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Dimensão: Valorização da prática curricular Escola B

No documento Gestão escolar: um cenário de mudanças (páginas 67-76)

CAPÍTULO II REVISÃO DA LITERATURA

3.2 FOCO NOS RESULTADOS: INTERAÇÃO E GESTÃO

3.2.2 Dimensão: Valorização da prática curricular Escola B

3.2.2.1.1 Subcategoria: Promoção de eventos

Pergunta (questão 1 do questionário):

A escola promove eventos para que o relacionamento das pessoas na escola seja de

convivência cordial?

Resultado:

o 73% dos professores respondentes optaram pela alternativa sim; o 9% responderam não;

o 18% opinaram que às vezes esses eventos ocorrem.

Foram 27% os que se dividiram entre a alternativa não e a alternativa à vezes. Percentual significativo deixa evidenciado que há a percepção de que não acontecem de acordo com a necessidade de vezes em que deveriam e poderiam ocorrer.

Respostas dadas pelos entrevistados, pertinentes ao tema em foco neste quesito: Resposta da supervisora:

[...] Nós fazemos um trabalho junto com os professores Agora mesmo, nós estamos tratando do problema da violência [...] tanto dentro da escola com os alunos, com os conflitos que acontecem com eles, brigas, como fora da escola, com a violência de assalto, de roubo, que acontece aqui frequentemente. Como nós estamos intermediando essa questão? Discutindo em sala com os alunos, com os professores. Semana passada, nós paramos... para discutir sobre uma aluna que sofreu uma agressão, aqui durante um assalto. Conscientizando os alunos da importância de seguirem algumas normas... até acatar a cartilha da PM de prevenção a assalto, a roubo e... também faremos um trabalho de culminância, na semana que vem, com a Secretaria de Segurança Pública que é de divulgação da cartilha elaborada e algum trabalho contra a violência e a promoção da paz, que diariamente fazemos, mesmo que de forma indireta, com a conscientização dos alunos. O grêmio tem participado também desse trabalho com a gente [...] (supervisora da escola B).

Ainda como forma de explorar bem o tema, o entrevistador se estendeu e perguntou:

Resposta da supervisora:

Tem um projeto da professora [...] é um programa de auditório, com a linguagem bem simples dos adolescentes, onde eles discutem casos com enfermeiros, médicos [...] não só a questão da gravidez como a violência, o abuso sexual, a questão do preconceito que a sociedade tem, a discriminação quando a adolescente engravida. [...] Álcool e droga também (supervisora da escola B).

A resposta da coordenadora confirmou a resposta da supervisora e, juntas, respaldaram a veracidade da opção de 73% professores que assinalaram a alternativa sim:

Bom, alguns professores fazem esse tipo de trabalho. [...] a professora de artes [...] faz um trabalho com os alunos, através de histórias... ela traz enfermeiros, pessoal da policia e tudo pra poder fazer esse trabalho de concientização com os alunos [...] (coordenadora da escola B).

A promoção de eventos acontece em função de ações que interferem na vida do aluno que se desloca para a escola, que se vê cercado de ofertas e exemplos de pessoas com vícios, que sofre conseqüências por escolhas erradas. Trata-se de uma educação complementar. Percebe-se que a escola promove eventos, sim. Pode ser que os 27% que se dividiram entre a alternativa não e a alternativa às vezes pretendem sinalizar que mais eventos deveriam ser oferecidos.

3.2.1.1.2 Subcategoria: Ambiente escolar/Participação

Pergunta (questão 2 do questionário):

As regras de convivência, na escola, são claras e elas são respeitadas por todos? Resultado:

o 9% responderam sim; o 9% responderam não; o 82% responderam às vezes.

A evidência é a de que há falhas, pois a grande maioria acha que só às vezes. Respostas dadas pelos entrevistados, pertinentes ao tema em foco neste quesito: Resposta da supervisora:

O relacionamento interpessoal, aqui na escola, é tranqüilo amistoso. Nós temos, assim, muitos conflitos, lógico que tem alguns casos que precisamos intervir, mas nada que extrapole, que necessite de maiores cuidados. Dentro dos limites, dos parâmetros (supervisora da escola B).

[...] Claro que as regras são claras. Existe o regimento interno da escola, tem o manual do aluno, é de conhecimento de todos os alunos, eles têm acesso. Elas são divulgadas no início do ano. É feito um trabalho com os professores, logo na primeira semana de aula, o que se pode fazer dentro da escola, quais são as normas. E, para a comunidade, a gente faz a reunião de pais, que é realizada em todo o começo de ano e no decorrer do ano. Então, os alunos estão sempre sendo frisados, cada vez que o aluno tem algum problema... a gente chama novamente, para que ele entenda que está errado (supervisora da escola B).

