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Aponta o Plano de Desenvolvimento da Educação (MEC-2007) relação entre política educacional e desenvolvimento territorial. Sinaliza esse Plano o seu objetivo que é o de responder aos desafios que se tem no Brasil entre dimensões educacionais e territoriais (PDE-MEC, 2007, p.6).

É dito, pois, pelo PDE (2007) que ,

O enlace entre educação e ordenação territorial é essencial na medida em que é no território que as clivagens culturais e sociais, dadas pela geografia e pela história, se estabelecem e se reproduzem. [Portanto] toda discrepância de oportunidades

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educacionais pode ser territorialmente demarcada: centro e periferia, cidade e campo, capital e interior. Clivagens essas reproduzidas entre bairros de um mesmo município, entre municípios, entre estados e entre regiões do país (Plano de Desenvolvimento da Educação, MEC: 2007, p. 6).

Observa-se, portanto, interfaces entre educação e dimensão territorial. Importa salientar que na realidade brasileira a efetivação da política educacional nem sempre é homogênea em todo país como é de se esperar.

Importante destacar que o acesso às escolas rurais de Itaituba pelas rodovias é uma dificuldade. Os transportes muitas vezes têm defeitos. Outras vezes as condições das estradas, as pontes com problemas dificultam as viagens, como já citado neste trabalho.

Figura 14: Motorista da SEMED-Itaituba procurando alternativa para fazer travessia numa ponte – na estrada que dá acesso à escola da comunidade rural Água Branca- 400 km de Itaituba (PA), 2012.

Fonte: Cedido pela SEMED – Itaituba, 2012.

Pontuados alguns dos problemas da educação rural em Itaituba, as escolas urbanas têm também desafios, problemas.

A implantação do ensino fundamental de 09 (nove) anos tem sido um desafio à gestão educacional em algumas escolas de Itaituba. Oliveira (2011) demonstrou dificuldades em relação à ausência de salas de aula para acomodar alunos de uma classe do 1º ano do ensino fundamental no curso do ano letivo de 2011. Ora os alunos estudavam próximo ao bebedouro, ora no barracão e por último, no 2º semestre os alunos concluíram o ano letivo de 2011 estudando na antiga secretaria da escola.

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Figura 15: Alunos do 1º Ano do Ensino Fundamental de 9 anos de uma escola pública de Itaituba (PA), ano 2011 estudando na área livre da escola próximo ao bebedouro no 1º Bimestre letivo de 2011.

Fonte: Oliveira (2011) - Faculdade de Itaituba.

Sobre o espaço que foi oferecido às crianças da escola, foco do estudo, Oliveira (2011) assim assinalou “este pequeno espaço conseguido para funcionar a turma, ainda não é adequado, haja vista, que é considerado como biblioteca e ainda como um depósito de materiais pedagógicos” (OLIVEIRA, 2011, p. 52).

Figura 16: Mesma turma de alunos do 1º. Ano de Ensino Fundamental de 9 anos, de uma escola pública de Itaituba – 2º semestre letivo de 2011, estudando no espaço da antiga secretaria da escola.

Fonte: OLIVEIRA (2011) - Faculdade de Itaituba, 2011.

Inclui-se nessa discussão sobre a falta de espaços no ambiente escolar, o programa "Mais Educação" que tem ocupado o tempo livre dos alunos de outro turno de aula com atividades recreativas e culturais na escola. São notórias as reclamações de professores sobre

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alunos correndo pelos corredores, no momento das aulas, porque nem sempre as escolas têm outros ambientes apropriados para se trabalhar com esses alunos. Essas questões indicam distanciamento entre o pensar e efetivar uma política. Infere-se com isso que a política educacional brasileira não tem o mesmo desenho em todo o território.

Recorde-se também que, conforme sinalizou este trabalho, a TV-Escola no município de Itaituba (PA) não teve suas diretrizes totalmente concretizadas porque em algumas localidades rurais e na própria cidade não se tinha o necessário, até o ano de 1989, para fazer funcionar um aparelho de televisão, a energia elétrica. Zanchetta (2011), ao analisar a relação escola e mídia no Brasil e, ao incluir no campo dessa análise a criação da TV-Escola, ano de 1995 aponta dificuldades de consolidação dessa política no cenário educacional brasileiro. Essas dificuldades, segundo Zanchetta (2011, p. 24), se deve à falta de relação entre o tema educação e serviços de comunicação.

3.3.1 Olhares para Itaituba e aos seus desafios

Em relação à infraestrutura do município de Itaituba, no que diz respeito ao fornecimento de luz elétrica, mesmo depois da energia de Tucuruí (PA) ter alcançado Itaituba, o seu fornecimento não é de boa qualidade e o valor da conta de luz o valor é alto, até mesmo em residências de pouco consumo. São frequentes os blackouts, apagões na região.

