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Os direitos e deveres do empregador e do empregado são oriundos da celebração de um contrato de trabalho, seja ele escrito ou apenas verbal. O fato é que independente da forma na qual se apresenta o acordo, o cumprimento das obrigações por parte dos sujeitos da relação trabalhista é indispensável para a manutenção do vínculo empregatício.

2.8.1 Empregador

O empregador detém o poder de direção, de controle e de disciplinar o empregado no decurso de suas tarefas. Esses poderes surgem porque o empresário (representante da empresa) assume os riscos inerentes à atividade econômica.

Para Nascimento (2002, p. 203) a direção é a “faculdade atribuída ao empregador, em determinar o modo como a atividade do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida”.

Já Sussekind (2010, p. 278) descreve o poder diretivo como sendo prerrogativa da empresa em instituir as suas normas e regras próprias, que deverão reger a organização e o funcionamento da entidade; além de apresentar os métodos de execução das suas atividades.

O controle, segundo Nascimento (2010, p. 206), está ligado ao direito de fiscalização do empregador no transcorrer das tarefas profissionais do funcionário. O autor cita como exemplo de fiscalização, a obrigatoriedade do registro do ponto, bem como a possibilidade de instalação de câmeras nos ambientes de trabalho.

O poder de disciplinar diz respeito à aplicação de sanções punitivas ao empregado quanto este violar alguma norma na qual é subordinado.

Em contrapartida a obrigação primordial do empregador é o pagamento de salário. Porém além do salário devido, a empresa deve dispor de condições estruturais mínimas e acima de tudo respeitar os princípios éticos de dignidade humana, como cita Maranhão (2000, p. 261):

O empregador tem, ainda, a obrigação de dar trabalho e de possibilitar ao empregado a execução normal de sua prestação, proporcionando-lhe os meios adequados para isso. E, acima de tudo, tem o empregador a obrigação de respeitar a personalidade moral do empregado na sua dignidade absoluta de pessoa humana.

A CLT (art. 483) apresenta alguns atos que ferem a honra e dignidade da pessoa humana, a que se refere o autor acima:

a) Exigir do empregado serviços superiores às suas forças, ou que contrarie os bons costumes;

c) Praticar ato lesivo a honra e a boa fama, contra o empregado ou a sua família;

d) Agressão física (salvo em legítima defesa).

O artigo mencionado também prescreve que o empregado poderá reincidir o contrato de trabalho e pleitear (exigir) as devidas indenizações no caso de algum desses itens sejam infringidos pelo empregador.

2.8.2 Empregado

Os direitos fundamentais do empregado estão compilados no art. 7º da Constituição Federal de 1988, onde se destacam os seguintes pontos:

a) Relação de trabalho protegida contra dispensa arbitrária ou sem justa causa;

b) No caso de dispensa sem justa causa, é assegurado o direito ao seguro-desemprego e outras verbas indenizatórias;

c) FGTS;

d) Salário mínimo fixado em lei;

e) Piso salarial proporcional a categoria de trabalho; f) Irredutibilidade salarial;

g) Décimo terceiro salário; h) Adicional noturno; i) Horas extras;

j) Jornada de trabalho máxima de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, salvo disposições de acordos ou convenções coletivas (ex: compensação de horas);

k) Repouso semanal remunerado;

l) Férias anuais e mais um terço do que o salário normal; m) Licença gestação e licença-paternidade;

n) Redução dos riscos inerentes ao trabalho, através de normas de saúde, higiene e segurança;

p) Aposentadoria.

Por sua vez, a obrigação essencial do empregado é de prestar os serviços para o qual foi contratado, submetendo-se ao poder de comando ou subordinação jurídica do empregador. Para Sussekind (2010, p. 208) o empregado deve “obedecer às ordens e instruções do empregador, expedidas com respeito ao contrato, à lei e a outras fontes de direito incidentes sobre a relação de trabalho”.

É também um dos deveres do empregado, agir com boa-fé no ambiente de trabalho, não cometendo atos que prejudiquem a empresa ou que atentem contra a hora e a boa fama de qualquer pessoa. A CLT menciona algumas condutas que vão de encontro à boa-fé do empregado, no art. 482:

a) Ato de improbidade;

b) Incontinência de conduta ou mau procedimento;

c) Negociação por conta própria ou sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa que trabalha; d) Desídia no desempenho das respectivas funções;

e) Embriaguez habitual ou em serviço; f) Violação de segredo da empresa;

g) Ato de indisciplina ou de insubordinação; h) Abandono de emprego;

i) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado contra qualquer pessoa;

j) Prática constante de jogos de azar.

Destaque para dois termos que não são do senso comum: Improbidade e Desídia.

A palavra improbidade, segundo Sussekind (2010, p. 349), tem origem do latim probus (honesto) do qual resultou probitate (probidade) e significa a prática, por ação ou omissão, que comprometa a honestidade do trabalhador (ex.: furto). Lacerda (1999, p. 383) conclui “improbidade traduz-se em quatro espécies de ações delituosas: desonestidade, abuso, fraude e má-fé”

O termo desídia tem relação com a negligência ou imprudência do empregado no exercício de suas tarefas (ex.: redução da produção, da qualidade do

serviço/produto, perturbação da ordem do ambiente de trabalho). Sussekind (2010, p. 352) descreve desídia como sendo uma série de atos reveladores de falta de comprometimento do empregado para com os seus deveres e cita como exemplo a indolência, preguiça ou desleixo.

A incontinência de conduta ou mau procedimento não é um item auto- explicativo, por isso se faz importante a observação de Carrion (1949) quando menciona que a figura do mau procedimento é tão ampla que deveria abranger todos os outros itens do art. 482; e serve para focalizar qualquer ato do empregado que impossibilite a continuação do vínculo empregatício, desde que não se encaixe em nenhum dos outros aspectos do referido artigo.

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