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De acordo com os resultados analisados destacaram-se com maior coeficiente de detecção de casos novos de Hanseníase em idosos no período de 2003 a 2010 as Regiões Administrativas Núcleo Bandeirante com 7,2 e Paranoá com 6,5. Esses valores, de acordo com os indicadores estabelecidos pelo Ministério da Saúde, são considerados de média endemia.

Nas regiões administrativas que passaram a ter definido o número de habitantes a partir de 2007, sendo possível realizar o cálculo a partir deste ano, apresentaram destaque com um alto coeficiente de detecção o Jardim Botânico com um índice de 10,7 e Varjão com um coeficiente de detecção de 67,6.

Aponta Brasil (2005 b) que indicadores são variáveis susceptíveis à mensuração direta, produzidos com periodicidade definida além de critérios constantes. A disponibilidade de dados, simplicidade técnica, uniformidade e poder discriminatório são requisitos básicos para sua elaboração. Os indicadores de saúde refletem o estado de saúde da população de determinada comunidade.

Levando-se em consideração o número de habitantes, Núcleo Bandeirante e Paranoá apresentam uma população acima de 20.000 habitantes. Entretanto, de acordo com Amaral e Lana, (2008), nos municípios com menos de 20.000 habitantes, um pequeno número de casos novos acaba resultando em altos coeficientes de detecção, podendo mascarar a real situação epidemiológica. Sendo o caso das regiões Administrativas do DF Varjão e Jardim Botânico que possuem uma população inferior a 20.000 habitantes e apresentaram um alto coeficiente de detecção, sendo o Jardim Botânico com 10,7 e Varjão com um coeficiente de detecção considerado hiperendêmico de 67,6.

Com relação ao total de casos novos de Hanseníase em idosos em todo o DF de 2003 a 2010, o maior coeficiente de detecção ocorreu no ano de 2006 com 1,7, sendo reduzido em 2010 para 1,0.

As Regionais de Saúde das Regiões Administrativas do DF inseridas no Programa de Controle da Hanseníase (PCH) que apresentaram um maior número de notificações de casos novos em idosos no período do estudo foram: Regional Norte, Ceilândia e Taguatinga. Pode- se inferir que estas regionais respondem por outras localidades das proximidades e/ou que realizaram efetivamente as atividades do PCH visando conscientização da comunidade com conseqüente notificação de mais casos novos do que as demais Regionais de Saúde.

No que se refere ao sexo, os casos novos do período analisado foram maioria na população idosa masculina apresentando uma diferença de 15,11% em relação a população idosa feminina, sendo percebida uma tendência de inversão da predominância de casos novos, no qual de 2003 a 2006 havia uma diferença significativa entre os sexos com predominância de casos no sexo masculino, sendo que nos anos posteriores houve uma realidade na qual a maioria dos pacientes eram do sexo feminino, indicando uma maior incidência da doença no sexo feminino atualmente.

O ano de 2006 apresentou maior índice de diagnósticos de casos novos em idosos homens, comparado com 2010, o qual apresentou redução de 44%.

Esse quadro reforça a afirmação de Souza et al.,(2005), de que essa doença incide mais nos homens do que em mulheres na proporção 2:1. No entanto, com as mudanças de hábitos e costumes registrados atualmente, com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, essa diferença tende a desaparecer.

Enfatiza Vieira et al. (2008), que na maioria das regiões do mundo a incidência da doença é maior nos homens. Existem outros fatores, os quais favorecem a endemicidade, como as condições socioeconômicas desfavoráveis, condições precárias de vida e saúde e o elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente influem no risco de adoecer.

No estudo realizado por Palheta Neto et.al (2010), referente às principais queixas vocais de pacientes idosos pós-tratamento para Hanseníase, dentre os 32 pacientes idosos hansenianos estudados, a maioria era do sexo masculino. Essa diferença de prevalência de hanseníase entre os sexos, provavelmente está associado à predisposição do homem a ter mais relações interpessoais e, portanto, uma maior exposição à doença.

No entanto, o presente estudo observou uma tendência para pacientes do sexo feminino, o que pode ser justificado pelo fato de que as mulheres costumam procurar com maior freqüência os serviços de saúde.

A faixa etária predominante dos casos novos diagnosticados em idosos residentes no DF foi a de 60 a 69 anos vez que foram diagnosticados 60,4% dos casos, 70 a 79 anos, 33,47% e a faixa etária de 80 anos ou mais apresentou 6,12% do total de casos novos diagnosticados no período.

