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3 CAPÍTULO – O JOVEM PROTESTANTE E A MÚSICA: REFLEXÕES

3.3 Discutindo o gosto musical

Os participantes da pesquisa quando questionados sobre seu gosto musical, 96,3% responderam gostar de música, enquanto apenas 2,9% afirmaram não gostar de música. Perguntados sobre o período que ouvem música, 42,9% afirmaram

ouvir de uma a duas horas por dia; 12,7%, de duas a 3 horas por dia; 11,4%, de três a quatro horas por dia; 56,9% de quatro a cinco horas por dia; 13,5, de cinco a dez por dia.

Tabela 8 – Distribuição da frequência dos jovens e o tempo que ouvem musica. Pergunta 7: Quantas horas você costuma ouvir música por dia?

P1 Idade

Total

15 a 17 18 a 20 21 a 25

Não responderam jovens 11 8 12 31

% Total 4,5% 3,3% 4,9% 12,7%

1 a 2 horas por dia jovens 26 24 55 105

% of Total 10,6% 9,8% 22,4% 42,9%

2 a 3 horas por dia jovens 4 7 20 31

% Total 1,6% 2,9% 8,2% 12,7%

3 a 4 horas por dia jovens 11 8 9 28

% Total 4,5% 3,3% 3,7% 11,4%

4 a 5 horas por dia jovens 8 4 5 17

% Total 3,3% 1,6% 2,0% 6,9%

5 a 10 horas por dia jovens 7 12 14 33

% Total 2,9% 4,9% 5,7% 13,5%

Total jovens 67 63 115 245

% Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A música ocupa um lugar significativo na vida das pessoas em todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música, quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que os adolescente ouvem música durante o dia.

Na busca de uma organização psicológica e física, o adolescente consegue por meio da música identificar e discriminar os sentimentos/emoções que estão experimentando. Portanto, no momento que opta por um ritmo ou estilo é como se por meio deste gosto musical conseguisse equilibrar essa desordem sentimental que se instalou. Neste sentido a musica é capaz de criar ordem a partir do caos, pois, segundo Menuhim (1972), o ritmo impõe unanimidade ao divergente, a melodia impõe continuidade ao desconhecido e a harmonia impõe compatibilidade ao incongruente. Ouvir música freqüentemente tem o objetivo de satisfação emocional e

social; para passar o tempo, aliviar os aborrecimentos, a solidão, para relaxar e lidar com problemas, melhorar o estado de espírito,etc.

Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria música em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus pares. A música como podemos verificar possui funções psicológicas, cognitiva- emocional e social. Podemos observar as funções sociais da música manifestadas na regulação dos estados emocionais, no desenvolvimento da identidade e das relações interpessoais. Os jovens experimentam a música através da linguagem e do grupo em que estão inseridos. Knobel (1981) chamou de tendência grupal. A música sempre fez parte da vida das comunidades presbiterianas, mesmo quando essas canções não refletia muito a realidade sociocultural do momento em que os jovens viviam. Um exemplo disso é quando na ditadura militar, a música expressava a fé e sua esperança em um céu vindouro e na eternidade. O que percebemos é que muitas comunidades reformadas, em especifico as Ipis, não conseguiram adaptar-se a essa nova cultura musical, criando um distanciamento dos jovens com suas comunidades.

Foi perguntado de que maneira esses jovens ouvem música e as respostas foram: 42,9% disseram que ouvem por meio de CD, 67,3% afirmaram que pela internet, 13,1% escutam música pelo rádio, 2,9 % informaram que utiliza a TV, outros 2,9% utilizam o youtube e finalmente 12,7% pelo celular.

Constatou-se que o estilo musical preferido e escutado por estes jovens são: blues 17,1%, coutry 11,0%, eletro 36,7%, gospel 76,3%, jazz 11,8%, samba 19,6%, salsa 2,4%, caipira 4,1%, sertaneja 46,1%, MPB 33,9%, forro 10,2 %, Techno 11,4%, rock e roll 38,8%, pop rock 52,7%, funk 10,2%, rap 18,8%, hip hop 20,4%, reggae 28,6%, emo 8,6%, had rock 10,2% , house 9,0%, axé 7,8%, grunge 4,1%, outro estilo que foi sugerido de 8,6%.

Quadro 3: Distribuição da frequência dos estilos escolhidos pelos jovens.

Quando perguntado sobre qual o estilo que se ouve e canta na igreja, os resultados foram: gospel com 89,4%, pop rock com 17,6%, hinos tradicionais 58,8%.

