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DISCUSSÃO

No documento MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA (páginas 71-83)

Esse estudo objetivou verificar a associação entre o uso de mídia e: hábitos de sono, sonolência diurna e o desempenho em testes de atenção, memória operacional e flexibilidade cognitiva. Para isso, consideramos o auto relato dos adolescentes sobre o perfil de uso de mídia individual, utilizando duas formas de registrar essa atividade: (A) o uso total concentrado em dois dias de semana e dois dias de fim de semana, configurando a estimativa diária de uso de mídia; e (B) o uso antes de dormir durante todas as noites de coleta, ou seja, a frequência de uso de mídia antes de dormir. Medido dessa forma, o uso de mídia pode ser caracterizado tanto por tempo total diário gasto com cada dispositivo e com todos os dispositivos, bem como a sua relação com o uso antes de dormir, os hábitos de sono, sonolência diurna e desempenho cognitivo dos jovens.

Como esperado, o maior uso de mídia acontece nos dias livres e o equipamento mais utilizado é o telefone celular, uma vez que acumula diversas funções atualmente (player de música, jogos, internet, redes sociais). Esse resultado é semelhante ao que foi encontrado por Fossum et al. (2014), caracterizando bem o perfil de uso de mídia dos jovens.

De acordo com o que esperávamos, deveria existir uma relação entre a estimativa diária de uso de mídia e as variáveis do sono. Porém, não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre a variável de mídia e o sono dos indivíduos, exceto pela correlação fraca e positiva entre a estimativa diária de uso de mídia e a sonolência ao acordar. Este resultado pode ser decorrente de limitações da ferramenta e por outro lado, pelo tamanho da amostra. A ferramenta utilizada para monitorar o uso total de mídia pelos adolescentes foi uma versão

63 modificada do Protocolo diário de atividades adaptada para a língua portuguesa por Fischer et al. (1987). O preenchimento dependia do comprometimento do jovem, uma vez que deveria responder simultaneamente ao uso ou recordar o que usou e a que horas usou cada dispositivo durante os intervalos de 48 horas em que eram monitorados. Rich et al. (2015) discute que esse tipo de medida é confiável quando a atividade praticada é intensa ou duradoura o suficiente para ser recordada. Além disso, afirma que podem haver erros de recordação quando os indivíduos usam dispositivos para realizar atividades que são encorajadas pelos pais e professores (por exemplo, ler em um tablet). Nesse caso, o jovem pode considerar o tempo gasto com estudo e não associar ao uso de mídia.

A falta de correlação entre os dados de uso de mídia e os horários de acordar também pode ser decorrente da força dos horários escolares matutinos sobre o horário de acordar dos jovens (Andrade et al., 1996; Carskadon et al., 2002). Entretanto, o fato de termos encontrado apenas uma correlação fraca entre a estimativa diária de uso de mídia em um dos parâmetros do CSV não implica na ausência de relação entre o uso demasiado de dispositivos de mídia e o sono. King et al. (2013) demonstraram que o uso patológico de mídia foi associado a interferências no sono de jovens australianos, produzindo efeitos, inclusive no deslocamento do horário de início do sono. No presente trabalho, observamos que o protocolo diário de atividades capturou bem as diferenças entre semana e fim de semana, o que demonstra a eficiência da ferramenta para o tipo de pesquisa realizada. Nesse caso, o aumento da amostra pode, de maneira mais consistente, favorecer o aparecimento de correlações ou confirmar a ausência de correlações entre as variáveis.

64 Além dessas limitações, vale ressaltar que essa é uma parcela da população que se utiliza de dispositivos eletrônicos com muita frequência. Considerando o acesso à internet, um estudo conduzido, em 2002, pela “Kaiser Family Foundation” revelou que 74% dos adolescentes, entre 15 e 17 anos, reportaram ter internet em casa, com 31% desses jovens relatando acesso em seus quartos. Dessa forma, os possíveis efeitos do uso de mídia sobre as demais variáveis podem ser difíceis de detectar, uma vez que todos os jovens utilizam muito os dispositivos eletrônicos.

