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1 MPGE 2 Eu gostaria que vocês assim (+) prestassem atenção na na letra da música (+) e :: o que é que a gente poderia interpretar dessas duas músicas e fazer uma correlação entre as duas diante do do contexto que a gente vem trabalhando (+) de gênero, tá bem?

2 MPGE 2 E essa agora? Que exemplo de mulheres? 3 Aluno 1 Tolerante.

4 Aluna 1 Mulheres que a sociedade machista impõe. 5 Aluna 2 A mulher tem que aceitar.

6 Aluna 3 Mulher objeto.

7 Aluna 1 Eu acho que (+) a música fala também do que tu fala tipo (+) igualdade. Tipo, por mais que o homem seja isso TUDO, e que seja (+) mais forte, tudo que ela faz também torna ela mais forte, tipo tem essa questão de ser igual ao homem, não menos nem mais, mas igual.

8 MPGE 2 E o que torna a mulher forte? 9 Aluna 1 Tudo que ela é capaz de fazer! 10 MPGE 2 E o homem já nasce forte? 11 Aluna 1 Não.

12 MPGE 1 Em comparação com a mulher (+), essa mulher de Atenas e a /.../ da música de Rita Lee (++) qual a diferença drástica assim (+) que vocês olha para as duas, as duas músicas e veem assim.

13 Aluna 1 Porque a (+) que Chico fala (+) é ::/ sou bem intima do Chico ((risos)). Ela :: é um tipo de mulher que, que eu acho que a sociedade machista queria que existisse. É aquela mulher (+) que aceita tudo que a sociedade imponha nela e não (+) não luta pelo que ela quer realmente, entendeu? Oculta as vontades dela (+) e na de Rita Lee (+) é bem diferente ((risos))

14 MPGE 2 É o modelo social de mulher.

15 Aluna 1 Na música de Chico dá pra ver que a mulher (+) ela tem aquela ideia de ser machista, de a mulher / ela é como se fosse um objeto. Ela não pode ter vontades (++) nada, só pode obedecer ao seu marido. Na de Rita Lee, ela já é uma pessoa mais feminista onde a mulher tem direitos e vontades e ela é mulher /.../ não precisa de um homem /.../

16 MPGE 2 Nós fomos buscar lá (+) lá na história, as mulheres (+) elas eram tratadas como objeto sexual. E basta a gente refletir, né. Será que ainda não acontece hoje em dia?

17 MPGE 1 Será que você não conhecer nenhuma mulher de Atenas ainda ((risos))? 18 Aluna 1 Existem muitas ainda ((risos)).

19 MPGE 2 O cenário acaba sendo alterado, mas é :: / as práticas (+) elas continuam sendo as mesmas. O discurso ele é outro, mas a prática continua sendo o mesmo. 20 MPGE 1 E o mais interessante (+) porque quando as pessoas começam a estudar sobre

essa música (+) de chico (+) ai elas meio que se dividem em duas: muitas pessoas dizem que aquele é o modelo de mulher ideal, que a sociedade precisa, porque precisa de alguém que tome conta dos filhos, que suporte tudo, e é isso que faz com que a mulher seja mulher e essa coisa toda. E tem pessoas que dizem que não, que essa mulher de Atenas é uma forma de você olhar e ver a pior faceta (+) da / do que a sociedade criou como sendo mulher. Que é a aquela mulher que não vai ter vontade, que é aquela mulher que (+) só vai ficar esperando o marido, que quando ele sai que é pra viajar e que volta, elas têm que tá lá cheirosinha, lindas, maravilhosas e esperando por ele, pra serem usadas e descartadas e usadas de novo e assim sucessivamente. E até que no último (++) logo no final quando elas / eles, quando eles falam de no caso de viúvas marcadas e das gestantes abandonadas (++) elas não fazem cenas, então tipo.

21 Aluna 1 Aceitam, né?

22 MPGE 1 É :: elas só aceitam e ficam lá no cantinho delas. Elas sequer fazem alguma coisa pra serem notadas, como se tivessem que ficar escondidas pela situação em que elas estão. Não é uma coisa muito incomum na nossa sociedade. 22 MPGE 2 As mulheres acabam se dando (+) pra esse orgulho, raça de Atenas (+++) poder

e força de Atenas, o homem, sociedade machista.

