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De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, com relação a variável EEB observou-se que para o grupo de idosas a tendência ao longo do tempo não difere significativamente, ou seja, a cirurgia de catarata não melhorou – nem piorou – o equilíbrio estático e dinâmico delas. Em 100% das idosas, o teste EEB comprovou que neste curto período de tempo (após 60 dias de cirurgia) a cirurgia de catarata não contribuiu em nada no balance das pacientes, resultados não concordantes com outros estudos (OVERSTALL et al., 1977; BARNETT et al., 2003).

Por outro lado, no grupo dos idosos, aos 60 dias, houve um acréscimo de 1,33 pontos no EEB que foi significativamente maior quando comparado ao basal (p = 0,0036). Este resultado foi esperado, pois observou-se que os idosos tiveram idades mais avançadas que as idosas. Dentre as 15 idosas, as idades variavam de 60 a 71 anos; dentre os homens, as idades variavam de 67 a 87 anos. Fato comprovado por idosos procurarem os serviços médicos mais tardiamente que as idosas (CALDAS et al., 2013). Assim, sabe-se que quanto mais velho o indivíduo maior dificuldade de equilíbrio ele vai ter, por conseguinte, como os idosos tem idades mais avançadas era de se esperar que tivessem resultados inferiores relacionados ao equilíbrio estático e dinâmico em relação às idosas. Esses resultados são compatíveis com os estudos de Overstall et al. (1977) e Barnett et al. (2003).

O idoso com disfunção visual em consequência de catarata desenvolve outros mecanismos compensatórios a fim de realizar sua AVD. No entanto, alguns tópicos propostos pelo EEB, tais como item 8: alcance à frente, 13: em pé com um pé na frente e 14: em pé com um pé só – foram comprovados como mais apropriados para detectar alterações funcionais no equilíbrio. Berg et al. (1992) mencionaram que esses três itens são mais difíceis para o idoso executar.

Destarte, o resultado do estudo mostra que há uma correlação entre diminuição da acuidade visual (capacidade de enxergar dentro de uma normalidade de 90% de visão saudável) e a performance do idoso no EEB. A utilização da EEB em pacientes idosos hospitalizados, diferente desse estudo, também contribuiu para esses resultados (LEE; SCUDDS, 2003). Outros estudos acharam associação similar entre o déficit visual e alterações funcionais do equilíbrio no idoso, mesmo

sendo aplicado outros testes: Performance Oriented Mobility Assessment (POMA) e o Teste de Equilíbrio de Tinetti (HUANG et al., 2006; OWSLEY e McGWIN, 2004).

Com relação aos resultados encontrados na variável SPPB, tem-se que para o grupo de idosos a tendência linear ao longo do tempo não difere significativamente, caracterizando que os valores médios de SPPB aos 30 e 60 dias não diferem do valor médio de SPPB no basal. Ou seja, para o grupo dos homens, verificou-se que, pelo teste SPPB, não houve benefício estatisticamente eficiente da cirurgia de catarata em relação ao equilíbrio e força de MMII. Por outro lado, no grupo das idosas essa tendência linear foi significativa, isto é, verificou-se que o valor médio de SPPB aos 30 dias apresentou um aumento significativo em relação ao basal e aos 60 dias houve um acréscimo que foi significativamente maior quando comparado ao basal (p < 0,0001). Isso comprova que a cirurgia de catarata melhorou o equilíbrio nas idosas após 30 e 60 dias de cirurgia.

Ainda, observou-se que as idosas mantinham uma rotina de atividade física com maior frequência que os idosos, o que demonstra uma provável melhora da força de MMII comprovada pelo SPPB. Ou seja, de 15 idosas, 9 praticavam atividade física entre 3 a 7 dias por semana; dos 15 idosos, 9 também praticavam atividade física entre 2 a 5 dias por semana; isto é, com uma frequência menor que as idosas. Estudos realizados indicam que a prática de atividade física regular pode aprimorar o equilíbrio de idosos, conforme observado naquele teste (CÔRTES; SILVA, 2005 e REBELATTO JR; CALVO; OREJUELA JR, 2005). A atividade física reduz o risco de quedas, uma vez que melhora as atividades cognitivas e promove um trabalho de reforço do sistema locomotor (BARNETT; SMITH; LORD, 2003 e BRUIN; MURER, 2007).

