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5. Atividades de integração no meio

5.3. Direção de turma

Ao longo do processo de estágio pedagógico houve a oportunidade de participar nas funções de direção de turma, mais concretamente durante um semestre, através da turma partilhada. A oportunidade de aprendizagem, presente, apresentou-se como um elemento estruturante no enriquecimento da experiência de estágio, visto que esta determina uma das funções vitais no desempenho da profissão docente. Esta é uma valência e também uma necessidade que não deve ser descurada na formação dos professores estagiários, atendendo à preponderância que o diretor de turma (DT) apresenta no ceio da turma e da escola.

Este processo surgiu como uma janela potencial de aprendizagem devido à forma como foi orientado e acompanhado, onde se observou uma mediação entre as tarefas que eram possíveis realizar e aquelas que eram somente observadas, ainda que acompanhadas

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de forma direta, nomeadamente as reuniões com os encarregados de educação, os conselhos de turma e as reuniões com os demais diretores de turma da escola. A riqueza pedagógica desta intervenção está representada nas dinâmicas estabelecidas numa turma, quer no processo de aprendizagem dos alunos, quer no contacto com os respetivos encarregados de educação, ou até nas relações estabelecidas com a estrutura da escola.

A par da componente de PL, esta é uma dimensão do cargo de ser professor que deve ser refletida, permitindo o abarcar e reter todas experiências e aprendizagens que foram possíveis ao longo do estágio pedagógico. O contacto com as dinâmicas inerentes a esta função, bem como o acompanhamento e orientação experiente da orientadora pedagógica, promoveram os importantes momentos de reflexão através do diálogo reflexivo após as interações estabelecidas com os encarregados de educação, com os professores ou com os próprios alunos.

Num breve levantamento das funções e tarefas desempenhadas no decorrer do ano letivo, incluem-se a comunicação de importantes informações aos alunos da turma, as questões administrativas, o conhecimento, o relacionamento favorável com os professores da turma e com os encarregados de educação, bem como a presença nas reuniões de conselho de turma e reuniões de entrega de notas. O contacto e interação em contexto informal foi também um meio determinante na ação de DT, nomeadamente na troca de informações com os restantes professores da turma em questão.

Face a esta realidade, torna-se percetível que a figura do DT é colocada no centro da coordenação pedagógica a desenvolver com os alunos da turma, no sentido de garantir o seu sucesso educativo, apresentando-se como um orientador pedagógico dos seus pares e estabelecendo pontes entre a escola e os encarregados de educação. Assim sendo, a função de DT é estruturante no acompanhamento do percurso escolar dos alunos e da turma, assim como na ligação cooperativa entre a escola e a família/ encarregado de educação. Perante esta missão, este é um cargo que exige competências de gestão, organização, coordenação, comunicação e de relacionamento interpessoal que não provém apenas do desenvolvimento do conhecimento técnico (Torres, 2007).

Este conjunto de funções e tarefas são muito abrangentes e de grande responsabilidade, envolvendo tarefas de gestão e coordenação, implicando o estabelecer de relações interpessoais de diferentes tipos e com diferentes interlocutores. A ação do DT abrange todas as componentes do processo educativo, desde a instrução, socialização

Página | 97 e estimulação/envolvimento dos alunos, baseando-se no conhecimento de cada aluno, no relacionamento com o seu contexto físico, pessoal e social, assim como no entendimento de toda a turma. Deste modo, constata-se que o papel do DT apesenta um caráter multifacetado e deve ajustar-se constantemente de acordo com os tipos de relacionamento que tem de estabelecer, podendo assumir várias diversas formas em simultâneo (Torres, 2007).

Após a experiência vivenciada ao longo do estágio pedagógico, foi possível entender a atividade valiosa que o diretor de turma exerce na escola, visto que este constitui um elemento determinante na mediação da relação entre a escola e toda a comunidade educativa, sendo que a sua intervenção não se restringe ao recinto escolar. Acumula ainda funções burocráticas, fundamentais para o bom funcionamento do processo de aprendizagem da turma, necessitando ainda de desenvolver, através de estratégias e técnicas específicas, capacidades para a execução de todas as tarefas de coordenação da sua responsabilidade.

Este foi um enquadramento que permitiu reconhecer o DT enquanto gestor pedagógico responsável por estabelecer uma relação com os alunos e com os encarregados de educação, além da interação estabelecida com os demais professores da turma. O DT não surge apenas como um professor, mas como um elemento posicionado numa estrutura pedagógica de gestão intermédia da escola, particularmente centrado nos alunos e na orientação dos mesmos, estabelecendo um trabalho cooperativo entre os diferentes professores da turma, no intuito de promover o desenvolvimento intelectual e pessoal dos alunos.

Através do resultado da proximidade que se estabelece entre o DT e os alunos da sua direção de turma, desenvolve-se muitas vezes uma relação de empatia, que pode, em muitos casos, potenciar a confiança do aluno. Esta dinâmica pode apresentar um papel estruturante no atender de uma situação de desconforto emocional, sofrimento físico e psicológico, levando-o à partilha desses problemas e à procura de ajuda para a sua resolução. Todavia, uma boa relação com os alunos é também uma oportunidade de contribuir para o bom funcionamento e para um bom clima de turma.

Em suma, o DT constitui uma peça fundamental na relação interna entre o grupo – turma e o grupo – professores, bem como na relação externa que estabelece com os encarregados de educação. Para responder a esta função, necessita de estar preparado, ou

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seja de ter aprendido e de continuar a aprender, no intuito de cumprir todas as valências que são da sua responsabilidade. Assim sendo, as competências técnicas de um professor são apenas uma parcela daquilo que é esperado no seu perfil, pois as caraterísticas de foro psicológico, social e emocional também têm a sua importância.

A disponibilidade, a capacidade de comunicação e de liderança, a experiência refletida, a tolerância e a dedicação, são algumas das caraterísticas que se destacam de toda experiência vivenciada neste estágio pedagógico. Perante toda a complexidade envolvente, denota-se a necessidade que o professor tem em sair da sua zona de conhecimento específico para, numa dimensão humana, atendender às necessidades dos seus alunos e da turma em geral. Posto isto, é representativa a preponderância da inteligência emocional na intervenção do diretor de turma.

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