Para que a investigação alcançasse mais autenticidade, foi perguntado: Como os alunos

participam da elaboração das regras de convivência na escola?

Resposta do diretor:

[...[ Os alunos participam por meio do grêmio escolar. Eles fazem sugestões. [...] a gente obedece às mesmas do regimento das escolas públicas do Distrito Federal. Então, algumas coisas só que são acrescentadas. Mas, assim, os alunos participam, sempre que eles querem sugerir, eles fazem por meio do grêmio ou diretamente à direção (diretor da escola B).

Quando o questionamento foi sobre as punições, foi enfatizado se seria só para o aluno, ou extensivo a toda a equipe escolar: As punições para aqueles que não cumprem as regras

são as mesmas aplicadas a todos e independe se são alunos, diretor, professores ou funcionários, todos têm os mesmos parâmetros?

Resposta da supervisora:

Sim. Todos têm o mesmo parâmetro. Só que nós temos o cuidado de saber diferenciar em que momento aconteceu, como aconteceu, a gravidade do caso. Então, nós fazemos um estudo diferenciado. As normas são as mesmas, mas o momento em que elas são aplicadas, às vezes, a gente tem que retomar, interpretar se é aquilo... para que não seja injusto com o aluno (supervisora da escola B). Ainda mantendo a temática do relacionamento, foi perguntado: Que estratégias são

utilizadas pelos diretores, professores para resolver os conflitos que surgem entre as pessoas no ambiente escolar brigas, discussões?

Resposta da coordenadora:

[...] geralmente quando o aluno extrapola e o professor já vê que não tem mais conversa, a gente encaminha pra o SOE, né? Nós temos dois orientadores educacionais que são assim fantásticos e eles procuram fazer um trabalho com esses alunos, juntamente com a família, aí a família é convocada junto ao professor [...]. Agora, quando tá assim, passou de tudo, a gente não conseguiu mesmo, o aluno tem que ser transferido da escola. E, realmente, o aluno que não se adapta às normas da escola, então ele tem que procurar um lugar onde ele se adapte (coordenadora da escola B).

Interessante o fato de a coordenadora e a supervisora focarem o problema só no aluno. Parece que os alunos são os únicos passíveis de punição. Deve ser porque contam com um manual e fica fácil consultá-lo e decidir, sem correr riscos.

Pergunta (questão 3 do questionário):

Os profissionais da escola (diretor, professores etc.) procuram resolver os conflitos que

surgem entre as pessoas no ambiente escolar (brigas, discussões) com base no diálogo e na negociação?

Resultado:

o 73% dos professores optaram pela alternativa sim; o 9% responderam não;

o 18% deles optaram pela alternativa às vezes.

Há evidência de que uma maioria expressiva se sente contemplada quando sua prerrogativa é fazer-se ouvir.

Questões exploradas em entrevistas, pertinentes ao tema em foco neste quesito: Explanação da coordenadora:

[...] nós temos o pré-conselho que é a oportunidade que ele [o aluno] tem de falar, dar sugestões, o que pode melhorar, o que a escola está precisando [...] colocam no papel, aí é passado pra coordenação, pro SOE, a gente faz o levantamento e vê o que pode colocar dentro do possível (coordenadora da escola B).

Para a supervisora, os problemas são facilmente contornáveis:

O relacionamento interpessoal aqui na escola é tranqüilo amistoso, nós temos, assim, muitos conflitos, lógico que tem alguns casos que precisamos intervir, mas nada que extrapole que necessite de maiores cuidados. Dentro dos limites, dos parâmetros (supervisora da escola B).

Também a opinião do diretor aponta para a harmonia na escola:

[...] o ambiente escolar facilita em função dessas regras, dessas normas escolares internas, facilita. O ambiente é em total harmonia tanto em nível de disciplina como em nível de convivência social e humana (diretor da escola B).

No entanto, após análise das falas contextualizadas na seqüência de cada entrevista, não se pode afirmar que a coordenadora, a supervisora e o diretor se referem também às pessoas da equipe escolar. Continuam direcionando as respostas em função do comportamento do aluno.

É expressiva a porcentagem (73%) de professores que assinalaram a alternativa que confirma haver a predominância do diálogo na resolução de conflitos. Apenas 9% foram categoricamente a favor do não. Foram 18% os que optaram pela alternativa às vezes. Venceu o diálogo.

Pergunta (questão 6 do questionário):

São freqüentes os casos de depredação das instalações ou equipamentos da escola? Resultado:

o 55% assinalaram a alternativa não; o 45% assinalaram a alternativa às vezes.

