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Os fatores geográficos e históricos tiveram um importante papel na formação da morfologia social, das formas de ocupação do solo e da utilização dos recursos naturais do Litoral Norte de São Paulo (Mussolini, 1980). Desde a chegada dos europeus no Brasil, os espaços costeiros foram os que mais sofreram com a exploração da Terra Brasilis - eles eram o pórtico para o novo mundo e a saída para o escoamento das riquezas roubadas. Sempre foram os locais de intercâmbio: o mercado, a feira, o porto, o cais, a estação de ferro. Evoluindo rapidamente, as cidades litorâneas do Brasil, em sua enorme extensão territorial, diferem em muito, mas todas se comportam de maneira semelhante, com a espacialização de suas diversas influências, dada por fatores de toda ordem. Podemos entender a Zona Costeira como um espaço territorial único: ela é definida nesses termos como o espaço entre o mar e a terra influenciando-se mutuamente em termos físicos, geológicos, ambientais e sociais. A maneira com que o bairro de Cambury evoluiu abruptamente, de um ambiente isolado, com baixa ocupação e sem maiores atenções por parte do poder público até cerca de 30 anos atrás, para um espaço quase inteiramente protegido por uma UC de uso indireto e ao mesmo tempo destinado a um turismo baseado na valorização da paisagem e contato com uma natureza selvagem, provocou um choque entre os direitos ambientais e sociais da população, causando impactos subitamente negativos.

As tentativas de solução da questão ambiental mundial, a qual surge como uma controvérsia em torno da harmonização do homem e seu meio ambiente provocou o efeito contrário em um local como o Cambury: os problemas ambientais observados no mundo nas últimas décadas provocaram movimentos de proteção aos recursos naturais, porém desconsiderando a história de comunidades diferenciadas, portadores de um modo distinto de utilização da natureza, o que gerou mais conflitos territoriais. A despeito de sua importância ambiental ou socioeconômica, a restrição de uso frequentemente cria um cenário conflituoso, que atende parcialmente às necessidades sociais e de preservação de recursos, ecossistemas e biodiversidade locais, sendo comum a ocorrência de atividades clandestinas (Fonseca et al., 1990). Não sendo poucos, esses conflitos pontuais demonstram a dificuldade de se gerir um espaço protegido integralmente, e se tornam mais complexos quando nesse mesmo espaço existe uma cultura diferenciada e o contexto local inclui um entorno regido pela lógica capitalista.

A cultura brasileira ao longo da história se modificou e com isso os fatores culturais predominantes nas diversas épocas influenciaram a gestão territorial das áreas costeiras, incluindo-se o Cambury. Nos dias atuais, diversas legislações ambientais que incidem sobre a zona costeira e regulamentam a conservação da natureza, mesmo que ainda ocorram diversas atividades ilegais por falta de fiscalização ou quem sabe, falta de capacidade dos atores envolvidos em se adequar às normas, as quais por sua vez são quase sempre ditadas “de cima para baixo”, por aqueles que possuem maior poder político, denotando um tipo de governança vertical descendente. Podemos visualizar, em casos como o do Cambury, que as leis que tratam sobre a proteção da natureza por vezes são “atropeladas” por outras leis, umas provocando efeitos sobre as outras, dificultando a gestão e a adoção de políticas públicas eficazes e pertinentes. A própria ideia de áreas protegidas foi importada de uma realidade bem diferente da encontrada em nosso país, em especial na Zona Costeira, no momento de sua criação (Diegues, 1996), fazendo com que a criação de alguns Parques e a definição de seus limites fossem estabelecidos frequentemente sem obedecer a estudos anteriores e critérios técnicos bem definidos. O impacto advindo de perturbações exteriores à comunidade, no caso do Cambury provocados por medidas de desenvolvimento econômico e ambientais, causou problemas sociais. A inabilidade do Estado para negociar os conflitos, em parte por eles mesmos criados, se constituiu um agravante, porém ainda sim, se tornam poderosas situações de ação para que se alcance um novo patamar de gestão.

