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O conceito defendido por Sussekind (2010, p. 465) enumera que a jornada normal de trabalho é o tempo previsto no contato de trabalho, conforme os limites delimitados em lei e outras fontes de direito, para a execução dos serviços contratados e ainda se descartando o trabalho extraordinário.

Corrobora Martins (2009) que a jornada de trabalho consiste no tempo efetivamente trabalhado, no tempo à disposição do empregador e do tempo in itinere.

Constata-se então que existem três teorias a respeito da definição de jornada de trabalho.

A primeira corrente defende que ficam excluídas as interrupções da atividade do empregado. Nascimento (2002, p. 271) faz critica a essa teoria, pois segundo o autor há paralisações remuneradas que são incluídas na jornada e cita o exemplo do trabalho do mecanógrafo. O trabalho de mecanografia é abordado pelo art. 72 da CLT:

Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 (noventa) minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 (dez) minutos não deduzidos da duração normal de trabalho.

O tempo a disposição do empregador na concepção de Nascimento (2002, p. 271), é uma doutrina pautada na idéia de que a jornada de trabalho se inicia no instante que o empregado chega ao centro de trabalho.

O centro de trabalho não é sinônimo de local de trabalho, pois existem algumas atividades em que os dois ambientes se distinguem. Nascimento (2002, p. 272) exemplifica essa situação quando refere que “os trabalhadores de minas têm o local de trabalho aquele em que no subsolo passam a exercer a sua atividade, mas como centro de trabalho aquele que chegam antes de descer ao subsolo”.

A terceira e ultima teoria defende o conceito do tempo in itinere. Sussekind (2010, p. 471) traduz a expressão in itinere como sendo o tempo desprendido pelo empregado no trajeto de ida e volta da sua residência até o local de trabalho, em transporte fornecido pelo empregador. Logo, essa doutrina considera também para fins de determinação da jornada de trabalho, o tempo gasto pelo empregado no

deslocamento para ao local de trabalho e a volta para sua residência no final do turno.

Em termos legais a segunda teoria é a que prevalece no Direito do Trabalho brasileiro, ou seja, o tempo a disposição do empregador. Essa determinação pode ser localizada no art. 4º da Consolidação das Leis do Trabalho “Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.”.

Porém existe uma exceção prevista no parágrafo 2º, do art. 58, da CLT; que considera o tempo in itinere como válido na hipótese do centro de trabalho ser de difícil acesso ou não exista transporte público (ex.: ônibus) que atenda o local:

o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução.

A jornada de trabalho normal ou ordinária para os empregados privados não deve exceder 08 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) horas semanais, conforme prescrição do inciso XIII, art. 7º, da CF/88: “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais”. O mesmo inciso ainda faculta a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva.

Além da jornada de 44 horas semanais ou 220 mensais, existem algumas categorias profissionais que possuem carga horária reduzida prevista em lei. Enquadram-se nesse caso os bancários, que segundo o art. 224 da CLT tem a duração normal do trabalho não superior a 6 (seis) horas diárias, perfazendo um total de 30 (trinta) horas por semana ou 180 horas mensais. Já o jornalista não poderá exceder a 5 (cinco) horas de trabalho por dia (art. 303 da CLT). A Consolidação não é o único instrumento que regulamenta essa questão, cita-se o exemplo da Lei nº 8.856 (1º de março de 1994), que fixou a jornada de trabalho dos Profissionais Fisioterapeutas e Terapeuta Ocupacional em 30 horas semanais.

Para Barros (2003) é licita a realização de jornadas com durações reduzidas, entretanto o salário contratual (salário mínimo ou piso salarial) é proporcional ao valor que seria devido para uma jornada normal.

A compensação de horas é um dispositivo advindo da Lei nº 9.601/98 e modificado pela Medida Provisória (MP) n º 1.709/98, que conforme Sussekind (2010, p.467), admitiu a compensação de jornadas (banco de horas) mediante a pactuação em convenção ou acordo coletivo. As horas excedentes de um ou mais dias, são compensadas com a respectiva diminuição em outro(s) dia(s). A compensação de jornada deve respeitar o limite máximo de dez horas diárias e possui um período de 01 ano para ser realizada.

Quanto ao horário do dia em que o serviço é prestado existem dois tipos de jornadas, a diurna e a noturna. Segundo Nascimento (2002, p. 279), a jornada será diurna quando ocorrer no período entre 05 (cinco) e 22 (vinte e duas) horas da noite, e consequentemente será noturna quando se enquadrar na faixa entre 22 e 05 horas da manhã seguinte.

O trabalho noturno, salvo para as empresas que por sua natureza prestam serviços nesse horário (ex.: vigilância), deverá ter a sua hora remunerada a maior que o valor da hora diurna. Consta no art. 73 da CLT que a hora noturna deverá ter no mínimo um acréscimo de 20 % (vinte por cento) em relação à diurna e a duração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.

2.11.1 Horas extraordinárias

Para Nascimento (2002, p.286) horas extraordinárias ou horas suplementares são aquelas que ultrapassam a jornada normal estipulada por força de lei, convenção e acordo coletivo, sentença normativa ou contrato de trabalho.

O art. 61 da CLT prevê os fatores que podem justificar a necessidade de prorrogação da jornada normal;

Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.

Martins (2009) trata o motivo de força maior como sendo um acontecimento inevitável, imprevisível, para o qual o empregador não deu causa, direta ou indiretamente; e exemplifica: casos de incêndio, inundações, terremoto, furacão etc.

O parágrafo 1º, art. 61, da CLT; prevê que nesse caso a ampliação da jornada poderá ser exigida independentemente de autorização do acordo coletivo, desde que a SRTE seja comunicada em um prazo de 10 (dez) dias. A hora extra será superior a 25 % (vinte e cinco por cento) da hora normal e não excedente a 12 (doze) horas (§ 2º, art. 61, CLT).

O empregador pode solicitar ao empregado a realização de horas extraordinárias com o intuito de concluir serviços inadiáveis ou serviços que acarretam prejuízos caso deixem de ser executados. Martins (2009) cita como exemplo desses serviços o acondicionamento de produtos perecíveis. O autor explica que interrupção da jornada no prazo normal poderá provocar a perda do produto.

A realização de horas suplementares por necessidade de serviço deve preceder de consentimento do empregado e a ele será devido um adicional não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da hora normal de trabalho, conforme deliberação do art. 7º (inciso XVI) da Constituição Federal de 1988, ou o valor acordado em convenção/acordo coletivo.

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