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CAPÍTULO 2 – ESTUDO DESENVOLVIDO

8. Discussão dos Resultados

8.1. – PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS

Quando analisamos as respostas dadas pelos participantes neste estudo verificamos que, de um modo geral, os motivos estão relacionados com o desenvolvimento e melhoramentos das suas competências técnicas específicas, das modalidades que praticam. Sendo que os motivos relacionados com o seu estatuto exercem mecanismos menos importantes quando se pensa na decisão de praticarem atividades físicas e desportivas.

Ao analisarmos os resultados obtidos através da comparação entre o meio de residência e o tipo de atividades físicas praticadas, podemos verificar que o meio de residência influencia a prática de atividade física e desportiva. Os jovens residentes em meio rural, devido à pouca oportunidade, à pouca diversidade em termos de oferta e espaços disponíveis para prática atividades físicas e desportivas, dedicam-se de forma mais lúdica à prática das mesmas. No meio urbano, verificamos o oposto. A maior diversidade em termos de espaços e tipo oferta permite um maior e melhor envolvimento dos jovens no desporto de competição.

Quando olhamos em termos de atividades físicas e desportivas mais praticadas, podemos aferir que o futebol é, sem dúvida, a modalidade que mais cativa os jovens do sexo masculino e a dança é a atividade mais praticada pelas jovens do sexo feminino. Esta informação vai ao encontro de um estudo realizado no concelho de Bragança por Moreno, Ribeiro e Mourão-Carvalhal (S/D), onde a dança é preferida pelas raparigas e o futebol é a praticada em maior número por rapazes.

Tendo em conta a distribuição das atividades físicas e desportivas em função do meio de residência, percebemos a popularidade do futebol. Em termos competitivos, não existem diferenças quando pensamos em termos de envolvimento rural e urbano. É sem dúvida a atividade mais praticada, por jovens do sexo masculino. Quando olhamos para a prática de lazer, este tipo de prática é tendencialmente mais procurada por jovens do sexo feminino. Verificamos então que a dança é atividade física e preferida por estas jovens.

Analisando as respostas dadas pelos participantes ao QMAD, verificamos que a “Aprendizagem Técnica” é, independente do sexo, ano de escolaridade e meio, a motivação principal para a prática de atividades físicas e desportivas. Da mesma forma, o “Estatuto” é o fator motivacional menos importante quando se pensa na prática de atividades físicas e

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

desportivas. Os resultados obtidos são de certa forma idênticos aos encontrados num estudo realizado por Januário et al (2012). Num estudo realizado por Fonseca e Maia (2000), citado por Veigas et al., (2009), foi investigada a importância atribuída por crianças e jovens a um conjunto de motivos determinantes para praticarem desporto. Assim, verificou-se que a sua decisão de praticarem atividade desportiva competitiva estava relacionada com a tentativa de melhorar as suas competências para a prática.

Quando olhamos para os fatores motivacionais em função do sexo, observamos que independentemente do fator, os valores apresentados pelo sexo masculino têm importância superior aos apresentados pelo sexo feminino. Estes resultados são semelhantes ao estudo realizado por Januário et al (2012). O estudo realizado pelos autores anteriormente citados refere que “valores relativos às dimensões motivacionais em função do sexo dos inquiridos, permitiram verificar que o sexo feminino apresentou um valor médio menor na Aprendizagem Técnica/Fitness, Influência Extrínseca e Estatuto, quando comparado com o sexo masculino”.

Em termos de motivos propriamente ditos, as raparigas, referem que o “ter alguma coisa para fazer” é mais importante do que “estar em boa condição física”. Sendo este o motivo que consideram menos importante. Os rapazes dão mais importância ao “manter a forma” e menos importância a “viajar”.

No que diz respeito aos Fatores, tendo em conta o ano de escolaridade, podemos verificar que a “Aprendizagem Técnica” e o “Estatuto” são os fatores motivacionais mais e menos importante, respetivamente, quando se fala na prática de atividade física e desportivas. Ao analisarmos os principais motivos, verificamos que independentemente do ano de escolaridade, o motivo principal para a prática de atividades físicas e desportivas é o “fazer exercício”. É nos motivos menos importantes que existem algumas diferenças. Os jovens do 7º ano de escolaridade referem que o que menos importa para a prática de atividades físicas e desportivas é o “pretexto para sair de casa”; “viajar” é o motivo menos importante ao nível do jovens a frequentar o 8º ano de escolaridade e os jovens que frequentam o 9º ano referem que o “ser conhecido” é o que menos importa.

As motivações relacionadas com estatuto vão ganhando uma importância crescente à medida que vamos avançando no nível do ano de escolaridade.

Importa salientar que ao nível do ano de escolaridade, verificamos que existe uma relação estatisticamente significativa em dois dos seis fatores: “Estatuto” e “Trabalho de

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Equipa”.

Relativamente aos fatores, tendo em conta o meio de residência, voltamos a constatar que a “Aprendizagem Técnica” é a dimensão mais importante que o “Estatuto” é o fator motivacional menos importante. É neste último fator que existem valores estatisticamente significativos.

Foi unânime o principal motivo referido pelos jovens a residir em meio rural e meio urbano. Neste sentido, o “fazer exercício” é, sem dúvida, o motivo mais importante. No que diz respeito ao que menos importa, em função do meio de residência, os inquiridos dão pouco valor ao “ser conhecido”.