Foi perguntado o que mais se ouve, 69,0% disseram gospel para 13,1% são os hinos tradicionais.

Quadro 5: Distribuição de frequência dos estilos que mais se ouve.

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil faz parte de uma tradição protestante reformada como abordamos anteriormente, ou seja, possui uma estrutura litúrgica em torno da palavra e sempre valorizou sua tradição musical que são seus hinos. Desta forma, este dado de 58,8% como preferência pelos hinos tradicionais nos revelam ainda uma resistência enorme contra a cultura gospel pela instituição em se manter aquilo que é memória histórica e simbólica de uma construção de fé.

A música tem feito parte de todas as áreas da vida humana, quer seja individual ou coletiva. A prática musical está ligada a movimentos geradores ou propagadores de determinados gostos como foi visto em Bourdieu. Assim, a música popular brasileira é resultado de interesses de grupos que queriam de alguma maneira impôr sua cultura. Nas décadas finais do século XX, a música popular brasileira passou por várias mudanças e se caracterizou pela sua diversificação. Hoje, existe uma pluralidade e diversidade de gêneros, fontes, ritmos, acompanhando tanto a descompressão de costumes, quanto a democratização do país. Aconteceu nessas

décadas também a consolidação da mídia eletrônica de várias maneiras associadas à industria da música. O que prevalece hoje no Brasil é a cultura de massa.

Dessa maneira, o cenário e as interações dentro do campo religioso não podiam ser diferentes. Ressaltamos a explosão gospel que trouxe consigo formas de expressão artística dotando o cenário religioso de uma nova cara. Conceito como “hibridismo cultural” formulado por teóricos estudiosos culturais tem usado o conceito para explicar esse novo modo de vida de louvor e de participação das atividades religiosas.

A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa população jovem se trata do estilo gospel. Assim a juventude das comunidades pesquisadas fazem ou fizeram hibridismo cultural, ou seja, mantém o vinculo com estas comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, porém, adicionaram à estas igrejas a ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical desses jovens só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo.

Foi questionado se estes jovens cantam na igreja o mesmo estilo que eles escutam diariamente, a resposta foi: 42,4% cantam o que se ouve, contra 57,6% informa que não, não cantam o mesmo estilo que escutam diariamente. O que nos leva a pensar que a igreja não consegue responder ao gosto musical dos jovens, mesmo que muitas dessas comunidades já se utilizem da música gospel não consegue contemplar a todos os gostos musicais destes jovens.

Tabela 9 – Distribuição da frequência dos jovens que canta na igreja e sua preferência musical distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 20: Você gostaria que fosse o mesmo estilo na igreja que você ouve?

Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Sim jovens 27 23 54 104 % Total 11,0% 9,4% 22,0% 42,4% Não jovens 40 40 61 141 % Total 16,3% 16,3% 24,9% 57,6% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Muitos outros movimentos musicais surgiram e se tornaram como fenômenos musicais como o da música sertaneja, axé, a cultura hip-hop, funk e rap, que

nasce e ganha força na e entre as periferias, sem necessitar de consentimento das classes médias. O funk e o rap logo conquistaram amplo espaço na classe média, o que demonstra um trânsito mais fácil e aberto entre estratificações sociais. A cultura hip-hop estaria ligadao a uma demanda de inclusão social de setores em que é marcado pela ausência do Estado e de políticas públicas. Fornecendo para estes setores o incentivo para se construir uma identidade social autônoma, assumindo-se como excluído, como demonstrado entre outras maneiras pela musica dos gigantescos bailes rap-funk.

Tabela 11 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo funk distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Ouvem funk jovens 9 11 5 25 % Total 3,7% 4,5% 2,0% 10,2% Não ouvem funk jovens 58 52 110 220 % Total 23,7% 21,2% 44,9% 89,8% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

O hip-hop teve originou-se na cultura dos maiores centros urbanos dos Estados Unidos. Desenvolvido pelas populações excluídas predominantemente negras. Ao chegar no Brasil ganha cara própria, como tudo que se absorve do branco colonizador, como o jazz que foi adicionado a outros ingredientes tropicais deu origem a um novo estilo, a Bossa Nova.

Tabela 12 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo hip hop distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Ouvem hip hop jovens 16 16 18 50 % Total 6,5% 6,5% 7,3% 20,4% Não ouvem hip hop jovens 51 47 97 195 % Total 20,8% 19,2% 39,6% 79,6% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

Nos anos de 1980, surgem as tribos urbanas que eram agrupamentos de jovens, como, os punks e os darks. Neste período acontece um enfraquecimento do movimento estudantil no Brasil, até porque esta identidade deixou de passar pela política como ocorreu nos anos 60/70, ocorrendo um distanciamento da militância tradicional do partido e sindicato.

