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ESTUDO 1. Comportamento dos parâmetros temporais das forças reativas ao apoio

3.2.5 Discussão

O estudo teve como objetivo analisar a influência da composição corporal e da TMB sobre os parâmetros temporais e as taxas das FRA durante o caminhar de PM, controlando variáveis como a idade e as características da menopausa.

O comportamento da FRA registrada durante o caminhar sofre alterações significativas na mulher com o envelhecimento e a menopausa (Fonseca et al. 2013). À medida que a

idade avança, há

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um aumento da taxa LRv, durante o caminhar de PM, exigindo uma maior capacidade de

rapidamente suportar uma carga vertical externa mais intensa (Fonseca et al. 2013). As taxas das FRA são dados de grande relevância na análise do caminhar sendo, talvez, mais importante a sua análise do que a observação dos valores das forças, propriamente ditas, pois sinalizam uma maior ou menor capacidade de acomodação das cargas externas sobre os pés durante o ciclo do caminhar.

O presente estudo mostra que com o aumento da AVA e da MG a taxa de carregamento vertical sofre influência significativa. A taxa LRv, que é o parâmetro das FRA que descreve a rapidez com

que a força vertical aumenta durante a fase de transferência do apoio de um pé para o outro durante o caminhar, apresentou um comportamento negativo, menos vincado com o aumento da AVA e da MG em PM, provocando um carregamento menos vincado. Esses dados podem ser comparados ao estudo de McCrory et al. (2001) onde o grupo que sofreu uma artroplastia de quadril apresentou menor valor da taxa LRv no membro afetado do que no grupo controle sinalizando um

carregamento mais lento. A análise desses dados mostra que a AVA e a MG têm uma correlação inversa com a taxa LRv, onde o aumento dessas variáveis podem contribuir para a predição de

uma taxa menos acentuada, consequentemente mais lenta durante o caminhar de PM.

Com base nos valores de referência estabelecidos para a MME, MIG e TMB, foram comparados os valores médios dos parâmetros temporais biomecânicos e as taxas das FRA. Era esperado que face à presença de uma melhor condição muscular, MIG e dispêndio energético, a taxa LRv se

apresentasse mais acentuada. Porém, os resultados sugerem que com uma boa condição muscular e um gasto energético normal, a taxa LRv tende a ser menos acentuada nas PM. Um bom dispêndio

energético mostrou aumentar o tempo de carregamento, provocando uma diminuição da taxa LRv.

Esses dados permitem inferir que o aumento da TMB, MIG e da MME sinaliza uma diminuição do incremento da força vertical, sugerindo um carregamento mais cuidadoso, pois um melhor condicionamento físico tem associado um comportamento protetor maior das articulações. Com um sistema músculo esquelético mais desenvolvido, a taxa LRv das PM, atingem esse valor de

forma mais suave, sinalizando ser esse um efeito protetor das articulações dos membros inferiores durante o caminhar. A Tabela 3.3 reforça o achado, mostrando ser a MME a correlação mais importante das variáveis testadas. Portanto, os dados reforçam a necessidade de programas de exercício físico que melhorem a condição muscular, pois assim, podem proporcionar às PM um caminhar confortável, de modo a atingir esse parâmetro de maneira mais suave.

A taxa ULRv, que é o parâmetro da FRA que indica a rapidez com que a força vertical diminui

durante a fase de pré-suspensão, também apresentou uma correlação inversa significativa. Esse dado, talvez um dos mais importantes do estudo, só pode ser comparado com outros estudos (McCrory et al., 2001, Winiarski e Kucharska 2009, Stacoff et al., 2005, 2007, Larsen et al.,

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2008), os quais também analisaram a taxa ULRv durante o caminhar. As PM’s do estudo

apresentaram uma elevada taxa de AVA sinalizando ser essa variável uma influência significativa no comportamento da taxa ULRv, indicando provocar um descarregamento mais lento. Em

concordância com os dados do estudo, Winiarski & Kucharska (2009) também relataram uma diminuição significativa da taxa ULRv no grupo de adultos que sofreram reconstrução do

ligamento cruzado anterior. Após três estágios de terapia, o grupo alcançou resultados finais na taxa ULRv (6,7 BW/s), bem próximos ao encontrado no estudo (6,4 BW/s). Esse dado parece

confirmar o achado do estudo, onde a taxa ULRv das PM com acúmulo de AVA mostra ser bem

próxima à taxa dos indivíduos que sofreram intervenções cirúrgicas nos membros inferiores. Esse achado encontra reforço nos estudos de Stacoff et al. (2005, 2007) que encontraram taxas bem maiores no caminhar de idosas saudáveis (9,5 BW/s e 9,0 BW/s). Assim, o estudo sinaliza que as PM com acúmulo de AVA apresentam um maior cuidado na fase de pré-suspensão, efetuando um descarregamento mais lento, mais cuidadoso durante o caminhar. Esse também é um dado relevante que o estudo sugere ser considerado em programas de exercícios físicos específicos para a população em questão, na prevenção de possíveis quedas ao deslocar.

O excesso de peso provoca sobrecarga biomecânica nos membros inferiores contribuindo, em grande parte para patologia articular (Ko et al., 2010). Também interfere nos parâmetros temporais verticais da FRA do caminhar de PM. A relação entre os tempos das forças TFz1/TFz3

e TFz2/TFz3 apresentaram uma correlação positiva com a MG, sugerindo que com o aumento da

MG, a fase de transferência do apoio, bem como o intervalo de tempo até o início da fase final do apoio, aumenta a respectiva contribuição relativa para o intervalo de tempo que decorre entre o início do ciclo e o início da fase de pré-suspensão. Ou seja, em termos relativos, a fase final do apoio vai diminuindo com o aumento da MG. Desta forma, o estudo indica que o aumento da MG contribui para um relativo aumento do intervalo de tempo que decorre do início da fase de transferência do apoio e o início da fase final do apoio, ocasionando uma diminuição da fase de pré-suspensão no caminhar de PM. Esses dados mostram que as PM com uma elevada MG tendem a gastar mais tempo de apoio e uma retardada pré-suspensão, durante o caminhar. Os parâmetros temporais da FRA não foram tão sensíveis às variáveis idade, bem como as características da menopausa (tempo de menopausa, natureza da menopausa e terapia hormonal). O estudo também mostrou que o aumento da TMB, da MME e da MIG provocou um efeito inverso na relação entre as taxas LRv/ULRv, sugerindo uma acomodação das cargas externas

menos heterogenias durante o caminhar. A MME apresentou ser a variável de maior influência nesse parâmetro, mostrando a necessidade de uma maior proteção do sistema musculoesquelético para suportar as variações das cargas externas. A análise desse dado mostra que com um sistema

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musculoesquelético desenvolvido as PM, possivelmente, conseguem compensar as variações das cargas externas durante o caminhar com um menor stress para as articulações.

Esse estudo deve ser interpretado à luz de algumas limitações. Além das PMs apresentarem sobrepeso e com uma elevada taxa de AVA, elas apresentaram um IMME norma l. O estudo sugere que mais investigações sejam realizadas com PMs obesas com baixa e alta TMB e sem o uso de TH, bem como outros métodos de aferição da massa gorda.

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