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2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.2.2 Disparidade entre conhecimento, dado e informação

Antes de adentrar diretamente os pressupostos e atividades relacionadas à Gestão do Conhecimento, torna-se relevante abordar as diferenças existentes entre dado, informação e conhecimento, procurando conceituar cada um desses elementos e compreender a inter- relação. Essa interação que ocorre entre os dados e as informações constituem-se como o fundamento da Gestão do Conhecimento.

O termo dado, que com freqüência pode ser encontrado na literatura ligada a área de ciência da informação e informática, é conceituado por Lapa (2004, p. 24) como “um conjunto de registro qualitativos ou quantitativos conhecido” que, ao ser agrupado, organizado, categorizado e padronizado de modo adequado se transformar em informação.

Para Silva Filho e Silva (2005, p. 27), dados “são anotações objetivas relativas à vida da organização, descrevem uma realidade. São o registro estruturado do que aconteceu na organização, não envolvem juízos de valor ou interpretações para a tomada de decisões”.

Lapa (2004, p. 24) ainda acrescenta:

Os dados são as evidências mais básicas de uma investigação, aqueles aspectos do fenômeno sendo estudado que um determinado investigador pôde captar ou registrar. Correspondem a observações consideradas diretas, ou seja, com relativamente pouca elaboração ou tratamento. Uma vez coletados, são compreendidos como um reflexo razoavelmente confiável dos acontecimentos concretos.

Em termos de características físicas, o dado pode ser entendido como um elemento da informação, um conjunto de letras, números ou dígitos, que, ao ser tomado de modo isolado, não transmite qualquer conhecimento, isto é, não contém um significado claro (LAPA, 2004).

A palavra informação, na compreensão de Lapa (2004), pode ser interpretada como um dado trabalhado, útil, tratado, o qual possui um valor significativo atribuído ou agregado a ele e com um sentido natural e lógico para quem usa a informação. No entanto, num segundo momento, onde a informação é trabalhada por pessoas ou por recursos computacionais, permitindo a geração de cenários, simulações e oportunidades já se torna possível questionar se não se tornou um conhecimento.

McGarry (2002 apud LAPA, 2004, p. 25), no intuito de discrimnar informação e conhecimento, elenca atributos inerentes à informação:

a) É considerado como um quase sinônimo do termo fato; b) É um reforço do que já se conhece;

c) Traz a liberdade de escolha ao selecionar uma mensagem; d) É a matéria-prima da qual se extrai o conhecimento;

e) É aquilo que é permutado com o mundo exterior e não apenas recebido passivamente;

f) É definido em termos de seus efeitos no receptor; g) É algo que reduz a incerteza em determinada situação.

Para Zabot e Silva (2002), a informação compreende números, símbolos, imagens ou palavras. Em si, ela é desprovida de significado e possui pouco valor, sendo que seu valor situa-se justamente na criação do conhecimento do qual ela faz parte. Desse modo, a informação pode ser concebida como um meio ou material fundamental para extrair e construir o conhecimento, o qual, por sua vez, é criado com base no fluxo de informações, ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor, e sempre está diretamente vinculado às ações humanas para algum fim.

Em virtude da grande quantidade de informações que se fazem presentes, hodiernamente, nas empresas, elas necessitam gerir essas informações. A gestão da informação diz respeito a uma metodologia que objetiva, de modo sistêmico, criar mecanismos e instrumentos para captar, preservar, tratar, compilar, selecionar, filtrar, organizar, disponibilizar e disseminar de maneira adequada ao cervo de dados e informações acumulados que sejam significativos para a operação e o processo decisório da empresa (CALDAS; AMARAL, 2001).

No que concerne ao conhecimento, este é concebido por Lapa (2004, p. 26) como sendo “um conjunto de argumentos e explicações que interpretam um conjunto de informações”. Trata-se de conceitos e argumentos lógicos, fundamental abstratos que interligam e dão significados a fatos concretos, envolvendo, portanto, hipóteses, teorias, modelos e leis.

Em outra perspectiva de conceituação, o conhecimento pode também ser visto como uma combinação de instintos, idéias, informações, regras e procedimentos que são responsáveis por guiar ações e decisões. Nesse sentido, o conhecimento abrange experiências vivenciadas, valores, informação contextual, entre outros fatores que proporcionam uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Nas empresas, esse conhecimento costuma estar embutido não apenas em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (LAPA, 2004).

De modo simplificado, a diferença entre dado, informação e conhecimento é apresentada por Lapa (2004) no quadro que segue:

Dados Informação Conhecimento

Simples observações sobre o estado do mundo

Dados dotados de relevância e propósito

Informação valiosa da mente humana. Inclui reflexão, síntese e contexto

- Facilmente estruturado - Facilmente obtido por máquinas

- Freqüentemente quantificado - Facilmente transferível

- Requer unidade de análise - Exige consenso em relação ao significado - Exige necessariamente a mediação humana - De difícil estruturação - De difícil captura em máquinas - Freqüentemente tácito - De difícil transferência Quadro 1 – Diferenças entre dados, informações e conhecimento

Fonte: Davenport e Prusak (2002 apud LAPA, 2004, p. 28).

Com base no exposto no quadro, observa-se que para que um dado possa ser considerado informação, requer algum tipo de análise, além de exigir um consenso da área quanto aos termos adotados em relação ao seu significado e estar em sintonia com ao público a que se destina.

Quanto à noção de informação, essa pode ser considerada ampla, mas a questão central não consiste em definir informação e sim como ela pode ser qualificada. É a qualidade da informação que determina a sua importância para a empresa. A combinação e análise de dados advindos de fontes diversas possibilita a criação de novos conhecimento que representam o valor acrescentado à informação. A partir do momento em que se estruturam ou se modelam os dados entre si, tem início um processo de construção da informação e quando se coloca a informação em movimento, agrupando através de filtros, congregando conteúdo externo como documentos, relatórios e índices, dá se a construção do conhecimento acerca da área de atuação daquela informação (LAPA, 2004).

De acordo com Crawford (1994), ao se diferenciar a informação do conhecimento, torna-se importante salientar que a informação pode ser encontrada numa variedade de objetos inanimados, desde um livro até um disquete de computador, enquanto que o conhecimento somente é encontrado nos seres humanos. O conhecimento compreende uma capacidade de aplicar a informação a um trabalho ou a um resultado específico. Somente os seres humanos têm a capacidade de aplicar essa informação por meio de seu cérebro ou de suas habilidades físicas. Na ausência do conhecimento do ser humano, a informação se torna inútil.

Ao abordar a transformação da informação em conhecimento, Choo (2003) destaca que os novos conhecimentos obtidos por meio da organização e processamento da informação permitem o desenvolvimento de novas capacidades, a criação de novos produtos e serviços, o aperfeiçoamento dos já existentes e a melhora dos processos organizacionais.