Durante este processo nasce o movimento cultural hip-hop. Na década de 1990, a juventude vive um distanciamento das grandes utopias transformadoras. As subjetividades e as condições sociais desses jovens estavam marcadas por condições diversas e distanciadas dos métodos de realização das utopias revolucionárias, é uma geração individualista que não abre mão de seus desejos.

O resultado da nossa pesquisa parece nos apontar que estes estilos musicais, em especial o hip hop, é a expressão de uma juventude que também perdeu sua característica transformadora. Como já vimos anteriormente, é uma juventude preocupada com suas próprias conquistas e sentimentos. Uma juventude que expressa todas as características de uma cultura pós-moderna, principalmente o hibridismo cultural e por isto tem em seu leque de gosto musical, todas as possibilidades de estilos e ritmos que corresponde a preferência mundial.

A manutenção da cultura gospel acontece nas fronteiras culturais iniciadas na sociedade capitalista e de consumo dos EUA. O gospel transpôs não só as fronteiras de origem americana, como também pelo cristianismo contemporâneo, ambos globalizados, tornando se uma nova cultura evangélica.

Tabela 13 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a preferência pelo gospel distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 9: Qual estilo de música você mais gosta?

Idade

Total

15 a 17 18 a 20 21 a 25

Ouvem gospel jovens 48 44 95 187

% Total 19,6% 18,0% 38,8% 76,3% Não ouvem gospel jovens 19 19 20 58 % Total 7,8% 7,8% 8,2% 23,7% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A característica das músicas gospel cantadas pelos jovens possui um teor sentimental que podem levá-los a se emocionarem e fazer rememorar experiências individuais de conversão e comunhão. Isto porque, essas músicas unem melodia e letra e fazem com que as pessoas experimentem um sentido de esperança e segurança nos atos divinos. Este estilo musical faz parte da renovação de gêneros musicais nacionais ou mesmo estrangeiros, um processo que acompanha a globalização, a diversidade e o pluralismo da sociedade pós-moderna.

O resultado da pesquisa é desafiador para tentarmos entender o que de fato está ocorrendo nestas comunidades e sua identidade cultural. Parece haver, apesar da grande presença da cultura gospel nestas comunidades, uma resistência para que pelo menos parte da memória simbólica não deixe de existir.

A pesquisa continua questionando sobre o gosto musical e pergunta se estes jovens gostam de música com mensagem social. O resultado foi o seguinte que 76,7% afirmam gostar de música que carregam mensagem social, 20,8% afirmam não gostar e 2,4% não responderam.

Tabela 14 – Distribuição da frequência dos jovens quanto o seu gosto por musica com mensagem social distribuídos por faixas etárias.

Pergunta 18: Você gosta de música que traz mensagens de consciência social? Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Não responderam jovens 2 2 2 6 % Total ,8% ,8% ,8% 2,4% Sim, jovens 49 46 93 188 % Total 20,0% 18,8% 38,0% 76,7% Não, jovens 16 15 20 51 % Total 6,5% 6,1% 8,2% 20,8% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A teoria de Knobel, afirma que a reivindicação social faz parte desse momento de ser jovem. Nesta fase o jovem é visto como rebelde e aquele que se manifesta contra o modo de vida estabelecido social e culturalmente. Nessa população é possível identificar que 76,7% concordam com músicas com preocupação social.

Na tabela 15, constatamos que 82,4% responderam que sim, contra 15,1% disseram que não. Ao serem questionados quanto a importância de estilo/ritmo,

25,7% disseram que é mais importante contra 66,1% que a letra/mensagem ser mais importante em uma música e 7,3% disseram ser tanto ritmo/estilo quanto letra/mensagem serem importantes.

Tabela 15 – Distribuição da frequência dos jovens que ao cantar expressa o que canta distribuído em faixas etárias.

Pergunta 26: Ao cantar você expressa o que canta?

Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Não responderam jovens 3 2 1 6 % Total 1,2% ,8% ,4% 2,4% Sim, jovens 52 51 99 202 % Total 21,2% 20,8% 40,4% 82,4% Não, jovens 12 10 15 37 % Total 4,9% 4,1% 6,1% 15,1% Total jovens 67 63 115 245 % Total 27,3% 25,7% 46,9% 100,0%

A tabela 16, verificou-se nesta população a presença da expressão corporal ao se cantar. Constatou que 82,4% afirmaram a importância de associar o que estão cantando com a expressão corporal. Enquanto que, 15,1% afirmaram não ser importante esta associação.