8.2. – NÃO PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS

Tendo em conta as respostas dadas pelos inquiridos ao questionário IMAAD, verificamos que de modo geral, os motivos estão relacionados com a falta de tempo para prática de atividades físicas e desportivas, sendo este o principal fator que impede estes jovens de terem uma cultura desportiva mais desenvolvida. Os motivos relacionados com a estética são considerados os menos relevantes, quando os questionamos porque qual o motivo para não praticarem atividades físicas e desportivas.

Ao analisarmos a caracterização feita aos jovens que não praticam atividades físicas e desportivas, a maioria refere que já praticou atividades físicas e desportivas e que atualmente já não o faz – apenas uma pequena percentagem afirma que nunca praticou.

Independentemente do meio de residência, esta situação é unânime. Um dos principais motivos para a não prática é “as modalidades existentes não são as que mais gostam”. Isto mostra que perto da sua área de residência, existia uma determinada oferta desportiva do interesse dos jovens que, atualmente, por diversas razões, já não existe. O que leva a que não pratiquem atividades físicas desportivas. Ainda que grande parte dos jovens se sinta motivado pela disciplina de Educação Física.

No caso dos jovens residentes em meio rural, esta situação deve-se essencialmente ao facto de existirem poucas possibilidades em termos de prática. Ou seja, a realidade em termos de espaços físicos é limitada, apesar da maior liberdade para explorar o meio envolvente. No meio urbano, apesar uma oferta de espaços para a prática ser maior, existe também uma maior oferta em termos de outras atividades, verificando-se ainda que a liberdade para explorar o meio envolvente é menor. No fundo isto são fatores que condicionam em muito a prática de atividades físicas e desportivas destes jovens.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Tendo em consideração a análise estatística, podemos observar que os principais fatores para a não prática de atividades físicas e desportivas são a “Falta de Tempo” e “Desinteresse pelo Exercício Físico”. Estes resultados seguem a linha de investigação de Fernandes, Lázaro, Vasconcelos-Raposo (2005).

Analisando as respostas dadas pelos participantes neste estudo ao IMAAD, verificamos que a “Falta de Tempo” é, independente do sexo, ano de escolaridade e meio, o fator principal para a não prática de atividades físicas e desportivas. A “Estética/Insatisfação” é o fator motivacional menos importante quando se pensa na não prática de atividades físicas e desportivas. Estes resultados são semelhantes aos que têm sido referenciados na literatura, nos estudos sobre motivação (Fernandes, Lázaro, Vasconcelos-Raposo 2005).

Quando olhamos para os fatores motivacionais em função do sexo, observamos que os valores apresentados pelo sexo feminino têm importância superior aos apresentados pelo sexo masculino, exceção feita ao fator “Desinteresse pelo Exercício Físico”.

Em termos da importância dada é unânime, em termos de sexo, que o motivo principal é a “falta de tempo”; “o desporto não traz benefícios” é o motivo que menos importa.

Ao nível do ano de escolaridade, em termos de fatores, podemos verificar que a “Falta de Tempo” é a dimensão motivacional mais importante, sendo este fator o mais apontado nos alunos em ano terminal de ciclo (9ºano). A importância dos estudos e a realização de exames a nível nacional é provavelmente uma das causas para essa falta de tempo nos alunos que se encontram no ano terminal (9º ano). A dimensão menos importante é a “Estética/Insatisfação”, sendo que nos alunos de 9º ano este fator é menos importante relativamente aos de anos de escolaridade inferior. Importa salientar que ao nível do ano de escolaridade, verificamos que existe uma relação estatisticamente significativa em dois dos seis fatores: “Falta de Tempo” e “Estética/Insatisfação”.

Conseguimos verificar, em termos do 8º ano e 9º ano de escolaridade, que a “falta de tempo” é o motivo mais importante, enquanto que ao nível de 7º ano o “têm outras coisas para fazer” é o motivo mais importante para a não prática de atividades físicas. Em termos de motivo menos importante e independente do ano de escolaridade, “o desporto não traz benefícios” foi o mais apontado.

Conseguimos verificar que os jovens de anos de escolaridade mais baixos dão mais importância aos motivos relacionados com a dimensão Estética/ Insatisfação.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

que a “Falta de Tempo” é a dimensão mais importante que a “Estética/Insatisfação” é o fator motivacional menos importante. É de realçar que existem valores estatisticamente significativos em quatro das cinco dimensões. O único fator onde esta relação não é visível é na “Falta de Tempo”.

Enquanto no meio rural o motivo mais importante é a “falta de instalações desportivas”, a “falta de tempo” representa o aspeto mais importante nos jovens de meio urbano. “Há poucas possibilidades de prática” e a “falta de informação” são os motivos que menos importam aos jovens do meio rural e urbano, respetivamente.

Notou-se claramente que, ao nível dos jovens que vivem em meio rural, a falta de oportunidades para a prática de atividades físicas e desportivas, sobretudo porque não são oferecidas condições nem em termos de espaços físicos nem de oferta efetiva, estes fatores condicionam largamente a vontade destes jovens em praticar mais atividade física.

CONCLUSÕES

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