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O direito de imagem – sabe-se – é um dos direitos da personalidade listados no capítulo II do Código Civil de 2002, especificamente em seu art. 20:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.(BRASIL, 2002)

A palavra imagem, do latim imago-inis, tem por definição, segundo dicionário Aurélio, ser a representação de pessoa ou coisa. Nas palavras Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga:

A imagem tem sua origem no verbete latino “imago” e pode ser caracterizada como qualquer forma possível de reprodução gráfica da figura humana, representada desde os primitivos desenhos rupestres até os ultra modernos mecanismos tecnológicos de transmissão. Trata-se de um meio de exteriorização da personalidade do ser humano, consistindo no primeiro aspecto para identificação da pessoa, anterior até mesmo ao próprio nome (VEIGA, 2011, p. 243).

Para Jacqueline Sarmento Dias a imagem passou a ser reconhecida quando o ser humano passou a ser sujeito de direitos e obrigações; logo, enquanto ser primitivo não lhe era reconhecida sua imagem como hoje:

A maioria dos ordenamentos jurídicos modernos reconhece e protege os direitos da personalidade, que começaram a se delinear quando o homem assumiu a condição de pessoa e passou a ser sujeito de direitos e obrigações. Isso porque no pensamento primitivo o reconhecimento do indivíduo na sociedade era fruto das atividades por ele desempenhadas ou pelo lugar social que lhe era atribuído pelo nascimento. (DIAS ,2000 apud EZABELLA, 2006).

A partir da criação da fotografia em 1829 pelo químico francês Niceforo Niepce, a exposição da imagem começou a se propagar. Ao longo dos anos, com o avanço das tecnologias, difundiram-se as possibilidades de publicação de fotografias e outras formas de exposição da imagem (ARAUJO, 1996).

A primeira aparição legal da proteção da imagem foi na Alemanha, prevista na Lei do Autor de 1907, §22. Já no ordenamento jurídico brasileiro a primeira aparição de da proteção à imagem surgiu na constituição do Império, em

1824, e tratava apenas sobre a inviolabilidade do domicílio, prevista em seu art. 179, inciso VII, que dispunha o seguinte:

Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos cidadãos brasileiros, que tem por base a liberalidade, a segurança, individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do Império, pela maneira:

VII – Todo o cidadão tem em sua casa um asylo inviolável. De noite não se poderá entrar nela, senão por seu consentimento, ou para o defender de incêndio, ou inundação; e de dia só será franqueada a sua entrada nos casos, e pela maneira, que a lei determinar. (BRASIL, 1824).

Assim, ao proteger o domicílio, a imagem também é protegida de forma reflexa, como característica da intimidade (ARAUJO, 1996).

Atualmente No ordenamento jurídico brasileiro a proteção ao direito de imagem está prevista na constituição, em seu art. 5º, incisos X e XXVIII:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;[...]

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; (BRASIL, 1988).

E também no Código Civil de 2002 em seu art. 20:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (BRASIL, 2002)

O direito de imagem está inserido dentro dos direitos da personalidade, sendo estes intransmissíveis e irrenunciáveis segundo o disposto no art. 11 do último diploma, in verbis: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. (BRASIL, 2002)

Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga afirma que o direito de imagem

está diretamente associado ao Direito da Personalidade, tendo em vista que a imagem, juntamente com o nome, a honra, a liberdade, a privacidade e o corpo, é um dos Direitos da Personalidade, que visam à proteção do ser humano e das origens de seu próprio espírito. (VEIGA, 2013).

Completando esse conceito, define como direito de imagem, Maria Cecília Naréssi Munhoz Affornalli ao afirmar que:

O Direito da personalidade visa conferir proteção ao ser humano naquilo que lhe é próprio e também às suas emanações e projeções para o mundo exterior, sendo o Direito à Imagem, um direito da personalidade, assim classificado como um direito essencial, absoluto, oponível erga omnes, geral, irrenunciável, imprescritível, inexpropriável, impenhorável. (Affornalli ,2008 apud BELMONTE; MELLO; BASTOS, 2013 p. 242).

Diferentemente dos demais direitos da personalidade o direito de imagem, tem como peculiaridade a possibilidade de exploração econômica, ou seja, o indivíduo tem o direito de, da forma que lhe convir, caso lhe seja interessante, negociar – ou não – o direito a transmissão ou exposição de sua imagem.

A negociação do uso da exploração da imagem de qualquer indivíduo deve ser pactuada em um contrato formal, entretanto a referida cessão não representa a transmissão da titularidade do direito à imagem (BELMONTE; MELLO; BASTOS; 2013).

Por fim, resta esclarecer quando se extingue o direito à imagem. Por óbvio, quando o sujeito morre não pode mais exercer seu direito de imagem. A morte dá fim a personalidade jurídica do indivíduo, no entanto certos direitos da personalidade continuam a repercutir no meio jurídico, como exemplo a imagem do “de cujus”. Corrobora com esse entendimento Diogo Leite de Campos quando expõe que “A personalidade jurídica prolonga-se e é empurrada para depois da morte” (CAMPOS, 1991 apud DIAS, 2000, p. 157).

O direito que garante a proteção da imagem daquele que faleceu permanece, porém o que se altera é a titularidade do direito que passa a ser dos descendentes – ou quando não houver esses, os ascendentes. Jacqueline Sarmento Dias afirma que “É certo que com a morte do titular do direito à imagem dá-se a extinção da sua personalidade jurídica, mas juntamente persiste a possibilidade de

defesa dos efeitos”, ou seja, ainda que haja a morte do indivíduo persiste a possibilidade de seus direitos continuarem sendo resguardados.

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