• Nenhum resultado encontrado

O MC teve início, oficialmente, na UTIN do Hospital da Mulher/ CAISM/UNICAMP no ano de 2012 e recentemente a neonatologia foi certificada como referência nacional para o Método Canguru. Com a implantação do método, a rotina da unidade, o manejo dos RN e a equipe de profissionais vêm sofrendo mudanças progressivas com o objetivo de melhorar a assistência neonatal, priorizando o bem estar físico e/ou psíquico dos RN e de seus responsáveis, e diminuir a incidência de doenças crônicas respiratórias e/ou neurológicas que comprometem o prognóstico do RNPT.

Paralelamente aos avanços assistências, a busca constante por meios diagnósticos que possibilitem a identificação precoce de alterações no SNC foi o impulso para o início deste estudo.

Na prática clínica, percebe-se um número considerável de casos falsos negativos na avaliação neurológica padrão e no exame de ultrassonografia transfontanelar no período neonatal38, decorrente da dificuldade de um diagnóstico preciso através da tecnologia disponível na maioria da UTIN do Brasil. A ressonância magnética, considerada padrão ouro para diagnóstico precoce no período neonatal, ainda não é um exame realizado de rotina na prática clínica nacional. Este atraso na identificação dos RN que evoluirão com atraso do DNPM, retarda o início da estimulação motora e/ou cognitiva no momento oportuno de intenso desenvolvimento cerebral, o que resulta em diminuição das aquisições motoras dos lactentes em longo prazo.

A ressonância magnética associada a GMA são as ferramentas diagnósticas mais indicadas para o diagnóstico de disfunção neurológica antes dos 5 meses de idade, com valores de sensibilidade elevados de 86%-89% e e 98% respectivamente.56

Apesar do elevado valor preditivo da escala, da elevada sensibilidade e especificidade para PC como evidenciado no artigo 1 do presente trabalho (“Valor preditivo da General Movements Assessment na avaliação neurológica de recém-nascidos pré-termo: uma metanálise”), os maiores valores de sensibilidade e especificidade da escala estão presentes no período fidgety movements (FM), não avaliado no presente trabalho.

Além disso, a amostra deste estudo consistiu em RN de baixo risco para lesão neurológica, ou seja, a alteração que o RN pode apresentar futuramente não estão relacionados a PC e sim a disfunções neurológicas menores decorrentes de alterações nos processos de organização e mielinização cerebral.57

A relação entre a GMA e diagnóstico de disfunções neurológicas menores, ainda necessita de maior investigação. A relação entre a GMA e tais disfunções menores parece estar associada não apenas ao resultado de avaliações isoladas, mas sim a época em que ocorreu a normalização da avaliação, ou seja, está relaciona à trajetória da criança ao longo do tempo.58

Além disso, por se tratar de um centro de referência para o Método Canguru do Ministério da Saúde, a Unidade Neonatal do Hospital da Mulher CAISM/UNICAMP estimula o contato pele a pele independente do local de internação do RN. Sendo assim, a diferença entre os grupos baseou-se apenas no tempo de convívio com a mãe e o talvez ao tempo de exposição ao contato pele a pele, variávei que não foram mensuradas no presente estudo.

Frente as afirmações acima citadas, e ao fato da GMA não ter identificado diferenças na evolução de RNPT expostos a segunda etapa do MC, o acompanhamento e análise da trajetória da GMA por tempo mais prolongado, até o período FM, poderia contribuir para o reconhecimento de uma possível diferença entre os grupos, assim como uma avaliação do DNPM e/ou cognitivo até os 2 anos de idade.

Outra alternativa seria a utilização do Optimality Score da GMA, o qual possui uma discriminação mais apurada dos resultados normal e poor repertoire, baseada em uma avaliação semi-quantitativa dos movimentos generalizados. Sendo assim, esta forma de avaliação consegue apontar diferenças sutis na evolução do RN, principalmente quando expostos a algum tipo de intervenção.43

A aplicação desta forma de avaliação da GMA e o acompanhamento por tempo mais prolongado não foi possível durante a realização desta pesquisa. Porém a GMA possui excelente aplicabilidade no período neonatal e foi instituída na unidade do Hospital da Mulher/ CAISM/UNICAMP, como contribuição da fisioterapia na identificação de RN com risco de alterações do neurodesenvolvimento, possibilitando assim a intervenção oportuna e ganhos funcionais em longo prazo.

