• Nenhum resultado encontrado

Os extratos aquosos de M. glomerata renderam poucas informações, provavelmente por extrair poucos componentes e em baixa concentração da matriz vegetal. Nestes extratos não foram observados nem cumarina, nem acido clorogênico. Não existem outros estudos na literatura comparando extratos aquosos com hidroetanólicos, apesar do uso rotineiro de chás pela população.

Já nos extratos hidroalcoólicos de M. glomerata foi possível quantificar o ácido clorogênico e detectar o ácido dicafeoilquínico, que são provenientes da mesma via biossintética. Baixos teores de cumarina também foram quantificados nestes extratos. Porém, para estes três compostos, não foi possível encontrar correlação de sua concentração com temperatura, ou com a pluviosidade. Não foi possível obter os dados de radiação incidente na região, mas sabe-se que o ácido clorogênico e o ácido dicafeoilquínico são produzidos na planta com a finalidade de protegê-la da foto-destruição (Waterman e Mole, 1994) e, portanto, é possível que sua concentração se correlacionasse com este fator. Dos íons observados em modo positivo com variações significativas de suas áreas médias entre diversos meses do ano, quatro diminuíram nos meses mais frios de junho e julho (m/z 287, 255, 302 e 177) e um aumentou (m/z 293). Em modo negativo, a área de m/z 499 aumentou nos meses chuvosos e a área de m/z 399 diminuiu nos meses chuvosos. Estes resultados indicam que uma complexa rede de condições ambientais rege a composição de metabólitos secundários de M. glomerata.

A cumarina pode ser quantificada em extratos aquosos e hidroetanólicos de M. laevigata, mostrando haver maior quantidade de cumarina nesta espécie. Nos dias de temperaturas mais baixas (24 a 26 oC) houve maiores concentrações de cumarina. Este resultado vem de encontro com os resultados de Pereira et al (2000), onde também foi observado maior rendimento de cumarina nos meses mais frios, com condições climáticas semelhantes às de Campinas (SP) com temperaturas mais baixas e sem a presença de chuva. Porem nossos resultados diferem daqueles apresentados por Passari et al;. (2014) que encontrou maiores concentrações de

cumarina nas amostras coletadas no verão provenientes de Londrina (PR); região que apresenta temperaturas anuais mais baixas que as de Campinas e região. Deste modo a temperatura, mais do que a estação, pode estar afetando os teores de cumarina.

Nem o ac. clorogênico nem o ac. dicafeoilquínico foram detectados nos extratos aquosos de M. laevigata. O teor de ac. clorogênico não apresentou variações significativas ao longo do ano nos extratos hidroetanólicos, talvez por estar em concentração menor em M. laevigata. O íon de m/z 433 (modo negativo) observado em extratos aquosos e hidroetanólicos de M.

laevigata apresenta uma correlação positiva com a temperatura no dia da coleta. Nenhuma

variação na composição parece estar relacionada à pluviosidade para M. laevigata.

Os poucos estudos encontrados na literatura sobre sazonalidade na composição química dos extratos de guaco, avaliam somente o teor de cumarina, o que dificulta comparação dos outros metabolitos encontrados nessas amostras com resultados da literatura. Os fatores exógenos atuam nas plantas no campo simultaneamente [Gobbo-Neto e Lopes, 2007] sendo impossível isolar um fator do outro nesse contexto, porem dos metabólitos que apresentaram variações mensais significativas nas suas áreas relacionadas a fatores ambientais, a maioria apresentaram uma relação com a temperatura, mais do que com a pluviosidade ou estação do ano. Portanto a temperatura do ar do dia da coleta foi o fator mais importante detectado neste estudo.

7. CONCLUSÕES

A maior variação entre os metabólitos secundários foi encontrada entre as duas espécies de guaco, Mikania glomerata e Mikania laevigata, para os dois tipos de solventes extratores.

Nos extratos aquosos foram encontrados teores menores de cumarina em Mikania

laevigata e identificados um número menor de compostos, em comparação aos extratos

hidroalcoólicos. Já o teor de ácido clorogênico, outro constituinte importante só pode ser quantificado no extrato etanólico de M. glomerata, estando abaixo do limite de quantificação nos extratos de M. laevigata. Portanto o solvente hidroalcoólico é mais eficiente para extrair compostos bioativos das duas espécies de guaco.

M. laevigata parece sofrer principalmente influência da temperatura do ar na produção de

metabólitos secundários; são encontrados maiores teores de cumarina nos períodos mais frios.

Já para M. glomerata foi possível notar a influencias de períodos mais chuvosos e da

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agra, M. F.; Silva,K. N.; Basílio,I. J. L. D.; Freitas, P. F.; Barbosa-Filho, J. M. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Brazilian Journal of Pharmacognosy 18: 472-508, 2008.

Alves, C. F.; Assis, I. P.; Clemente-Napimoga, J. T.; Uber-Bucek, E.; Dal-Seco, D.; Cunha, F. mechanism of extract from Mikania laevigata in carrageenan-induced peritonitis. Journal

Pharmacy and Pharmacology 61: 1097-1104, 2009

ANVISA, Instrução Normativa nº 4, de 18 de junho de 2014.

ANVISA, RDC 48 de 16 de março de 2004, publicado no D.O. U. 18/03/2004.

ANVISA, RE nº 899, de 29 de maio de 2003 - "Guia para validação de métodos analíticos e

bioanalíticos".

ANVISA, RE 89 da de 16 de março de 2004, publicado no D.O. U. 18/03/2004.

ANVISA, Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira 1ª edição, 2011, 126pp.

Bakir, M.; Facey, P. C.; Hassan, I.; Mulder, W. H; Porter, R. B. Mikanolide from Jamaican Mikania micrantha. Acta Crystallographica C60: 798-800, 2004.

Barroso G. M., Mikaniae do Brasil. Revista do Arquivo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 16: 239-333, 1958.

Bertolucci, S. K.; Pinto, J. B.; Pereira, A. D.; Oliveira, A. B.; Braga, F. C.; HPLC-DAD analysis of chemical markers in leaves of Mikania laevigata and Mikania glomerata submitted to long-term storage. Planta Medica 77: 1264-1265, 2011.

Biavatti, M.W., et al. Coumarin Content and Physicochemical Profile of Mikania laevigata Extracts. Zeitschrift fur Naturforschung, 59, 197-200, 2004.

Bighetti, A. E.; Antônio, M. A.; Kohn, L. K.; Redher, V. L. G.; Foglio, M. A.; Possenti, A.; Vilela, L.; Carvalho, J. E. Antiulcerogenic activity of a crude hydroalcoholic extract and coumarin isolated from Mikania laevigata Schultz Bip. Phytomedicine 12: 72-77, 2005.

Bolina, R. C., Garcia, E. F., Duarte, M. G. 2009. Estudo comparativo da composição química das espécies vegetais Mikania glomerata e Mikania laevigata. Brazilian Journal of

Botsaris, A. S. Plants used traditionally to treat malaria in Brazil: the archives of Flora Medicinal.

Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 3:1-18, 2007.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

Braz, R.; Wolf L. G.; Lopes G. C.; de Mello G.C.P. Quality control and TLC profile data on selected plant species commonly found in the Brazilian Market. Revista Brasileira de Farmacognosia. 22, n5, 2012.

Castro, M. C.; Pinto, J. E. B. P.; Alvarenga, A. A., Lima jr., E. C.; Bertolucci, S. K. V.; Siva fho., J. L.; Vieira, C. V. Crescimento e anatomia foliar de plantas jovens de Mikania

glomerata Sprengel (guaco) submetidas a diferentes fotoperíodos. Ciência e Agrotecnologia.

27: 1293-1300, 2003.

Dewick, P.M. Medicinal Natural Products: A Biosynthetic Approach, ed. John Willey & Sons, 467, 1997

Fernandes J.B.F.; Vargas V.M.F. Mutagenic and antimutagenic potential of the medicinal plants M. laevigata and C. xanthocarpa. Phytotherapy Research. 17, 269-273, 2003.

Ferreira, F.P., Oliveira, D.C.R. New constituents from Mikania laevigata Shultz Bip. ex Baker. Tetrahedron Letters, v.51, p. 6856-6859, 2010.

Fierro, I. M., Silva, A. C. B., Lopes, C. S., Moura, R. S., Braja-Fidalgo, C. Studies on the antiallergic activity of Mikania glomerata. Journal of Ethnopharmacology. 66: 19-24, 1999.

Floriano, R. S.; Nogueira, R. M. B.; Sakate, M.; Laposy, C. B.; da Motta, Y. P.; Saniorgio, F.; David, H. C.; Nabas, J. M. Effect of Mikania glomerata (Asteraceae) leaf extract combined with anti-venom serum on experimental Crotalus durissus (Squamata: Viperidae) envenomation in ratsInt. Journal of Tropical Biology 57: 929-937, 2009.