De acordo com o que previmos, o tempo de uso de mídia e o desempenho dos adolescentes em todos os testes cognitivos deveriam estar relacionados. Porém, entre os escores gerados pela tarefa utilizada para avaliar a atenção dos estudantes, o único que apresentou correlação estatisticamente significativa, embora fraca, foi a

estabilidade geral ao longo da tarefa, calculada por meio de uma regressão linear

entre os blocos da tarefa e o tempo de reação médio em cada bloco. Diferente do que esperávamos, a correlação negativa entre essas variáveis indica que quanto maior for a estimativa diária de uso de mídia dos indivíduos menor será o coeficiente dessa regressão, ou seja, menores tempos de reação médios surgem à medida que a tarefa progride. Em outras palavras, esse resultado parece ser indicativo de maior eficiência na tarefa.

Entretanto, este dado pode ter interferência de erros de comissão, que são bem comuns na aplicação de testes de vigilância psicomotora, em que a resposta do indivíduo, também, é medida através do tempo de reação. O que acontece, nesses casos, é que o indivíduo pode antecipar a resposta, na expectativa de conseguir um bom resultado no teste ou ter um desempenho ruim por estar desmotivado ou privado de sono (Lim & Dinges, 2008; Goel et al., 2009; Chua et al.,2014). Em outras situações em que a resposta é lenta, os indivíduos tendem a perder alguns estímulos,

65 então as suas respostas são contabilizadas no estímulo seguinte, como se o indivíduo respondesse quase simultaneamente. Nessas condições a velocidade média dos blocos reduz e a tendência é que esse fenômeno ocorra mais frequentemente com o decorrer do tempo. Em estudos futuros se faz necessário analisar os erros de comissão para avaliar esse efeito.

No subteste de dígitos, foi encontrada correlação estatisticamente significativa, fraca e positiva, entre o tempo de uso de mídia e os escores da ordem direta. Porém, na ordem indireta não foi encontrado resultado. A ordem direta avalia a memória de curto prazo, enquanto a indireta avalia a memória operacional propriamente dita. O resultado indica que um maior tempo de uso de mídia está relacionado com melhor desempenho na memória de curto prazo.

Nos testes para avaliar a flexibilidade cognitiva foi encontrada correlação entre a estimativa diária de uso de mídia e o escore de erros únicos, sendo fraca e negativa. Esse resultado mostra que um maior uso de mídia estaria acarretando em menor quantidade de erros aleatórios durante o teste e, portanto, melhor desempenho. Quanto aos resultados do teste de trilhas, não foram encontradas correlações estatisticamente significativas.

Diferente do que esperávamos, a partir da combinação dos resultados dos testes cognitivos podemos sugerir um aparente efeito positivo do tempo de uso de mídia na performance cognitiva dos adolescentes. Colzato et al. (2010) relacionou a prática de jogos em computadores e consoles com um aumento na agilidade dos indivíduos, através da redução do tempo de reação e do número de erros. Além disso, apesar dos processos cognitivos avaliados serem independentes e possuírem substratos neurais distintos, estão interligados, o que pode ajudar a esclarecer os resultados encontrados. Encontramos efeito da mídia no componente da tarefa que avalia a

66 memória de curto prazo, que está fortemente relacionada à atenção, ou seja, indivíduos mais atentos possuem melhor desempenho, também, na memória de curto prazo. Esse resultado reforça os que foram encontrados para a avaliação da atenção.

Outros fatores podem ser propostos para a explicação do resultado: (a) familiaridade dos adolescentes com o uso de computadores, (b) a complexidade do teste de Berg e (c) o tamanho da amostra. O computador foi utilizado em dois dos quatro testes cognitivos (teste de Berg e a CPT), em ambos houve correlação positiva entre o tempo de uso de mídia e o desempenho. Apesar do teste de Berg de classificação de cartas ter sido originalmente desenvolvido para a aplicação em indivíduos saudáveis (Berg, 1948), a capacidade de aferir múltiplas dimensões cognitivas de uma vez (Strauss & Spreen, 2006) confere uma complexidade na interpretação dos resultados. Ademais, este teste é mais sensível para a detecção de disfunções pré-frontais quando comparado a efeitos sutis ocasionados pelo uso de mídia ou pela privação e do soo e irregularidade nos horários de sono.

