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Entretenimento Digital vs Exercício Físico

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 89-92)

4. O CAMINHO TRILHADO: entre dificuldades e conquistas

4.4. A Turma

4.4.2. Os desafios da aprendizagem

4.4.2.2. Entretenimento Digital vs Exercício Físico

Algumas das novas tecnologias servem preferencialmente para o entretenimento enquanto outras assumem uma função mais utilitária. Contudo, o resultado é sempre o mesmo, contribuem para uma sedentarização crescente. Este parece ser o reverso da medalha do desenvolvimento tecnológico a que hoje em dia assistimos.

Presentemente, parece que se instalou uma concorrência desleal entre os aparelhos electrónicos, que existem na maioria das casas, e a prática do exercício físico. Isto apesar de reconhecer os benefícios deste desenvolvimento tecnológico para a sociedade.

Segundo Bento & Bento (2010, p. 30) a opção pelo Desporto é “uma

opção pela dificuldade, perante a tentação da facilidade”, percebendo-se a

preferência da sociedade pelo que é facilmente alcançado. Ver televisão, jogar jogos de vídeo, falar ao telemóvel e navegar na Internet são formas sedentárias de ocupar os tempos livres, cada vez mais acessíveis entre crianças e adolescentes (Marshall, Biddle, Sallis, McKenzie & Conway, 2002). Estas constatações foram também verificadas na minha turma onde, através do

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preenchimento da Ficha Individual do Aluno, o ver televisão (juntamente com

ouvir música) se destacou como a ocupação de tempos livres mais usual dos

alunos (ver Anexo 1). Contudo, é preciso que exista uma utilização doseada destas novas tecnologias. É necessário que cada um seja capaz de gerir o seu tempo. Este desafio só pode ser conseguido se se fizer o uso de algumas estratégias que combatam a falta de actividade física diária, nomeadamente pelo uso das escadas em detrimento do elevador, ir a pé comprar o pão em vez de utilizar o carro para efectuar o trajecto, no fundo preferir o “movimento” à inactividade, é a opção mais sábia.

Segundo as recomendações do Department of Health (2004) de Inglaterra, para as crianças atingirem o nível recomendado de actividade física bastaria ir e vir da escola a pé, participar em actividades durante os intervalos, e possuir 3-4 tardes ou noites de oportunidades para brincar. Por seu lado os adolescentes, teriam exactamente as mesmas recomendações apenas diferindo na ocupação das 3-4 tardes ou noites, passando a actividades ou desportos organizados ou informais durante a semana. Porém, na minha turma estas recomendações não são de todo cumpridas, havendo apenas sete alunos a praticar algum tipo de exercício físico regularmente, tal como mostraram os dados obtidos na Ficha Individual do Aluno.

Devido aos horários das Escolas, e a múltiplas actividades extra- curriculares, como sessões de apoio a estudo ou mesmo impossibilidade dos pais encaminharem os seus filhos para estes locais, torna-se bastante difícil cumprir com estas recomendações. Mas e aos fins-de-semana? Durante estes dois dias de suposto descanso é necessário que o exercício físico esteja presente. A sua implementação, acaba por ser, apenas, uma questão de atitude e vontade. Ainda segundo as mesmas recomendações, o fim-de- semana deve ser preenchido com longas caminhadas, visitas ao parque ou à piscina ou andar de bicicleta, para as crianças e as mesmas actividades mais a participação em actividades desportivas no caso dos adolescentes. Algumas questões se colocam: quantas crianças realizam este tipo de actividades ao fim de semana? Quantas não preferirão permanecer todo o fim-de-semana em frente à televisão ou a jogar o seu jogo favorito na consola?

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Segundo os dados do um Inquérito Nacional de Saúde (1999), a população portuguesa é na sua maioria inactiva, com reduzida aptidão física e tendencialmente com excesso de peso. O sedentarismo apresenta-se, assim, como o principal factor de risco comunitário para a saúde em Portugal, tendo em conta todos os problemas que o excesso de peso acarreta. No que concerne às crianças e jovens, Kennedy et. al. (2002) verificaram que embora as crianças conheçam os efeitos negativos que a televisão provoca, estes não conseguem imaginar as suas vidas sem este aparelho. Além disso, quando as crianças foram inquiridas acerca de outras alternativas à televisão, demonstraram grandes dificuldades em responder. Já quando questionadas acerca das razões que as levava a despender tanto tempo em frente à televisão, a maior parte respondeu que era motivante assistir pois aprendiam bastante, mesmo com desenhos animados. No entanto, referiram que o principal motivo por qual despendiam tanto tempo em frente à televisão era o hábito de ser realizado em família, com os pais.

Esta última afirmação, que foi dada pela maior parte das crianças, leva- nos a pensar que o problema é bem mais complexo do que aparenta, porquanto um dos grandes motivos que leva as crianças a tomar estes hábitos nada saudáveis, prende-se com o exemplo dos pais. Talvez seja hora de levar a cabo campanhas de sensibilização tendo como público-alvo os pais, visto serem eles que mais influenciam os hábitos das crianças e jovens. Se os pais (ou figuras parentais) motivarem os seus filhos a adoptarem estilos de vida mais saudáveis, reprimindo o sedentarismo, talvez no futuro se verifique um decréscimo nos valores de sedentarismo e excesso de peso da população, uma vez que a probabilidade desses hábitos subsistirem ao longo da vida é maior quanto mais cedo forem implementados.

Contudo, não é apenas o estilo de vida e o uso das novas tecnologias que podem explicar as dificuldades encontradas nas turmas. Tal como já referi, as crianças passam cada vez mais tempo na Escola, não dando espaço para outras actividades extra-curriculares, nomeadamente a prática de exercício fora da escola. Deste modo, talvez grande parte do problema esteja no contexto

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escolar e no seu sistema organizacional, sendo este o tema que de seguida irei abordar.

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