Freitas, T. P.; Silveira, P. C.; Rocha, L. G.; Rezin, G. T.; Rocha, J.; Citadini-Zanette, V.; Romão, P. T.; Dal-Pizzol, F.; Pinho, R. A.; Andrade, V. M.; Streck, E. L. Effects of Mikania glomerata Spreng. and Mikania laevigata Schultz Bip. ex Baker (Asteraceae) Extracts on

Pulmonary Inflammation and Oxidative Stress Caused by Acute Coal Dust Exposure. Journal of Medicinal Food 11: 761–766, 2008.

Gasparetto, J.C.; Campos, F.R.; Budel, J.M.; Pontarolo, R. Mikania glomerata Spreng. E

Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker, Asteraceae: estudos agronômicos, genéticos,

morfoanatômicos, químicos, farmacológicos, toxológicos e uso nos programas de fitoterapia do Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia. 20, n.4, p. 627-640, 2010.

Gestetner B, Conn E. E. The 2-hydroxylation of trans-cinnamic acid by chloroplasts from

Melilotus alba Desr. Arch Biochem Biophys 163(2);617-24, 1974.

Gobbo-Neto, L.; Lopes, N. P. Plantas medicinais: Fatores de influência de Metabolitos Secundários. Química Nova 30: 374-381. 2007.

Graça, C.; Baggio, C. h.; Freitas, C. S.; Rattmann, Y. D.; de Saouza, L. M.; Cipriani, T. R.; Sassaki, G. L.; Riek, L.; Pontarolo, R.; Silva-Santos, J. E.; Marques, M.C. A. In vivo assessment of safety and mechanisms underlying in vitro relaxation induced by Mikania laevigataSchultz Bip. ex Baker in the rat trachea . Journal of Ethnopharmacology. 112: 430-439, 2007.

Holetz, F. B., Pessini, G. L., Sanches, N. R., Cortez, D. A. G., Nakamura, C. V., Dias, B. P. Screening of some plants used in the Brazilian folk medicine for the treatment of infectious diseases. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. 97:1027-1031, 2002.

Kempf K.; Herder C.; Erlund I.; Kolb H.; Martin S.; Carstensen M.; Koenig W.; Sundvall J.; Bidel S.; Kuha S.; Tuomilehto J. Effects of coffee consumption on subclinical inflammation and other risk factors for type 2 diabetes: a clinical trial. Dusseldorf. .91, 950-7, 2010.

Kosuge T, Conn EE (1961) The metabolism of aromatic compounds in higher plants. III. The beta-glucosides of o-coumaric, coumarinic, and melilotic acids Journal of Biological Chemistry 236;1617-21.

Maiorano,V. A., Marcussi, S., Daher, M. A. F., Oliveira, C. Z., Couto, L. B. Antiophidian properties of the aqueous extract of Mikania glomerata Journal of Ethnopharmacology. 102: 364-370, 2005.

Melo, L. V. e Sawaya, A. C. H. F. UHPLC-MS quantification of coumarin and chlorogenic acid in extracts of the medicinal plants known as guaco (Mikania glomerata Spreng. and Mikania

laevigata Sch. Bip. ex Baker). Revista Brasileira de Farmacognosia, 2015 - in press.

Ministério da Saúde, Portaria 971, 3 de maio de 2006, publicado no D. O. U. 4/5/2006. a

Ministério da Saúde, A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais da

Ministério da Saúde, Instrução Normativa Nº 5, de 11 de dezembro de 2008.

Moura, R. S.; Costa, S. S.; Jansen, J. M.; Silva, C. A.; Lopes, C. S.; Bernardo filho, M.; da Silva, V. N.; Criddle, D. N.; Portela, B. N.; Rubenich, L. M. S.; Araújo, R. G.; Carvalho, L. C. R. M. Bronchodilator activity of Mikania glomerata Sprengel on human bronchi and guinea-pig trachea.

Journal Pharmacy and Pharmacology 54: 249-256, 2002.

Muceneeki, R., et al. A Simple and Validated LC Method for the Simultaneous Determination of Three Compounds in Mikania laevigata Extracts. Chromatographia, v.69, p. 219-223, 2009.

Passari L.M.Z.G.; Scarminio I.S.; Bruns R. E. Experimental designs characterizing seasonal variations and solvent effects on the quantities of coumarin and related metabolites from Mikania

laevigata. Analytica Chimica Acta. 821, 89–96, 2014.

de Paula, R. C.; Sanchez, E. F.; Costa, T. R.; Martins, C. H. G.; Pereira, P. S.; Lourenço, M.V.; Soares, A. M.; Fuly, A. L. Antiophidian properties of plant extracts against Lachesis muta venom.

