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CAPÍTULO II – DIREITOS HUMANOS

3.2 Direitos fundamentais e suas dimensões

3.2.3 Direitos fundamentais de terceira dimensão

Tendo em vista os feitos e acontecimentos havidos após a Revolução Francesa que pregava como liberdades humanas a igualdade e fraternidade, é sabido que neste momento de estudo dos direitos fundamentais em sua terceira dimensão há enorme ocorrência de sentimento de irmandade o que satisfaz o ser humano enquanto único individuo que busca seu lugar ao mundo e alimenta seu ego como titular de direitos. Sente-se assim útil à sociedade e

busca nesse momento a defesa de direitos do todo e não mais de seu cunho individual, neste momento há uma busca pela defesa dos direitos do povo enquanto tido como nação.

É em suma uma maneira de estreitar as relações e minimizar a distância entre as pessoas não havendo de certo modo barreiras físicas ou econômicas. Nada mais é do que um modo de enxergar as dificuldades entre países em desenvolvimento e os desenvolvidos.

Assim é que se podem mencionar como exemplos, os direitos advindos dessa terceira dimensão de direitos fundamentais, como por exemplo, os direitos que temos ao desenvolvimento sustentável financeiro, ambiental e humano, obviamente não fica de fora o direito à paz entre as nações e povos dos mais diversos e longínquos, também o direito de defesa ao patrimônio histórico da humanidade e de propriedade privada, pois todos podem adquirir seu patrimônio e tê-lo protegido pelo direito positivo para que ninguém possa interferir. Há também o direito de expressão, comunicação de diversos modos, direito a falar e criticar em um modo democrático.

Diante do exposto é que ensina sobre isso a doutrina de Sarlet que, segundo preleciona Ingo Wolfgang Sarlet, quanto a positivação desses direitos:

a maior parte desses direitos fundamentais da terceira dimensão ainda não encontraram seu reconhecimento na seara do direito constitucional, estando, por outro lado, em fase de consagração no âmbito do direito internacional, do que dá conta de um grande número de tratados e outros documentos transnacionais nesta seara” (2007, p. 117).

Apressadamente, pode-se dizer que essa fase dos direitos fundamentais busca nada mais, senão o desenvolvimento enfrentando-se qualquer barreira para sua real efetivação. “Pode-se afirmar que essa geração reconhece seus direitos fundados no princípio da solidariedade” (BONAVIDES, 2005, p. 561).

4 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Como se sabe a história da humanidade foi marcada por absurdos humanitários. Onde imperava o poder e o reinado. Não havia lugar para manifestações nem para liberdade de expressão, assim como não havia lugar para que se falasse em direitos humanos. Uma das poucas coisas que vigiam na antiguidade era o direito a propriedade e mesmo assim era muito relativo. A partir de revoluções de burgueses contra o poder imperativo do Estado, houve um abrandamento por parte do Estado permitindo a entrada de mais manifestações acerca dos direitos humanos. Mas o momento mais correto que se pode afirmar ter havido a entrada dos direitos humanos com fidelidade é a partir do século vinte. Mais especificamente com a criação da Organização das Nações Unidas.

A Declaração é o ponto de partida da construção do atual sistema internacional de proteção aos direitos humanos. Nesse sentido, suas normas são percebidas como o parâmetro mínimo de proteção da dignidade humana, a ser observado por todos os povos do mundo e efetivado por indivíduos e entidades publicas e privadas, internacionais e nacionais (PORTELA, 2015, p. 837).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos considera todos os direitos humanos em sua unidade, pois os direitos humanos econômicos, sociais e culturais não são de maneira alguma de segunda classe. Mais do que isso, o direito à educação ou à alimentação é considerado um pré-requisito para a percepção dos direitos políticos. A declaração formalmente reconheceu esses dois tipos de direitos, onde os civis e políticos estão mais atrelados, as liberdades individuais e os econômicos, sociais e culturais, estão mais atrelados ao ideal de igualdade social, a Declaração Universal dos Direitos Humanos firmou uma concepção de direitos humanos que entende que não dá para priorizar um desse tipos de direitos. Por conseguinte, não se podem separar dos direitos humanos, ou seja, não tem como realizar a liberdade dos indivíduos em um contexto que não prioriza a igualdade social e não tem como ter igualdade social se esses indivíduos não forem livres. Essa é uma empreitada que se faz em reciprocidade.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada por unanimidade e sem qualquer reserva ou questionamento. Consolida a afirmação de uma ética universal, consagra um consenso sobre valores de cunho universal a serem seguidos pelos Estados. Essa declaração não possui reserva, ou seja, ela foi aprovada por unanimidade e sem reserva. Consagra um consenso sobre valores, é importante essa carga valorativa da declaração universal, ela é um conjunto de normas que expressa valores e é justamente nesse sentido que ela é um dos instrumentos de ruptura com o positivismo de reaproximação entre o direito e moral.

A declaração exalta, principalmente, a dignidade da pessoa humana como preceito básico para todas as comunidades internacionais.

A Declaração é baseada em princípios que orientam a aplicação do Direito Internacional dos Direitos Humanos como um todo, como o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis como o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; o fato de que o desrespeito pelos direitos do homem resultou em atos bárbaros; o entendimento de que a proteção da liberdade e do bem-estar do ser humano adquiram o caráter de prioridade na ordem internacional; e o compromisso dos Estados e das Nações Unidas em promover a aplicação dos direitos humanos (PORTELA, 2015, p. 837).

Essa declaração, estabelece como já dito, uma série de questões a serem cumpridas pela sociedade, isso porque não é apenas o poder público o detentor desse desenvolvimento de políticas relacionadas ao ser humano, mas todos estão ou devem estar engajados nesse sentido.

As disposições da carta de direitos humanos, foram introduzidas no Brasil por meio da Constituição Federal de 1988 ao inserir direitos fundamentais como inalienáveis e vedados a qualquer intervenção estatal, justamente na parte de direitos e garantias fundamentais do ser humano.