6. CONCLUSÕES

- Não houve diferença significativa da GMA na avaliação inicial, evolução ou avaliação final entre RNPT que permaneceram internados na UCINCa e RNPT internados na UCINCo.

- A análise das variáveis neonatais e a GMA mostrou que a variável dias de internação foi significativamente associada à avaliação neurológica final anormal. Os recém-nascidos com maior risco de avaliação neurológica final anormal foram os que permaneceram mais dias internados.

7. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de informática do SUS (DATASUS). [internet]. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de- saude/tabnet/estatisticas-vitais. Acesso em 16/02/2018

2. Vandenberg KA. Individualized developmental care for high risk newborns in the NICU: a practice guideline. Early Hum Dev. 2007; 83(7):433-42.

3. Romeo DMM, Guzzetta A, Scoto M, Cioni M, Patusi P, Mazzone D, Romeo MG. Early assessment in pre term-infants: Integration of traditional neurologic examination and observation of general movements. European Journal of Paediatric Neurology. 2008; 12:183-189

4. Zahed-Cheikh M, Brévaut-Malaty V, Busuttil M, Monnier AS, Roussel M, Gire C. Comparative analysis of perinatal and postnatal factors, and general movement in extremely preterm infants. Brain Dev. 2011;33(8):656-65.

5. Constantinou JC, Adamson-Macedo EM, Mirmiran M, Fleisher BE. Movement, imaging anda neurobehavioral assessment as predictors of cerebral palsy in preterm infants. Journal of Perinatoly. 2007; 27:225-229.

6. Snider L, Majnemer A, Mazer B, Campbell S, Bos AF. Prediction of motor and functional outcomes in infants born preterm assessed at term. Pediatr Phys Ther. 2009;21(1):2-11.

7. De Kloet ER, Sibug RM, Helmerhorst FM, Schmidt M. Stress, genes and the mechanism of programming the brain for later life. Neurosci Biobehav Rev. 2005; 29:271–81.

8. Barradas J, Fonseca A, Guimarães CLN, Lima GMS. Relationship between positioning of premature infants in Kangaroo Mother Care and early neuromotor development. Jornal de Pediatria. 2006; 82(6):475-80.

9. Feldman R, Eidelman AJ. Skin-to-skin contact (Kangaroo Care) accelerates autonomic and neurobehavioural maturation in preterm infants. Dev Med Child Neurol. 2003; 45:274–81.

10. Als H. Neurobehavioral organization of the newborn: opportunity for assessment and intervention. NIDA Res Monogr. 1991; 114:106-16.

11. Als H. Toward a synactive theory of development: Promise for the assessment and support of infant individuality. Infant Mental Health Journal. 1982; 3(4):229-43.

12. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção humanizada ao recém-nascido: Método Canguru – Manual técnico. 3. ed. – Brasília, 2017. 340 p.

13. Lamy ZC, Morsch DS, Marba STM, Lamy Filho F. O método canguru nos dias atuais. In: Sociedade Brasileira de Pediatria: Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: ciclo 14. Porto Alegre: Artmed Panamericana: 2017.p.11-14. (Sistema de Educação a Distância, v.3)

14. Conde-Agudelo A, Díaz-Rossello JL. Kangaroo mother care to reduce morbidity and mortality in low birthweight infants. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Aug 23;(8):CD002771.

15. Azevedo VM, Xavier CC, Gontijo Fde O. Safety of Kangaroo Mother Care in intubated neonates under 1500 g. J Trop Pediatr. 2012 Feb;58(1):38-42.

16. Cong X, Cusson RM, Walsh S, Hussain N, Ludington-Hoe SM, Zhang D. Effects of skin-to-skin contact on autonomic pain responses in preterm infants. J Pain. 2012 Jul;13(7):636-45.

17. Karlsson V, Heinemann AB, Sjörs G, Nykvist KH, Agren J. Early skin-to-skin care in extremely preterm infants: thermal balance and care environment. J Pediatr. 2012 Sep;161(3):422-6.

18. Lorenz L, Marulli A, Dawson JA, Owen LS, Manley BJ, Donath SM et al. Cerebral oxygenation during skin-to-skin care in preterm infants not receiving respiratory support. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2018 Mar;103(2): F137- F142.

