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Diretrizes Para Controle do Vetor No Brasil

12 CASOS SUSPEITOS DE DENGUE GRAVE

4.7 Diretrizes Para Controle do Vetor No Brasil

O controle da doença, historicamente, está diretamente ligado às estratégias traçadas para o combate ao vetor, mesmo que por conta de outras doenças. No início do século passado, quando o Governo Brasileiro iniciou uma ofensiva contra o A. aegipty, o foco não era a dengue, mas a febre amarela urbana. As intensas e combinadas ações levaram o Brasil à condição de país livre da presença do vetor na segunda metade da década de 1950.

Passadas duas décadas, o arrefecimento nas ações de controle, adicionado às novas condições socioambientais pelas quais o país passava, decorrentes do acelerado processo de urbanização, contribuíram para que o vetor fosse reintroduzido no país, sendo responsável por inúmeras epidemias de dengue nas diferentes regiões. Desde então, os governos Federal, estaduais e municipais promovem ações de combate ao A. aegipty que, além da febre amarela urbana e dengue, é responsável pela transmissão do Zica vírus e da Chikungunhya. Braga e Valle (2007, p. 117) afirmam que,

Em 2002, foi implantado o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que dá continuidade a algumas propostas do PIACD e enfatiza a necessidade de mudanças nos modelos anteriores, inclusive em alguns aspectos essenciais, como: 1) a elaboração de programas permanentes, pois não há qualquer evidência técnica de que a erradicação do mosquito seja possível a curto prazo; 2) o desenvolvimento de campanhas de informação e de mobilização da população, de maneira a se promover maior responsabilização de cada família na manutenção de seu ambiente doméstico livre de potenciais criadouros do vetor; 3) o fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica, para ampliar a capacidade de predição e detecção precoce de surtos da doença; 4) a melhoria da qualidade do trabalho de campo no combate ao vetor; 5) a integração das ações de controle da dengue na atenção básica, com a mobilização do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e do Programa

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Atualmente o Ministério da Saúde não trabalha mais na perspectiva de combate, mas sim de controle da doença que se tornou endêmica no país.

Saúde da Família (PSF) 6) a utilização de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis comerciais, casas abandonadas etc.; 7) a atuação multissetorial, no fomento à destinação adequada de resíduos sólidos e à utilização de recipientes seguros para armazenagem de água; e 8) o desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, Estados e Municípios. Todavia, as intervenções são, em diversos aspectos, reconhecidamente de difícil implantação, decorrentes das características da doença, que transcende o setor de saúde. Algumas outras ações, entretanto, são de responsabilidade imediata dos gestores de saúde locais e potencialmente capazes de produzir mudanças efetivas no quadro atual, dando ênfase para a redução da letalidade dos casos de dengue com complicação e de febre hemorrágica da dengue (BRASIL, 2009).

Há de se destacar, porém, que esta é uma responsabilidade que deve ser partilhada com os estados e com a União. De acordo com Brasil (2009, p. 97),

Na esfera federal, foi instituído o Grupo Executivo Interministerial, que tem como objetivo a implementação de medidas intersetoriais, para a redução dos fatores determinantes da infestação do Aedes aegypti e visando à prevenção e ao controle de epidemias (Portaria Interministerial, n° 2.184, de 10 de outubro de 2008). O grupo conta com representantes dos Ministérios da Saúde, Cidades, Defesa, Educação, Integração Nacional, Justiça, Meio Ambiente e Turismo, Casa Civil e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. É recomendável que estados e municípios também criem seus grupos intersetoriais, uma vez que os determinantes e condicionantes ambientais, políticos e sociais que interferem diretamente no enfrentamento do problema devem ser considerados, e corresponsabilizados no enfrentamento do problema, o qual, equivocadamente, tem sido apontado unicamente para o setor saúde.

Sobre as ações de informação sobre a dengue, Brasil (2002, pp. 17-18) afirmou que,

O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) também prevê a veiculação permanente de campanhas informativas alertando sobre os riscos da proliferação do mosquito e ensinando como evitar focos nas residências. Outra novidade do PNCD é a inclusão de ações de educação em saúde e mobilização social nas atividades de trabalho dos agentes comunitários de saúde e equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Eles orientarão as famílias sobre as formas de prevenção da dengue, a eliminação dos criadouros e como proceder se surgirem sintomas da doença. [...]. Outra importante inovação é que o Ministério da Saúde, por meio da Funasa, estimulará a reciclagem de pneus, que costumam ser focos do Aedes aegypti quando acumulam água parada.

Estudo realizado pelo CONASEMS (2010, p. 63) revelou a importância das campanhas institucionais desenvolvidas pelo Ministério da Saúde para a conscientização da sociedade quanto à dengue.

O Ministério da Saúde realizou em 1.200 municípios uma pesquisa que, dentre seus vários objetivos, se propunha identificar o grau de receptividade da população em relação às campanhas institucionais desenvolvidas por esse órgão. Uma das constatações importantes deste estudo, aferida pela técnica de recall espontâneo, é que 17% das pessoas entrevistadas relatam terem visto a campanha de dengue em algum meio de comunicação. Este dado é significativo, pois este percentual é inferior somente a da Campanha de Vacinação Infantil que alcançou 19%, e superior a outras campanhas tradicionais como a de vacinação de idosos, uso de camisinha e prevenção do câncer de mama entre outras. A partir desses resultados, as campanhas de prevenção da dengue aparentam, pelo menos nesta amostragem, ter uma boa visibilidade por parte da população. Outro importante achado que reforça a visibilidade das campanhas é o fato de que 82% da população desta amostra considera-se muito informada ou informada sobre a dengue. Esse percentual chega a 84% entre os indivíduos que declararam que tiveram dengue ou com algum parente próximo que também teve a doença, reconhecendo inclusive a gravidade do problema implicando em risco de vida.