O medo de cair está associado com o declínio físico – incluindo o declínio visual – e funcional, na habilidade de realizar AVD, na alteração do equilíbrio e na marcha do idoso. Os estudos de Powell e Myers (1995) e de Tinetti, Richman e Powell (1995) sugeriram que a eficácia do controle do equilíbrio em relação às quedas, resultante de testes específicos, avaliaria completamente a performance do idoso, quando comparado às questões subjetivas e dicotômicas sobre o medo de cair. O teste FES-I-BRASIL foi abordado como um dos mais completos para avaliar o medo de quedas, principalmente nos itens 11, 14, 07, 15 e 04. Tais estudos apoiam- se numa amostra composta de idosos da comunidade, mostrando independência em suas rotinas, onde 35% deles praticam alguma atividade física.

Com relação aos resultados obtidos nesse trabalho à variável FES-I- BRASIL, e apoiando-se nos estudos mencionados acima, tem-se que em ambos os grupos de idosos e idosas os resultados ao longo do tempo não diferem significativamente ao nível estatístico, caracterizando que os valores médios do FES-I-BRASIL aos 30 e 60 dias mantiveram-se linear em relação aos valores basais. Esses resultados mostram que, no presente estudo, a cirurgia de catarata não beneficiou significativamente o medo de quedas dos indivíduos. Os resultados obtidos foram divergentes de alguns estudos, pois neste trabalho a maioria dos idosos (mulheres e homens) não apresentaram medo de cair.

Scheffer et al. (2008) relataram que mesmo os idosos que não sofreram quedas podem apresentar medo de cair. Estudos como os de Zijlstra et al. (2007) e de Fletcher e Hiredes (2004) revelam que a prevalência do medo de cair na população idosa, independente do gênero, varia de 20% a 85%. Nesse sentido, o medo pode ser protetor quando o idoso toma mais cuidado para não se expor ao risco, mas também pode ser um risco quando causa limitação e insegurança (CAMARGO, 2007; MARTIN et al., 2005).

Neste estudo, observou-se também que, dentre as 15 idosas, 9 sofreram mais de uma queda e dessas, 5 tinham medo de cair novamente. Entre os 15 idosos, 7 já caíram pelo menos uma vez e desses, 3 têm medo de recidivas. Arfken et al. (1994) demonstraram a relação que existe entre o medo de cair e o número de quedas sofridas pelo indivíduo, o que apoia o resultado obtido.

Por conseguinte, foi verificado que não houve relação estatisticamente significativa entre os idosos que sofreram quedas e tiveram medo de cair com a escolaridade, sobrepeso/obesidade, sua visão de felicidade e o gosto de ouvir músicas. Para tanto, pesquisou-se temas de artigos, em sítios científicos nacionais e internacionais (Lilacs, Scielo, Bireme, PubMed, etc.), com os descritores “música e quedas” e “sobrepeso/obesidade e quedas” e não se achou nenhum trabalho que comprove que a rotina em ouvir música causará algum benefício na prevenção de quedas ou que idosos acima de sua massa corpórea ideal possuam tendência a cair.

Por outro lado, um estudo realizado por Cordeiro (2001) demostrou a relação que existe entre alteração de equilíbrio em pacientes com Diabetes Mellitus tipo II, todos com sobrepeso/obesidade. Outros estudos, como os de Bazílio et al. (2010) e Pereira et al. (2010) comprovaram que existe relação entre a escolaridade do idoso

e as quedas, ou seja, quanto maior a escolaridade deles, menor o risco de cair, pois idosos com um nível educacional superior tendem a buscar informações sobre, por exemplo, como ter uma boa qualidade de vida na velhice ou uma longevidade saudável, o que com certeza ocorre prevenindo-se de quedas.

Além disso, uma pesquisa de Prata et al. (2011) entrevistou 78 idosos, com idade média de 72 anos. O percentual de pessoas com possível quadro de depressão foi de 21,8%. Eles concluíram que a tendência a estados depressivos encontrada na amostra, ou estados em que o indivíduo não se sente feliz consigo e com o meio em que vive, foi considerada alta, acima da média nacional observada em 1999, demonstrando que a associação entre o quadro de depressão e um maior número de quedas sofridas pelos participantes pode indicar a necessidade de maior atenção das políticas públicas ao problema. A ausência de medidas preventivas estaria ligada ao pior padrão de qualidade de vida relacionada à saúde.

Em suma, o presente estudo destacou-se por ser de fácil reprodutibilidade e de baixo custo, sendo embora limitado à população idosa com mobilidade preservada e independente de dispositivos que auxiliem na marcha. No entanto, é provável que a baixa significância estatística observada em alguns resultados, seja devido ao curto período de avaliação proposta.

Nesse sentido, deve-se estimular a comunidade científica quanto à importância de novas pesquisas relacionadas ao tema, porém, com um período de tempo maior.

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