Ao serem perguntados sobre a importância dessa prática, 68,4% consideraram importante a expressão corporal, enquanto, 31,6% não considerar importante. A cultura gospel traz em seu bojo a expressão corporal, ou seja, além de se buscar experiências emocionais através das musicas, a expressão corporal vem como mais um item desse movimento.

Tabela 16 – Distribuição da frequência dos jovens quanto a importância da expressão corporal ao cantar por faixas etárias.

Pergunta 27: É importante a expressão corporal ao cantar?

Idade Total 15 a 17 18 a 20 21 a 25 Sim, jovens 41 39 87 167 % Total 16,8% 16,0% 35,7% 68,4% Não, jovens 25 24 28 77 % Total 10,2% 9,8% 11,5% 31,6% Total jovens 66 63 115 244 % Total 27,0% 25,8% 47,1% 100,0%

Por que? 10,2% disseram que a expressão corporal ajuda na expressão de emoção e sentimento, porém 89,8% não responderam. Outros 42,4% responderam que se trata simplesmente de expressão.

O significado da música para estes jovens se revelou através da pergunta o que significa a música? 29,4% disse que é lazer/prazer, 11,0% diz pela simples fato de fazer parte da vida humana, 42,4% ser a forma de expressão e comunicação de sentimentos, 6,5% traduz harmonia, 2.9% diz ser a musica instrumento de comunicação, 10,2% outros motivos.

Quadro 6: Distribuição de frequência sobre o significado da música.

Em se tratando de música religiosa 57,1% diz que significa louvor/adoração, 17,6% serve para explicar a “palavra de Deus”, 20,8% traduz sentimento/emoção, 7,3% afirmam que música religiosa está diretamente ligada com a igreja, 7,3% outros motivos que estão ligados a estilo, filosofia, forma de comércio, cultura e que música pode servir de motivo de preconceito e divisão. Consideramos essas respostas como tradução do que seja a cultura midiática. Uma cultura que se caracteriza pelo consumo de bens religiosos.

Quadro 7: Distribuição de frequência o que significa a música religiosa

Esses resultados confirmam o que anteriormente falamos sobre a população jovem. Uma porcentagem bastante expressiva nos diz que a música religiosa significa sentimento/emoção. Conforme destacamos em nossa pesquisa bibliográfica, esses jovens não se contentam somente com a forma do saber racionalizado, pensado. Esses jovens estão mais desejosos de sentir, tocar, reagir emocionalmente e na adoração gospel ele é convidado a reagir e não apenas a escutar e pensar como faz a liturgia e pregação reformada.

A expressão corporal já faz parte das mudanças propostas para uma nova prática cúltica anterior ao gospel. Anterior ao gospel, tivemos na década de 90 a tentativa de muitos jovens de se introduzir as palmas, movimentos pelo corpo ao se cantar canções consideradas mais dançantes. A utilização de ritmos brasileiros surgiram com mais frequência nas liturgias e eventos da IPis.

Como verificamos anteriormente 58,8% ainda tem preferência por hinos, porém, este respeito à tradição hinológica que acompanha o presbiterianismo desde os seus primórdios, tem experimentado todas estas mudanças e tendências musicais. Além do universo litúrgico, práticas, músicas brasileiras de cunho mais regional com letras portadoras de alguma preocupação social, foram incluídas nas músicas presentes no universo evangélico brasileiro no qual a cultura musical “pop” internacional fazia parte.

Com esta música se mantém ainda mais a proposta de liberdade completa de expressão corporal. O que nos parece é que a expressão corporal seja mais expressivo entre os jovens da faixa etária dos 21 a 25 anos porque estes já passaram daquele momento de mudanças corporais, estão mais seguros quanto a sua corporeidade e portanto mais seguros quanto a sua própria expressão.

Acrescenta Fromm (1971), que fatores culturais podem facilitar, encorajar ou modificar parcial ou totalmente as expressões emocionais. E ainda, podemos inferir que as escolhas dos outros estilos musicais estejam muito mais relacionadas com o grupo do que com a cultura. As origens dos outros estilos basicamente são de três gêneros musicais distintos, tais como: o jazz, o country e o blues, que foram se transformando ao longo de tempo e da cultura vigente da época, influenciados por motivos diversos como, por exemplo, a supremacia de uma cultura norte americana que ao longo do tempo foi estabelecendo supremacia do que se produzia aqui no Brasil.