Além disso, uma limitação desse trabalho foi não ter sido analisada a relação do desempenho nos testes e a duração de sono na noite anterior, bem como o consumo de bebidas e alimentos estimulantes na manhã de aplicação dos testes. Segundo Calamaro et al. (2009), na tentativa de compensar os efeitos da privação de sono e da sonolência diurna, muitos adolescentes consomem estimulantes (café, bebidas energéticas), que aumentam o alerta e podem, consequentemente, melhorar o desempenho.

O uso de mídia, também, foi avaliado antes de dormir através da frequência de noites em que os dispositivos eram utilizados. De acordo com essa forma de analise, a amostra foi dividida quanto a frequência de uso de mídia antes de dormir em três grupos de uso: baixo, moderado e elevado. Como era esperado, a maioria dos

67 indivíduos apresenta uma frequência de uso de moderada a intensa. Além disso, foram encontradas diferenças, nos parâmetros e hábitos de sono e no desempenho cognitivo dos adolescentes.

Em relação às atividades desempenhadas pelos participantes antes de dormir, encontramos que, de maneira geral o celular é o dispositivo mais utilizado. Algo esperado devido a quantidade de funções disponíveis nesses aparelhos, o que o torna muito atraente para essa faixa etária. O que diferencia o grupo de maior frequência de uso de mídia antes de dormir dos demais é que, além do uso elevado de celular, os jovens desse grupo relataram utilizar muito televisão.

Como esperado, não foram encontradas diferenças nos relatos dos jovens quanto aos motivos para despertar ao longo dos dias da semana, o que reafirma os horários escolares matutinos como principal obrigação social para esses jovens. Contudo, diferenças foram encontradas nos relatos da forma de despertar entre a semana e o fim de semana. Durante os dias letivos a maioria dos adolescentes necessita de algum tipo de ajuda para despertar, por outro lado, no fim de semana, sem compromissos pela manhã e, portanto, com liberdade para escolher os horários de levantar, os jovens tendem a levantar espontaneamente. Isso é mais um indicativo do quão desafiador é o horário escolar matutino. Quando consideramos o uso do despertador e a necessidade de alguém para despertar o indivíduo como uma forma de acordar não espontânea, percebemos que o grupo que tem maior frequência de uso de mídia antes de dormir também é o que mais necessita de algo para auxiliar ao seu despertar pela manhã. Nossos resultados corroboram os trabalhos que apontam o horário de início das aulas como um forte sincronizador social, bem como um grande desafio, no cotidiano dos adolescentes (Boergers et al., 2014; Andrade et al., 1993). No Brasil, o horário de início das aulas varia das 07:00 às 07:30 e pode ser um

68 dos principais responsáveis pela redução do tempo na cama (Brandalize et al., 2011) e consequente privação de sono dos alunos.

De acordo com nossas hipóteses, era de se esperar que os padrões temporais do sono variassem em função da frequência de uso de mídia antes de dormir. No geral, foram encontradas diferenças no horário de deitar entre os dias da semana e os dias do fim de semana, sendo uma diferença média entre a semana e o fim de semana de, aproximadamente, 1h e 10 min. Também foram encontradas diferenças significativas no horário de deitar em função do uso de mídia. Como esperado, os jovens do grupo de menor frequência de uso de mídia antes de dormir apresentaram horários de deitar mais cedo que os horários dos demais grupos. Esperávamos que, durante a semana, não fossem encontradas diferenças nos horários de levantar, o que pode ser justificado pela força do horário escolar como sincronizador os horários de levantar, como demonstrado há muito tempo por Andrade et al. (1993). Diferente do esperado, os jovens que estavam no grupo de menor frequência de uso de mídia relataram horários de levantar mais adiantados que os demais grupos. Esse resultado pode ser um indicador da influência do uso de mídia nos hábitos e horários de sono dos jovens, mesmo quando esses horários estão submetidos a uma pressão social (horários da escola) forte. No fim de semana, foram encontradas diferenças em função da frequência de uso de mídia, com os indivíduos do grupo de menor uso de mídia acordando cerca de 1h e 06 min e 1h e 28 min mais cedo que os grupos 2 e 3, respectivamente. Essa diferença pode estar associada ao menor uso de mídia neste grupo antes de dormir.

