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Dimensões das Construções: Profundidade, Largura, Área e Altura.

Cerca dos Capuchos

TABELA – NÚMERO DE FACHADAS

3.6. Dimensões das Construções: Profundidade, Largura, Área e Altura.

Falar de dimensões, quer seja para tentar identificar uma relação entre largura e profundidade, quer seja para falar de áreas ou alturas é, no contexto destes dados, muito difícil de atingir resultados satisfatórios no que à construção individual diz respeito. Isto porque não só muitas destas construções, como já vimos, são anexas a outras como

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ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 359v.º- 361v.º. 234

ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 346v.º-348vº. 235

ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 229-229. 236

ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

também são exemplares dispersos e distintos que em muitos casos não referem medições particulares.

A ausência de medições pormenorizadas desvaloriza qualquer valor de área que se calcule. Calcular a área de determinada habitação a partir do perímetro do prédio é inviável quando por exemplo a casa tem sobrado. Apesar da área ocupada manter-se, a existência de sobrado, cujas dimensões não se registaram individualmente, faz aumentar a área útil do prédio. Não basta multiplicar o valor do chão por dois porque muitas vezes o sobrado não corresponde à área total do piso térreo.

Vejamos alguns exemplos. Uma morada de casas que o capitão Francisco Samuel Furtado tinha na rua do Castilho composta “...por casa térrea, cozinha e nesta

um sobrado…”237. Igualmente explicita é a descrição das casas que o Pintor João da Costa e da sua mulher Joana Teresa tinham na rua do Barão, composta “…por casa

dianteira (…) câmara assobradada…”238. Ou a descrição da morada de casas de Guiomar Teresa239 composta por “…uma casa dianteira, uma câmara com

sobrado…”240.

O mesmo raciocínio se aplica se quiséssemos determinar na área total a área edificada, porque são escassos os registo que isolam o quintal ou os espaços não construídos.

A altura, como já referimos, é uma medida em termos numéricos completamente omissa neste documento. Apenas pudemos avaliar as construções desta época pelo número de pisos.

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ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 249-249v.º. 238

ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 108-110.

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Viúva do carpinteiro José Pereira.

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ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

3.7. Coberturas

Ao nível das coberturas das casas são vagas as informações disponíveis mas permitiram-nos registar as duas principais categorias: planas ou terraços e inclinadas.

Identificámos vinte e sete açoteias e nove alpendradas. Dos trinta e seis registos em apenas dois coexistem os dois tipos de cobertura. Trata-se da morada de casas de Joaquim José Pegado e Isabel de Oliveira, na rua de São Francisco241. Com cerca de vinte e cinco varas e meia de profundidade, que correspondem à largura do quarteirão onde está integrada. É composta por três casas, um sobrado, uma açoteia e quintal com alpendrada e um poço na traseira da habitação.

Das vinte e sete açoteias registadas depreendemos, pela forma como algumas foram descritas, que este tipo de cobertura é conjugado com telhados de duas ou quatro águas, embora estes nunca sejam referidos. Registam-se os seguintes casos: “…dois

sobrados com açoteia…”242; “…seis casas uma delas com açoteia…”243; “…metade de

uma alpendrada com açoteia por cima…”244; “…quatro casas com açoteia…”245;

“quatro casas térreas, um sobrado e uma açoteia…”246; “…parte de um armazém e por

cima um sobrado com uma açoteia…”247; “três casas altas e uma açoteia e por baixo

de todas um armazém…” 248e “…uma cavalariça (…) por cima uma açoteia…”249. O

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ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 308 v.º - 311. 242

Uma morada de casas na rua do Bousela. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do

concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 75-76v.º. 243

Uma morada de casas na rua e largo do Colégio. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e

bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 78v.º-79. 244

Construções, que confrontam com as casas dos foreiros, na rua das Alcaçarias. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 126v.º-128.

245

Umas casas no sítio da Alagoa. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do

concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 238v.º-240v.º. 246

Umas casas na rua da Alagoa. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho,

dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 240v.º-243v.º. 247

Um armazém, na rua da Praça Velha. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do

concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 344-346v.º. 248

Uma morada de casas na rua da Carreira. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do

registo da existência de açoteia face à ausência de registo do tipo de coberturas na restante construção dever-se-á porventura ao facto de a açoteia constituir um espaço utilizável ao contrário do telhado.

Relativamente à alpendrada a maioria dos registos permitem concluir que este elemento construtivo se localiza sem excepção no quintal. Desconhecem-se edifícios com alpendre na fachada principal até porque da totalidade das construções visitadas apenas uma tinha logradouro na frente da casa250.

Algumas descrições sugerem uma estrutura independente da habitação: “…um

quintal com alpendrada ou cavalariça…”251 ; “…um quintal com alpendrada e parte de

um poço…”252; “…um quintal e neste uma alpendrada…”253; “No quintal está uma

pequena alpendrada e metade de um poço…”254 e “…um terreno que antes foi travessa

(…) reduzido a uma alpendrada e cavalariças…”255, o que não inviabiliza, no entanto, que esteja ligada por um dos lados à casa quando tem por exemplo açoteia, como no caso da casa na rua das Alcaçarias.

3.8. Materiais

A escassez de referências aos materiais construtivos não surpreende se tivermos presente o objectivo que originou este documento.

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Uma cavalariça, no quintal das casas dos foreiro, na rua da Cordoaria. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 444v.º-447.

250

A já mencionada morada de casa de Carlos Frederico Kruse, no sítio do Poço dos Cântaros.

251

No quintal dos foreiros, na rua da Praça Nova que vem da Praça Nova para o largo do Senhor dos Aflitos. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e

rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 165v.º-167v.º. 252

Numa morada de casas na rua do Pé da Cruz. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e

bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 200-200v.º. 253

Numa morada de casas na rua de Santo António dos Capuchos. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 –

Tombos dos foros e bens do concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796),

fólios 398-400v.º.

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Num quintal interior, pertencente a um armazém dos foreiros, na rua do Largo da Cadeia também chamada de rua da Estalagem Nova. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e bens do

concelho, dos prédios urbanos e rústicos, 1794-1822. Lv. n.º 1 (1794/1796), fólios 412-414. 255

No quintal do foreiro, na rua do Zambujeiro. ADF – AHCMF – Serie D/A.2 – Tombos dos foros e

Foram registados três materiais distintos: a taipa, a pedra e o ferro. O primeiro, referido na descrição de um terreno baldio, situado em frente da ermida da Nossa Senhora da Esperança, mas onde tinha já “…uma casa principiada, de paredes de

taipa…”256. O segundo surge-nos referido por quatro vezes, aplicado em situações distintas: duas escadas257; o bocal de um poço258 na rua da Praça Velha e uma zona calcetada259 no sítio da Alagoa. E o terceiro uma única vez para descrever a varanda do edifício da câmara260.

Obviamente que estas parcas alusões à taipa, à pedra e ao ferro não permitem tirar quaisquer tipos de conclusões específicas.