Entendemos que a música, para os jovens, funciona como forma de introjeção e projeção do seu estado emocional. Neste momento é que aprenderão a discernir cada sentimento e emoção. Nesse sentido a musica poderá servir como um instrumento de transição para auxiliar no processo de desenvolvimento desses jovens.

Conclusão

A leitura e análise feita dos dados recolhidos da pesquisa possibilitaram traçar o perfil dos adolescentes e jovens que participaram. As características de Knobel foi facilmente localizadas por meio das respostas dadas. Especificamente em se tratando de música, pudemos constatar a sua presença na vida diária destes jovens. A música como linguagem universal do som e da emoção proporcionou que é imprescindível estudá-la se queremos entender e conhecer o mundo adolescente e jovem. Por meio dela expressam suas reivindicações, seus confrontos com o grupo familiar, suas necessidades de encontro com os grupos, a busca de uma identidade própria, a busca de um ídolo, substituindo seus pais, sua religiosidade ou a ausência dela, a necessidade de intelectualizar e fantasiar, o modo como a música proporciona essas fantasias e intelectualizações.

A música ocupa um lugar bem presente na vida das pessoas em todos os momentos de seu desenvolvimento. Como aponta Jourdain (1998), a música para alguns estudiosos funciona como uma linguagem universal, passada de geração para geração. Nesse sentido, é possível entender a presença da música no cotidiano do ser humano, em especial dos jovens. Podemos confirmar a importância da música, quando verificamos os resultados da tabela 7, que indicam a quantidade de horas que os adolescente ouvem música.

Os jovens ouvem música regularmente e criam a sua própria música em grupos de amigos, imitam seus cantores preferidos, discutem música com seus pares. Segundo Palheiros (2004) apud Merrian (1964); Hargreves (1999) e North (1999), há três funções psicológicas da música, cognitiva-emocional e social, sugerem que as funções sociais da música podem ser manifestadas na regulação dos estados emocionais, e no desenvolvimento da identidade e das relações interpessoais. Experimentam a música através da linguagem e do grupo em que estão inseridos, o que Knobel (1981) vai chamar de tendência grupal

A pesquisa parece identificar que a grande preferência musical dessa população jovem se trata do estilo gospel, revelando o hibridismo cultural desenvolvido nas comunidades tradicionais, identificadas como igrejas reformadas, que tem seus bens religiosos adicionados à ideologia de consumo e cultura midiática. O gosto musical desses jovens só expressam os resultados do momento histórico em que estão vivendo. Muito parecidos com a juventude dos anos 90, eles aderiram aos movimentos religiosos ligados às igrejas pentecostais católicos e evangélicos, porém com uma diferença, uma total ausência de participação por algum ideal político, social, educacional.

Considerações finais

O tema da presente dissertação tentou relacionar dois eventos bastante significativos para a vida jovem evangélico: a identidade jovem e a música religiosa. A escolha do tema foi porque, primeiro, a música sempre esteve e está presente na vida dos jovens e adolescentes e como vimos no capítulo segundo, influenciando, mudando e moldando comportamentos. A música é um importante elemento na formação da personalidade do ser humano, no seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional. Portanto essas influências estão presentes em todos os segmentos desses indivíduos jovens. Segundo, porque definir a maneira de como se constroe a identidade jovem é alvo de muitos teóricos da psicologia, sociologia, por causa de sua complexidade. A identidade dos indivíduos vai se definindo a partir da adolescência quando esses deixam o grupo familiar e entram em contato com outras pessoas e outros grupos. Essa construção é orientada pelas identificações que esses jovens vão estabelecendo com os elementos simbólicos de cada cultura. A medida que a cultura muda, altera também a relação com estes elementos e a identidade de seus membros. A juventude conforme Cecília Mello e Regina Novaes (2002) é um retrato projetivo da sociedade que expressa as angústias, os medos em relação ao presente e as possibilidades de futuro em uma sociedade contemporânea que as mudanças acontecem de maneira mais intensa, rápida e dinâmica.

Partimos da hipótese que estas mudanças da sociedade pós-moderna causaram alterações no comportamento e gosto dos jovens e adolescentes, provocando a definição de uma nova identidade. Os resultados obtidos neste trabalho possibilitaram dados que permitiram compreender aspectos que envolvem a busca de identidade jovem e sua relação com a fé. Nesse sentido se verificou que tanto os

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