Questões exploradas em entrevistas, pertinentes ao tema em foco neste quesito: Resposta dada pela coordenadora:

Por incrível que pareça assim, aqui é muito pouco [...] tivemos problemas em fevereiro que um aluno pichou a escola [...] o diretor tomou as providências [...] ele foi ate transferido da escola, porque ele tinha estrapolado [...] a gente procura ficar de olho nos alunos [...] (coordenadora da escola B).

Também a supervisora se manifestou e acrescentou: “No início do ano isso ocorre com mais frequência, até a gente começar a fazer um trabalho de conscientização com aqueles que depredam.”

Quando a escola oferece ambiente adequado e cuidado, os alunos ficam cientes da necessidade de manutenção para preservar o conforto. Percebe-se que a escola tem esse respaldo do aluno porque ela oferece, de acordo com a fala do diretor (e constatação do pesquisador), ambientes com tecnologias modernas:

[...] o professor tem a sala fixa e o aluno muda de sala. Pedagogicamente, isso é muito importante. O professor prepara sua aula, seu material e a tipologia das minhas é diferente, porque, eu não trabalho com giz na sala de aula. Eu trabalho com quadro magnético, toda sala tem sua televisão, tem seu vídeo cassete, seu data-show. E para o professor fica mais fácil (diretor da escola B).

Questão 7 (questionário): São freqüentes os casos de violência entre alunos ou entre

alunos e professores? Resultado:

o 55% assinalaram a alternativa não; o 45% assinalaram a alternativa às vezes.

Trata-se de escola sem conflitos, entre seus componentes, de acordo com o resultado que apresenta 55% dos professores optando pela alternativa não. No entanto, 45% dos professores assinalaram a alternativa às vezes. Opiniões divididas. A questão parece ter sido interpretada com maior tendência para a gravidade da ocorrência poder ser entre aluno e professor. Para maior clareza, deveria ter sido desmembrada em duas, enfocando aluno X aluno e professor X aluno. Os depoimentos das entrevistas corroboram a suspeita, como se pode analisar a seguir.

De acordo com a coordenadora:

[...] alunos e alunos nós temos bastantes casos [...] eles saem, principalmente [...] no turno vespertino, saem da escola [...] achando que ta lá fora e que pronto acabou. [...] teve caso até de policial vir, né, com os alunos, a gente chamar os pais e o policial falar: “vai pra DCA, porque a errado dar soco no colega. Agora, entre aluno e professor, graças a Deus, isso nunca aconteceu aqui não (coordenadora da escola B).

De acordo com a supervisora:

Não são frequentes. A violência aqui [...] é com desrespeito às normas, mas não chega a extrapolar. São alunos que não respeitam os limites dentro de sala de aula. Mas, a violência, [...] ela está mais fora da escola do que dentro da escola. Nós tivemos um caso só, de alunos que se agrediram, que foram envolvidos lá fora, depois vieram e se entenderam, só suspendemos os alunos (supervisora da escola B).

As respostas da coordenadora e da supervisora reforçam o resultado do índice de 45% para a alternativa às vezes e para a suspeita de que o resultado de 50% para a alternativa

não refere-se à ausência de ocorrência de violência entre professor e aluno.

Questão 8 (questionário): Os pais e as mães comparecem e participam ativamente das

reuniões sobre a vida escolar dos alunos?

Resultado

o 9% sim; o 91% às vezes.

Bastante coerente, porque ninguém assinalou a alternativa não, o resultado que aponta a tendência dos responsáveis a comparecer às reuniões. De acordo com a fala da coordenadora, os pais ou responsáveis comparecem às reuniões sob pressão:

[...] por incrível que pareça, tem cinco anos que eu trabalho aqui [...] a primeira reunião assim que eu vi bastante participação foi a deste ano, porque os professores ameaçaram entregar os alunos pro conselho tutelar se os pais não comparecessem. [...] Compareceram. Foi a estratégia que nós achamos para poder ver se o pai vem à escola (que nos não faríamos isso). Compareceram 1200 pais. [...] Foi um recorde (coordenadora da escola B).

Questão 9 (questionário): A escola se mantém aberta nos finais de semana para que a

comunidade possa usufruir do espaço (salas, pátio, quadras de esporte, biblioteca etc.)?

Resultado: 81% para não; 18% para às vezes.

Decididamente, expressiva maioria dos professores considera que não são oferecidos eventos alternativos nos finais de semana.

Questão explorada em entrevista, pertinente ao tema em foco neste quesito:

Resposta da coordenadora: “Sim, tem outras atividades. Às vezes aluga a escola. Geralmente aos sábados, nós temos tido atividades, né, olimpíadas; estão ocorrendo jogos. Aí, às vezes, abre só pra isso” (Coordenadora da escola B).

Resposta da supervisora: “Não. Nós não temos estrutura para isso. Não temos pessoal habilitado e preparado para receber essa comunidade” (Supervisora da escola B).

