• Nenhum resultado encontrado

Direitos de personalidade: conceito e características

3 DIREITO AUTORAL EM OBRA PSICOGRAFADA e USO DO NOME DO

3.2 NOÇÕES GERAIS ACERCA DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE

3.2.2 Direitos de personalidade: conceito e características

Os direitos de personalidade são aqueles que estabelecem direitos com a finalidade de agregar valor à honra ou ao nome. Esses direitos são intransmissíveis e irrenunciáveis (Art. 11, CC) (BRASIL, 2002).

A personalidade não é um direito, mas apoia os direitos e deveres que dela decorrem; é objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, conforme ensina Diniz (2005, p. 21), como segue:

[...] a personalidade consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. A personalidade não é um direito, de modo que seria errôneo afirmar que o ser humano tem direito à personalidade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela irradiam, é objeto de direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens3 (DINIZ, 2005, p. 121).

Os direitos da personalidade, segundo Bittar (1999, p. 10) consistem em: “[...] a) os próprios da pessoa em si (ou originários), existentes por sua natureza, como ente humano, com o nascimento; b) e os referentes às suas projeções para o mundo exterior”. Na mesma linha de pensamento, França (1999, p. 935) afirma que os “direitos da personalidade dizem-se às faculdades jurídicas cujo objeto são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial no mundo exterior”.

Os direitos de personalidade não podem ser confundidos com os direitos pessoais; Beltrão (2005, p.50) distingue esses dois tipos de direitos, ao dizer que enquanto os primeiros são suscetíveis de avaliação em dinheiro, os segundos não têm valor patrimonial, como se apresenta:

[...] os direitos da personalidade distinguem-se dos direitos pessoais, pois a base dos direitos da personalidade é a o fundamento ético da dignidade da pessoa humana, enquanto que os direitos pessoais são desprovidos deste fundamento, e acabam por significar um direito não patrimonial, em relação aos direitos suscetíveis de avaliação em dinheiro, com um campo muito mais vasto de incidência do que os dos direitos da personalidade (BELTRÃO, 2005, p. 50).

Os direitos de personalidade estão ligados diretamente à figura de pessoa natural. Farias (2005, p. 105) estabelece algumas características desses direitos, afirmando que: “são absolutos, indisponíveis relativamente, imprescritíveis e extrapatrimoniais”. Absolutos, porque se trata de um direitoque obriga a todos a

respeitá-los, bem como, protegê-los; indisponíveis, pois não podem ser transferidos a outros, nem por vontade da própria pessoa, estão ligados à pessoa natural; imprescritíveis, porque não prescrevem pelo seu desuso, não existe um prazo prescricional para a sua utilização; extrapatrimoniais, uma vez que não possuem valores patrimoniais, algo que poça ser aferível objetivamente.

Assim, compreende-se que os direitos da personalidade têm como objeto os bens relativos à personalidade, podendo ser classificados de acordo com o entendimento das características comuns entre os direitos pelos doutrinadores. Na doutrina estrangeira, a classificação mais aceita é a de Adriano de Cupis (1961) que divide os Direitos da Personalidade em seis tipos, conforme apresentam Sengik e Rodrigues (2017, p. 6):

I – Direito à vida e à integridade física. II – Direito sobre as partes destacadas do corpo e do direito sobre o cadáver. III – Direito à liberdade. IV – Direito ao resguardo (direito à honra, ao resguardo e ao segredo). V – Direito à identidade pessoal (direito ao nome, ao título e ao sinal pessoal). VI – Direito moral de autor (CUPIS, 1961, p. 53 apud SENGIK e RODRIGUES, 2017, p. 6).

O direito à vida é uma garantia fundamental é está assegurado no artigo 5º da Constituição Federal: “Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]” (BRASIL, 1988).

O direito à integridade física é defendido também pela Constituição Federal, no artigo 5º, nos seguintes incisos, como seguem:

[...]

III - ninguém será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou degradante.

[...]

XLVII – a CF não admite a imposição de penas cruéis. [...]

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. [...]

LXII - comunicação imediata de qualquer prisão ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada.

LXIII – dever de informar o preso de seus direitos, inclusive o de permanecer calado, assegurando-se lhe assistência à família e advogado. LXIV - direito do preso à identificação dos responsáveis pela sua prisão, ou pelo interrogatório policial.

LXV - relaxamento imediato pelo juiz da prisão feita de forma ilegal (BRASIL, 1988).

O direito sobre as partes destacadas do corpo e o direito sobre o cadáver significa que, mesmo depois da morte, apesar de cessar a personalidade civil da

pessoa, as partes destacadas do corpo e o cadáver, que se transformam em algo sem personalidade, permanecem resguardado. Entretanto, é possível a disposição gratuita desses, com objetivo científico ou altruístico, como prevê o Artigo 14 do Código Civil: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”, sendo permitida, ainda, a disposição de órgãos para transplantes.

O direito à liberdade está relacionado em fazer algo de acordo com sua própria vontade, ou seja, fazer aquilo que sedeseja, desde que não viole nenhum tipo de lei, ou prejudique outra pessoa, pois o direito de liberdade não pode prejudicar o direito do outro; a liberdade de uma pessoa termina quando começa o direito do outro.

O direito ao resguardo se refere ao direito de preservar algumas informações pessoais, que coloquem em risco a vida do indivíduo ou até mesmo de sua família; informações sigilosas, que o direito de resguardo reserva à pessoa o sigilo de correspondência e até mesmo a proteção de domicilio.

O direito moral de autor está ligado à obra escrita por uma pessoa e esse direito assegura que seu nome esteja diretamente vinculado à sua criação, conferindo-lhes os direitos patrimoniais e morais decorrentes, conforme define a legislação de Direitos Autorais, como já explanado.

O direito à identidade pessoal se refere à individualidade genética e à forma como a pessoa é identificada na sociedade. No tópico seguinte, aprofundam- se os direitos que compõem o grupo dos direitos à identidade pessoal, por se tratar de assunto pertinente à questão central desse estudo, como se passa a expor.

Documentos relacionados