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2. A REPÚBLICA POPULAR DE ANGOLA

2.1. Enquadramento Histórico

2.1.3. A economia Angolana

2.1.3.2. Dinâmicas De Crescimento Económico

A seguinte tabela irá ilustrar o crescimento económico angolano entre 2002 e 2017.

Tabela 1 - O crescimento económico de Angola em 15 anos.

Ano económico Taxa de crescimento Aumento em ano anterior Observação

2002 14% -12 Decréscimo 2003 3% -11 Decréscimo 2004 12% 9 2005 21% 9 2006 18% -3 Decréscimo 2007 23,2% 5,2 2008 13,8% 9.4 Decréscimo 2009 2,4% -11,4 Decréscimo 2010 3,4% 1 2011 3,9% 0.5 2012 5,2% 1,3 2013 6,8% 1,6 14 4.2% -2,6 Decréscimo 2015 4% -0,2 Decréscimo

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2016 3; 3 -0,7 Decréscimo

20017 2.7% -0.6 Decréscimo

Fonte: Elaboração própria, através dos dados do Banco Nacional de Angola, Banco Mundial e CEIC/UCAN; Ministério do Planeamento, Dados sobre a Conjuntura Económica de Angola.

A economia angolana continua, no entanto, altamente dependente das receitas petrolíferas: dados referentes a 2010 indicam que 98% das exportações foi assegurada pelo petróleo(FMI, 2012). Tendo em conta a incerteza constante no mercado petrolífero, tal situação expõe a sérios riscos a economia Angolana. Tal é visível no facto taxa de

crescimento económico de 2009: 2,4%, uma queda abrupta, ditada pela crise mundial, em relação os anos anteriores. No ano de 2010, a taxa de crescimento foi de 3,4%, sendo que uma recuperação mais robusta só se verificou em 2013. Segundo Rocha (2017), alem da crise externa outros fatores contribuíram para os problemas económicos do país: a diminuição das receitas de petróleo, o decréscimo do investimento público em 7,5% e a subida da taxa de inflação.

Entre 2011 e 2014, a crise internacional leva a uma acentuada queda das receitas petrolíferas, fruto do decréscimo no preço do petróleo, uma redução de 44% nos vários mercados em 2014 (OPEP, 2015). O aumento da produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos da América também foi apontado como um fator determinante para a queda dos preços e, consequentemente, para a progressiva desvalorização da moeda angolana. Tal como foi referido pelo Banco Angolano de Investimento (2016), “esta desvalorização tem sido um dos mecanismos adotados pelo BNA para fazer face à menor entrada de divisas na economia levando a que a moeda tenha que ajustar o seu valor até que seja atingido um equilíbrio no mercado.” Porém, as dificuldades para obter moeda estrangeira persistem no país, assim como se verifica uma grande diferença entre a taxa cambial do mercado paralelo e primário.

Entre 2015 e 2017, com aos efeitos da crise económica angolana, a grande aposta do governo foi na diversificação da economia, sobretudo no investimento público. Dados do FMI (2015) mostram um registo de crescimento de 3% em 2015, com uma recuperação de 1,5% em relação a 2014. O governo também se empenhou na formação de novos empreendedores e na criação de novos negócios, bem como no desenvolvimento de parcerias com outros países e multinacionais, liderando a conferência empresarial dos PALOP e mantendo sempre relações bilaterais com vários países. (jornal de Angola, 2014).

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A economia angolana continua muito exposta ao petróleo e às oscilações do preço desta matéria-prima. Só com uma maior diversificação da produção interna e do cabaz das exportações angolanas será possível alterar esta situação e minimizar os riscos de um modelo em que a vida económica do país está diretamente relacionada com a oscilação de preços no mercado energético.

2.1.3.3. O Comércio Angolano

Como podemos confirmar acima, o comércio angolano é caraterizado maioritariamente pela exportação do petróleo Por outro lado, 95% dos bens consumidos no país são importados. (UNCTAD, 2013). Segundo dados do Trade Map (2011), Angola foi o nono maior exportador mundial de petróleo bruto em 2010, e sua participação na exportação de produtos energéticos (combustíveis e lubrificantes) atingiu 96%. A exportação de petróleo tem como destinos principais a China (40% das exportações), os Estados Unidos (18%) e a Índia (9,8%) (Sonangol, 2014). A maioria dos produtos vendidos no país são importados e comercializados geralmente nos mercados informais, operando principalmente na capital do país.

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Tabela 2 - Origem das Importações de Angola em 2000 e 2011

Países Percentagens Países Percentagens

Portugal 18,38% Portugal 19,4%

África do Sul 15,9% China 16,8%

EUA 11,9% EUA 9,2%

França 6,1% Brasil 6,6%

Reino Unido 5,7% África do Sul 5,1%

Brasil 5,7% França 4,5%%

Bélgica 5,0% Reino Unido 3,7%

Holanda 3,9% Emirados Árabes Unidos 3,1%

Espanha 3,5% Namíbia 3,0%

Itália 3,5% Índia 2,4%

China 1,8% Espanha 2,2%

Fonte: Elaboração própria. Dados obtidos - UN Comtrade, 2014; Observatory of Economic Complexity (OEC), 2014.

Angola está aberta ao capital estrangeiro e, nos últimos 10 anos, tem sido o país beneficiário de mais recursos, de entre os 49 países menos desenvolvidos (UNCTAD 2014).

Para isso tem-se tornando nos ultimos anos, membro de várias organizações económicas/comerciais multilaterais regionais e bilaterais, de modo a expandir o comércio. Angola é cofundadora da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e da União Africana (UA), assim como membro, desde novembro de 1996, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Como país menos desenvolvido (LDC, na sigla em inglês), usufrui de tratamento especial e diferenciado no que se refere às obrigações e aos compromissos dessa organização e é-lhe outorgado um certo grau de flexibilidade nas importantes áreas de acesso a mercados, subsídios à exportação e ajuda interna – (UNCTAD,20113). Faz parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa Development Community– SADC) e do respetivo protocolo do comércio,

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assinado em março de 2003. Como regra, a maioria dos produtos importados no âmbito desta organização estão isentos dos direitos do imposto de importação.

Tabela 3 - Direção das Exportações de Angola em 2000 e 2011

Países Percentagem Países Percentagem

EUA 52,3% China 42,3%

China 25,6 EUA 22,6%

Coreia Sul 9,1% Índia 10,2%

França 5,3% Canadá 4,2%

Espanha 2,7% Itália 3,5%

Alemanha 1,4% França 3,1%

Portugal 0,8% Portugal 2,8%

Holanda 0.6% África do Sul 2,7%

Brasil 0,5 Alemanha 2,5%

Canadá 0,4% Holanda 1,5%

Fonte: Elaboração própria, dados da UN Comtrade, 2014.

Em 2003, o país aderiu ao Protocolo Comercial Regional, que tem como previsão a criação de uma área de comércio livre na região. Que por sua vez Foram sendo implementadas várias medidas para promover e facilitar os investimentos. E em julho de 2003, foi criada a Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP), com o objetivo de prestar auxílio aos investidores e facilitar novos investimentos. O setor não petrolífero já representava em 2012 e mais de 50% do PIB, com a construção, a agricultura e a indústria, respetivamente, nos 10%, 8,1% e 6,4% (AEO, 2012).