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O presente estudo comparou o efeito da hipotensão pós-exercício (HPE) durante um período de quatro meses de treinamento resistido, bem como relacioná-la a possível influência do polimorfismo de inserção/deleção (I/D) do gene que expressa a enzima conversora de angiotensina (ECA) em mulheres hipertensas com idade entre 60 e 75 anos.

Os resultados principais apontaram, que com a realização do treinamento resistido, foi possível observar HPE para as idosas hipertensas a partir do segundo mês de treinamento (TABELA 4 e 5), comportamento este não evidenciado para o grupo controle.

Ainda, a HPE entre os genótipos do grupo experimental (GE) foi diferente apenas no segundo mês de treinamento para a PAS, quando comparada as médias de pressão arterial (PAM) de cada momento da recuperação entre os grupos. Observou-se diferença significativa no 30º e 45º minutos de recuperação com valores reduzidos para o GE (FIGURA 12).

Os benefícios do efeito agudo do exercício resistido sobre a PAS pós-exercício foi demonstrando em outros estudos por Mota et al (2009), MacDonald et al (2001), Fischer (2001), Lizardo et al (2005) e os benefícios dos efeitos crônicos pós-exercício foram demonstrados por Terra et al (2008), Kelley e Kelley (2000), Queiroz et al (2009), Martel et al (1999). O presente trabalho confirmou os resultados dos efeitos agudos e crônicos (TABELAS 4, 5 e 6), demonstrando que o benefício do efeito crônico do exercício resistido para a PAS de repouso entre o primeiro e o quarto mês com redução média de 14,3mmHg, fato certamente relevante no que diz respeito às abordagens não medicamentosas de prevenção, tratamento e controle da hipertensão arterial sistêmica em mulheres idosas hipertensas.

Estudo populacional realizado por Stamler (1991) mostrou que pequenas diminuições na PA protegem o sistema cardiovascular. Reduções na PAS de 2 a 5 mmHg podem diminuir o risco de infarto em 6% e 14% e o risco de doença coronariana em 4% a 9%, inclusive reduzindo a mortalidade por todas as causas em 3% a 7%. Estes dados são relevantes ao

analisarmos os resultados deste estudo, no qual verificou-se redução na PAS de aproximadamente de 14 mmHg (TABELA 4) com o treinamento resistido de quatro meses.

Após realizada a análise de associação entre os genótipos I/D da ECA e a HPE da PAS (FIGURA 11), observou-se interação apenas no segundo mês de treinamento, conforme apresentado na tabela 8. Não obstante os treinamentos tenham sido diferentes, os resultados, de certa forma, corroboram com o estudo de Dengel et al (2002), no qual não pode ser observado interação significativa entre os genótipos e o treinamento aeróbio em relação à PAS, PAD e PAM.

Contrariamente aos resultados encontrados, Rice et al (2002) e o de Zhang et al (2002) observaram que após 10 semanas de treinamento em ciclo ergômetro, os níveis de PAS, PAD e PAM estavam significativamente diminuídos somente nos pacientes com genótipos II e ID e não nos voluntários com genótipo DD da ECA.

Os nossos resultados de HPE da PAD evidenciaram redução significativa nos momentos agudos pós-exercício apenas nos meses 2 e 4 (TABELA 5). Resultados semelhantes foram demonstrados anteriormente (FLORAS et al, 1989; CLEROUX et al, 1992).

De maneira geral houve redução de aproximadamente 3,6 mmHg na PAD entre os valores de repouso no período de treinamento (TABELA 5). Tal redução crônica reforça a importância dos exercícios resistidos periodizados na prevenção da HAS e promoção de saúde das participantes deste estudo, entretanto não ficou evidenciado a interação entre os genótipos I/D da ECA no que concerne à PAD. Este dado diverge dos resultados obtidos por Blanchard (2006) que mostrou que, após treinamento aeróbio leve (40%V02max) em indivíduos com genótipo DD promoveu maior queda de PAD em relação aos genótipos II e ID. Logo, Kim (2009) observou em mulheres adultas que o genótipo DD apresenta menor redução de PAD quando comparado ao grupo II ao realizarem exercício aeróbio e resistido de 2 a 3 vezes por semana.

O duplo produto é relacionado com a carga de trabalho do miocárdio, sendo utilizado como um parâmetro seguro de controle da intensidade do exercício em grupos de risco para o desenvolvimento de doença arterial coronariana (VALLE et al, 2006), como as idosas hipertensas participantes do presente estudo. A análise estatística adotada não revelou interação entre os genótipos e o DP (tabela 11), o que pode estar associado a pequena redução aguda da PAS nos momentos pós-exercício analisados, uma vez que o DP é calculado por meio da multiplicação da PAS pela FC. Este é um dos primeiros trabalhos que avalia o DP pós- exercício resistido agudo e crônico e sua relação com o polimorfismo do gene da ECA, e os resultados observados sugerem a necessidade de mais investigações no sentido de esclarecer esta questão.

O polimorfismo do gene da ECA esta associado a diferentes efeitos do exercício resistido relacionados à saúde, como ganhos de força e hipertrofia muscular (FOLLAND et al 2000; COLAKOGLU et al, 2005), e a resposta da PA ao exercício (KIM, 2009). Além disso, o polimorfismo DD do gene da ECA está associado a uma maior incidência de HAS (DI PAQUALE et al, 2004). As investigações sobre a interação do diferentes genótipos da ECA em resposta ao exercício resistido são de elevada importância no que diz respeito à promoção de saúde na população em geral e, em particular, em idosos que possuem propensão para desenvolvimento da HAS. Contudo, o presente trabalho apenas evidenciou diferenças entre os genótipos DD e ID para a PAS no segundo mês de treinamento (TABELA 8), não evidenciando diferenças na interação entre os genótipos II, ID e DD do gene da ECA em relação à PAS no demais meses, tampouco para a PAD, PAM e DP, o que reforça a necessidade de novos estudos para elucidar estas questões.

O treinamento crônico resistido proporcionou ao longo de quatro meses um aumento da força muscular que foi verificado pelo teste de 1RM (TABELA 3) independente do genótipo,

desta forma, o treinamento crônico resistido pode ser uma técnica de exercício físico para a melhoria da qualidade de vida em idosas hipertensas.

6.1 – Limitações do estudo

Vale a pena ressaltar a importância do presente estudo para a população investigada, bem como o reduzido número de artigos associando este polimorfismo com o treinamento resistido, o que limita a discussão dos nossos achados. Também é relevante mencionar que, em função das características amostrais, há a possibilidade dos fatores ambientais terem influenciado os resultados e dificultado uma adequada associação entre as variáveis investigadas, como o número de participantes e a avaliação da atividade da ECA em outros grupos de genótipos relacionados aos sistemas renina-angiotensina-aldosterona.

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