As respostas da coordenadora e da supervisora deixaram perceber que há contradição quanto a haver atividades na escola em finais de semana. Deve ser muito eventualmente, levando-se em conta que apenas 18% dos professores optaram pela alternativa às vezes.

3.2.1.1.3 Subcategoria: Ambiente escolar/Comunicação

Questão 4 (questionário): A direção consegue informar toda a comunidade escolar

sobre os principais acontecimentos da escola? Resultado:

o 45% responderam sim; o 9% responderam não; o 45% responderam às vezes; o 1% não respondeu.

Os professores foram coerentes nas respostas. Entre os que assinalaram a alternativa

sim, e os que assinalaram às vezes, somam-se 90%, contra apenas 9% assinalando a alternativa não. Significa que se pode considerar que a metodologia utilizada não seja muito boa, mas a realidade é que oferece alguns resultados Precisa melhorar, no entanto. Resposta da coordenadora:

[...] geralmente, a comunidade é convocada por meio de bilhete. O aluno leva para casa e aí eles vêm para uma reunião. Mas, sempre, procuro informar qualquer coisa [...] através de bilhete. Mural também tem. A gente deixa fixado (coordenadora da escola B).

Corroborada pela supervisora que afirmou: “Sim. Na primeira reunião nós tivemos a participação de 1200 pais.”

Cabe aqui recorrer a um dos teóricos (PARO, 2006) que compõem o quadro dos que são citados na revisão de literatura deste trabalho. Em sua opinião, à sociedade cabe produzir compromissos democráticos que, como forma de conteúdo sistematizado, adentram a escola e, de maneira autêntica e com qualidade, são devolvidos a essa mesma sociedade. Depende, pois, da escola a participação que ela pode vir a receber da sociedade. Na proporção em que se mostrar aberta e receptiva, apoiando-se mais na ação que no discurso, oferecendo espaços para negociações, mais chance será dada à educação democrática. A escola que se abre e acolhe a toda a comunidade para participar da sua prática curricular, atende aos requisitos democráticos e agrega valores. Principalmente por promover o diálogo e por valorizar a tarefa do aluno que precisa se sentir adequado e aceito pela comunidade que o acolhe e prepara para os enfrentamentos futuros.

Só assim, conhecendo a realidade onde se insere e a comunidade que ela própria acolhe, é que a escola se torna apta a atender aos anseios dos que a procuram para alcançar o apoderamento da cidadania e do conhecimento.

Questão 5 (questionário): Há um mural em local visível contendo as principais

informações relacionadas às atividades da escola (datas comemorativas, prestações de contas, datas de reuniões, agenda escolar do ano letivo, etc.)?

Resultado:

o 64% assinalaram a alternativa sim; o 18% assinalaram a alternativa não;

o 18% assinalaram às vezes.

A leitura que o conjunto das alternativas assinaladas sugere é que os respondentes se referem às informações e não ao fato de haver um mural. O enfoque é quanto a ser mantido com informações atuais. Aí, de acordo com o percentual obtido com as respostas, as opiniões divergem. A maioria se mostra a favor da utilização do mural como ferramenta de comunicação.

Quanto ao resultado das entrevistas, tanto a coordenadora quanto a supervisora citam o mural como meio de comunicação e integração com a comunidade escolar.

3.2.1.1.4 Subcategoria: Integração com parceiros externos

Pergunta (questão 10 do questionário):

A escola tem parcerias com outras instituições (universidades, organizações da

sociedade civil, empresas, fundações, associações e demais serviços públicos) para o financiamento de projetos ou para o desenvolvimento de ações conjuntas, como elaboração do projeto político-pedagógico, formação de professores, atividades pedagógicas, comemorações, campanhas da área de saúde?

Resultado: 18% para sim; 18% para não; 64% para às vezes.

As respostas dão a entender que as parcerias são esporádicas. Pois a maioria dos respondentes assinalou a alternativa às vezes.

De acordo com a supervisora, no entanto, são

Muitas parcerias. UNIP, Alvorada, Faculdade Católica. Várias faculdades [...] nós temos uma média de 70 estagiários da Católica aqui. Ajudaram a montar todo o laboratório de física, de química, de biologia. Eles ajudaram tanto na montagem como no trabalho porque nós não temos professores de laboratório, então quem vem fazer o trabalho de laboratório são os estagiários da Católica (supervisora da escola B).

Há evidência de que há expressão nessas parcerias, sim. Mas a maioria dos professores respondentes deixa entender que podiam ser parcerias com maior quantidade de pessoas atuando, além de serem mais abrangentes.

No documento Gestão escolar: um cenário de mudanças (páginas 67-76)

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