23 MPGE 1 E vocês acham que tem alguma forma de modificar isso ou que não deveria ser modificado, o que é que vocês acham?

24 Aluna 1 Acho que a única forma de mudar é a gente mudar. Não como a gente chegar e impor, ah vamos mudar. A mudança vem de cada um.

25 MPGE 1 E se Pagu encontrasse uma Mulher de Atenas, o que aconteceria?

26 Aluna 1 A Pagu tentaria alertar a mulher de Atena para sair daquela situação e a mulher de Atena poderia aceitar o conselho ou mesmo negar, por entender que aquilo era o certo e o papel da mulher.

Neste quarto encontro, percebemos que os(as) alunos(as) não só interagiram muito bem, mas também apresentaram discursos sobre relações de gênero arraigados em diferentes lógicas sociais. Vamos considerar os dois contextos como cenografias, que na perspectiva de Maingueneau (2013), “é ao mesmo tempo a fonte do discurso e aquilo que ele engendra, ela legitima um enunciado que, por sua vez, deve legitimá-la” (p. 98).

Houve, portanto, várias falas – do aluno 1(fala 4, do extrato 5 e fala 3, doextrato6) e da aluna 1 (na fala 13, 18, 21 e 26, do extrato 6), da aluna 2 (na fala 5 da segunda música) e da aluna 3 (na fala 6 da segunda música) – que reconhecem e criticam a lógica de dominação masculina e a naturalização da hierarquia entre homens e mulheres. Aquela lógica ressaltada por Chauí (1985, p. 46), que afirma a natureza feminina de sujeito não-autônomo e promove a permanência do “círculo naturalização- culturalização-naturalização” das mulheres, onde as “encaram as outras e esperam que estas se encarem a si mesmas como seres para outrem”.

Há, também, nos discursos da aluna 1 (fala 8, doextrato5) e da aluna 2 (fala 12, extrato 5) um reconhecimento da exploração e dominação da mulher pelo homem através do sistema do patriarcado, esses discursos dialogam, dessa forma, com a corrente teórica apresentada por Saffioti (1987), em que essa ideologia faz crer que a atribuição do espaço doméstico a mulher decorre de sua essência para de ser mãe. Nesse sentido, há no “mundo feminino”, o elemento da resignação, que segundo Saffioti (1987, p. 35) “significa senão a aceitação do sofrimento enquanto destino de mulher”.

Já em outro momento, houve uma tendência de desenvolvimento de discursos que fazem alusão às práticas de libertação, subversão e da sororidade: aluna 1 (falas 5, 7 do extrato 5 e falas 7, 9 e 26, do extrato 6). Há, também, o discurso apresentado pela aluna 1 (fala 7, extrato 6) que dialoga com o discurso legal da CF/88, no caput do artigo 5º, inciso I, que trata da igualdade entre os sexos como princípio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos:

Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em

direitos e obrigações, nos termos desta Constituição (CF/88).

5ª Cena Enunciativa: “Pegar/escolher as figuras conforme sua preferência e explicar o porquê”.

Na atividade, estavam presentes 6 alunos (3 meninos e 3 meninas) e apenas 1 extensionista. Foi realizada uma dinâmica em que várias figuras estavam dentro de uma caixa e os alunos deveriam pegar/escolher as figuras conforme sua preferência. Foi sugerido que fizessem a colagem em uma cartolina e depois apresentassem o motivo de suas escolhas. Ao término, foram confeccionados três cartazes. No 1º cartaz, a aluna 2 falou que sua escolha girou em torno da igreja. No 2ª cartaz, a aluna 1: escolheu figuras de ballet e futebol e falou que quando criança era apaixonada por ballet, mas não gostou da professora e saiu, depois se apaixonou pelo futebol. Por fim, no 3º cartaz, o Aluno 1 escolheu apenas uma figura de futebol. Seguiremos, então, a apresentar a conversa nessa ordem: