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2 MARCO TEÓRICO CONCEITUAL

2.4 INDEXAÇÃO: ETAPAS E PROCEDIMENTOS

2.4.1 Análise de assunto

2.4.1.1 Tipologia textual

Nas suas atividades profissionais, o bibliotecário faz a leitura de textos, sendo necessário compreender o que está escrito para poder identificar os principais elementos do material bibliográfico. Essa compreensão, em medida, parte do princípio de que é necessário conhecer a tipologia do texto a ser analisado. Dessa forma, o bibliotecário poderá abordar esse mesmo texto de forma mais objetiva, permitindo que a identificação dos conceitos seja menos exaustiva e o menos baseada no ―bom senso‖.

Nesse sentido, pontuam Fujita e Rubi (2006, p. 5) que

[...], uma parte importante do processo de compreensão de leitura é justamente essa habilidade de reconhecer o gênero do texto, bem como os diferentes tipos de textos, que poderá subsidiar o leitor quanto à necessária identificação da idéia principal ou o tema do texto.

Consideramos como texto o documento que é expresso em linguagem verbal, linguagem não verbal e pelo uso concomitante das duas linguagens.

Os diferentes tipos de linguagens são detalhados por Ingles e Godoy (2013, p. 4, grifo nosso):

Linguagem verbal - Linguagem verbal é, portanto, aquela que tem por unidade a palavra (oral ou escrita); Linguagem não verbal – A linguagem não verbal utiliza

qualquer código que não seja a palavra, como a música, que tem o som por sinal, a dança, que tem o movimento, a mímica, que tem o gesto, a pintura, a fotografia e a escultura, que tem a imagem por sinal; Linguagem mista - No contexto atual, percebemos que as interações sociais são marcadas pelo entrelaçamento entre o desenho, a fotografia, a ilustração, a figura, os sons, o movimento e os textos verbais. Assim, podemos dizer que essas linguagens são mistas.

Dadas essas possibilidades de composição, o texto é passível de conter elementos linguísticos que, harmonicamente combinados, formam um conjunto coeso e coerente com a finalidade de facilitar a comunicação da mensagem contida no texto. A partir dessa construção harmônica, o texto apresenta gêneros e tipos apropriados para cada finalidade.

O texto, em sentido amplo, designa uma unidade de comunicação organizada sintagmaticamente e dotada de coesão e coerência. Há diversas tentativas de classificar os textos dentro de tipologias. Assim, eles podem ser vistos, entre outros enfoques, pela estrutura interna (descritivo, narrativo, dissertativo) ou pela finalidade a que se propõem (texto técnico, científico, didático, jornalístico, jurídico, político, etc.). (KOBASHI, 1994, p. 112).

No que se refere à tipologia textual e ao gênero textual, esses são apresentados de forma diferenciada na literatura. Para Carmo Garcez (2017, p. 51), enquanto a natureza linguística intrínseca de uma composição define os tipos textuais, ou seja, "As escolhas lexicais, os aspectos sintáticos, o emprego de tempos verbais, as relações lógicas estabelecidas definem o tipo textual", os gêneros textuais são os "eventos discursivos maleáveis, dinâmicos, que se delineiam e se estruturam conforme a situação e os objetivos específicos do momento e são realizados em práticas comunicativas concretas".

Tal opinião é compartilhada por Barroso (2011, p. 139) ao afirmar que ―os gêneros textuais, como construtos de natureza social, cognitiva e linguística, funcionam como modelos de referência para o usuário da língua‖. A autora cita os diferentes gêneros textuais que são estruturados de acordo com sua ambiência e uso:

[...] na esfera jurídica, o parecer, a petição, a intimação, a sentença são exemplos de gêneros de texto mais recorrentes; na esfera religiosa: a novena, a ladainha, a reza; na esfera acadêmica: a conferência, a palestra, a comunicação em congressos, o artigo científico, a resenha, o relatório. Todos esses são exemplos de organização discursiva da linguagem, ou seja, de gêneros textuais. Poderíamos citar outros gêneros que circulam em instâncias menos formais, como o bate-papo, o recado, o bilhete, o e-mail, o scrap postado nas redes sociais (Orkut, Facebook e outros), o twit postado no Twitter, etc (BARROSO, 2011, p. 139, grifo da autora).