J Venom Anim Toxins incl Trop Dis. 16.311-323, 2010.

Pedroso, A.P.D., et al. Isolation of syringaldehyde from Mikania laevigata medicinal extract and its influence on the fatty acid profile of mice. Revista Brasileira de Farmacognosia, 18, 63-69, 2007.

Peel, M. C. Finlayson, B. L. McMahon, T. A. Updated world map of the Köppen-Geiger climate

classification. Hydrology and Earth System Sciences11: 1633–1644, 2007.

Peregrino A. F.; Leitão S. G. Chromatographical profiles of fluid extracts and tinctures obtained from Mikania glomerataSprengel sterilized by gamma ray irradiation.. Revista Brasileira de Farmacognosia. 15, 2005.

Pereira, A.M.S; Camara, F.L.A.; Celeghini, Vilegas, J.H.Y; Lanças, F.M.; França, S.C. Seasonal variation in coumarin contente of Mikania glomerata. Journal of Herbs, Spices e Medicinal Plants, 7, n.2, 1-10, 2000.

Ritter, M.R.; Miotto, S.T.S. Taxonomia de Mikania Willd. (Asteraceae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Hoehnea. 32, n. 3, 309-359. 2005.

Rufatto L.C.; Finimundy, T.C.; Roesch- Ely M.; Moura S.Mikania laevigata: chemical characterization and selective cytotoxic activity of extracts on tumor cell lines. Phytomedicine,20, 883-889, 2013.

Rupelt, B. M.; Pereira, E. F. R.; Gonçalves, L. C.; Pereira, N. A. Pharmacological creenig of plants recomended by folk medicine as anti venom medicine. Memórias do Instituto Oswaldo

Cruz 86: 203-205, 1991.

Santos, S. C.; Krueger, C. L.; Steil, A. A.; Kreuger, M. R.; Biavatti, M. W.; Wisniewski jr., A. LC characterization of guaco medicinal extracts, Mikania laevigata and M. glomerata, and their effects on allergic pneumonitis. Planta Med. 72:679-684. 2006.

Sawaya, A.C.H.F., Análise da composição química de própolis brasileira por espectrometria de massa. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Química. 103p, 2006.

Schilmiller AL, Stout J, Weng J-K, Humphreys J, Ruegger MO, Chapple C. Mutations in the Cinnamate 4-Hydroxylase Gene Impact Metabolism, Growth and Development in Arabidopsis.

The Plant Journal 60:771-782, 2009.

Suyenaga, E. S.; Reche, E.; Farias, F. M.; Schapoval, E. E. S.; Chaves, C. G. M.; Henriques, A. T. Antiinflammatory investigation of some species of Mikania. Phytotherapy Research. 16: 519– 523, 2002.

Taleb-Contini, S. H., Santos, Pierre A., Veneziani, R.C.S., Pereira, A. M. S., França, S.C., Lopes, N. P., & Oliveira, D. C.R. Differences in secondary metabolites from leaf extracts of Mikania glomerata Sprengel obtained by micropropagation and cuttings. Revista Brasileira de Farmacognosia, 16, 596-598, 2006.

Tattini, M.; Galardi C.; Pinelli P; Massai R. Remorini D.; Agati G. Differential accumulation of flavonoids and hydroxycinnamates in leaves of Ligustrum vulgare under excess light and drought stress. New Phytologist 163 (3), p. 547-561, 2004.

Veneziani, R.C.S., Camilo, D., and Oliveira, R. Constituents of Mikania glomerata Sprengel. Biochemical Systematics and Ecology, v.27, p. 99-102, 1999.

Vidal, L.H.I.; Souza, J.R.P.; Fonseca, E.P.; Bordin, I. Qualidade de mudas de guaco produzidas por estaquia em casca de arroz carbonizada com vermicomposto. Horticultura Brasileira, 24: 26-30, 2006.

Watanabe T.; Arai Y.; Mitsui Y.; Kusaura T.; Okawa W.; Kajihara Y.; Saito I. The blood pressure-lowering effect and safety of chlorogenic acid from green coffee bean extract in essential hypertension.Clinical and Experimental Hypertension. 28(5):439-49, 2006.

Waterman, P. G.; Mole, S. Analysis of phenolic plant metabolites, 1st ed.; Blackwell Scientific

Publications: Oxford. Cap. 3, 2004.

Yatsuda, R., et al. Effects of Mikania genus plants on growth and cell adherence of mutans streptococci. Journal of Ethnopharmacology, v.97, p. 183-189, 2005.

Documentos relacionados