Dessa forma, nossos resultados corroboram dados de estudos anteriores. Orzech et al. (2015) encontraram efeitos negativos nos parâmetros de sono devido ao uso de dispositivos eletrônicos próximo ao horário de dormir. Esses efeitos podem ser

69 ocasionados por: (A) deslocamento dos horários pelo uso de mídia (Li et al., 2007; Zimmerman, 2008), (B) pelo aumento da excitação fisiológica associada com o uso de mídia digital perto do horário de dormir (Higuchi et al., 2003; Zimmerman, 2008) e (C) pela inibição de marcadores fisiológicos ligados ao sono (melatonina) pelo brilho das telas utilizadas (Cajochen et al., 2011; Figueiro et al., 2011).

Independente da frequência de uso de mídia, verificamos um padrão de horários de sono atrasado, com redução do tempo na cama nos dias letivos e extensão nos dias livres, de maneira que os indivíduos passaram cerca de 2 horas a mais na cama no fim de semana, quando comparado à semana. A partir desse dado podemos sugerir que existe uma tentativa de compensação do déficit de sono dos indivíduos no fim de semana. Essa diferença contribui para a irregularidade do tempo na cama, que não diferiu em função do uso de mídia. Esse cenário é semelhante ao observado por outras pesquisas em adolescentes (Andrade et al., 1993; Wolfson & Carskadon, 1998; Carskadon et al., 1998; Wolfson & Carskadon, 2003).

De um modo geral, a amostra apresenta um quadro de sonolência diurna excessiva, com redução desse efeito durante o fim de semana. Diferente do que previmos, o grupo de menor frequência de uso de mídia exibiu o maior percentual de sonolência diurna, bem como, a maior frequência de cochilos no fim de semana.

Quando comparamos os horários de sono com os dados de sonolência, cochilos e os motivos para acordar dos jovens, notamos que, apesar dos adolescentes do Grupo 1 utilizarem com menor frequência dispositivos de mídia antes de dormir, passarem mais tempo na cama, deitarem e levantarem mais cedo, eles são, também, mais sonolentos e cochilam com mais frequência, embora a duração do cochilo seja menor. Quando consideramos que o fim de semana desse grupo é um pouco atípico quando comparado aos demais grupos, devido a maior frequência de compromissos

70 relatados como motivo para acordar, podemos supor que esses jovens não estejam compensando suficientemente o sono, como os demais, e isso explicaria a maior sonolência e o maior percentual de jovens relatando cochilos.

Além disso, é possível que os indivíduos que utilizem dispositivos eletrônicos com mais frequência antes de dormir, também o façam ao acordar, o que pode ter um efeito mascarador da sonolência. É necessário, portanto, adaptar as ferramentas de medidas de uso de mídia ao contexto dos jovens e avaliar os efeitos que esses dispositivos possuem sobre o funcionamento diurno dos adolescentes e o quanto pode mascarar os efeitos negativos.

Quanto aos componentes da atenção, não foram encontradas diferenças significativas em função da frequência de uso de mídia, quando a medida utilizada foi o tempo de reação ou o percentual de respostas corretas. Tampouco foram encontradas diferenças significativas para os indicadores de atenção sustentada calculados por regressão linear. Contudo, quando comparamos as omissões em função da frequência de uso, encontramos um efeito significativo para o alerta fásico e uma tendência na atenção sustentada. De maneira que o grupo que utiliza mídia menos frequentemente é o que apresenta menor número de omissões e, portanto, melhor desempenho. Segundo o modelo de atenção de Valdez (2005), o alerta fásico faz parte de um conjunto de reações específicas que demandam um processamento, seleção do estímulo e da resposta. Esse nível de resposta está vinculado ao córtex pré-frontal, que, segundo a “teoria da vulnerabilidade pré-frontal” (Horne, 1993), tende a se beneficiar, mais que as demais regiões cerebrais, de um sono adequado. Dessa forma, o uso mais frequente de mídia antes de dormir pode estar influenciando negativamente o sono e, consequentemente, o desempenho diurno.