Quando se anuncia um vendaval é quase certa a falta de eletricidade, decorrente de árvores que caem na rede de distribuição. Em função do aumento da população urbana, que provoca criação de novos bairros, a cidade de Itaituba tem aumentado o consumo de energia elétrica. Observa-se que o serviço oferecido pelas Centrais Elétricas do Pará S.A ainda não é de qualidade desejável.

Solicitar qualquer serviço pelo cal center da citada empresa, exige tempo, paciência. No prédio dela em Itaituba, perdem-se longas horas aguardando atendimento. Não se consegue, por exemplo, ao utilizar o computador para fazer um trabalho, sem que, em pouco tempo, baixas no fornecimento de energia ocorram, desligando automaticamente este e outros aparelhos. Reclamações da população são constantes, por meio da imprensa, em relação a aparelhos domésticos danificados, consequências da má qualidade no fornecimento de tal serviço. Nas

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comunidades rurais nem todas têm luz elétrica. E aquelas que a possuem também convivem com os problemas aqui levantados e mais um agravante: os problemas demoram dias, meses até para serem solucionados.

Embora a Resolução No. 488 de 15/05/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) informe que o Programa Luz para Todos do governo federal tenha por objetivo a universalização de distribuição de energia elétrica em assentamentos rurais, comunidades indígenas, quilombolas e outras comunidades localizadas em reservas extrativistas ou em áreas de empreendimentos de geração ou transmissão de energia elétrica (Art. 6º, inciso II) e considerando que este programa tem uma coordenação no Pará, não se tem conhecimento desses benefícios no município de Itaituba.

Quando foi anunciada a chegada da energia elétrica, no ano de 1988, pelo Projeto Tramoeste, que distribuiu energia elétrica da Usina de Tucuruí (PA) às diferentes cidades paraenses, esperava-se ter finalizado tais problemas, pois se pensava que essa energia seria de melhor qualidade, equiparando à oferecida pelas usinas dieselétricas, que poluíam a cidade na combustão de óleo diesel e causava incômodo aos moradores das proximidades destas usinas pelo barulho e odor de óleo queimado. A energia de Tucuruí melhorou comparando-se ao que era antes. Porém, oferecer um serviço à população sem ter zelo por ele, isto certamente compromete sua qualidade.

Em relação ao projeto Tramoeste, assim é citado pelo portal <amazonialegal.com.br>, acesso em 01 jun. 2012:

Pela linha de Transmissão que rasga a selva em direção a 12 sedes municipais e 126 localidades, o Projeto Tramoeste se [concretizou] após décadas de sobressaltos e angústias. E essa angústia era causada, sobretudo, pelo fato de o Pará abrigar a maior hidrelétrica genuinamente nacional [a Usina de Tucuruí] e não oferecer energia a todo seu povo, deixando regiões inteiras à mercê de usinas dieselétricas sucateadas, ultrapassadas e sem condições de atender à crescente demanda (capturado do site: www.amazonialegal.com.br, acesso dia 01 jun. 2012).

A avaliação feita pela Rede Celpa (Centrais Elétricas do Pará, S.A) indica que os serviços por ela prestados são de boa qualidade. Quanto a isso, informa o portal dessa empresa (<www.redenergia.com.br>, acesso em 02 jun. 2012):

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Desde 1998 a Celpa tem cumprido seu papel social fornecendo energia elétrica aos cidadãos e empresas paraense. Os investimentos na rede elétrica avançaram expressivamente ao longo desses anos, levando energia elétrica a mais de 1 milhão de novos consumidores. Os índices de qualidade e nível de serviço vêm melhorando substancialmente.

(<www.redenergia.com.br/concessionárias/celpa>, acesso em: 02 jun. 2012).

Entendemos que estas problemáticas sinalizam desafios aos governantes, aos gestores públicos, aos dirigentes da educação no Pará. No caso destas últimas autoridades, quando não se tem energia elétrica de qualidade razoável na escola, a rede de distribuição interna de luz fica comprometida, constantemente troca-se fiações, aparelhos elétricos são levados ao conserto, incluindo computadores. Com isso, fica inviável ter salas de aula com ar refrigerado, a água oferecida aos alunos nem sempre está gelada. Tais problemas interferem na gestão da educação e na qualidade de vida da população e dos serviços públicos a ela prestados. Isto carece de ser olhado no planejamento das políticas para essa região do país. No conjunto destas, as políticas educacionais se incluem.

É por tais razões que Cargnin (2007) afirma que “a implementação de políticas não pode ser realizada (...) isolada ou desarticulada espacialmente. Assume um grande valor à discussão sobre os recortes espaciais utilizados para a intervenção no território” (CARGNIN, 2007, p. 4).