A pesquisa realizada por Souza et al. (2005) referente ao significado do ser idoso/ doente de Hanseníase descreve a problemática do idoso, que, além de passar pelo processo natural de envelhecimento, sofre também por estar diante de uma sociedade preconceituosa, a qual não valoriza nem estimula as pessoas que chegam aos 60 anos. O idoso/doente de hanseníase trava duas lutas com essa mesma sociedade, pois, além de ser idoso, é acometido

de uma doença que segrega, maltrata e tem conotação pejorativa. O estudo demonstra ainda que os idosos se sentem estigmatizados com relação à hanseníase, mas, principalmente, com relação ao envelhecimento. Tais estigmas provocam no idoso um intenso sentimento de rejeição por parte da família e da sociedade como um todo. A idade foi evidenciada pelos participantes da pesquisa como a maior dificuldade para as atividades cotidianas, levando-os à condição de dependência, implicando consequências negativas na relação consigo mesmo, com a sua família e outras pessoas com as quais se relacionavam. (SOUZA et al., 2005).

Em relação ao grupo étnico, a maioria dos pacientes se reconhece como branco. Ressalta-se diversos estudos que mostram que a classificação dos sujeitos segundo "raça/etnicidade" é uma categoria relevante de análise em pesquisas epidemiológicas voltadas para a temática das desigualdades em saúde. No Brasil, essa abordagem é ainda incipiente, e, segundo alguns autores torna-se necessário priorizar estudos que contribuam com essa temática, principalmente no campo das doenças endêmicas. (IMBIRIBA, et.al., 2009).

PENNA et.al., 2008, analisou o perfil clínico e epidemiológico de pacientes com hanseníase tratados durante um período de 20 anos no Hospital Universitário de Brasília (HUB), refletindo as características da doença no Distrito Federal e entorno, demonstrou que dos 1.124 casos estudados, 485 (43,1%) eram mulheres e 639 (56,9%) homens. A raça mais prevalente foi a parda, 379 (56%) pacientes, seguido por brancos, 237, 35% casos, 60 (8,9%) eram negros e 1 (0,2%) amarelo.

A pesquisa realizada entre os anos de 2003 a 2006 no município de Jaguaré – ES que analisou os fatores de risco para a transmissão da Hanseníase identificou discreto predomínio da raça parda 38,9% seguido da raça negra 37,8% entre os pacientes do estudo (SANTOS; CASTRO; FALQUETO, 2008).

Quanto ao grau de instrução dos idosos, 72 (29,3%) cursaram do 1º ao 4º ano incompleto do Ensino Fundamental e 52 (21,2%) são analfabetos.

No Distrito Federal, os idosos sem instrução ou com menos de um ano de estudos representam 15,9%, um a três anos 15,4%, quatro a oito anos, 30,8% e nove anos ou mais 37,9%. O peso relativo dos idosos no conjunto dos analfabetos no período de 1999 a 2009 cresceu, passando de 34,4% para 42,6%. As diferenças entre homens e mulheres se acentuam no interior desse segmento etário devido à sobrevida das mulheres (IBGE, 2010).

A pesquisa realizada por Santos, Castro e Falqueto, (2008), identificou que de acordo com o nível de escolaridade a maioria dos pacientes portadores de Hanseníase 55,6% cursaram até o Nível Fundamental e 24,4% eram analfabetos.

O estudo realizado por Amaral; Lana, (2008), comparando a escolaridade de pessoas com Hanseníase, analisou que os indivíduos com menos de quatro anos completos de estudo desenvolveram 1,32 vezes mais incapacidades físicas que aqueles com mais de quatro anos de estudo. A baixa escolaridade torna-se um fator de risco para desenvolver as formas incapacitantes da hanseníase, esse dado deve ser levado em consideração pelos serviços de saúde no planejamento e desenvolvimento de suas atividades, principalmente na elaboração de ações educativas visando ensinar sobre a doença, as formas de prevenção e tratamento das incapacidades. Considerando tratar-se de um grupo com baixa escolaridade, a abordagem a esses pacientes precisa se adequar às suas capacidades cognitivas, aos seus conhecimentos e crenças.

Observa-se na população idosa com hanseníase um maior contingente de aposentados/pensionistas, 38 (15,51%), fato esperado devido à faixa etária estudada.

A pesquisa realizada entre os anos de 2003 a 2006 no município de Jaguaré – ES, analisou que dentre as ocupações mais encontradas entre casos e controles, houve predomínio de domésticas 93 (25,8%), seguido de lavradores 79 (21,9%) e aposentados 51 (14,2%) (SANTOS; CASTRO; FALQUETO, 2008).

