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O Director de Turma

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 152-155)

5. A PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÃO COM A COMUNIDADE

5.2. O Director de Turma

Apesar de inicialmente ter uma ideia de quais seriam as funções do DT, fruto da minha vivência de aluno, não tinha a noção da sua dimensão. Foi o contacto regular tido, ao longo do ano com um DT, que me permitiu conhecer realmente o seu papel.

Penso ser importante revelar que o DT com quem realizei reuniões periódicas não era o responsável pela minha turma, uma vez que existia uma incompatibilidade de horários entre nós. Neste sentido, escolhi uma professora que associa a função de Coordenadora da Área Disciplinar de Educação Física a DT, quer pela proximidade da relação, quer pela sua experiência na área.

Logo na primeira reunião de trabalho com a DT foi possível perceber como deve ser elaborado o Dossier de Turma. Este deve estar sempre actualizado e organizado, visto ser um registo informativo que contém os dados pessoais de cada aluno e da sua actividade na escola, que pode ter que ser

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consultado a qualquer momento. Mas será que ser DT é uma função meramente burocrática?

Segundo Roldão (1995), o DT é um professor coordenador de professores e, simultaneamente, um agente do sistema de gestão da escola, com responsabilidades na gestão global do conselho de turma a que preside. Este deve ter ainda várias competências para a execução deste cargo, enaltecendo-se a de comunicação e de relacionamento interpessoal (Cruz, 2006). O DT, como coordenador central de uma turma, desempenha várias funções no âmbito pedagógico que segundo Sá (1997) podem ser diferenciadas três áreas de actuação: DT-Professores, DT-Alunos e DT- Encarregados de Educação (EE).

No que concerne à relação DT-Professores é de realçar as seguintes tarefas: divulgar as informações obtidas através das Fichas Sócio-Económicas dos alunos da turma; aferir critérios de actuação, tendo em vista a utilização de linguagem comum e a convergência de atitudes; promover a articulação curricular horizontal; discutir e definir com os professores do Conselho de Turma estratégias de ensino-aprendizagem, tendo em conta as características da turma; criar condições para a realização de actividades interdisciplinares, nomeadamente no âmbito da Área-Escola.

Na relação DT-Alunos o DT as principais tarefas são: informar os alunos sobre o papel do Director de Turma; informar os alunos das orientações relativas ao funcionamento da escola; procurar detectar as necessidades e interesses dos alunos; desenvolver a consciência cívica dos alunos; eleger o delegado e o subdelegado de turma e orientá-los para uma actuação correcta; informar os alunos sobre possíveis saídas profissionais.

Por fim, na relação DT-EE as tarefas mais relevantes são: proporcionar aos EE, no início do ano lectivo, o conhecimento global da escola; implicar os EE na colaboração com a Escola, tendo em vista uma acção conjunta na procura de soluções que melhorem o aproveitamento e a integração do aluno na Escola; informar os EE sobre a função do DT, a hora de atendimento, as actividades a realizar na escola e o aproveitamento, comportamento e assiduidade dos alunos.

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Desta forma, ao DT compete não só a função de coordenação do processo de aprendizagem dos alunos, através do contacto que tem com todos os professores da turma, como também a obrigação de funcionar como intermediário entre alunos, EE e professores.

Contudo, segundo Roldão (1995, p. 10), “a actuação do director de

turma junto dos alunos e encarregados de educação tende, na prática mais comum, a prevalecer sobre a acção junto dos professores (…)”. A mesma

autora refere ainda que a acção junto dos professores é crucial no desempenho deste cargo, não podendo ser dissociada das restantes. O DT deve manter uma estreita relação com os restantes professores do conselho de turma uma vez que estes também participam activamente na gestão curricular da turma, factor essencial para um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz. Nesta conformidade, o DT desenvolve o seu trabalho em estreita colaboração com todos os actores directamente implicados no projecto educativo e na vida escolar do aluno, criando um ambiente propício ao seu desenvolvimento e formação integral (Torres, 2007). Ainda na perspectiva de Torres (2007), o DT é um facilitador da integração escolar dos alunos ajudando também na promoção do seu sucesso educativo e na partição dos EE no processo educativo. Este papel de intermediário escola-família exercido pelo DT alertou-me para a importância da participação dos EE na escola. Deste modo, e para potencializar esta participação o DT tem definida uma hora semanal para o atendimento aos EE. Não obstante este papel, a DT com quem trabalhei referiu que a participação dos EE é pouco activa, sendo que são sempre os mesmos EE a marcarem presença nas reuniões de final de período, aquando da atribuição das notas, e noutras reuniões, que são excepcionalmente convocadas.

Esta situação é algo que parece ser recorrente na generalidade das outras turmas. Facto que leva os professores a acreditar que a generalidade dos EE se envolve pouco na educação dos filhos, sendo que a sua participação só se verifica em casos excepcionais, geralmente associados a problemas graves ocorridos no contexto escolar. Contudo, segundo Cruz (2006, p.70), este afastamento dos EE pode dever-se à “utilização de muitos termos

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técnicos” na escola, sendo necessário que o DT tenha uma maior atenção à

linguagem que utiliza e à sua adequação às características sociais e culturais da família.

De modo a combater o afastamento por parte dos EE, os DT’s por recomendação da Direcção, no início do ano sensibilizaram os respectivos EE para a criação de uma associação de pais na escola, visto no ano transacto esta não ter funcionado. Isto porque a associação de pais, quando em pleno funcionamento, reveste-se de grande importância, uma vez que têm grande peso na organização escolar, pois a Direcção tende a ser sensível às informações oriundas dela. Por outro lado, tem também a função de transmitir o que se passa na escola aos outros EE.

Neste sentido, ficou bastante claro que a escola é um local onde vários elementos, oriundos de vários sectores da comunidade, interagem com o objectivo de alcançar o sucesso educativo dos alunos.

Em síntese, o acompanhamento da DT permitiu-me conhecer e perceber melhor a função e importância do DT, enquanto mediador das relações que se estabelecem entre a escola, família e comunidade e na sua função de gestor burocrático e administrativo da turma que preside. Este papel de mediador permite ainda reduzir a distância existente entre os EE e a escola, promovendo uma maior proximidade entre os EE e a situação escolar dos respectivos educandos. Penso que é com esta proximidade que o ensino pode revelar-se mais eficaz visto estarem em estreita ligação três elementos fulcrais de ensino: o professor – o aluno – e os EE.

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