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CAPÍTULO V – PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA A CONSTRUÇÃO DO

V.I. 2 – DIMENSÃO SOCIOCULTURAL

No levantamento das potencialidades foram trabalhados tantos os aspectos naturais como socioculturais, e buscou-se a expansão da criatividade e dos elementos simbólicos presentes em cada participante. Foi um trabalho que variou entre pesquisa bibliográfica, leitura de paisagem e questionamentos que forçaram a uma melhor expressão da realidade e dos desejos e necessidades dos participantes, particularmente Stakeholders internos, para o desenvolvimento local e consequentemente regional.

Atualmente encontra-se na região em estudo, produtores endividados, muitas vezes por falta de conhecimento/capacitação, mas também pela forma de organização, isto é,

cooperativas e associações que não desempenham de fato o cooperativismo e/ou associativismo. É alto o índice de inadimplência com os bancos devido aos recursos mal aplicados.

O êxodo rural dos jovens, ficando os pais trabalhando na terra, e os filhos abandonando o campo para irem para as grandes cidades, em busca de oportunidades; estes jovens sãos os que no campo estão desarticulados e sem um maior envolvimento com as decisões familiares.

Outro forte problema para a agricultura familiar são as péssimas condições de Infra- estrutura (estradas, pontes e eletrificação rural), dificultando o escoamento da produção local, e consequentemente a comercialização. Tal situação acarreta na relação dos agricultores com o mercado a partir da figura do atravessador, que se apropria da maior parte dos recursos gerados. Portanto, diante da análise da pesquisa, carece na região as seguintes ações mitigadoras:

V.I.2.1 - Criação de programas de capacitação dos produtores e das produtoras familiares para a gestão de políticas públicas, com o intuito de favorecer a implementação de projetos oficiais de desenvolvimento local com enfoque agroecológico, formulados e executados com efetiva participação de organizações da sociedade civil;

V.I.2.2 - Um programa de apoio técnico contínuo e de qualidade, apoiado pela pesquisa e extensão (parcerias das Prefeituras com Universidades), voltado para os agricultores e agricultoras familiares;

V.I.2.3 - A sensibilização e capacitação de técnicos e agricultores(as) sobre a importância e necessidade da agricultura ecológica e sobre as tecnologias em sistema de cultivo agroecológico, deverá se dar através de cursos, reuniões e demonstrações, giras técnicas28, seminários, encontros, apostilas e UEPs (Unidades de Experimentação Participativa que envolvem produção, pesquisa e troca de experiências entre técnicos e agricultores);

V.1.2.4 - Capacitar e difundir entre professores/as, especificamente do meio rural, a valorização das atividades do meio no qual vivem, educando os alunos a melhor conviverem com o campo;

V.I.2.5 - Elaboração de planos de desenvolvimento das comunidades rurais (nas comunidades com assentamentos, estes poderão funcionar como sede). Esses planos se concretizarão por meio de processos participativos, primando pelo respeito e diálogo entre as organizações dos assentados e demais pequenos produtores e produtoras, órgão gestor da reforma agrária (Incra-PE) e poder público local.

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Giras Técnicas são visitas de grupos de pessoas relacionadas à agricultura e aos centros de tecnologia, a

experiências, a informação. Os participantes em giras técnicas devem ser grupos multidisciplinares, geralmente

V.I.2.6 - Os Programas de Saúde na Família e Agentes Comunitários de Saúde – devem chegar aos agricultores e agricultoras familiares, e serem controlados socialmente por essa categoria e suas organizações. São programas que devem estar articulados com os grupos locais (Pastoral da Criança, associações e outros), enfatizando a nutrição, a saúde preventiva e a ligação entre saúde e trabalho (por exemplo: demonstrar os efeitos, para a saúde humana, dos agrotóxicos nos alimentos, dos efluentes domésticos e industriais nos corpos d’água e outros). Nesse contexto, o papel do(a) Agente Comunitário(a) de Saúde é de grande relevância, visto que sua função, segundo as atribuição expressas pelo MS(2003;2006) é multidisciplinar, consequentemente contemplando o que foi exposto anteriormente. Nesse contexto, também se observa a necessidade desses(as) agentes receberem orientações (serem capacitados), para contribuírem com a divulgação e conscientização dos efeitos nocivos da degradação antrópica (queimadas, desmatamento, poluição dos corpos d’água e outros) de forma que o ambiente, na sua área de atuação, se torne saudável e consequentemente apto ao processo de desenvolvimento;