Nota-se então, que a controvérsia local evoluiu para a criação de uma rede sóciotécnica formada por diversos atores locais e governamentais, que se movimentaram em torno de dois PPO, o Quilombo e o PUT. A incorporação destas duas inovações técnicas se amparou na troca de informações principalmente através de reuniões e documentos, no deslocamento dos atores em torno da controvérsia, o que criou as distinções entre quilombolas, caiçaras e não tradicionais, possibilitada pela construção de uma confiança entre o órgão ambiental, representado pelo gestor do PESM e outros funcionários engajados na causa, além da agregação de novos atores que ampliaram a rede, investindo na forma e mobilidade dos atores.

Diante de casos como o Cambury, torna-se cada vez mais constante entre a comunidade científica, o discurso de que se deve considerar vertente social da gestão, isto é, quem se utiliza e quem legisla sobre os recursos. Acentua-se a importância de uma visão holística sobre os problemas, dado que é preciso ter consciência sobre as muitas inter- relações dos fenômenos sociais e ambientais que promovem a gestão efetiva do território, as

quais muitas vezes tem peculiaridade tais, que se tornam espaços especialmente conflituosos. É neste sentido que apresentamos o caso do bairro do Cambury, inserido em duas Unidades de Conservação de Proteção Integral: o território em questão passou em suas últimas décadas por transformações significativas em termos da dinâmica de gestão territorial. Praticamente confinada a um espaço protegido após longo tempo de apropriação por parte de moradores tradicionais que tratavam o ambiente amigavelmente, o local passou a ser palco de diversas disputas. O principal objetivo designado para a área, a conservação de sua enorme e rara biodiversidade, passou a dividir espaço com os objetivos sociais da terra, neste caso, a permanência e uso dela por habitantes tradicionais. Muito se discutiu com relação à compatibilização das duas vertentes de gestão e hoje em dia, podemos observar que a tendência é adequar, garantindo ao mesmo tempo a conservação da natureza e da cultura local, desde que sua ocupação seja ordenada, baseada nos princípios da sustentabilidade e em impactos antrópicos mínimos. Nos materiais da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e da TNC (The Nature Conservancy), vemos trabalhos recentes mostrando a possibilidade de manter populações tradicionais na UC e garantir a preservação ecológica (IUCN, 2000)

O tombamento da Serra do Mar inaugurou no litoral uma perspectiva de proteção da natureza mais ampla, focada na paisagem como um conjunto articulado de elementos. Ele foi concebido, de um lado, como medida de proteção de um setor de alta fragilidade ambiental e, de outro lado, tendo como justificativa a necessidade de fazer frente ao crescimento desordenado do litoral, consequência da grande expansão do turismo entre as décadas de 1970 e 1980, sobretudo nesta última (Scifoni, 2005; 2011). Diante disso nos colocamos como expectadores de uma história de resistência de uma comunidade que desde sempre conseguiu conviver com a floresta, aprendendo, resignando-se. Sem querer cair no Mito de Bom Selvagem, o caso do Cambury demonstra que ainda hoje é possível viver com pouco, viver da terra, sendo que a maioria dos moradores gostam do local onde vivem, possuindo uma cultura rural, que não é imposta, e sim herdada. Seus integrantes possuem um modo de vida muito diferente daquele observado nas áreas urbanizadas do litoral. São populações que ainda hoje demonstram ter uma relação diferenciada com o lugar, provando que a existência de comunidades auto gestoras é uma alternativa para lidar com a perda de cultura e ao mesmo tempo conservar o ambiente. Deste modo nos perguntamos: como o território vem sendo construído no Cambury? Este processo vem favorecendo o estabelecimento de acordos e normas que permitam aos moradores se desenvolver

sustentavelmente no local? A forma com que os atores governamentais agem estimula a resolução dos conflitos ou os aumenta?

