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4.1 REGULAMENTO DISCIPLINAR

4.1.2 Disciplina

Conforme extraído do vernáculo digital Michaelis ([ca 2010], grifo nosso), dentre suas diversas definições, disciplina significa:

1 Instrução, ensino e educação que a criança recebia do mestre.

2 Regime de submissão às normas ditadas pelos superiores.

3 Observância estrita das regras e regulamentos de uma organização civil ou estatal.

4 Comportamento exemplar.

5 Área de conhecimento ensinada ou estudada em uma faculdade, em um colégio etc.; matéria.

6 Obediência às normas convenientes para o bom andamento dos trabalhos.

O dever de respeitar as regras emanadas por autoridade superior hierárquica é obrigação, e todo aquele agente público que não cumprir ou não observar tal preceito legal, fica sujeito a responsabilização administrativa, criminal e cível.

crime militar é a infração penal prevista na lei penal militar que lesiona bens ou interesses vinculados a destinação constitucional das instituições militares, as suas atribuições legais, ao seu funcionamento, a sua própria existência, e no aspecto particular da disciplina, da hierarquia, da proteção a autoridade militar e ao serviço militar." (LOBÃO, 2011 apud WONDRACEK; WIGGERS, 2018)

Não há dúvidas em relação a aplicação do regramento oriundo dos princípios da hierarquia e da disciplina, pois como visto acima, há previsão legal.

No que tange os processos e procedimentos administrativos, temos descritos do inciso LIV ao LVI do art. 5º, dos direitos e garantias fundamentais, essa é a base constitucional que protege o administrado contra arbitrariedades estatais, vejamos:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;. (BRASIL, CRFB, 2020)

Os processos e procedimentos administrativos não ficam limitados às garantias contidas incisos supra citados, Além do devido processo legal, o contraditório a ampla defesa e a inadmissibilidade de provas ilícitas, o administrado deve ser tratado como inocente, durante o andamento do processo, ter direito ao silêncio e a um juiz natural. Desse modo, o processo e procedimento administrativo, passam a ter elementos mínimos constitucionais. A Revista de Direito Administrativo & Constitucional (2007, p. 15), aduz que a Administração Pública não pode aplicar sansões punitivas em detrimento do exercício do poder disciplinar a quem é conferido

sem que possibilite amparo constitucional no tocante as garantias e direitos contidas no art. 5º LV da CF.

A mesma revista ressalta a importância da aplicação dos direitos e garantias constitucionais “Só aquele que efetivamente conhece o processo em sua complexidade (prescrição, juiz natural, devido processo legal, contraditório e ampla defesa) — o advogado — haverá de desempenhar um trabalho que homenageie os direitos fundamentais.” (Revista de Direito Administrativo & Constitucional 2007, p. 15). Para Barcellar Filho (2013, p. 51), “A opção constitucional pelo ‘processo

administrativo’ ultrapassa as fronteiras de uma mera preferência terminológica. Comporta conhecimento expresso da exigência do regime jurídico processual nas atividades administrativas delimitadas pela Carta Magna”

Figueiredo (2003, p. 422), alerta os casos em que haja acusados em processo crime, os princípios do processo penal devem ser observados: Presunção de inocência, verdade real, oficialidade, in dubio pró réu, inadmissibilidade de provas obtidas por meio ilícito, retroatividade da lei mais benigna e necessidade de defesa técnica. Da mesma forma quando na esfera cível deve-se aplicar os princípios que norteiam o processo civil, princípio da isonomia, celeridade processual, juiz natural e lealdade processual.

Consoante esses direitos e garantias, compete a cada ente federativo o dever de legislar sobre normas de processo administrativo. No âmbito federal foi editada a lei 9.784/1999 que regula os processos administrativos no âmbito da administração federal, no entanto, tal lei estabelece regras gerais, cabendo aos demais órgãos do âmbito federal a incumbência de editar suas próprias leis, conforme observamos no artigo primeiro da referida lei:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

§ 1º Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. (BRASIL, lei 9.784, 2020, grifo nosso)

O artigo 69 da lei supra citada frisa na necessidade dos órgão e entidades da administração direta ou indireta federal, a edição de leis próprias para aplicar seus administrados, “Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-

se por lei própria, aplicando-se lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.” (BRASIL, lei 9.784, 2020).

Ocorre que alguns entes da Administração Pública, estaduais ou municipais, não possuem leis próprias, sendo necessário a utilização de forma subsidiária do código de processo civil, que prevê no artigo 15 a possibilidade da aplicação das normais contidas no referido dispositivo caso o ente federativo não possua lei própria, “Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” (BRASIL, CPP, 2020, grifo nosso).

5 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR MILITAR DA PMSC

O Processo Administrativo Disciplinar Militar da Polícia Militar de Santa Catarina, que por suas peculiaridades no que tange seus agentes póblicos, tem um rito especial em relação aos demais processos administrativos disciplinares adotados por demais órgãos públicos, como por exemplo, o servidor público civil do Estado de Santa Catarina é regido pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado de Santa Catarina, que tem no seu Capítulo III, as definições relacionadas ao regime disciplinar, tendo em seu artigo nº 135 as definições básicas de infração disciplinar, vejamos:

Constitui infração disciplinar toda a ação ou omissão do funcionário que possa comprometer a dignidade e o decoro da função pública, ferir a disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiência dos serviços públicos ou causar prejuízo de qualquer natureza à Administração.

Parágrafo único. A infração disciplinar será punida conforme os antecedentes, o grau de culpa do agente, bem assim os motivos, as circunstâncias e as consequências [sic] do ilícito. (SANTA CATARINA, Lei nº 6.745, 2020)

Todavia, o regime disciplinar da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, tem origem pautada pelas seguintes normas: Lei nº 6.218, de 10 de fevereiro de 1983 – Estatuto dos Policiais Militares do Estado de Santa Catarina, Decreto nº 12.112, de 16 de setembro de 1980 – Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Santa Catarina e a Portaria nº 009/PMSC, de 30 de março de 2001 – Regulamento de Processo Administrativo Disciplinar da Polícia Militar de Santa Catarina. Faremos adiante, uma breve explanação dessas normas para poder identificar suas peculiaridades.

5.1 LEI Nº 6.218, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1983 – ESTATUTO DOS POLICIAIS

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