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Dinâmica para a leitura das imagens no processo da Interpretação Radiográfica

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6) Figura/Fundo: Tendemos a organizar percepções no objeto organizado (a figura) e o segundo plano contra o qual ela se

2.3 A RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA COMO OBJETO DE ESTUDO

2.3.3 Dinâmica para a leitura das imagens no processo da Interpretação Radiográfica

No processo de interpretação radiográfica, é importante seguirmos uma dinâmica para a leitura ou interpretação das imagens obtidas através do exame radiográfico. A partir da conscientização do papel que exerce a radiografia como parte integrante dos meios semiotécnicos destinados ao diagnóstico das anormalidades ósseas e dentais dos maxilares, é preciso que se levem em consideração os cuidados necessários para a obtenção das imagens e a utilização de meios e condições próprias para a leitura dessas imagens, além da preparação adequada do profissional responsável pelo diagnóstico, através do conhecimento e domínio do contexto e de um bom treinamento perceptual, sendo este último objeto da presente pesquisa. Com base nisso, faremos algumas considerações a respeito da dinâmica utilizada na obtenção e na leitura da imagem radiográfica.

Na radiologia odontológica, a imagem, ainda hoje, é obtida mais comumente por meio da sensibilização de uma película ou filme radiográfico, que é colocada junto à área de interesse do diagnóstico. Essa sensibilização é feita através da exposição do filme radiográfico a raios X, emitidos por aparelhos próprios, e sua imagem se torna visível quando do processamento químico do filme após a sua exposição aos raios X.

Para que a imagem da área de interesse seja registrada no filme radiográfico, é preciso que esta esteja localizada entre o aparelho emissor dos raios e o filme, e que esses raios apresentem propriedades específicas, dentre elas a de atravessar as estruturas constituídas pelos tecidos duros (ossos e dentes), e a de sensibilizar os componentes dos filmes radiográficos, responsáveis pela formação das imagens. As imagens obtidas nas radiografias, segundo Costa, Costa e Luz Filho (2010, p. 32), “são caracterizadas por gradientes de tons de cinza numa escala variável entre o preto e o branco.”

Figura 12 – Gradiente de tons de cinza gerado pelos de raios X em aparelhos com

fatores físicos diversos (Arquivos da disciplina de Radiologia Odontológica, UFSC).

Cada estrutura radiografada pode oferecer uma imagem com maior ou menor variação na escala de tons de cinza, dependendo dos fatores físicos do aparelho gerador dos raios X e das características físicas da estrutura radiografada, no que se refere ao seu número atômico,densidade e espessura de constituição, sendo que, neste caso, o fator de maior significância é o número atômico dos átomos no corpo radiografado. A escala de tons de cinza responsável pela formação das imagens no filme radiográfico resulta do grau de sensibilização deste, em razão da maior ou menor passagem dos raios X através da estrutura radiografada e consequente interação com o brometo de prata existente no filme, responsável pela formação da imagem. Quanto maior for a quantidade de raios X a atingir o filme numa determinada região, maior será a deposição de prata metálica sobre o filme e mais escura será a imagem gerada e, quanto menor for essa quantidade, menor será a deposição de prata metálica e mais clara ela será a imagem.

As imagens escuras são chamadas de ‘radiolúcidas’ e correspondem as estruturas que facilmente foram atravessadas pelos raios X. Já as imagens mais claras, chamadas de ‘radiopacas’ representam pouca exposição e sensibilização do filme em razão da maior absorção desses raios pela estrutura radiografada.

Assim, os dentes e ossos dificultam mais a passagem dos raios X, porque sua estrutura é rica em cálcio, um elemento com número atômico mais alto que o do hidrogênio, do carbono e do oxigênio – mais

abundantes nos demais tecidos. Como consequência, o filme é menos sensibilizado nas áreas da radiografia correspondentes aos dentes e ossos, o que determina a formação de imagens mais claras (radiopacas), como se pode ver na Figura 13.

Figura 13 – Estrutura dental e óssea: (A) imagem clínica; (B) imagem radiográfica

(Arquivos da disciplina de Radiologia Odontológica da UFSC).

