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3. CIRCUITO DO MEDICAMENTO, PRODUTOS FARMACÊUTICOS E

3.5. DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

3.5.2. Dispensa de Medicamentos a Doentes em Regime de Ambulatório

A dispensa de medicamentos a utentes em regime ambulatório adquiriu uma importância crescente nos serviços hospitalares, pois veio proporcionar que um número significativo de utentes possa iniciar, ou continuar, o plano terapêutico fora do ambiente hospitalar e trouxe algumas vantagens como, a redução dos custos e dos riscos relacionados com o internamento hospitalar (ex. infeções nosocomiais) e a possibilidade do utente continuar o tratamento no seu ambiente familiar [11, 13, 27].

A sua complexidade exige que seja efetuada por farmacêuticos com formação específica, que haja uma monitorização da utilização dos medicamentos e que a adesão à terapêutica e o cumprimento do plano terapêutico prescrito sejam assegurados [13, 27].

Este acompanhamento é necessário por razões de segurança, pois em muitos casos, estes medicamentos apresentarem janelas terapêuticas estreitas e devido ao custo associado a estes tratamentos [27].

A função dos SFH na dispensa de medicamentos a utentes em regime de ambulatório assenta na necessidade de haver um maior controlo de determinadas terapêuticas, na ocorrência de efeitos secundários graves, na necessidade de assegurar a adesão à terapêutica e também pelo facto de a comparticipação de certos medicamentos só ser a 100% se forem dispensados pelos SFH [11]. A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório é

destinada a utentes que apresentem patologias específicas que estão incluídas no regime total de comparticipação [28].

Os SFH do HNSA possuem uma área destinada ao atendimento de utentes neste tipo de regime permitindo a confidencialidade. O acesso a esta área é feito pelo exterior, próximo das consultas que os utentes frequentam. Os medicamentos dispensados são para as especialidades de dermatologia, urologia, medicina interna, pneumologia e doenças como artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas.

No decorrer do estágio foi-me transmitida toda a informação relevante sobre este tipo de distribuição e foi possível observar os procedimentos a realizar durante e após a dispensa.

O utente ou prestador de cuidados ao dirigir-se à farmácia deve trazer consigo a receita médica com a identificação do médico prescritor e do utente, o diagnóstico/patologia e a prescrição farmacológica por DCI, forma farmacêutica, dosagem, frequência e duração prevista da terapêutica [27, 29].

Nos casos em que a prescrição é externa à unidade hospitalar que dispensa o medicamento, esta deve trazer uma vinheta médica na página onde conste a assinatura do médico prescritor [29].

Após a interpretação da prescrição, avaliação e confirmação da terapêutica através da ficha individual de registo de medicamentos (Anexo 21), na qual consta o nome, data de nascimento, morada, telefone, terapêutica e o registo da medicação dispensada e tendo em conta a frequência da terapêutica deve ser calculada a quantidade exata a dispensar, até que o utente se desloque novamente aos SFH ou até à próxima consulta.

Ainda durante a dispensa, o utente deve ser corretamente esclarecido sobre a via e forma de administração, as condições de armazenamento, a quantidade de unidades cedidas, incentivar a adesão à terapêutica, informar sobre os efeitos adversos que podem ocorrer, consequências do não cumprimento do plano terapêutico e da não comparência às consultas e o próximo ato de dispensa [27].

No momento da dispensa, no verso da receita, é feito o registo manual do DCI do medicamento, lote, prazo de validade e quantidade do medicamento dispensado, é colocado o número de bilhete de identidade ou cartão de cidadão, a assinatura de quem dispensou e a data da dispensa e por último é solicitado ao utente que assine. Com este registo, fica comprovado que a medicação foi dispensada e recebida pelo utente ou prestador de cuidados. Para além deste registo, ainda é registado informaticamente, na ficha individual do utente, o medicamento, quantidade e lote que lhe foi dispensado. Desta forma é feito um maior controlo de medicação e permitindo ao farmacêutico proceder à atualização de stocks. Assim

que se dá saída do medicamento, uma folha é impressa com a data da dispensa, produto, dosagem e quantidade dispensada, que é arquivada em dossiers referentes aos medicamentos dispensados em regime de ambulatório, sendo um deles totalmente reservado aos medicamentos biológicos.

Quando se trata de medicamentos destinados ao tratamento da artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriática, artrite idiopática juvenil poliarticular e psoríase em placas como Etanercept, Adalimumab, Infliximab, entre outros é necessário proceder a um registo informático numa folha de Excel, designado de registo mínimo, que devem ser reportado mensalmente ao INFARMED, IP. Neste registo deve constar a data de dispensa, o nº de processo do utente, a identificação e outras informações como o diagnóstico, a terapêutica prescrita, a data de início, posologia e o local de prescrição [30].

3.5.2.1. Distribuição de Medicamentos em Cirurgia de Ambulatório

A cirurgia de ambulatório consiste numa intervenção cirúrgica programada, realizada sob anestesia geral, loco-regional ou local, que apesar de realizada em regime de internamento o utente apenas permanece na instituição num período inferior a 24 horas tendo alta no próprio dia, ou ter que pernoitar no caso da cirurgia se realizar no período da tarde [31, 32, 33].

Para melhorar a qualidade da prestação dos cuidados de saúde, os estabelecimentos e serviços de saúde dispensam medicamentos nas situações de cirurgia de ambulatório [31]. Portanto o fornecimento de medicamentos, num período pós-operatório, pela instituição hospitalar onde foi realizada a intervenção constitui um prática aconselhável e com diversas vantagens para os utentes e para o SNS, uma vez que permite uma gestão mais eficaz da lista de espera e das camas hospitalares, reduz o risco das complicações pós-operatórias e infeções hospitalares, o utente não necessita de se deslocar a uma farmácia comunitária para adquirir os fármacos, o que se traduz numa redução dos gastos para os utentes e uma racionalização económica para o Estado e possibilita conciliar a recuperação com a atividade familiar e profissional [31, 33].

Assim, as unidades de cirurgia de ambulatório devem dispor da colaboração de um farmacêutico, responsável pelo SFH, cujo papel é assegurar toda a profilaxia e terapêutica da cirurgia de ambulatório, bem como pela conservação e identificação dos medicamentos [32].

No HNSA as especialidades abrangidas pela cirurgia de ambulatório são cirurgia geral e urologia.

No dia que antecede as intervenções, os SFH dispensam a medicação pré-cirúrgica necessária aos utentes que tenham cirurgia marcada no dia seguinte. Esta medicação é

essencialmente profilática. Após a cirurgia é feita uma avaliação do estado dos utentes pelo cirurgião ou anestesiologista responsável e caso se encontrem estáveis e estejam reunidos os critérios clínicos favoráveis é dada alta médica ao utente. Entretanto é realizada uma prescrição da medicação pós-operatória através de um modelo de receita interna (Anexo 22) para cada utente e enviada aos SFH.

Assim que a receita chega os SFH é dispensada a medicação necessária. Segundo o Decreto-Lei n.º 13/2009, de 12 de Janeiro só podem ser dispensados medicamentos administrados por via oral, rectal ou tópica, em formulações orais sólidas ou líquidas, supositórios ou colírios que pertençam aos grupos farmacológicos de analgésicos, analgésicos estupefacientes, como o tramadol e a codeína para casos com dor esperada no pós-operatório de intensidade não controlável, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), antieméticos, protetores da mucosa gástrica e inibidores da bomba de protões, não podendo ser dispensada medicação superior à necessária para sete dias de tratamento após a intervenção cirúrgica [31].

No HNSA a medicação dispensada a cada utente em particular não ultrapassa a necessária para um intervalo de tempo de 5 dias. Esta é colocada em envelopes individualizados com a totalidade da medicação para o tratamento prescrito que irá depender das especificações que constam na receita, nomeadamente a posologia e a duração do tratamento, e nos quais são identificados o nome do utente, a DCI da substancia ativa, a posologia e a duração do tratamento. Esta medicação é posteriormente encaminhada para o serviço de cirurgia, onde será entregue aos respetivos utentes.

3.5.3. Distribuição de Medicamento Sujeitos a Legislação Restrita

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