V.I.2.7 - Realizar campanha voltada para a conscientização sócio-ambiental, nas Unidades da Agricultura Familiar, como também nas usinas de açúcar e álcool;

V.I.2.8 - A gestão deve ser participativa, fomentando o associativismo por meio de intercâmbios de experiencias e cursos de capacitação direcionados a grupos de interesse, com temas mobilizadores, tais como: gênero, geração de renda e outros;

V.I.2.9 - Apoiar a criação de associações ou cooperativas de consumidores ecológicos29 para possibilitar maior participação, valorização e comprometimento da sociedade com a produção ecológica;

V.I.2.10 - Reestruturação dos CMDRs - Conselhos municipais de Desenvolvimento Rural, sem uma pré-hierarquização e com discussões mais amplas (conforme os GALs – Grupos de Apoio Local no Programa Líder da União Européia). O objectivo de Leader consiste em incitar os agentes rurais a refletir sobre o potencial de desenvolvimento dos respectivos territórios numa perspectiva a mais longo prazo. Os agentes locais aplicam a estratégia original que eles próprios desenvolveram. experimentam assim novas formas de:

a) Valorização do patrimônio natural e cultural;

b) Reforço do ambiente econômico, no sentido de contribuir para a criação de emprego;

c) Melhoramento da capacidade organizacional da comunidade.

A cooperação é um elemento fundamental de Leader, e pode estabelecer-se entre territórios de um mesmo Estado-Membro, ou entre territórios de vários Estados-Membros e, se for caso disso, mesmo mais alargadamente. Além disso, um vasto trabalho em redes visa valorizar e divulgar os novos modelos de desenvolvimento que se mostrem pertinentes.

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Consumidores que preferem e consomem produtos "ecologicamente corretos – O consumidor "ecológico" é conscientizado e informado sobre a importância dos alimentos e demais produtos de consumo ecologicamente corretos. Olha o rótulo do produto, verifica se tem algum selo de certificação, quer saber a origem do produto, como foi produzido e quer garantias; é o tipo de consumidor que questiona a ausência na indústria, de embalagens degradáveis para os produtos orgânicos. Procura fugir da alimentação industrializada e de produtos que tenham resíduos químicos.

V.I.2.11 - Pesquisar e divulgar informações sobre manejo racional (coletar, plantar, armazenar, usar) de plantas medicinais para os agricultores e agricultoras familiares, contribuindo para a democratização do conhecimento sobre as plantas e diminuir a dependência pelos remédios químicos. Observou-se que, mesmo diante dos dados levantados apontarem que a grande maioria (mais de 50%) cultiva (empiricamente) plantas medicinais, isso não influi na dependência em relação aos medicamentos alopáticos, especialmente os que são incentivados por meio de propaganda e/ou doados pelo governo; V.I.2.12 – Transição centrada na cidadania e em bases democráticas (conforme o Transição Agroecológica -RS);

V.I.2.13 - Promover através da Ater, a organização dos agricultores em formas associativas;

V.I.2.14 - Que a educação fundamental seja direcionada à realidade da RZM-PE e da agricultura familiar, contemplando, nos currículos escolares, a agroecologia e a importância da agricultura familiar;

V.I.2.15 - Implementação das Diretrizes Operacionais das Escolas do Campo de forma a serem efetivamente implantados nas escolas rurais da RZM-PE. Essa ação tem como objetivo compreender os problemas que circundam o ensino nas escolas da zona rural, admitindo que tais problemas vão desde o currículo escolar e da formação docente, à ausência de investimentos do poder público. Outrossim, pretende-se também identificar algumas perspectivas para o seu futuro e sua prática pedagógica no intuito de produzir uma reflexão sobre os diversos aspectos do ensino, de forma a despertar a importância do meio rural no contexto socioeconômico;

V.I.2.16 - Identificar e resgatar as espécies de plantas medicinais em extinção, uma vez que uma grande variedade dessas plantas, de uso popular, está desaparecendo.

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