19. Choudhary M, Dogiyal H, Sharma D, Datt Gupta B, Madabhavi I, Choudhary JS et al. To study the effect of Kangaroo Mother Care on pain response in preterm neonates and to determine the behavioral and physiological responses to painful stimuli in preterm neonates: a study from western Rajasthan. J Matern Fetal Neonatal Med. 2016 Mar;29(5):826-31.

20. Carbasse A, Kracher S, Hausser M, Langlet C, Escande B, Donato L, Astruc D, Kuhn P. Safety and effectiveness of skin-to-skin contact in the NICU to support

neurodevelopment in vulnerable preterm infants. J Perinat Neonatal Nurs. 2013; 27: 255–62.

21. Nimbalkar SM, Patel VK, Patel DV, Nimbalkar AS, Sethi A, Phatak A. Effect of early skin-to-skin contact following normal delivery on incidence of hypothermia in neonates more than 1800 g: randomized control trial. J Perinatol. 2014 May;34(5):364-8.

22. Chidambaram AG, Manjula S, Adhisivam B, Bhat BV. Effect of Kangaroo mother care in reducing pain due to heel prick among preterm neonates: a crossover trial. J Matern Fetal Neonatal Med. 2014 Mar;27(5):488-90.

23. Srivastava S, Gupta A, Bhatnagar A, Dutta S. Effect of very early skin to skin contact on success at breastfeeding and preventing early hypothermia in neonates. Indian J Public Health. 2014 Jan-Mar;58(1):22-6.

24. Neu M, Robinson J. Maternal holding of preterm infants during the early weeks after birth and dyad interaction at six months. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2010 Jul-Aug;39(4):401-14.

25. Jayaraman D, Mukhopadhyay K, Bhalla AK, Dhaliwal LK. Randomized Controlled Trial on Effect of Intermittent Early Versus Late Kangaroo Mother Care on Human Milk Feeding in Low-Birth-Weight Neonates. J Hum Lact. 2017 Aug;33(3):533-539.

26. Sharma D, Murki S, Pratap OT. The effect of kangaroo ward care in comparison with "intermediate intensive care" on the growth velocity in preterm infant with birth weight <1100 g: randomized control trial. Eur J Pediatr. 2016 Oct;175(10):1317-24.

27. Ludington-Hoe SM. Kangaroo care as a neonatal therapy. Newborn and Infant Nurs Reviews. 2013; 13:73–5.

28. Bastani F, Rajai N, Farsi Z, Als H. The Effects of Kangaroo Care on the Sleep and Wake States of Preterm Infants. Journal of Nursing Research. 2017;25(3):231–239.

29. Charpak N, Tessier R, Ruiz JG, Hernandez JT, Uriza F, Villegas J, Nadeau L, Mercier C, Maheu F, Marin J, Cortes D, Gallego JM, Maldonado D. Twenty- year Follow-up of Kangaroo Mother Care Versus Traditional Care. Pediatrics. 2017;139(1): e20162063.

30. Vaivada T, Gaffey MF, Bhutta ZD. Promoting early child development with interventions in health and nutrition: A systematic review. Pediatrics. 2017;140(2): e20164308.

31. Craciunoiu O, Holsti L. A systematic review of the predictive validity of neurobehavioral assessment during the preterm period. Physical & Occupational Therapy in Pediatrics, 2017; 37(3):292-307.

32. Noble Y, Boyd R. Neonatal assessment for the preterm infant up to 4 months correct age: a systematic review. Developmental Medicine &Child Neurology 2012; 54:129-139.

33. Sweeney JK, Blackburn S. Neonatal physiological and behavioral stress during neurological assessment. The Journal of perinatal & Neonatal Nursing. 2013;27 (3): 242–252.

34. Prechtl HFR. Qualitative changes of spontaneous movements in fetus and preterm infant are a marker of neurological dysfunction. Early Human Development. 1990;23:151-158.

35. Einspieler C, Prechtl HFR. Prechtl’s assessment of General Movements: a diagnostic tool for the functional assessment of the young nervous system. Mental Retardation and Developmental Disabilities. 2005; 11:61-67.

36. Xie K, Zheng H, Li H, Zhang C, Li H, Jin H, Ma B. The Study of effect for General Movements Assessment in the diagnosis of neurological development disorders: a meta-analysis. Clinical Pediatrics 2016;55(1):36-43.