O estudo realizado por Araújo; Oliveira, (2003), analisou a irregularidade de pessoas com Hanseníase ao serviço de saúde, sendo que 51,2% dos pacientes eram lavradores e 19,5% eram aposentados.

Com os dados da PNAD, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - 2009, foi possível traçar um breve perfil socioeconômico deste segmento populacional de idosos. As mulheres são a maioria (55,8%), assim como os brancos (55,4%) e 64,1% ocupam a posição de pessoa de referência no domicílio. A escolaridade dos idosos brasileiros é ainda considerada baixa: 30,7% possuem menos de um ano de instrução. Pouco menos de 12,0% vivem com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo e aproximadamente 66% já se encontram aposentados. (IBGE, 2010).

Dos 245 idosos com Hanseníase participantes da pesquisa, 188 (76,73%) foram determinados de acordo com a classificação operacional como multibacilares, sendo destes 81 (33,06%) da forma clínica Dimorfa e 75 (30,61%) Virchowiana, enquanto 57 (23,26%) foram determinados como paucibacilares, sendo da forma clínica Indeterminada 13 (5,31%) e Tuberculóide, 45 (18,37%).

Os dados citados coincidem com o estudo realizado nos municípios do Estado de São Paulo o qual analisou as ações de controle da Hanseníase, apresentando predominância de casos multibacilares , o que leva a pensar no diagnóstico tardio. (HELENE, et, al, 2008).

Constataram Lasória; Macharelli; Putinatti, (2003), em sua pesquisa realizada em diversas faixas etárias que a maioria dos 87 pacientes do estudo se classifica como multibacilares (65,5%) sendo (31%) da forma clínica dimorfa e (34,4%) Virchowiana. Os casos classificados como paucibacilares foram (34,4%) sendo 12,6% da forma Indeterminada e (21,8%) Tuberculóide.

Na pesquisa realizada por Lastória; Putinatti, (2004), que analisou a busca ativa na detecção de casos novos de Hanseníase, dentre os 18 casos de hanseníase do estudo, 10 (55,5%) foram classificados como paucibacilares e 8 (44,4%) multibacilares, discordando do resultado encontrado em nossa pesquisa.

Relacionando forma clínica e grau de incapacidade, observamos que as formas clínicas Virchoviana 21 (28%) e Dimorfa 18 (22,2%) apresentam respectivamente mais casos com Grau II de incapacidade no momento do diagnóstico e as formas clínicas Tuberculóide 29 (64,4%) e Indeterminada 7 (53,8%) apresentam mais casos com Grau 0 de incapacidade no momento do diagnóstico.

Justifica-se este resultado uma vez que as formas clínicas Virchoviana e Dimorfa são classificadas como multibacilares. Já as formas clínicas Tuberculóide e Indeterminada se classificam como paucibacilares. A classificação operacional multibacilar tem como característica um número de lesões maior que cinco e a classificação operacional paucibacilar menos que cinco lesões no momento da avaliação.

Predomina entre os novos casos de Hanseníase em idosos no período analisado a forma clínica Dimorfa, seguida da Virchowiana. Por ser assim, verifica-se em Campos et al.,(2005) que os elevados coeficientes de casos multibacilares (Virchowianos e Dimorfos) podem estar associados à descoberta de casos antigos acumulados, geralmente pessoas de idade mais avançada.

A análise da distribuição em relação ao sexo dos idosos com hanseníase e a forma clínica no período de 2003 a 2010 demonstrou que se destacaram as formas clínicas Virchowiana 38,3%, na população masculina e Dimorfa 32,7%, na população feminina da amostra. A forma clínica Indeterminada foi a menos insidiosa em ambos os sexos.

Essas informações diferem do estudo realizado nos municípios do Estado de São Paulo o qual detectou conforme os casos novos diagnosticados que houve predomínio da forma clínica Tuberculóide na maioria dos municípios e quanto à forma indeterminada, os achados foram similares, apresentando um reduzido número de casos (HELENE et al., 2008).

Dentre os graus de incapacidade no momento do diagnóstico, o Grau 0 representa a maioria dos casos, 51 (38,5%) para os homens e 51 (36,2%) para as mulheres.

Em todos os casos notificados na pesquisa, no momento do diagnóstico, o grau de incapacidade predominante na maioria dos idosos com Hanseníase, foi Grau 0 (37,1%), porém os graus que caracterizam incapacidades apresentaram um percentual relevante no momento do diagnóstico dos casos novos em idosos notificados no período do estudo, sendo Grau I (33,1%) e Grau II (20,4%) dos casos, o que caracteriza um diagnóstico tardio.