A condição encontrada hoje nos conflitos analisados no território do Cambury é o reflexo das estruturas de poder e as suas influências na sociedade brasileira. A BR-101, entre as cidades do Rio de Janeiro e de Santos, tornou-se uma estrada eminentemente turística, uma obra monumental do governo militar, que na ausência de planejamento governamental para o desenvolvimento sustentável em uma área até então inóspita, colaborou com os interesses de turistas e especuladores. A BR-101, instrumento através do qual deveria ser viabilizado o potencial turístico, econômico e elitista, identificado no projeto Turis, contraditoriamente, causou em degradação do potencial turístico local. A construção desta estrada foi objeto de muitas críticas, dados os impactos ambientais e paisagísticos provocados por uma obra realizada sem planejamento técnico detalhado (Scifoni, 2005) e sem considerar as realidades das comunidades tradicionais situadas ao longo de quase toda sua extensão. Assim, a Modernização invadiu o modo de produção desse litoral “intocado” impactando o sistema social, muitas vezes de forma negativa. As modificações que, para Milton Santos, estão surgindo cada vez mais rapidamente, mais especificamente no caso das áreas protegidas do litoral de São Paulo, geraram muitos conflitos com o modo de vida tipicamente tradicional. Populações tradicionais passaram a ter seu modo de vida ameaçado pela modernidade, pois a terra, por eles vista como um meio de trabalho passou ter valor de compra-e-venda; algo que não fazia parte de sua realidade. Com o turismo, veio a especulação imobiliária e a expulsão de muitos moradores para os “sertões”, longe do mar, em virtude da construção de bares, campings e até grilagem de terras por parte de pessoas externas à comunidade.

O perigo de perda de biodiversidade de uma área importante da natureza, um espaço de resistência ao capitalismo e neoliberalismo, uma vez que vai contra lógica mercadológica, e nesse sentido, indo contra a modernidade, e por outro o perigo de extinção de uma cultura protegida pelo Governo brasileiro por apresentar uma história de resistência aos atos contraditórios da moderna Constituição, onde o ser humano tem direito à liberdade, configurou-se assim uma oportunidade de crescimento, ainda que lento, de um processo de gestão participativa e integrada. Invariavelmente, a questão primordial aqui é o uso da terra, ou, no caso, do território e seus recursos. Sabe-se que assegurar o acesso dos tradicionais ao território significa manter vivos na memória e nas práticas sociais os sistemas de classificação e de manejo dos recursos, os sistemas produtivos, os modos tradicionais de

distribuição e consumo da produção, além de sua dimensão simbólica. Além de assegurar a sobrevivência desses povos, os territórios constituem a base para a produção e a reprodução de seus saberes.

Então, pode-se dizer que a resolução dos conflitos territoriais no Cambury, assim como tantas outras no Estado, e também a resolução dos problemas fundiários do território, estão absolutamente imbricadas e dependem de mudanças amplas, com agilidade (Silva, 2005). Como a rede se desmobiliza por fatores internos e externos, o avanço das negociações também acaba truncado, tornando-se fundamental que a rede esteja organizada e atuante, seus atores estejam articulados, produzindo pressões efetivas de mudança para que haja maiores ganhos em resiliência. Neste sentido, para que ocorra uma reapropriação do território se faz necessário uma ordenação territorial que considere, tanto políticas, como interesses, racionalidades, valores econômicos, sociais, culturais e ambientais, da forma como vem lentamente ocorrendo no Cambury (Becker, 1997). O Plano de Uso Tradicional constituiu-se então como um sistema semiformal de gestão, com base local, fundamentado na leitura do Ministério Público Federal sobre a Constituição Federal e a obrigatoriedade de manutenção dos residentes portadores do estatuto jurídico de tradicionais em seus locais de origem. O fato de que o IBAMA e o ICMBio não reconheceram a assinatura regional do Plano de Uso- efetuada pelo chefe do PSNB, em 2005- conferiu ao PUT certo grau de marginalidade, embora só incida sobre parte do território do Cambury (Simões, 2011). A condução das políticas públicas então deve ser baseada em um processo participativo e desencadear uma gama de atitudes baseada em uma nova forma de pensar a apropriação dos recursos, diferenciada pelas características do lugar e integrada com o planejamento regional.