71 Embora tenhamos encontrado um possível impacto da frequência de uso de mídia nos componentes da atenção, existem fatores que podem atenuar esse efeito. Pashler et al. (2001) destacam que a atenção sustentada, em alguns casos, pode ser influenciada pela motivação do indivíduo, através do controle pré-frontal, ou “controle

Top-down”, de modo que o indivíduo motivado aumenta a atenção que direciona a

uma atividade, o que pode permitir que mantenha respostas específicas por mais tempo.

Quanto à avaliação da memória operacional, foi encontrada uma tendência entre os indivíduos do G1 (grupo de menor frequência de uso de mídia) a acertarem mais na ordem direta do teste de dígitos, quando comparados aos adolescentes do G2 (grupo intermediário quanto à frequência de uso de mídia). Essa etapa do teste avalia a memória de curto prazo, sendo assim, os indivíduos que utilizam menos mídia, tendem a apresentar melhor memória de curto prazo. Além disso, foi encontrada uma diferença significativa entre os mesmos indivíduos na versão indireta, de forma que os indivíduos que utilizavam menos mídia obtiveram maior número de acertos, nessa etapa, quando comparados aos indivíduos do grupo de maior uso. A ordem indireta do teste de dígitos avalia a capacidade de armazenar e manipular uma informação, sendo assim, os jovens que obtiveram melhor desempenho nessa etapa, apresentam melhor memória operacional. A falta de diferença quando comparados aos indivíduos que usam todos os dias e mais de um dispositivo simultaneamente, pode ser devido à menor quantidade de indivíduos no grupo promover maior variabilidade nos dados. Apesar disso, o resultado mostra que os indivíduos que utilizam menos mídia conseguem fazer mais pontos na ordem indireta do subteste de dígitos, o que aponta melhor desempenho, corroborando dados encontrados por Schmidt & Vanderwater

72 (2008), que mostram a existência de relação entre o aumento no uso de mídia e queda na performance dos indivíduos.

Para a avaliação da flexibilidade cognitiva, foram usados dois testes. No primeiro, o teste de Berg de classificação de cartas, não foram encontradas diferenças significativas quando consideramos a frequência de uso de mídia. No segundo teste, o de trilhas, a diferença encontrada foi apenas na versão A do teste, que avalia atenção e rastreamento visuoperceptual. Algumas limitações podem ser apontadas para justificar esse resultado, o teste de Berg é muito complexo e avalia uma gama de funções, não apenas a flexibilidade. Além disso, foi utilizada uma versão computadorizada e, sabe-se que os adolescentes apresentam muita familiaridade com computadores. Esse teste, também, não é muito sensível para detectar efeitos discretos, considerando que a amostra da pesquisa é saudável e não faz uso de nenhum medicamento que possa prejudicar o funcionamento cognitivo. Outro fator, já citado, que pode influenciar nos resultados é o tamanho da amostra, que dividida em 3 grupos pode resultar numa maior variabilidade nos dados.

Para pesquisas futuras, são necessárias algumas modificações no atual protocolo. É importante estudar a relação das variáveis de interesse com a duração de sono na noite anterior à bateria de testes cognitivos, além de controlar a sonolência antes da aplicação dos testes, o uso de bebidas e alimentos estimulantes e procurar maneiras mais objetivas, ou seja, que dependam menos da motivação do participante, de medir o uso de mídia. Além disso, aplicar testes mais específicos para flexibilidade cognitiva, capaz de detectar efeitos mais sutis, diferente do teste de Berg, que é mais adequado para identificação de indivíduos com síndromes pré-frontais. Outra limitação importante do trabalho é a dificuldade que se tem em obter um espaço

No documento MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA (páginas 71-83)

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