• Nenhum resultado encontrado

De acordo com nossos resultados é possível observar que tanto o grupo HIIT quanto o grupo HIIT ACUM tiveram um aumento acentuado do VO2máx, comprovando

assim que os dois protocolos foram eficazes para este fim. O HIIT de curto prazo (< 12 semanas) melhorou acentuadamente o VO2máx, pressão arterial diastólica e glicemia de

jejum em pessoas com sobrepeso ou obesas. Já em longo prazo (≥12 semanas), houve uma melhora na circunferência da cintura, no percentual de gordura corporal, no VO2máx, frequência cardíaca em repouso e na pressão arterial sistólica nestas populações

(BATACAN et al., 2016).

Quando comparado com outros trabalhos anteriores da literatura que tiveram sessões de HIIT em torno de uma hora de duração quando se tratou da mensuração de VO2máx (KEMI et al.,2005; HARAM et al.,2008; WISLOFF et al.,2001) nosso estudo

teve um volume de sessão de treinamento extremamente reduzido, de apenas 6 minutos de estímulos, 5 dias por semana, após 8 semanas o grupo HIIT aumentou seu VO2máx

em 38% e o grupo HIIT ACUM teve uma adição de aproximadamente 29%. Este achado é de grande relevância, afinal já é sabido que um maior VO2máx aumenta a

tolerância ao exercício e que indivíduos com menor VO2máx apresentaram maior risco de

morte, sendo especulado que cada aumento de 3,5 ml/Kg.min (1 MET) do VO2Máx

atribui uma melhora de 12% na sobrevida (MYERS et al., 2002).

No presente trabalho não houve diferença na ingestão alimentar durante todo o período experimental entre os grupos. Assim como em um estudo do nosso grupo de pesquisa no qual o protocolo de treinamento físico feito em ratos Wistar machos foi de 60 min/dia, 5 dias/semana, durante 8 semanas em intensidade moderada na piscina, em que o grupo exercício contínuo realizou uma única sessão diária com uma hora de duração, enquanto o grupo exercício acumulado realizou 3 sessões de 20 minutos diários com a mesma frequência, intensidade e duração do período de treinamento. O exercício acumulado foi mais eficiente do que exercício contínuo ao proporcionar menor massa corporal final e em inibir o acúmulo do tecido adiposo visceral (COSTA- PEREIRA et al., 2016).

Wewege et al. (2017) identificaram através de sua meta-análise que 10 semanas de HIIT podem reduzir a gordura corporal em aproximadamente 2 kg e a circunferência da cintura em 3 cm sem alteração na massa corporal. Este programa de 10 semanas mostrou uma melhora na composição corporal em relação a programas de treinamento

de curto prazo, devido a uma diminuição de 6 % da gordura corporal. No estudo também foi observado que as mudanças na composição corporal são influenciadas pelo tipo de modalidade do exercício sendo a corrida em esteira no HIIT mais eficaz para a redução da gordura e massa corporal.

Em nossa pesquisa podemos observar que após as 8 semanas de treinamento, ambos os grupos HIIT apresentaram um percentual de gordura 7% menor que o grupo SED. Já o resultado de gordura visceral mostrou que o grupo HIIT apresentou um resultado 49,57% menor que o grupo SED. Já o grupo HIIT ACUM surpreendentemente apresentou gordura visceral 68,85% menor que o grupo SED, mostrando-se ainda mais eficaz em prevenir o acúmulo da gordura visceral do que o grupo HIIT.

Está bem estabelecido na literatura que a redução da gordura corporal tem efeitos benéficos que incluem diminuição da pressão arterial, diminuição do colesterol total e diminuição do LDL, aumento do HDL, aumento da tolerância a glicose e diminuição de doenças cardiovasculares (DATTILO e ETHERTON, 2013). Segundo Liu et al. (2010) o tecido adiposo abdominal e o tecido adiposo visceral estão ligados a diversos fatores de risco cardiometabólicos.

Foi observado que após o período de 4 semanas de destreinamento apesar de o

VO2Máx ter sido reduzido em ambos os grupos, os animais anteriormente treinados

continuavam a apresentar um maior VO2Máx se comparados ao grupo SED s-12. Durante

o destreinamento os grupos HIIT e HIIT ACUM apresentaram um VO2máx

aproximadamente 10 ml/kg/min maior que o grupo SED.

Um estudo feito por Kemi et al. (2004) utilizando o HIIT em ratos Sprague- Dawley adultos também analisou o VO2Máx pós treinamento e destreinamento, e mostrou

que após 8 a 10 semanas de treinamento o VO2Máx estabilizou em um aumento de 26%

acima do grupo sedentarismo. E durante o destreinamento, o VO2Máx diminuiu 50% em

2 semanas e estabilizou 5% acima do sedentário após 4 semanas de destreinamento, indo de encontro aos resultados de nossa pesquisa.

Evangelista et al. (2005) mostraram que 10 semanas de treinamento em esteira com duração de 60 min, 5 dias por semana a 50% do pico de Vo2máx, aumentaram o pico

de VO2máx porém, após 2 semanas de destreinamento houve uma redução de 22% em

relação ao período pós treinamento. Com isso, estes autores afirmam que a diminuição do pico de VO2 leva a uma perda na capacidade aeróbica. Todos estes resultados nos

uma interrupção no programa de treinamento, tendo em vista que a perda da capacidade aeróbica está associada a várias DCNT´s como a obesidade.

Nossa pesquisa mostrou que o percentual de gordura corporal foi aumentado em ambos os grupos HIIT após o destreinamento, porém, os resultados foram mantidos menores se comparados aos grupos SED. O grupo HIIT e HIIT ACUM tiveram um aumento de aproximadamente 4% do percentual de gordura pós as 4 semanas de destreinamento. Isto totaliza um percentual de gordura de aproximadamente 3% menor que o dos grupos SED.

Foi observado que a gordura visceral pós destreinamento aumentou no grupo HIIT ACUM, porém o mesmo não ocorreu no grupo HIIT. Este aumento foi de 74% em relação ao período pós treinamento, ainda sim, a quantidade de gordura visceral foi mantido menor se comparados aos grupos SED.

Diante dos resultados apresentados pelo presente estudo, observa-se que buscando prevenir os infortúnios gerados pelo sedentarismo e pela interrupção não programada do treinamento físico deve-se incentivar o exercício físico regular e evitar a interrupção do programa de treinamento de forma não planejada. Devendo-se destacar que ambos os protocolos de treinamento se mostraram eficientes em levar a melhora de fatores de risco relacionados a DCNT´s, sendo que de forma interessante o HIIT ACUM se mostrou superior ao protocolo de HIIT em prevenir o acúmulo de tecido adiposo visceral, sendo que esse é um fator de risco classicamente associado com patologias como diabetes mellitus tipo 2 e obesidade, em decorrência do efeito inflamatório exercido por esse tecido. Mesmo passado um período adicional correspondente a 50% do período de treinamento, as adaptações positivas oriundas da realização dos protocolos exercício intervalado de alta intensidade foram parcialmente mantidas, o que é extremamente interessante, afinal sabe-se que é natural que em algum momento o indivíduo participante de um programa de treinamento físico venha a interromper o treinamento pelos mais variados motivos (MITSUHASHI et al., 2011).

Documentos relacionados