O Grau de incapacidade de acordo com o ano do diagnóstico indica que os anos de 2004 e 2008 apresentaram um maior índice de diagnósticos com incapacidade Grau II, respectivamente do que nos demais anos do estudo. Do total de casos notificados, no momento do diagnóstico, o grau de incapacidade predominante foi Grau 0, 91 (37,1%), os demais, Grau I, 81 (33,1%) e Grau II 50 (20,4%).

Esse resultado caracteriza um diagnóstico tardio, pois, embora a maioria dos casos tenham sido diagnosticados como Grau 0, deve-se considerar o percentual de incapacidade Grau I e II acima de 20% como preocupante, pois quanto maior for a incapacidade no momento do diagnóstico, torna-se provável que tenha havido mais tempo de acometimento da doença, mais tempo de exposição com contatos intra domiciliares e consequente disseminação da doença.

O grau II de incapacidade, já ocorrendo no momento do diagnóstico desencadeia um tratamento mais oneroso, uma vez que o paciente com incapacidades requer uma atenção direcionada da equipe de saúde para a estagnação ou regressão do quadro para um grau menor de incapacidade, além de propiciar um comprometimento da qualidade de vida desse paciente, tornando o processo de recuperação mais desgastante. A literatura reforça a importância do diagnóstico precoce para prevenir as deformidades desencadeadas pela ação do bacilo no organismo não tratado.

Avaliando a qualidade do atendimento e ações dos serviços de saúde direcionadas à hanseníase, utilizando os indicadores recomendados pelo Ministério da Saúde, nos anos de 2004 e 2008 o parâmetro adquirido foi > 75%, considerado regular, no entanto, os demais anos do estudo, incluindo o de 2010, apresentaram o parâmetro < 75%, sendo portanto, considerado precário a qualidade do atendimento dos serviços de saúde no DF no que se refere às ações voltadas para a detecção de novos casos de Hanseníase, uma vez que há uma incidência considerável de casos novos apresentando incapacidades no momento do diagnóstico.

No período de 2001 a 2006, o Brasil registrou valor médio referente ao grau I de incapacidade de 18% e ao grau II de 5,8%. Baseado nos padrões definidos pelo Programa Nacional de Controle da Hanseníase, os percentuais de incapacidades observados nesse

período são considerados de média magnitude para o grau II. O grau de incapacidade está relacionado com o tempo de doença. Assim, esse indicador permite uma avaliação indireta da efetividade das atividades de detecção precoce e tratamento adequado dos casos. Segundo o Ministério da Saúde, os serviços de saúde devem realizar a avaliação, a determinação do grau de incapacidade dos doentes com hanseníase no momento do diagnóstico, durante o tratamento no mínimo uma vez ao ano e no momento da alta. (ALVES et al., 2010).

No estudo que realizou a análise espacial da Hanseníase na microrregião de Almenara, MG, Brasil identificou que dos 889 casos da pesquisa, os homens apresentaram 1,48 vezes a prevalência de incapacidades físicas em relação às mulheres. A maior ocorrência de incapacidades no sexo masculino pode estar relacionada ao menor acesso aos serviços de saúde já que esses oferecem mais programas voltados à saúde da mulher, bem como a menor preocupação dos homens em relação ao corpo e à estética, isso propicia demora no diagnóstico. ( AMARAL; LANA, 2008).

Na pesquisa de coorte retrospectiva, que acompanhou 595 pacientes com registro de grau de incapacidade na admissão e na alta, observou-se que 43,2% que tinham grau I na primeira avaliação evoluíram para grau 0. Dos que apresentavam grau II, 21,3% passaram a ter grau 0 e 20% passaram a grau I. Na análise univariada as variáveis as quais se mostraram estatisticamente associadas à evolução no grau de incapacidade foram: neurite, tempo até a ocorrência de neurite, número de nervos acometidos, tipo de tratamento fisioterápico e maior dose de prednisona. Na análise multivariada, o principal fator associado à evolução do grau de incapacidade foi o grau de incapacidade na admissão. Os resultados mostraram a importância do diagnóstico precoce de neuropatia, assim como da eficiente associação das intervenções medicamentosas e não-medicamentosas por meio das técnicas de prevenção de incapacidade e dosagens adequadas de corticoterapia. (GONÇALVES; SAMPAIO; ANTUNES, 2009).

