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6 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

6.3 DISCUSSÃO GERAL

Foi constatado que um procedimento comum aos catalogadores foi a consulta ao sistema da biblioteca para identificar se o item já existia na biblioteca. Todos, com exceção do Catalogador 3, pesquisaram em outras bases para cooperar ou não com as informações do item. Verificamos que uma das bases consultadas é a da BN, sendo considerada fonte positiva de dados, inclusive no que diz respeito à atribuição de novos termos, ou seja, somente foram atribuídos termos constantes na Terminologia de Assuntos da BN. A catalogação na fonte foi considerada um recurso esclarecedor para informações descritivas e temáticas, mas com ressalvas para os Catalogadores 2, 5 e 6.

Conforme previsto por Fujita (2013b), no UNISIST (1981), em Mey e Silveira (2009) e na NBR 12676/1992, a leitura de determinadas partes foi de grande importância para identificação dos assuntos. A consulta ao sumário, título, apresentação, introdução, capítulo do livro, folha de rosto e seu verso, catalogação na fonte ou ficha catalográfica, referências e biografia dos autores e organizadores foi recorrente pelos catalogadores.

A folha de rosto, apesar de ser um elemento interno pré-textual considerado como fonte principal de informação do livro, não foi de todo considerada satisfatória, haja vista que a exploração das outras partes do livro foi necessária para dirimir dúvidas de dados descritivos, sobre editora e ano de publicação, por exemplo.

Consideramos que a abordagem proposta por Fujita (2013b) para identificação dos assuntos do livro foi adotada pelos catalogadores entrevistados. O exame inicial dos elementos externos, como capa, contracapa, e dos elementos internos como sumário, introdução, título das seções e referências foram observados por ocasião do acompanhamento da catalogação do livro.

As ilustrações e gráficos do livro analisado foram mencionados, mas não explorados para identificação dos conceitos. Entretanto, a consulta às ilustrações, linguagem não verbal, segundo Ingles e Godoy (2013), pode ser considerada na identificação do assunto do livro. A NBR 6029/2006 e Fujita (2013b) também pontuam que a lista de ilustrações pode oferecer dados essenciais sobre o livro em análise.

Fujita (2013b), no seu modelo de leitura para catalogação de assuntos de livros, não contempla a folha de rosto ou verso da folha de rosto como parte da estrutura do livro para serem consultados na identificação dos conceitos. Da mesma forma, a folha de rosto não é considerada pela NBR 12676/1992, nem pelo documento do UNISIST (1981), que consideram como partes do documento a serem considerados na análise: título e sub-título; sumário; ilustrações; referências bibliográficas conforme relatado pelos catalogadores. Mey e Silveira (2009) consideram a folha de rosto para ser examinada no âmbito da leitura técnica.

Como o foco da pesquisa não foi a etapa de tradução, de avaliação dos instrumentos de representação, nem tão pouco avaliação da indexação realizada pelos catalogadores, não nos detemos nesses aspectos. Contudo, como o fato foi identificado nos relatos, consideramos importante aqui destacar como um estudo futuro.

O Catalogador 4 foi o único que mencionou o uso de instrumento de controle terminológico. A partir dos relatos, dá a impressão que os catalogadores não fazem uso de um instrumento terminológico durante a catalogação, sendo o mesmo substituído pela consulta ao índice de assuntos localizados nos sistemas de gerenciamento das bibliotecas ou nas bases de dados online de outras bibliotecas. Contudo, o Catalogador 2 reportou que, caso o assunto selecionado não seja localizado no sistema de sua biblioteca, solicita a inclusão mediante preenchimento de formulário adequado. Conhecer os instrumentos de indexação de sua biblioteca é uma ação destacada no documento UNISIST (1981) e pela NBR 12676/1992.

Os Catalogadores 1, 2, 5 e 6 mencionaram a consulta à CDD como parte de sua rotina de catalogação, para classificar o livro, permitindo sua localização na estante.

Os Catalogadores 2, 4, 5, ao examinarem o livro, justificaram sua pertinência em relação ao escopo da sua biblioteca universitária e/ou aos cursos de graduação oferecidos pela Universidade. Conforme apontaram Cesarino e Pinto (1980), observamos que alguns catalogadores analisaram o livro tendo em vista a temática da biblioteca. Contudo, nos relatos não foi apontado a necessidade dos usuários das bibliotecas, ou seja, docentes, discentes e pesquisadores.

Na seleção dos conceitos, o Catalogador 5 relata que atribui somente termos autorizados, pela BN e pela LC, podendo indicar a existência de uma possível política de indexação implementada por aquela biblioteca.

O Catalogador 2 destaca que, apesar de ter identificado o conceito Unidades de conservação no plural, o adotou no singular porque já constava no sistema de sua biblioteca, podendo tambémcaracterizar uma possível política de indexação para a forma do termo.

Destacamos a dificuldade de seguir o processo cognitivo dos catalogadores de modo a acompanhar as etapas de indexação — fato antecipado pelo documento UNISIST (1981) que afirma que as etapas de compreensão do conteúdo, identificação e seleção dos conceitos podem ocorrer concomitantemente. Tal fato também foi apontado por Lancaster (2004), afirmando que elas podem ser executadas ao mesmo tempo.

Outro fato que consideramos pertinente apontar é que os catalogadores não possuem o mesmo tempo de atuação na catalogação de assunto/indexação, mas isso não se constituiu em barreiras para cada um examinar/ler o livro em suas mais diversas partes. Uns foram mais

exaustivos que outros, como o caso do catalogador 5, que incluiu o exame/leitura das referências de alguns capítulos para compreender o conteúdo do livro, mas no todo percebemos o cuidado e a observância dos catalogadores ao examinar/ler as partes externas e internas do livro. Isso se refletiu, inclusive, no exame/leitura de partes do livro em que deve haver uma certa cautela na obtenção de informações descritivas e temáticas, como o caso da catalogação na fonte, pontuado pelos catalogadores 2, 5 e 6. Inferimos, com isso, que o fator tempo na função não se torna um pré-requisito para se conseguir compreender o conteúdo do documento, mas sim o conhecimento adquirido no decorrer da aprendizagem sobre o tratamento da informação que norteará os catalogadores a obter informações descritivas e temáticas do livro.

O tratamento descritivo e temático no dia-a-dia de uma biblioteca universitária não são processos separados, sendo difícil identificar, a partir da fala dos catalogadores, as etapas de forma independente. Isso pode ser observado no relato de alguns catalogadores, uma vez que eles não conseguem separar o processo de identificação dos conceitos do de seleção.