A imagem considerada ideal, sob o ponto de vista da exposição do filme aos raios X e do processamento radiográfico é aquela que apresenta graus médios de ‘densidade’ e ‘contraste’. Segundo Freitas, Rosa e Souza (2000, p. 335), “a maior ou menor quantidade de prata determina a tonalidade da radiografia, ou seja, o seu grau de enegrecimento. A isto se chama ‘densidade’. Já, a variação da densidade de uma área para outra na imagem radiográfica, chama-se ‘contraste’”.

Outro aspecto a ser considerado na obtenção de uma imagem de qualidade está diretamente relacionado à correta utilização da técnica radiográfica. Neste caso, se a técnica não for utilizada corretamente, além de provocar distorções nas imagens como alongamentos e encurtamentos, poderá provocar ainda a mudança de posição entre estruturas presentes em profundidades diferentes, dificultando o seu diagnóstico. Lembramos aqui os comentários feitos anteriormente em relação à planificação da imagem na radiografia, sendo que o conjunto

das estruturas presentes no sentido de profundidade se apresenta num só plano, requerendo um bom conhecimento da topografia anatômica da região a ser analisada.

Na Figura 14, observa-se uma radiografia da região de molares superiores onde o osso zigomático se apresenta projetado no seio maxilar. Conhecendo a topografia anatômica da região e a incidência com que foi feita a radiografia, é possível concluir tratar-se de superposição de imagem no sentido de profundidade. Apesar disso, essa estrutura com características de imagem radiopaca (branca), dificulta a visualização da região apical da raiz do dente 27, impedindo a definição do diagnóstico. Neste caso é preciso que, através do conhecimento e domínio das técnicas radiográficas, proceda-se a alteração na incidência radiográfica, a fim de tornar possível a visualização da referida região e, consequentemente, possa-se definir o diagnóstico.

Figura 14 – Radiografia de molares superiores, com osso zigomático projetado

sobre os ápices do dente 27, junto ao seio maxilar (Arquivos da disciplina de Radiologia Odontológica, UFSC).

Obtida a imagem radiográfica ideal, a partir da correta atenção aos fatores físicos e técnicos, é preciso seguir alguns critérios para que a mesma seja explorada ao máximo em sua capacidade, a fim de contribuir de forma efetiva para a elaboração do diagnóstico radiográfico. Neste caso, nos referimos aos meios auxiliares utilizados para a leitura da imagem radiográfica, dentre os quais destacamos:

portátil, utilizado para a visualização da imagem radiográfica a ser interpretada. Esse equipamento de leitura deve possuir luz branca, homogênea e de intensidade adequada, para não alterar os fatores de densidade e contraste radiográfico (Figura 15 A, B). Com esse mesmo objetivo, é importante que, em torno da radiografia, seja colocada uma máscara, a fim de impedir que a luz do negatoscópio atinja de forma direta nossos olhos, provocando contração pupilar pelo excesso de luz, o que reduziria a nossa acuidade visual sobre a imagem a ser interpretada.

Figura 15 – (A) Negatoscópio de parede; (B) Mesa negatoscópio (Arquivos da

disciplina de Radiologia Odontológica, UFSC).

– Lupa de Aumento: este equipamento é utilizado para aumentar a imagem radiográfica proporcionando um recurso adicional para observação e análise de detalhes na imagem. Seu aumento deve ser limitado em 2 a 4 vezes o tamanho original da imagem, para não provocar distorção com perda de detalhe. Com o mesmo objetivo de evitar a distorção da imagem, a lupa deve possuir um diâmetro em torno de 10 cm.

Figura 16 – Lupa de aumento (Arquivos da disciplina de Radiologia Odontológica,

UFSC).

Outras questões voltadas à dinâmica de leitura da imagem radiográfica podem ser consideradas. No entanto, as que foram apresentadas e comentadas correspondem àquelas de maior importância no processo de interpretação da imagem radiográfica.

2.4 EDUCAÇÃO RADIOLÓGICA NO CURSO DE ODONTOLOGIA