Um estudo realizado em uma instituição de saúde não governamental, sediada no Estado de Goiás, mantida por doações e mão-de-obra de saúde de caráter voluntário, com 12 participantes no ano de 2007, ressalta o fato de que 91% dos participantes se enquadrarem no Grau II de incapacidade, demonstrando que não conseguiram realizar o tratamento profilático, permitindo ao bacilo franca instalação e acometimento dermato-neurológico, com desenvolvimento da doença em sua forma mais grotesca e mutilante. Todos os participantes apresentavam anestesia em diferentes áreas do corpo, madarose e articulações anquilosadas, 92% deles o desabamento da pirâmide nasal, 75% lesões cutâneas eritemato-castanhadas e infiltradas, 50% déficit visual, 42% reabsorção de artelhos, 34% lesões tumorais e sulfono- resistentes, 33% contratura das mãos e pés, 25% reabsorção e garra móvel da mão e 25 % mal

perfurante plantar. A forma clínica predominante foi a virchowiana 75%, justificando o grave perfil do estado de saúde dos participantes, sendo que 100% deles possuíam úlceras extensas e disseminadas, das quais 41,6% apresentavam necrose, secreção e odor fétido. A presença de lesões cutâneas e seqüelas mutilantes, da natureza das encontradas neste estudo, denotam a gravidade do estado de saúde, do risco de infecção além da baixa qualidade de vida dessas pessoas. Todos relataram falta de ocupação por falta de condições físicas para exercer qualquer tipo de trabalho. Quase todos não possuíam família, nem tinham onde morar, sendo o motivo principal da permanência na instituição. (PEREIRA et al., 2008).

No que se refere ao grau de incapacidade no momento da alta por cura, a pesquisa demonstra que foram registrados como Grau 0 43,4%, Grau I 28,3% e Grau II 12,1% dos 173 casos. Considerando que dos 173 casos, 70 apresentaram Grau de incapacidade no momento da alta por cura, sendo destes, 49 Grau I e 21 Grau II. De acordo com o cálculo preconizado para se avaliar a qualidade do atendimento nos Serviços de Saúde, o resultado corresponde a 40,46%, de acordo com os parâmetros estabelecidos, corresponde a <75%, portanto precário.

Os dados encontrados apontam uma necessidade de se implantar ações direcionadas para a prevenção das deformidades nos pacientes idosos com Hanseníase residentes no Distrito Federal - Brasil.

Ressalta-se que em 2009, foram detectados 34 novos casos de Hanseníase, no qual se espera que esses pacientes tenham sido submetidos a poliquimioterapia e teoricamente, deveriam receber alta por cura no ano seguinte, 2010. No entanto, somente 03 casos receberam alta por cura em 2010, até a data da coleta dos dados, o que pode ser considerado um quantitativo insuficiente. Torna-se necessário a continuidade da análise dos dados, a fim de se perceber se o ocorrido em 2010 permanecerá ocorrendo nos anos subsequentes.

De acordo com a pesquisa referente a prevalência de incapacidades pós tratamento de pacientes hansenianos , dos pacientes que receberam alta nos quatro anos que antecederam o estudo, 42,6% apresentaram incapacidades dos quais 10,1% apresentando grau II. Houve associação entre a presença de incapacidades com as formas multibacilares da hanseníase. Houve também associação entre a piora da sensibilidade e a presença de lesão neural já no momento do diagnóstico. O fato de metade dos pacientes ter desenvolvido progressão de déficit de sensibilidade indica a necessidade de monitorar a função neural dos hansenianos além do momento de finalizar a poliquimioterapia, para evitar o surgimento de incapacidades em pacientes que já tiveram alta. (RAMOS; SOUTO, 2010).

No que se refere ao número de lesões, os pacientes que no diagnóstico apresentaram acima de 5 lesões são maioria, (41,63%) comprovando a predominância da Classificação Operacional Multibacilar e um diagnóstico tardio.

Na análise dos prontuários dos pacientes no estudo transversal de 79 hansenianos atendidos em 2003 e 2004 conforme Arquivo Médico, separando-os em ulcerados e não ulcerados. Em relação à classificação operacional da hanseníase, a maioria dos pacientes ulcerados foi classificada como Virchowianos e multibacilares, respectivamente. Esses achados reforçam a alta frequência de baciloscopias positivas dentre os pacientes do referido grupo. Quanto ao grau de incapacidade, as úlceras plantares são determinantes para o grau II, evidenciado pelo alto índice (72%) cabe ressaltar que eles apresentaram ulcerações em outras

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