A conformação atual da política mundial, com países recém-colonizados (e que, em muitos aspectos, ainda podem ser considerados colônias de exploração), não nos possibilita enxergar nosso país independente da política econômica internacional. Felizmente, porém, o processo democrático de eleições que a maioria dos países do ocidente atualmente vive, mesmo que em alguns ainda se encontrem em fase de amadurecimento, abriu a possibilidade de se reconhecer as diferentes formas de autonomia e organização das comunidades regionais. Podemos observar hoje que as políticas ambientais atuais consideram a participação social na busca pela administração dos espaços. Há a previsão de que as políticas públicas, como o SNUC com seus conselhos consultivos, utilizem-se de co-manejo e processos participativos de gestão, que incluam a sociedade na formulação de leis. Poderes

locais têm conseguido introduzir iniciativas inovadoras que incluem a implantação de políticas ambientais mais socialmente amigáveis, o que é recente no Brasil e possui implicações políticas complexas (Ferreira, 1996). É o caso dos acordos da RDS do Mamirauá, Amazônia, que permitiu incremento na renda das comunidades, maior estrutura educacional e baixou a mortalidade infantil no local (Queiroz e Peralta, 2006) Apesar disso, as dificuldades e fragilidades institucionais evidenciadas somadas à mobilização dos residentes que se fortalecia a cada avanço foram elementos importantes para atingir um bom nível de detalhamento e envolvimento da comunidade com a gestão do território.

Nossos resultados confirmam o que já é conhecidamente comum em outras UC paulistas. Na demarcação de UC, este e outros casos ensinam uma lição importante: é mandatório levantar as ocupações existentes e reconhecer as populações tradicionais, ou seja, devem-se estabelecer os limites considerando estas ocupações de modo a diminuir os conflitos. Uma vez que não participaram da criação do Parque, assim os moradores do Cambury se tornaram ilegais. Inicialmente o poder público não teve uma postura conciliadora diante a comunidade e é esse o reflexo do Parque em seu território e em seu modo de vida. O choque do modo de vida tradicional com a modernidade se deu de maneira que eles não pudessem compreender e aceitar totalmente a nova realidade que lhes foi imposta, com proibições e restrições, inclusive dificultando a aceitação do Parque pela comunidade. Portanto, as políticas, sobretudo as conservacionistas, devem considerar as realidades locais e dialogar com os atores, de modo a buscar a melhor conformação para atingir seus objetivos sociais e ambientais.

O SNUC trouxe o avanço da possibilidade de serem estabelecidos Termos de Compromisso com a população residente, porém, deixando claro que os Termos garantem uma gestão compartilhada, por tempo determinado, até que a situação dos moradores seja acertada. Os aspectos de reconhecimento e tradicionalidade não conseguiram ser plenamente alcançados pelos criadores desta política19, na medida em que se lhes tratou da mesma forma com a qual se tratam as populações urbanas, estas, porém, menos facilmente possuem apego ao local, se adaptando melhor ao serem realocadas. O Estado, com a justificativa de aplicar a lei (i.e., considerando a área como Parque), impôs muitas dificuldades aos moradores, embora pudesse ter agido de forma diferente, caso tivesse feito uma leitura mais ampla do

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Pela sua complexidade, não houve consenso sobre os aspectos principais acerca desse tema, o qual só foi posteriormente resolvido com a Política Nacional de Povos Tradicionais.

SNUC, na qual prevalecessem aberturas para os diálogos. Como agravante, as restrições do Parque chegaram à mesma época em que os pescadores se deram conta de uma crise pesqueira, a qual teve inicio em meados de 1970, e início dos anos 1980, em virtude da poluição e da sobrepesca, gerando um efeito prejudicial para a sobrevivência dos moradores. Contudo, alguns moradores defendem que a legislação ambiental e os órgãos de conservação da natureza protegeram o local e numa perspectiva histórica, contribuíram para manter um bom grau de preservação do ambiente. Existem trabalhos científicos recentes que mencionam que as populações tradicionais só permaneceram onde estão porque as áreas foram protegidas da especulação imobiliária e, neste trabalho parece que não foi diferente. Mesmo assim, alguns moradores denunciaram em nossas entrevistas o corte ilegal de palmito que ocorre no local e dizem que ouvem tiros dos caçadores nas matas, mostrando preocupação com a falta de fiscalização. A ouvidoria do PESM também foi criticada, uma vez que uma denúncia sobre caçadores no local obteve como resposta: “estamos em reestruturação” e, segundo eles, nada foi feito.