37. Prechtl HFR, Einspieler C, Cioni G, Bos AF, Ferrari F, Sontheimer D. An early marker for neurological deficits after perinatal brain lesions. The Lancet 1997;349:1361-63.

38. Seme-Ciglenecki P. Predictive values of cranial ultrasound and assessment of general movements for neurological development of preterm infantsin the Maribor region of Slovenia. Wien KlinWochenschr 2007; 119(15-6):490-496. 39. Butcher PR, van Braeckel K, Bouma A, EinspielerC,Stremmelaar EF, Bos AF. The quality of preterm infants’ spontaneous movements: an early indicator of intelligence and behaviour at school age. Journal of Child Psychology and Psychiatry 2009; 50 (8):920–930.

40 Garcia JM, Gherpelli JLD, Leone CR. Importância da avaliação dos movimentos generalizados espontâneos no prognóstico neurológico de recém- nascidos pré-termo. Jornal de Pediatria. 2004;80(4):296-304.

41 Zuk, L. Fetal and infant spontaneous general movements as predictors of developmental disabilities. Developmental Disabilities. 2011;17:93-101.

42 Ricci E, Einspieler C, Craig AK. Feasility of using the general movements assessment of infants in the United States. Phys Occup Ther Pediatr. 2017; 16:1- 11.

43 Einspieler C, Marschik PB, Pansy J, Scheuchenegger A, Krieber M, Yang H, Kornacka MK, Rowinska E, Soloveichick M, Bos AF. The general movement optimality score: a detailed assessment of general movements during preterm and term age. Dev Med Child Neurol. 2016 Apr;58(4):361-8.

44 Ballard JL, Khoury JC, Wedig K et al. New Ballard score, expanded to include extremely premature infants. J Pediatr. 1991;119(3):417-423.

45 Capurro H, Konichezky S, Fonseca D et al. A simplified method for diagnosis of gestational age in the newborn infant. J Pediatr. 1978;93(1):120-122.

46 Apgar VA. A proposal for a new method of evaluation of the newborn infant. Curr Res Anesth Analg. 1953; 32: 260-267.

47. Fonseca JS, Martins GA. Curso de Estatística. 5a ed. São Paulo; Atlas; 1994: p177-179.

48. Hulley SB, Cummings SR, Browner WS, Grady, DG, Newman TB. Designing Clinical Research. 3rd ed. Philadelphia: Lippincott, Williams & Wilkins; 2007. Chapter 6. p 80-81.

49. Constantinou JC, Adamson-Macedo EM, Mirmiran M, Fleisher BE. Movement, imaging and neurobehavioral assessment as predictors of cerebral palsy in preterm infants. J Perinatol. 2007 Apr; 27(4): 225-229.

50. Snider, L, Majnemer A, Mazer B, Campbell S, Bos AF. Prediction of motor and functional outcomes in infants born preterm assessed at term. Pediatr Phys Ther. 2009 Spring; 21(1): 2-11.

51. Conover WJ. Practical Nonparametric Statistics. 3rd ed. New York: John Wiley & Sons. 1999.

52. Fleiss JL, Levin B, Paik MC. Statistical Methods for Rates and Proportions. 3rd ed.Hoboken, N.J: John Wiley & Sons. 2003.

53. Hosmer DW, Lemeshow SL. Applied Logistic Regression. New York: John Wiley & Sons. 1989.

54. Siegel S, Castellan Jr NJ. Estatística Não-Paramétrica para Ciências do Comportamento. 2a ed. Porto Alegre: Artmed. 2006.

55. Tabachnick BG, Fidell LS. Using Multivariate Statistics. 4th. Boston: Allyn and Bacon. 2001: p 966.

56. Novak I, Morgan C, Adde L, Blackman J, Boyd RN, Brunstrom-Hernandez J et al. Early, Accurate Diagnosis and Early Intervention in Cerebral Palsy: Advances in Diagnosis and Treatment. JAMA Pediatr 2017; 171: 897-907. 57. Neu M, Robinson J, Schmiege SJ. Influence of holding practice on preterm infant development. MCN Am J Matern Child Nurs. 2013 May-Jun;38(3):136-43. 58. Einspieler C, Bos AF, Libertus ME, Marschik PB. The General Movement Assessment Helps Us to Identify Preterm Infants at Risk for Cognitive Dysfunction. Front Psychol. 2016 Mar 22;7:406.

Documentos relacionados