Carmo Garcez (2017) apresenta diferentes tipos de textos, conforme citados abaixo:

 Narrativo - tem como característica a predominância de verbos no pretérito passado, e estruturas que indicam ações no tempo e no espaço. Ex. A aula que eu ministrei ontem teve a participação dos alunos de graduação.

 Descritivo - é composto por verbos no presente ou no pretérito imperfeito, com complementos circunstanciais. Ex. O jogador dribla pela esquerda e chuta na

direção do gol. O goleiro abraça a bola.

 Dissertativo - Expositivo - caracteriza-se pela exposição de informações, definições, conceitos e ideias. Ex. a biblioteca é a organização que tem por função organizar, tratar e disseminar as informações contidas nos registros.

 Dissertativo - Argumentativo - caracteriza-se pela organização das ideias, com o objetivo de convencer o leitor. Geralmente se destacam as qualidades e informações sobre o objeto ou fenômeno. Ex. Nelson Rodrigues é o maior dramaturgo brasileiro por ser revolucionário e renovador. Suas obras são estudadas no âmbito dos cursos de Letras (CARMO GARCEZ, 2017).

 Injuntivo - caracteriza-se por ter o foco no leitor ou no ouvinte. Faz uso de verbos no imperativo, incitando a ação. É frequente nos textos didáticos, guias, manuais, entre outros. Ex. Para fazer estrogonofe, corte o peito de frango em cubos de 2,5 cm, transfira para uma tigela e mantenha em temperatura ambiente enquanto prepara o restante dos ingredientes.

A autora (CARMO GARCEZ, 2017) pontua que um determinado gênero pode sofrer influência de vários tipos de texto em sua formação. Sobre isso, relata que ―Um gênero como o romance, por exemplo, em que predomina a atitude enunciativa de narrar, pode conter passagens descritivas, expositivas, argumentativas, tanto na fala do narrador como na dos personagens‖ (CARMO GARCEZ, 2017, p. 79).

No contexto da presente pesquisa, o texto de interesse para fins de análise são os textos técnico-científicos, que consistem na ―matéria-prima da análise documentária‖ (KOBASHI, 1994, p. 113), uma vez que se objetiva analisar como os livros da área de Economia ambiental são catalogados e indexados pelos bibliotecários, no contexto das bibliotecas universitárias.

Segundo Kobashi (1994, p. 114), ―O texto técnico-científico é um objeto complexo, normalmente, de natureza argumentativa, elaborado com o intuito de expor metodicamente os resultados da observação de um fenômeno‖. A autora (KOBASHI, 1994) apresenta três variantes do texto técnico-científico: texto científico; texto argumentativo ou dissertativo e texto expositivo.

O texto científico se caracteriza por apresentar: um tema que se deseja desenvolver; um problema que consiste em uma questão a ser resolvida cientificamente; uma hipótese que vem a ser a solução temporária para o problema; metodologia, que apresenta as técnicas, operações e procedimentos adotados para a solução do problema; resultados obtidos a partir da interpretação dos fatos e a conclusão, que consiste em um comentário final sobre a incorporação dos resultados em um sistema teórico (KOBASHI, 1994).

necessário a existência de uma tese, que vem a ser a apresentação de um ponto de vista sobre um determinado assunto; a exposição de argumentos para indicar ou não as qualidades do ponto de vista do autor; e uma conclusão que ratifica o ponto de vista em questão. No texto expositivo há a apresentação do problema, suas causas e consequências e, por fim, sua solução (KOBASHI, 1994).

Podemos verificar que os diferentes tipos de texto são de fundamental importância para a transmissão de informações por parte de um determinado autor. Essas informações, por sua vez, são distribuídas pelas partes do texto. Por conta disso, conhecer as tipologias do texto também nos conduz a ter um entendimento das partes que compõem um texto, pois, segundo Fujita (2004, p. [6]), ―a estrutura do texto se articula ao seu conteúdo‖.

Como explicitado anteriormente na nossa pesquisa, o objeto analisado é o livro. Portanto, julgamos necessário conhecer, com base na literatura, a sua estrutura. Posto isso, seguiremos para a subseção que aborda a estrutura do livro.