Se observarmos no tempo, apesar de tudo então, tem havido avanços na discussão com o poder público. O Plano de Manejo foi um importante instrumento para que se adequassem os casos e se obtivessem subterfúgios a fim de se chegar a soluções compatíveis. Os nativos destacam também a questão do intenso tráfico de drogas, homicídios, camping na praia, lixo, que ocorria antigamente como fatores problemáticos e que hoje em dia foram solucionados pelo PESM. Diversos deles apontam que hoje em dia o Cambury está bem melhor nesses termos, que a comunidade está mais pacífica. Há também entre eles o entendimento de que as questões ambientais e sociais sejam adequadas na medida em que for possível, e reconhecem projetos de instituições como o FEHIDRO e o IPEMA que beneficiaram o local, como relatado abaixo:

“No começo (do trabalho do PESM) foi conflitante, porque era uma área que tinha muito camping selvagem, tinha até casos de homicídio, muitos casos de drogas, teve até alguns casos de estupro, tinha camping selvagem e não tinha uma ordenança, uma coisa organizada, vinha muito pessoal que ficava na praia, tinha uns canos de água que vinha até a praia, onde eles lavavam panela, lavavam roupa ali, faziam as necessidades fisiológicas deles em qualquer lugar, o lixo não tinha certo controle. Então com esse trabalho que o Luis Numa de Oliveira (Bepo) fez com a Adriana Mattoso, junto aos funcionários que vai desde um braçal até a equipe técnica, foi legal, melhorou muito”. (Ator 13)

Ao mesmo tempo denunciam a falta de estrutura que o órgão gestor está apresentando à comunidade e criticam a atuação recente da FF nas diversas UC costeiras. Hoje eles conseguem reconhecer que a figura do gestor, por mais que tente beneficiar a

comunidade, acabe se deparando com barreiras impostas de cima para baixo (ou em outros casos, dificuldades legais). Ainda que sua atuação possa favorecer o sucesso da rede sóciotécnica, ela esbarra nas esferas superiores, que nem sempre estão se esforçando com o mesmo afinco para fortalecer a gestão da Unidade, e o insucesso das reuniões leva à desmobilização e frustração.

Corroborando com outros trabalhos, a exemplo de Zanusso (2009), na Barra do Una, aqui podemos também perceber nos discursos a influência da figura do gestor, pois o tratamento das controvérsias dependerá da importância que ele dará ao tema. Nossos estudos indicam que a mudança constante na ocupação desse cargo compromete os andamentos do trabalho, pois pode provocar desconfiança, instabilidade e o reinício das discussões, tanto por parte do gestor e seu respectivo órgão quanto por parte dos atores e a comunidade que representam. Outros trabalhos (Santos, 2009; Gonçalves, 2010) corroboram com esta pesquisa, uma vez que indicam que, quando o gestor este atinge certo grau de conhecimento local e obtém a confiança da comunidade, logo é substituído e o processo de construção do diálogo com a comunidade tem de voltar ao início. Muitas vezes também a própria Instituição é que perde legitimidade, uma vez que a comunidade acaba perdendo a confiança quando os processos não fluem.

No caso de uma política pública, estudos recentes demonstram que ela deve ser o mais participativa possível, e a incorporação do Quilombo e do PUT apontam para isso, conforme fica demonstrado no presente estudo. Podemos concluir que de modo geral, a comunidade se vê em processo de empoderamento, aprendendo com seus erros e evoluindo, progredindo em seus aspectos sociais e ambientais, uma vez que conseguiram se organizar em torno de objetivos comuns, resistindo à perda do direito ao uso de seu território. Ainda que haja casos de degradação ambiental (como campings sem sanitário, corte ilegal de

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