva” de relações.

A figura 4 ilustra a dicotomia das variáveis que estruturam as redes de relacionamentos. Os desenvolvedores para processo de recrutamento e seleção, por exemplo, são identificados por D1, D2, D3 e D4 e o indicado para participar de processo de recrutamento e seleção pela letra I. As linhas grossas representam os relacionamentos fortes e as linhas finas os relacionamentos fracos. Os círculos e as elipses demarcam as fronteiras do sistema social.

Figura 4: Tipologia da rede de relações de desenvolvimento

Fonte: Adaptado de Régis (2005)

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